
INFORMAÇÕES TÉCNICAS ELIDEL
Farmacodinâmica
Pimecrolimus é um antiinflamatório derivado macrolactâmico da ascomicina e um inibidor
seletivo da produção e liberação das citocinas1 pró-inflamatórias e mediadores em células2 T e
mastócitos3.
Pimecrolimus liga-se com alta afinidade à macrofilina-12 e inibe a fosfatase-calcineurina
dependente de cálcio. Como conseqüência, ocorre a inibição da ativação das células2 T pelo
bloqueio da transcrição de citocinas1. Em particular, pimecrolimus em concentrações
nanomolares inibe a síntese das citocinas1 interleucina-2, interferon gama (tipo Th1),
interleucina-4 e interleucina-10 (tipo Th2) em células2 T humanas. Além disso, pimecrolimus
previne a liberação de citocinas1 e mediadores pró-inflamatórios pelos mastócitos3 in vitro após
estimulação por antígeno4/IgE. Pimecrolimus não afeta o crescimento de ceratinócitos5,
fibroblastos6 ou de linhagens de células2 endoteliais.
Pimecrolimus apresenta uma alta atividade antiinflamatória em modelos de inflamação7 cutânea8
em animais após aplicação tópica e sistêmica. Pimecrolimus é tão efetivo quanto os
corticosteróides de potência elevada 17-propionato de clobetasol e fluticasona, após aplicação
tópica no modelo de dermatite9 de contato alérgica (ACD) em porcos. Ao contrário do 17-
propionato de clobetasol, pimecrolimus não causa atrofia10 cutânea8 em porcos. Ao contrário do
17-propionato de clobetasol, pimecrolimus não causa clareamento e alterações na textura da
pele11 em porcos. Pimecrolimus também inibe a resposta antiinflamatória a irritantes, como
demonstrado em modelos de dermatite9 de contato por irritantes em camundongos. Além disso,
Pimecrolimus por via tópica e oral é eficaz na redução da inflamação7 da pele11 e do prurido12, e
normaliza alterações histopatológicas em ratos glabros com hipomagnesemia, um modelo que
simula os aspectos agudos de dermatite9 atópica. Em comparação com tacrolimus (FK 506),
pimecrolimus tópico13 penetra igualmente na pele11 de ratos e porcos. Entretanto, devido à sua
maior lipofilicidade, a extensão de penetração através da pele11 é menor por um fator de 10
quando comparado ao tacrolimus. Portanto, atinge a pele11 seletivamente. Em ratos,
pimecrolimus oral é superior à ciclosporina A por um fator de 4 e superior ao tacrolimus por
um fator maior que 2 na inibição da dermatite9 alérgica de contato.
Em contraste com a sua eficácia nos modelos de inflamação7 da pele11, o potencial de
interferência do pimecrolimus na resposta imune sistêmica é baixa. Em ratos, após
administração subcutânea14, a potência do pimecrolimus na inibição da formação de anticorpos15
contra os eritrócitos16 de carneiros é 48 vezes menor do que com tacrolimus. Em contraste à
ciclosporina A e ao tacrolimus, o tratamento oral de camundongos com pimecrolimus não
prejudica a resposta imunológica primária nem reduz o peso dos linfonodos17 ou a celularidade
na dermatite9 de contato alérgica. Em resumo, pimecrolimus possui propriedades
farmacológicas singulares: combina a atividade antiinflamatória altamente seletiva para a pele11
com um potencial baixo de comprometimento das respostas imunológicas sistêmicas.
Em estudos com animais, a dose oral única de pimecrolimus não tem efeito sobre as funções
basais cardiovasculares e pulmonares. Parâmetros do SNC18 e endócrinos (por exemplo, GH,
prolactina19, LH, testosterona, corticosterona) tampouco foram afetados. Com base no seu
mecanismo de ação, não é esperado que pimecrolimus tenha efeito no eixo Hipotálamo20-
Hipofise21-Adrenal.
Farmacocinética
Dados em animais
Pimecrolimus é lipofílico. Quando aplicado topicamente, sua permeação através da pele11 é
muito baixa. Em miniporcos, o total de material relacionado à droga absorvido sistemicamente
após uma única aplicação de ELIDEL por 22 horas sob semi-oclusão, foi de no máximo 1% da
dose. A biodisponibilidade do pimecrolimus inalterado foi calculada em aproximadamente
0,03%. A quantidade de material radiomarcado relacionado à droga na pele11 no local da
aplicação permaneceu essencialmente constante no intervalo de tempo de 0-10 dias após uma
aplicação por 22 horas. Cinco dias após a dose, esta representou quase exclusivamente
pimecrolimus inalterado. A maior fração da dose tópica absorvida foi completamente
metabolizada e excretada lentamente pela bile22 nas fezes.
Dados em humanos
Absorção em adultos
A exposição sistêmica ao pimecrolimus foi estudada em 12 pacientes adultos tratados com
ELIDEL duas vezes ao dia por 3 semanas. Estes pacientes sofriam de dermatite9 atópica
(eczema23), com lesões24 afetando 15-59% da área da superfície corpórea (BSA). 77,5% das
concentrações sangüíneas de pimecrolimus estavam abaixo de 0,5 ng/ml, o limite do ensaio de
quantificação (LoQ), e 99,8% do total das amostras estavam abaixo de 1 ng/ml. A mais alta
concentração sangüínea de pimecrolimus medida em um paciente foi 1,4 ng/ml.
Em 40 pacientes adultos tratados por um ano com ELIDEL que apresentavam 14-62% de sua
BSA afetada antes do início do estudo, 98% das concentrações sangüíneas de pimecrolimus
estavam consistentemente baixas, a maioria abaixo do LoQ. Uma concentração máxima de 0,8
ng/ml foi medida em apenas 2 pacientes na semana 6 do tratamento. Não houve aumento da
concentração sangüínea em nenhum paciente ao longo dos 12 meses de tratamento. Em 13
pacientes adultos com dermatite9 na mão25 tratados com ELIDEL duas vezes ao dia por 3
semanas (superfícies da palma e dorso26 das mãos27 tratadas, oclusão noturna), a concentração
sangüínea máxima de pimecrolimus medida foi 0,91 ng/ml.
Dada a alta proporção dos níveis sangüíneos de pimecrolimus abaixo do LoQ após aplicação
tópica, a AUC28 pode ser calculada em apenas alguns indivíduos. Em 8 pacientes adultos com
AD com pelo menos três níveis sangüíneos quantificáveis por dia de visita, os valores da
AUC28(0-12h) foram de 2,5 a 11,4 ng.h/ml.
Absorção em crianças
A exposição sistêmica ao pimecrolimus foi estudada em 58 pacientes pediátricos de 3 meses a
14 anos de idade com lesões24 de dermatite9 atópica (eczema23) envolvendo 10-92% da área da
superfície corpórea total. Essas crianças foram tratadas com ELIDEL duas vezes ao dia por 3
semanas, e além destes, cinco pacientes foram tratados por mais de um ano quando necessário.
As concentrações sangüíneas medidas nesses pacientes pediátricos foram consistentemente
baixas não obstante a extensão das lesões24 tratadas ou a duração da terapia. As concentrações
apresentaram variação similar àquelas medidas em adultos tratados sob o mesmo regime de
dose. 60% das concentrações sangüíneas de pimecrolimus estiveram abaixo de 0,5 ng/ml
(LoQ) e 97% de todas as amostras estiveram abaixo de 2 ng/ml. A maior concentração
sangüínea medida em 2 pacientes pediátricos de 8 meses e 14 anos de idade foi 2,0 ng/ml.
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Nos pacientes mais jovens (de 3 a 23 meses), a maior concentração sangüínea medida em um
paciente foi 2,6 ng/ml. Nas 5 crianças tratadas por 1 ano, as concentrações sangüíneas foram
consistentemente baixas, e a concentração sangüínea máxima medida foi 1,94 ng/ml (1
paciente). Não houve aumentos excessivos na concentração sangüínea em nenhum dos cinco
pacientes durante os 12 meses de tratamento.
Em 8 pacientes pediátricos de 2 a 14 anos de idade apresentando pelo menos três concentrações
sangüíneas mensuráveis por dia de visita, a AUC28(0-12h) atingiu de 5,4 a 18,8 ng.h/ml. As
variações de AUC28 observadas em pacientes com BSA afetada < 40% na linha de base foram
comparáveis àquelas observadas em pacientes com BSA afetada = 40%.
Comparação com dados de Farmacocinética oral
Em pacientes com psoríase29 tratados com pimecrolimus oral com doses variando de 5 mg uma
vez ao dia a 30 mg duas vezes ao dia por quatro semanas, a droga foi bem tolerada em todas as
doses incluindo a dose mais elevada. Nenhum evento adverso significante foi relatado e
nenhuma alteração significante foi observada no exame físico, sinais vitais30, e parâmetros
laboratoriais de segurança (incluindo renais). A dose mais elevada foi associada com uma
AUC28(0-12h) de 294,9 ng.h/ml. Esta exposição é aproximadamente 26 a 16 vezes maior,
respectivamente, do que a maior exposição sistêmica observada em pacientes adultos e
pediátricos com dermatite9 atópica (eczema23) tratados topicamente com ELIDEL duas vezes ao
dia por três semanas (AUC28(0-12h) de 11,4 ng.h/ml e 18,8 ng.h/ml, respectivamente).
Distribuição, Metabolismo31 e Excreção
Devido à sua seletividade dérmica, os níveis sangüíneos de pimecrolimus são muito baixos
após a aplicação tópica. Portanto, o metabolismo31 do pimecrolimus não pode ser determinado
após administração tópica.
Após administração oral única de pimecrolimus radiomarcado em indivíduos sadios,
pimecrolimus não alterado foi o principal componente relacionado à droga no sangue32, e houve
numerosos metabólitos33 secundários de polaridade moderada que pareceram ser produtos de Odesmetilações
e oxigenação. A radioatividade relacionada à droga foi excretada principalmente
pelas fezes (78,4%) e apenas uma pequena fração (2,5%) foi recuperada na urina34. A
recuperação média total de radioatividade foi de 80,9%. Compostos relacionados não foram
detectados na urina34 e nas fezes foi calculado menos de 1% de radioatividade de pimecrolimus
não alterado.
Não foi observado nenhum metabolismo31 da droga em pele11 humana in vitro.
Dados de segurança pré-clínicos
Estudos de toxicologia após aplicação dérmica
Uma variedade de estudos pré-clínicos de segurança foram realizados com formulações creme
de pimecrolimus em diversas espécies de animais. Não houve evidências de irritação,
sensibilização (fotossensibilização), toxicidade35 local ou sistêmica.
Em um estudo de carcinogenicidade dérmica de dois anos em ratos usando ELIDEL, nenhum
efeito carcinogênico cutâneo36 ou sistêmico37 foi observado até a dose mais alta praticável de 10
mg/kg/dia ou 110 mg/m2/dia, representado por uma AUC0-24h média de 125 ng.h/ml
(equivalente a 3,3 vezes a exposição máxima observada em pacientes pediátricos em estudos
clínicos). Em um estudo de carcinogenicidade dérmica em camundongos utilizando
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pimecrolimus em uma solução etanólica, não foi evidenciado aumento na incidência38 de
neoplasias39 na pele11 ou em outros órgãos até a dose mais alta de 4 mg/kg/dia ou 12 mg/m2/dia,
correspondendo a um valor médio de AUC28(0-24h) de 1040 ng.h/ml (equivalente a 27 vezes a
exposição máxima observada em pacientes pediátricos em estudos clínicos).
Em um estudo de fotocarcinogenicidade dérmica em camundongos glabros utilizando ELIDEL,
não foram observados efeitos fotocarcinogênicos em comparação a animais tratados com o
veículo até a dose mais alta de 10 mg/kg/dia ou 30 mg/m2/dia, correspondendo a um valor
médio de AUC28(0-24h) de 2100 ng.h/ml (equivalente a 55 vezes a exposição máxima observada
em pacientes pediátricos em estudos clínicos).
Em estudos dérmicos de reprodução40, não foi observado toxicidade35 materna ou fetal até a dose
mais alta viável testada, de 10 mg/kg/dia ou 110 mg/m2/dia em ratos e 10 mg/kg/dia ou 36
mg/m2/dia em coelhos. Em coelhos, o valor médio de AUC28(0-24h) correspondente foi de 24,8
ng.h/ml. A AUC28 não pode ser calculada em ratos.
Estudos de toxicologia após administração oral
As reações adversas não observadas em estudos clínicos, mas observadas em animais em
exposições consideradas suficientemente excedentes à exposição máxima humana (indicando
pequena relevância no uso clínico), foram as seguintes: estudos reprodutivos em ratos
recebendo dose oral até 45 mg/kg/dia ou 490 mg/m2/dia, correspondendo a uma AUC28(0-24h)
média extrapolada de 1.448 ng.h/ml (equivalente a pelo menos 63 vezes a exposição máxima
observada em pacientes adultos), causaram discreta toxicidade35 materna, distúrbios do ciclo
menstrual, perdas pós-implantação e redução do tamanho da ninhada. Nenhum efeito no
desempenho reprodutivo foi observado a 10 mg/kg/dia ou 110 mg/m2/dia correspondendo a um
valor médio extrapolado de AUC28(0-24h) de 465 ng.h/ml (equivalente a pelo menos 20 vezes a
exposição máxima observada em pacientes adultos). Em um estudo oral reprodutivo em
coelhos, foi observada toxicidade35 maternal, porém não foi observada embriotoxicidade ou
teratogenicidade até a dose mais alta de 20 mg/kg/dia ou 72 mg/m2/dia, correspondendo a um
valor médio extrapolado de AUC28(0-24h) de 147 ng.h/ml (equivalente a pelo menos 6 vezes a
exposição máxima observada em pacientes adultos).
Em um estudo de carcinogenicidade oral em camundongos, uma incidência38 maior de 13% de
linfomas associados a sinais41 de imunossupressão42 versus controle foi observada a 45 mg/kg/dia
ou 135 mg/m2/dia, correspondendo a um valor médio de AUC28(0-24h) de 9.821 ng.h/ml
(equivalente a pelo menos 258 vezes a exposição máxima observada em pacientes pediátricos
em estudos clínicos). Uma dose de 15 mg/kg/dia ou 45 mg/m2/dia, correspondendo a um valor
médio de AUC28(0-24h) de 5.059 ng.h/ml, não causou linfomas ou efeitos perceptíveis no sistema
imunológico (equivalente a 133 vezes a exposição máxima observada em pacientes pediátricos
em estudos clínicos). Em um estudo oral de carcinogenicidade em ratos, não foi observado
potencial carcinogênico até a dose de 10 mg/kg/dia ou 110 mg/m2/dia, excedendo a dose
máxima tolerada, representada por um valor médio de AUC28(0-24h) de 1.550 ng.h/ml (equivalente
a 41 vezes a exposição máxima observada em pacientes pediátricos em estudos clínicos).
Uma série de testes de genotoxicidade in vitro e in vivo, incluindo ensaio de Ames, ensaio de
linfoma43 de camundongo L5178Y, teste de aberração cromossômica em células2 de hamster
chinês V79, e teste de micronúcleos de camundongo, não evidenciaram potencial mutagênico
ou clastogênico da droga.