INFORMAÇÃO TÉCNICA NEURAL - LAMOTRIGINA - 25 MG, 50 MG E 100 MG

Atualizado em 28/05/2016

DescriçãoA Lamotrigina é um antiepiléptico, da classe das feniltriazinas. Quimicamente, não é relacionada à outra droga antiepiléptica existente. Seu nome químico é 36-(2,3-diclorofenil)-1,2,4-triazina-3,5-diamina, sua fórmula molecular é C9H7N5Cl2 e seu peso molecular é 256,09. A Lamotrigina é um pó de coloração branca a creme pálido e tem pKa 5,7. A Lamotrigina é muito pouco solúvel em água (0,17 mg/ml a 25ºC) e pouco solúvel em HCl 0,1 M (4,1 mg/ml a 25ºC).

Mecanismo de ação:
O mecanismo de ação preciso, através do qual a Lamotrigina exerce sua ação anticonvulsivante, ainda não é conhecido.
Um mecanismo de ação proposto envolve um efeito nos canais de sódio. Estudos farmacológicos in vitro sugerem que a Lamotrigina inibe os canais de sódio sensíveis à diferença de potencial, estabilizando as membranas neuronais e conseqüentemente modulando a transmissão pré-sináptica, por diminuir a liberação de aminoácidos excitatórios, especialmente o glutamato, que desempenha um papel fundamental no desencadeamento de crises epilépticas.

Propriedades farmacológicas:
A Lamotrigina teve um fraco efeito inibidor no receptor 5-HT3 serotonínico (IC50 = 18 M). A Lamotrigina também não mostrou alta afinidade (IC50 > 100 M) aos seguintes receptores: adenosina A1 e A2; 1, 2 e  adrenérgicos1; dopamina2 D1 e D2; GABA3 A e B; histamina4 H1; kapa opióide; acetilcolina5 muscarínico e 5HT2 serotonínico. Os estudos não conseguiram determinar um efeito da Lamotrigina nos canais de cálcio sensíveis à diidropropiona. A Lamotrigina tem um efeito fraco sobre os receptores sigma opióides (IC50 = 145 M). A Lamotrigina não inibiu o aumento da norepinefrina, dopamina2, serotonina ou ácido aspártico (IC50 > 100 M). Ainda não foi determinada a relevância destas informações para uso humano.

Farmacodinâmica:
Em testes destinados a avaliar os efeitos de drogas sobre o sistema nervoso central6, usando-se doses de 240 mg de Lamotrigina administradas a voluntários adultos sadios, os resultados não diferiram daqueles obtidos com o placebo7, enquanto que 1.000 mg de fenitoína e 10 mg de diazepam comprometeram significativamente a boa coordenação motora visual e os movimentos oculares, aumentaram a instabilidade corporal e produziram efeitos sedativos subjetivos. Em outro estudo, doses únicas orais de 600 mg de carbamazepina comprometeram significativamente a boa coordenação motora visual e os movimentos oculares, ao mesmo tempo que aumentaram a instabilidade corporal e a freqüência cardíaca, enquanto que os resultados com a Lamotrigina em doses de 150 mg e 300 mg não diferiram daqueles verificados com o placebo7.

Farmacocinética
Absorção:
A Lamotrigina é rápida e completamente absorvida após administração oral, com metabolismo8 de primeira passagem negligenciável (biodisponibilidade absoluta de 98%). A biodisponibilidade não é alterada pela presença de alimentos. O pico de concentração plasmática ocorre em aproximadamente 2,5 horas após a administração oral da droga.

Ligação protéica:
Dados de estudos in vitro indicam que a Lamotrigina liga-se em aproximadamente 55% às proteínas9 plasmáticas em concentrações no plasma10 variando de 1 a 10 mcg/ml (10 mcg/ml é 4 a 6 vezes a concentração plasmática observada nas triagens clínicas).
Devido ao fato de a Lamotrigina ligar-se fracamente às proteínas9 plasmáticas, interações clinicamente significativas com outras drogas através de competição por sítios de ligação protéica são indesejáveis, porém seu deslocamento provavelmente não resulta em toxicidade11. A ligação da Lamotrigina às proteínas9 plasmáticas não se altera na presença de concentrações terapêuticas de fenitoína, fenobarbital ou ácido valpróico. A Lamotrigina não desloca outras drogas antiepilépticas (carbamazepina, fenitoína, fenobarbital) dos sítios de ligação protéica.

Distribuição da droga:
Estima-se que o volume médio de distribuição de Lamotrigina após administração oral varia de 0,9 a 1,3 L/kg. O volume médio de distribuição é independente da dose e é similar após doses simples ou múltiplas, tanto em pacientes com epilepsia12 quanto em pacientes saudáveis. A Lamotrigina é metabolizada predominantemente por conjugação do ácido glicurônico; o principal metabólito13 é um 2-N-glicorônio-conjugado, que é inativo. Após administração oral de 240 mg de 14C-Lamotrigina (15 Ci) a um grupo pequeno de voluntários saudáveis, 94% foram recuperados na urina14 e 2% nas fezes, em um período de 168 horas. A Lamotrigina é extensamente metabolizada no homem e o seu principal metabólito13 é um N-glicuronídeo, que é responsável por 65% da dose recuperada na urina14. Mais de 8% da dose foi recuperada na urina14 em forma inalterada. A radiodetecção por cromatografia líquida de alta resolução revelou a presença de outro metabólito13 N-glicuronídeo, em mais ou menos um décimo da concentração do principal metabólito13.

Eliminação:
A média da meia-vida de eliminação em adultos saudáveis é de 29 horas, e o perfil farmacocinético é linear até 450 mg, a mais alta dose única testada. A meia-vida da Lamotrigina é significativamente afetada pela administração de medicação concomitante, com valor médio de aproximadamente 14 horas com fármacos indutores de enzimas tais como a carbamazepina e fenitoína, e aumentando para uma média de aproximadamente 70 horas quando administrada concomitante com valproato sódico somente.

Pacientes com insuficiência renal15:
Foi administrada uma dose de 100 mg de Lamotrigina em voluntários com insuficiência renal15 crônica (clearance de creatinina16 médio 13 mg/ml) e em outros voluntários sob tratamento com hemodiálise17. A meia-vida plasmática média foi de 42,9 horas nos em voluntários com insuficiência renal15 crônica; 13,0 horas durante hemodiálise17 e 57,4 horas entre as sessões de hemodiálise17, comparada com 26,2 horas em voluntários saudáveis. Na média, aproximadamente 20% da quantidade de Lamotrigina presente no organismo foi eliminada na hemodiálise17 durante uma sessão de 4 horas.

Pacientes com insuficiência hepática18:
A farmacocinética da Lamotrigina foi estudada comparando-se o comportamento da droga em pacientes com comprometimento hepático variando do moderado a grave e em pacientes sem comprometimento hepático. O clearance aparente médio de Lamotrigina foi de 0,31; 0,24 e 0,10 ml/kg/min em pacientes com grau A, B, e C (classificação de Child-Pugh) de comprometimento hepático, respectivamente, comparado com 0,34 ml/kg/min em voluntários saudáveis. A meia-vida média da Lamotrigina foi de 36; 60 e 110 horas em pacientes com grau A, B, e C de comprometimento hepático, respectivamente, e de 32 horas nos voluntários saudáveis.

Indução enzimática:
Os efeitos da Lamotrigina nas famílias específicas de funções mistas de oxidases e isoenzimas não foram sistematicamente avaliadas.
Após múltiplas administrações (150 mg, duas vezes ao dia) a voluntários normais não tomando outros medicamentos, a Lamotrigina induziu seu próprio metabolismo8, resultando em um decréscimo de 25% na meia-vida de eliminação e um aumento de 37% no clearance plasmático aparente no estado de repouso comparado aos valores obtidos de voluntários sadios após administração de dose única. Não surgiram evidências de indução de enzimas mono-oxigenase a um nível que levasse à interações clinicamente importantes com drogas metabolizadas por estas enzimas.

Crianças acima de 12 anos:
Em crianças acima de 12 anos, tomando antiepilépticos enzimático-indutores, o clearance plasmático aparente foi de 1,3 ml/min/kg. Com antiepilépticos enzimático-indutores e ácido valpróico, o clearance plasmático aparente de 1,2 ml/min/kg. Em pacientes tratados com ácido valpróico, o clearance plasmático aparente foi de 0,47 ml/min/kg.

Pacientes idosos:
Em um estudo de dose simples de 150 mg de Lamotrigina administrada a voluntários com idades entre 65 e 76 anos, os valores médio de clearance de creatinina16 encontrados (61 ml/min) foram similares aos valores encontrados para voluntários saudáveis jovens em outros estudos.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Adrenérgicos: Que agem sobre certos receptores específicos do sistema simpático, como o faz a adrenalina.
2 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
3 GABA: GABA ou Ácido gama-aminobutírico é o neurotransmissor inibitório mais comum no sistema nervoso central.
4 Histamina: Em fisiologia, é uma amina formada a partir do aminoácido histidina e liberada pelas células do sistema imunológico durante reações alérgicas, causando dilatação e maior permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Ela é a substância responsável pelos sintomas de edema e irritação presentes em alergias.
5 Acetilcolina: A acetilcolina é um neurotransmissor do sistema colinérgico amplamente distribuído no sistema nervoso autônomo.
6 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
7 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
8 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
9 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
10 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
11 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
12 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
13 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
14 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
15 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
16 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
17 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
18 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.

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