INFORMAÇÕES TÉCNICAS CAPOTEN 12,5 MG, 25 MG E 50 MG
FARMACOLOGIA1 CLÍNICA
Mecanismo de Ação
O exato mecanismo de ação do CAPOTEN ® (captopril) ainda não foi completamente elucidado.Os efeitos benéficos do captopril na hipertensão2 e na insuficiência cardíaca3 parecem resultar principalmente da supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona, resultando em concentrações séricas diminuídas de angiotensina II e aldosterona.
Entretanto, não há uma correlação consistente entre os níveis da renina e a resposta à droga.
A redução da angiotesina II leva a uma secreção diminuída de aldosterona e, como resultado, podem ocorrer pequenos aumentos de potássio sérico, juntamente com perda de sódio e fluidos.
A enzima4 conversora de angiotensina (ECA) é idêntica à bradicininase e o captopril também pode interferir na degradação da bradicinina5, provocando aumentos das concentrações de bradicinina5 ou de prostaglandina6 E2.
Farmacocinética
O captopril é rapidamente absorvido por via oral; os picos sangüíneos ocorrem em cerca de 1 hora. A absorção mínima média é de aproximadamente 75%. A presença de alimento no trato gastrintestinal reduz a absorção em cerca de 30 a 40% portanto, captopril deve ser administrado 1 hora antes das refeições. Aproximadamente 25 à 30% da droga circulante liga-se às proteínas7 plasmáticas. A meia vida de eliminação aparente no sangue8 é, provavelmente, menor do que 3 horas. Mais de 95% da dose absorvida é eliminada na urina9 : 40 a 50% como droga inalterada e o restante, como metabólitos10 (dímero dissulfeto do captopril e dissulfeto captopril-cisteína). O comprometimento renal11 pode resultar em acúmulo da droga.
Estudos em animais indicam que o captopril não atravessa a barreira hemato-encefálica12 em quantidades significativas.
Farmacodinâmica
Reduções máximas da pressão arterial13 são freqüentemente observadas 60 à 90 minutos após administração oral de uma dose individual de CAPOTEN ® (captopril). A duração do efeito é relacionada à dose. A redução da pressão arterial13 pode ser progressiva; assim, para se atingir os efeitos terapêuticos máximos, podem ser necessárias várias semanas de tratamento. Os efeitos hipotensores do captopril e dos diuréticos14 tipo tiazídicos são aditivos. A pressão arterial13 é reduzida com a mesma intensidade, tanto na posição ereta, quanto supina. Os efeitos ortostáticos e taquicardia15 são infreqüentes, porém, podem ocorrer em pacientes com depleção16 de volume. Não foi observado nenhum aumento abrupto da pressão arterial13 após a interrupção súbita de CAPOTEN ® (captopril).
Em pacientes com insuficiência cardíaca3, demonstrou-se reduções significativas da resistência vascular17 periférica (sistêmica) e da pressão arterial13 (pós-carga), redução da pressão capilar18 pulmonar (pré-carga) e da resistência vascular17 pulmonar. Demonstrou-se aumento do débito cardíaco19 e do tempo de tolerância ao exercício (TTE). Estes efeitos clínicos e hemodinâmicos ocorrem após a primeira dose e parecem persistir durante todo o período da terapia. Observou-se melhora clínica em alguns pacientes onde os efeitos hemodinâmicos agudos foram mínimos.
O tratamento com captopril resultou em melhoria da sobrevida20 a longo prazo e dos resultados clínicos no estudo SAVE - "Survival and Ventricular Enlargement", com 2.231 pacientes com infarto do miocárdio21.
O estudo multicêntrico, randomizado22, duplo-cego, controlado por placebo23, envolveu pacientes (com idade entre 21-79 anos) que demonstravam disfunção ventricular esquerda (fração de ejeção ? 40%) sem manifestação de insuficiência cardíaca3.
Especificamente, o captopril reduziu :
todas as causas de mortalidade24 (redução do risco em 19%, p = 0,022);
a incidência25 de morte cardiovascular (redução do risco em 21%, p= 0,017);
manifestações de insuficiência cardíaca3, onde se faz necessário a introdução ou o aumento de digitálicos e diuréticos14 (redução do risco em 19%, p = 0,008) ou da terapia com inibidores da ECA (redução do risco em 35%, p < 0,001);
casos de hospitalização por insuficiência cardíaca3 (redução do risco em 20%, p = 0,034);
casos de infarto do miocárdio21 clínico recorrente (redução do risco em 25%, p = 0,011);
a necessidade de condutas de revascularização coronariana (transplante secundário de aorta26 coronária e angioplastia27 coronária transluminal percutânea - redução do risco em 24%, p = 0,014).
O captopril melhorou a sobrevida20 e os resultados clínicos mesmo quando adicionada a outras terapias pós-infarto do miocárdio21, tais como com trombolíticos, beta-bloqueadores ou ácido acetilsalicílico.
Os mecanismos pelos quais o captopril resulta nessas melhorias incluem a atenuação da dilatação progressiva e da deterioração da função do ventrículo esquerdo e a inibição da ativação neuro-humoral28.
Em estudo multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo23 em pacientes com diabetes29 mellitus insulino-dependentes, retinopatia e proteinúria30, com ou sem hipertensão2 (permitiu-se o tratamento com agentes anti-hipertensivos convencionais para se obter o controle da pressão arterial13), o tratamento com captopril resultou em redução de 51% do risco de duplicação da creatinina31 sérica (p? 0,01), além da redução em 51% do risco de morbidade32/mortalidade24 no estágio final da doença renal11 (diálise33 ou transplante renal11) ou morte (p? 0,01). Os efeitos do tratamento com captopril sobre a manutenção da função renal11 são adicionais a qualquer benefício alcançado a partir da redução da pressão arterial13. Nos pacientes com diabetes29 mellitus e microalbuminúria34, o captopril reduziu a taxa de excreção da albumina35 e atenuou o declínio da taxa de filtração gromerular durante 2 anos de tratamento.