DESCRIÇÃO AVAPRO
ÁVAPRO é um antagonista1 dos receptores da angiotensina II (subtipo AT1
).Irbesartana é um composto não peptídico, quimicamente descrito como 2-butil-3-[[2'-(1 H-tetrazol-5-il)[1,1'-bifenil]-4-il]metil]1,3 diazaspiro [4,4]non-1-en-4-ona. Sua fórmula empírica é C25 H28N6O.
É um pó branco a levemente amarelado com peso molecular de 428,5. É um composto não polar com coeficiente de partição (octanol/água) de 10,1 em pH de 7,4. A irbesartana é levemente solúvel em álcool e cloreto de metileno, e praticamente insolúvel em água.
Mecanismo de Ação
A angiotensina II é um potente vasoconstritor formado a partir da angiotensina I em uma reação catalisada pela enzima3 conversora de angiotensina (ECA, cininase II). A angiotensina II é o principal agente pressor do sistema renina-angiotensina, além de estimular a síntese e a secreção de aldosterona através do córtex adrenal, a contração cardíaca, a reabsorção renal4 de sódio, a atividade do sistema nervoso5 simpático6 e o crescimento da célula7 da musculatura lisa. A irbesartana bloqueia os efeitos de vasoconstrição8 e secreção de aldosterona produzidos pela angiontensina II, através da ligação seletiva aos receptores AT1 da angiotensina II. Existe também, em muitos tecidos, um receptor AT2, o qual porém, não está envolvido na homeostase cardiovascular.
A irbesartana é um antagonista1 competitivo específico dos receptores AT1 com afinidade muito maior (mais que 8.500 vezes) pelo receptor AT1 do que pelo receptor AT2, além de ser isenta de atividade agonista9.
O bloqueio do receptor AT1 elimina a retroalimentação negativa da angiotensina II sobre a secreção de renina, porém o aumento resultante da atividade da renina plasmática e da angiotensina II circulante não supera os efeitos da irbesartana sobre a pressão arterial10.
A irbesartana não inibe a ECA ou a renina ou afeta outro receptor hormonal11 ou os canais iônicos reconhecidamente envolvidos na regulação cardiovascular da pressão arterial10 e da homeostase do sódio. A irbesartana não afeta a resposta da bradicinina12, uma vez que não inibe a ECA; não se conhece a relevância clínica deste fato.
Propriedades Farmacocinéticas
A irbesartana é um agente ativo de administração oral que não depende de biotransformação para uma forma ativa. A absorção oral da irbesartana é rápida e completa, apresentando biodisponibilidade absoluta de 60% a 80%. A concentração plasmática máxima da irbesartana ocorre 1,5 a 2 horas após a administração oral de ÁVAPRO?. A administração concomitante com os alimentos não afeta a biodisponibilidade de ÁVAPRO?.
A irbesartana exibe farmacocinética linear na faixa de dose terapêutica13.
A meia-vida de eliminação final da irbesartana é de 11 a 15 horas. Concentrações plasmáticas estáveis são alcançadas em 3 dias. Observa-se acúmulo limitado de irbesartana (<20%) no plasma14, após administração repetida de doses únicas diárias.
Metabolismo15 e Eliminação
A irbesartana é metabolizada através de conjugação glicurônica e oxidação. Após a administração oral ou intravenosa da irbesartana marcada com 14C, mais de 80% da radioatividade circulante no plasma14 corresponde ao composto inalterado. O principal metabólito16 circulante é o conjugado inativo irbesartana-glucuronida (aproximadamente 6%). Os metabólitos17 oxidativos restantes não acrescentam atividade farmacológica considerável à irbesartana.
A irbesartana e seus metabólitos17 são excretados por via biliar e renal4. Cerca de 20% da radioatividade após a administração de uma dose oral ou intravenosa de irbesartana marcada com 14C, é recuperada na urina18 e o restante nas fezes, como irbesartana ou irbesartana-glucoronida.
Estudos de oxidação da irbesartana in vitro através das isoenzimas do citocromo P450 indicaram que a irbesartana foi oxidada principalmente pela isoenzima 2C9; o metabolismo15 através da isoenzima 3A4 possui efeito desprezível. A irbesartana não foi metabolizada pela maior parte das isoenzimas comumente associadas com o metabolismo15 de fármacos (i.e., 1A1, 1A2, 2A6, 2B6, 2D6 ou 2E1) nem induziu ou inibiu estas enzimas. Irbesartana também não induziu, nem inibiu a isoenzima 3A4.
A taxa de ligação da irbesartana às proteínas19 plasmáticas é de 90% (principalmente a albumina20 e á1 glicoproteína ácida) com ligação desprezível aos componentes celulares do sangue21. O volume médio de distribuição é de 53 a 93 litros. O "clearance" plasmático total e o "clearance" renal4 é de 157 a 176 mL/min e 3,0 a 3,5 mL/min, respectivamente. Com doses repetidas, a irbesartana não se acumula com uma extensão clinicamente relevante.
Estudos em animais indicam que a irbesartana radiomarcada atravessa fracamente a barreira hematoencefálica e a placenta. A irbesartana é eliminada no leite de ratas lactantes22.
Pacientes Pediátricos: A farmacocinética da irbesartana não foi investigada em pacientes menores de 18 anos.
Sexo: Nenhuma diferença com relação ao sexo foi observada na farmacocinética de idosos sadios (idade entre 65-80 anos) ou de jovens sadios (entre 18-40 anos). Em estudos com pacientes hipertensos, não ocorreu diferenças quanto ao sexo em relação à meia-vida ou ao acúmulo de droga, porém foram observadas algumas concentrações mais altas de irbesartana em pacientes do sexo feminino (11- 44%). Não é necessário ajuste de dose com relação ao sexo do paciente.
Pacientes Geriátricos: Em indivíduos idosos (65 a 80 anos), a meia-vida de eliminação da irbesartana não foi significativamente alterada, porém a AUC23 (área sob a curva) e a Cmáx (concentração plasmática) foram 20% a 50% maiores que nos indivíduos jovens (18 a 40 anos). Não é necessário ajuste de dose em pacientes idosos.
Raça: Em indivíduos sadios da raça negra, os valores de AUC23 da irbesartana foram aproximadamente 25% maiores que em indivíduos da raça branca. Não houve diferenças nos valores de concentrações plasmáticas (Cmáx).
Insuficiência Renal24: A farmacocinética da irbesartana não se altera nos pacientes com insuficiência renal24 ou sob hemodiálise25. A irbesartana não é removida por hemodiálise25. Não há necessidade de ajuste de dose em pacientes com comprometimento renal4 de leve a grave, a menos que o paciente seja também volume depletado. (Ver ADVERTÊNCIAS, Hipotensão26 - Pacientes volume e sal depletados e POSOLOGIA).
Insuficiência Hepática27: A farmacocinética da irbesartana após administração oral repetida não foi significativamente afetada em pacientes com cirrose28 hepática29 leve a moderada. Não há necessidade de ajuste na dose em pacientes com insuficiência hepática27.
Interações Medicamentosas: (ver PRECAUÇÕES, Interações medicamentosas).
Farmacodinâmica
Em indivíduos sadios, doses orais únicas de até 300 mg de irbesartana produziram uma inibição dose dependente do efeito pressor de infusões de angiotensina II. A inibição foi completa (100%) 4 horas após doses orais de 150 mg ou 300 mg e uma inibição parcial foi mantida por 24 horas (60% e 40% com 300 mg e 150 mg, respectivamente).
Em pacientes hipertensos, a inibição do receptor da angiotensina II após administração crônica de irbesartana causa um acréscimo de 1,5 a 2 vezes nas concentrações plasmáticas de angiotensina II e de 2 a 3 vezes nos níveis de renina. As concentrações plasmáticas de aldosterona geralmente, diminuem após a administração da irbesartana, porém os níveis séricos de potássio não são afetados significativamente nas doses recomendadas.
Em pacientes hipertensos, doses orais crônicas de irbesartana (até 300 mg) não tiveram efeito sobre a taxa de filtração glomerular, sobre o fluxo renal4 plasmático ou a fração de filtração. Em estudos de dose múltipla em pacientes hipertensos, não ocorreram efeitos clinicamente importantes em relação às concentrações de triglicérides30 em jejum, colesterol31 total, colesterol31 HDL32 ou glicose33 em jejum. Não ocorreu nenhum efeito sobre o ácido úrico sérico durante a administração oral crônica. Não se observou efeito uricosúrico.
O efeito anti-hipertensivo de ÁVAPRO? foi investigado em sete principais estudos de 8 a 12 semanas controlados com placebo34, em pacientes com pressão arterial10 distólica basal de 95 a 110 mmHg. Doses de 1 a 900mg foram incluídas nestes estudos de modo a investigar completamente a faixa de dose da irbesartana. Estes estudos permitiram a comparação de regimes de 150 mg/dia em dose única ou duas vezes ao dia, dos efeitos máximo e mínimo e da resposta em relação a sexo, idade e raça. Dois dos sete estudos controlados com placebo34 investigaram os efeitos anti-hipertensivos da irbesartana e hidroclorotiazida associados.
Os sete estudos referentes à monoterapia com a irbesartana incluíram um total de 1915 pacientes randomizados para a irbesartana (dose entre 1 e 900 mg) e 611 para o placebo34. Doses únicas diárias de 150 a 300 mg forneceram decréscimos estatísca e clinicamente significativos da pressão arterial sistólica35 e diastólica após 6 a 12 semanas de tratamento, em comparação ao placebo34. Não foi observado nenhum aumento adicional do efeito com doses maiores que 300 mg.
A administração uma vez ao dia de doses terapêuticas de irbesartana teve efeitos máximos aproximadamente em 3 a 6 horas, e em um estudo de monitoração ambulatorial da pressão arterial10 aproximadamente em 14 horas. Isto foi observado com doses administradas uma e duas vezes ao dia. A relação vale/pico para as respostas sistólica e diastólica esteve, em geral, entre 60% e 70%. Em um estudo de monitoração ambulatorial contínua da pressão arterial10, doses de 150 mg uma vez ao dia tiveram respostas de 24 horas mínimas e médias similares àquelas observadas em pacientes recebendo a mesma dose total diária duas vezes ao dia.
Em estudos controlados, a associação de irbesartana a doses de 6,25 mg, 12,5 mg ou 25 mg de hidroclorotiazida produziu reduções adicionais relacionadas à dose na pressão arterial10 de forma similar àquela atingida com a mesma dose de irbesartana (e de hidroclorotiazida) sob monoterapia. A hidroclorotiazida também teve um efeito aditivo.
A análise de subgrupos de idade, sexo e raça monstrou que homens, mulheres, e pacientes acima ou abaixo de 65 anos tiveram respostas, em geral, similares. A irbesartana foi eficaz na redução da pressão arterial10 independentemente da raça, embora o efeito fosse algo menor na raça negra (geralmente uma população com renina baixa).
O efeito da irbesartana é aparente após a primeira dose, sendo substancialmente evidenciado em 2 semanas. Ao final da oitava semana de exposição, cerca de 2/3 do efeito anti-hipertensivo ainda estava presente uma semana após a última dose. Não se observou hipertensão36-rebote. Não houve nenhuma alteração substancial na freqüência cardíaca média em pacientes tratados com a irbesartana nos estudos controlados.
- INDICAÇÕES
ÁVAPRO é indicado para o tratamento da hipertensão36. Pode ser usado isoladamente ou em associação com outros agentes anti-hipertensivos.