Flunarin (Bula do profissional de saúde)
Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A
IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Flunarin
dicloridrato de flunarizina
Cápsula 10 mg
FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO:
Cápsula dura de liberação prolongada
Cartuchos com 60 cápsulas
USO ORAL
USO ADULTO
COMPOSIÇÃO:
Cada cápsula de Flunarin contém:
dicloridrato de flunarizina (equivalente a 10 mg de flunarizina) | 11,8 mg |
excipiente q.s.p. | 1 cápsula |
Excipientes: talco, estearato de magnésio, lactose1 monoidratada, povidona, amido e sacarose.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE2
INDICAÇÕES
Este medicamento é destinado ao tratamento de:
- Distúrbios de equilíbrio de origem vestibular3: vertigens4, doença de Ménière e outras disfunções do labirinto5;
- Doenças cerebrovasculares crônicas, atuando em sintomas6 como: alterações de memória, déficit de atenção e sintomas6 comportamentais;
- Doenças vasculares7 periféricas como claudicação intermitente8, síndrome9 de Raynaud, complicações circulatórias periféricas associadas ao Diabetes mellitus10 (angiopatia11 diabética);
- Profilaxia da enxaqueca12 com ou sem aura.
RESULTADOS DE EFICÁCIA
A atividade terapêutica13 da flunarizina foi avaliada em 326 pacientes com labirintopatias resistentes a tratamentos medicamentosos anteriores. A medicação foi administrada na dose de 10 mg/dia (124 pacientes) e 20 mg/dia (202 pacientes) por um período variável de 90 a 180 dias. Foi observado que 282 pacientes (86,496%) ficaram assintomáticos ou melhoraram com o tratamento. Não foi observada diferença de comportamento entre as doses de 10 e 20 mg, levando a conclusão que a dose de 10 mg/dia seria suficiente para o tratamento da vertigem14.
Em um estudo multicêntrico duplo-cego 117 pacientes com vertigem14 vestibular3 receberam flunarizina 10 mg/dia ou betaistina (24 mg/dia) por 2 meses. Os resultados revelaram que ao final de 1 e 2 meses de tratamento mais pacientes tratados com a flunarizina estavam livres de crises de vertigem14 quando comparados aos pacientes tratados com a betaistina, sendo a diferença estatisticamente significativa. Entre os pacientes que não apresentaram remissão, mais pacientes que receberam a flunarizina melhoraram ao final do estudo (78,3% VS 39,3%, p<0,01). Todos os sintomas6 associados responderam melhor à flunarizina, sendo que a remissão dos sintomas6 neurovegetativos, ansiedade e cefaleia15 foi estatisticamente maior no grupo da flunarizina que no grupo da betaistina ao final do estudo. O nistagmo16 espontâneo desapareceu significativamente em um maior número de pacientes no grupo da flunarizina (76,2%) em comparação ao grupo da betaistina (28,6%). A normalização ou melhora clara nos testes calóricos ocorreu em 46,15% dos pacientes que receberam a flunarizina e em 22,86% daqueles que receberam a betaistina. A avaliação global pelos investigadores foi “boa” ou “muito boa” para 80% do grupo da flunarizina e para 62% do grupo da betaistina. Cerca de 80,35% dos pacientes que receberam a flunarizina consideraram o tratamento “bom” ou “excelente”, o que ocorreu apenas com 48,94% dos pacientes que receberam a betaistina. O abandono do tratamento devido a resultados insuficientes ou eventos adversos foi de 15,8% dos pacientes no grupo da betaistina e 3,3% no grupo da flunarizina. A tolerabilidade foi avaliada como “excelente” em 92% dos pacientes do grupo da flunarizina e em 72,5% dos pacientes do grupo da betaistina.
A flunarizina na dosagem de 10 mg/dia foi avaliada em um estudo duplo-cego17 randomizado18 controlado por placebo19 de três meses de duração com 80 pacientes com desordens cerebrovasculares crônicas. Houve melhora dos sintomas6 neurológicos, de déficit de memória, déficit de atenção, e dos sintomas6 comportamentais nos pacientes que utilizaram a flunarizina.
Em um ensaio clínico foram avaliados 60 pacientes com insuficiência20 vascular21 cerebral crônica do território carotídeo ou cérebro22-basilar. Os pacientes receberam flunarizina (10 mg/dia) ou cinarizina (225 mg/dia) por 90 dias. Em ambos os grupos foi observada uma melhora na sintomatologia já no primeiro mês de tratamento, que persistiu até o seu término. Ao final do estudo, a eficácia terapêutica13 da flunarizina tendeu a ser superior à da cinarizina, resultado verificado comparando-se os dados do pré e pós-tratamento, apesar da diferença entre os grupos não ser estatisticamente significativa.
Em quatro estudos duplo-cegos, controlados por placebo19, com pacientes com insuficiência20 venosa, a flunarizina foi significativamente superior ao placebo19 na melhora da sintomatologia, reduzindo a circunferência de pernas e tornozelos edemaciados23 e aumentando a velocidade de cicatrização de úlceras24 venosas. Nestes estudos o efeito da flunarizina foi progressivo, estando claramente presente após um mês de tratamento para sintomas6 como “peso” nas pernas e cãibras noturnas.
Um estudo duplo-cego17 de equivalência fase IV avaliou a eficácia e tolerabilidade de duas doses de flunarizina na profilaxia de enxaqueca12, em comparação com propranolol de liberação lenta. Um total de 808 pacientes foi tratado por 16 semanas. Os resultados do estudo de equivalência mostraram que o uso de flunarizina 10 mg por dia com um final de semana livre da medicação foi pelo menos tão efetivo quanto o propranolol 160 mg na profilaxia da enxaqueca12 para todos os parâmetros avaliados após 16 semanas de tratamento. Além disso, não houve diferença significativa entre os três grupos de tratamento com relação à segurança: todos os tratamentos foram em geral bem tolerados e seguros.
Após 4 semanas utilizando placebo19, 149 pacientes passaram a receber flunarizina 10 mg/dia ou metoprolol 200 mg/dia por 16 semanas em um estudo duplo-cego17 multicêntrico. As duas drogas reduziram o número de dias com enxaqueca12 por mês em 37% comparado ao placebo19. Todos os parâmetros de eficácia foram significativamente reduzidos para as duas drogas, sem diferença significativa entre elas.
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- Soelberg Sørensen P, Larsen BH, Rasmussen MJ, et al. Flunarizine versus metoprolol in migraine prophylaxis: a double-blind, randomized parallel group study of efficacy and tolerability. Headache. 1991 Nov;31(10):650-7.
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Propriedades Farmacodinâmicas
O dicloridrato de flunarizina, derivado difluorado da piperazina, é um antagonista25 dos canais de cálcio com propriedades seletivas. Não tem efeito na homeostase do cálcio em situações normais; age apenas no bloqueio do influxo de cálcio em quantidades excessivas e deletérias para a célula26. Esta sobrecarga ocorre quando as membranas das células27 da musculatura lisa da parede vascular21 despolarizam espontaneamente, ou quando substâncias endógenas vasoconstritoras são liberadas, produzindo um aumento do influxo de cálcio transmembrana e, consequentemente, vasoconstrição28. Em ambas as circunstâncias, o influxo excessivo de cálcio intracelular é inibido pelo dicloridrato de flunarizina, levando a inibição da vasoconstrição28. Na presença de distúrbios circulatórios com comprometimento da parede vascular21, substâncias vasoconstritoras tornam-se nocivas, uma vez que comprometem ainda mais o fluxo sanguíneo local e, consequentemente, a perfusão tecidual. Desta forma, o dicloridrato de flunarizina interfere favoravelmente nos sintomas6 relacionados aos distúrbios vasculares7 nos territórios cerebral e periférico, proporcionando um maior fluxo sanguíneo e uma melhor perfusão tecidual. Além disso, pelos mesmos mecanismos, protege os neurônios29 da hipóxia30 e as hemáceas da rigidez de membrana secundária ao excesso de íons31 cálcio.
O dicloridrato de flunarizina revelou ainda apresentar atividade antivertiginosa, devido à propriedade depressora vestibular3, aparentemente relacionada à redução do fluxo de íons31 cálcio para o interior da célula26 neurossensorial vestibular3.
Propriedades Farmacocinéticas
O dicloridrato de flunarizina é bem absorvido pelo trato gastrintestinal. Após dose oral, atinge pico de concentração em 2 a 4 horas. A sua ligação a proteínas32 plasmáticas é superior a 90%. É encontrado em altas concentrações no fígado33, pulmões34 e pâncreas35 e em baixas concentrações no tecido36 cerebral. O volume de distribuição é de 43,2 L/Kg e a meia- vida de distribuição é de 2,4 a 5,5 horas. É metabolizado pelo fígado33, sendo submetido a intenso metabolismo37 de primeira passagem. Seu principal metabólito38 é a hidroxiflunarizina. A excreção renal39 é menor que 0,01% e a excreção pelo leite materno é desconhecida. A meia-vida de eliminação é de 18 a 23 dias.
CONTRAINDICAÇÕES
Este medicamento é contraindicado para uso por pacientes com hipersensibilidade a quaisquer componentes da fórmula do produto ou à cinarizina (um bloqueador de canal de cálcio estruturalmente semelhante). História de depressão e sintomas6 extrapiramidais (como parkinsonismo) preexistentes.
ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES
Populações especiais
Uso em idosos: Este tratamento pode provocar sintomas6 extrapiramidais (como parkinsonismo) especialmente em pacientes predispostos, como os pacientes idosos. Assim, Flunarin deve ser prescrito com cuidado a tais pacientes. Os pacientes devem ser avaliados em intervalos regulares, especialmente durante o tratamento de manutenção. Assim, os sintomas6 depressivos e extrapiramidais podem ser detectados precocemente e o tratamento interrompido.
Em raros casos, pode haver aumento progressivo da fadiga40 durante o tratamento. Neste caso, o tratamento deve ser interrompido. Não ultrapassar a dose recomendada.
Pacientes com insuficiência hepática41: Ajustes na dosagem devem ser considerados.
Efeitos na habilidade de dirigir e operar máquinas
Os pacientes em tratamento com Flunarin devem ser advertidos para evitar atividades que necessitem de atenção, tais como a condução de veículos ou a operação de máquinas, pois o emprego do medicamento pode provocar interferência nos reflexos.
Gravidez42 e Lactação43
Categoria de risco na gravidez42: C.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Em pacientes grávidas ou amamentando, Flunarin apenas deve ser administrado sob acompanhamento médico, pesando-se a relação risco-benefício, pois ainda não são conhecidos os riscos e efeitos do uso do medicamento durante estes períodos.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Interação medicamento-medicamento
Gravidade: Maior
- Amiodarona: a combinação com flunarizina pode levar a um aumento de uma ou de ambas as drogas, pode causar bradicardia44 ou piorar bloqueios átrio-ventriculares.
- Droperidol: a associação com flunarizina pode resultar em aumento do intervalo QT.
Gravidade: Moderada
- Beta-bloqueadores: esta combinação pode causar hipotensão45, bradicardia44 ou piorar a performance cardíaca, devido a efeitos aditivos que reduzem a contratilidade cardíaca e a condução átrio-ventricular.
- Anticonvulsivantes: a flunarizina aumenta a concentração sérica e facilita a intoxicação pela carbamazepina. A carbamazepina, assim como a fenitoína e o valproato, pode aumentar a metabolização da flunarizina podendo ser necessário um aumento de dose.
- Indinavir e Saquinavir: diminuem o metabolismo37 da flunarizina, aumentando sua concentração sérica e facilitando a ocorrência de intoxicação.
- Anti-inflamatórios não hormonais: esta associação aumenta o risco de hemorragia46 gastrintestinal.
Gravidade: não especificada
- Álcool e depressores do SNC47: a flunarizina pode potencializar os efeitos do álcool e de outros depressores do sistema nervoso central48, especialmente no início do tratamento.
- Rifampicina: diminui a concentração sérica da flunarizina.
- Anticoagulantes49 orais: o uso concomitante aumenta o risco de hemorragia46 gastrintestinal.
- Fentanil: esta associação pode causar hipotensão45 grave.
Interação medicamento – exame laboratorial
A concentração sérica de prolactina50 pode se apresentar levemente aumentada durante o tratamento com flunarizina. As concentrações séricas totais de cálcio não são afetadas pela ação de bloqueadores de canais de cálcio.
CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO DO MEDICAMENTO
Cuidados de conservação
Flunarin deve ser conservado em temperatura ambiente(15–30°C). Proteger da luz e umidade. Atenção: não armazenar este produto em locais quentes e úmidos (ex: banheiro, cozinha, carros, etc).
Desde que respeitados os cuidados de armazenamento, o medicamento apresenta uma validade de 36 meses a contar da data de sua fabricação.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original.
Características físicas e organolépticas do produto
Flunarin são cápsulas de gelatina amarela transparente com microgrânulos amarelados.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.
POSOLOGIA E MODO DE USAR
Como usar
A segurança e eficácia de Flunarin somente é garantida na administração por via oral.
Este medicamento não deve ser partido, aberto ou mastigado.
Posologia
Pode-se iniciar o uso apenas com uma cápsula à noite ao deitar, aumentando de acordo com a severidade da doença para uma cápsula pela manhã e outra à noite.
Doses maiores a critério médico.
A dose de manutenção, após melhora dos sintomas6, geralmente, é de uma cápsula ao dia.
A duração do tratamento fica a critério do médico e, dependendo da indicação, pode variar de 2 semanas a vários meses.
Dosagens especiais
Pacientes com insuficiência hepática41 podem necessitar de ajuste da dose, já que a metabolização da medicação é hepática51.
Pacientes com insuficiência renal52 não requerem ajuste de dose. Tomar as cápsulas com líquido, por via oral.
REAÇÕES ADVERSAS
Reação muito comum (> 1/10)
- Sintomas6 neurológicos: sonolência e astenia53.
- Sintomas6 oftalmológicos: visão54 turva e diplopia55.
Reações incomuns (> 1/1.000 e £ 1/100)
- Sintomas6 neurológicos: cefaleia15.
- Sintomas6 psiquiátricos: insônia, depressão.
- Sintomas6 gastrointestinais: náuseas56, epigastralgia57 e boca58 seca.
A literatura cita ainda as seguintes reações adversas, sem frequência conhecida: irritabilidade, tontura59, dificuldade de concentração, sensação de “cabeça leve”, hiperplasia60 gengival, porfiria61, tromboflebite62, ganho de peso e erupções cutâneas63.
Também podem ocorrer efeitos extrapiramidais que incluem parkinsonismo, acatisia64, discinesia orofacial, torcicolo65 e tremor facial. Estas reações são mais comuns nos indivíduos acima de 65 anos, com tremor essencial ou história de tremor essencial na família, com doença de Parkinson66, e durante tratamentos prolongados. Os sintomas6 melhoram com a interrupção do tratamento em um intervalo de tempo variável de 2 semanas a 6 meses. Em casos raros pode ocorrer depressão com ideação suicida em pacientes predispostos, assim como pesadelos e alucinações67.
Em casos de eventos adversos, notifique pelo Sistema VigiMed, disponível no Portal da Anvisa.
SUPERDOSE
Poucos casos de superdosagem aguda (mais de 600 mg em uma só tomada) foram relatados e os sintomas6 observados foram: sedação68, agitação e taquicardia69. O tratamento é sintomático70 e de suporte. A dosagem sérica da flunarizina não é clinicamente significante. A indução do vômito71 não é recomendada. Até 1 hora após a ingestão de grande quantidade de comprimidos, a lavagem gástrica72 pode ser considerada. O carvão ativado pode ser usado, na dose de 25 a 100 g no adulto, 25 a 50 g na criança de 1 a 12 anos e 1 g/kg nas crianças com menos de 1 ano.
Tratamento da distonia73 induzida por flunarizina
Em adultos: difenidramina, na dose de 25 a 50 mg, por via intravenosa, em no mínimo 2 minutos; no máximo 100 mg/dose e 400 mg/dia. Outra opção é a benzotropina, 1 a 4 mg, por via intravenosa ou intramuscular, sendo a dose máxima de 6 mg por dia.
Em crianças: difenidramina, 1,25 mg/Kg/dose por via intravenosa, em no mínimo 2 minutos, dose máxima de 300 mg por dia.
Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações sobre como proceder.
DIZERES LEGAIS
VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA
MS - 1.0573.0309
Farmacêutica Responsável: Gabriela Mallmann – CRF-SP n° 30.138
Fabricado por:
Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.
Guarulhos - SP
Registrado por:
Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.
Av. Brigadeiro Faria Lima, 201 - 20º andar
São Paulo - SP
CNPJ 60.659.463/0029-92
Indústria Brasileira
SAC 0800 701 6900