Soro Antidiftérico (Bula do profissional de saúde)
INSTITUTO BUTANTAN
IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Soro1 Antidiftérico
imunoglobulina2 heteróloga contra toxina3 diftérica
Injetável 1.000 UI/mL
FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO:
Solução injetável
Cada cartucho contém 5 frascos-ampola com 10 mL de soro1 antidiftérico.
VIA DE ADMINISTRAÇÃO: INTRAVENOSA
USO ADULTO E PEDIÁTRICO
Cada mL do soro1 neutraliza no mínimo 1.000 UI de toxina3 diftérica, no total de no mínimo 10.000 UI por frasco-ampola com 10 mL.
O soro1 antidiftérico é apresentado em frasco-ampola contendo 10 mL de solução injetável da fração F(ab’)2 de imunoglobulinas4 heterólogas, específicas e purificadas, capazes de neutralizar no mínimo 10.000 UI de toxina3 produzida pelo Corynebacterium diphtheriae (soroneutralização em cobaias).
O soro1 antidiftérico é produzido a partir do plasma5 de equinos hiperimunizados com anatoxina diftérica.
COMPOSIÇÃO:
Cada frasco-ampola com 10 mL contém:
fração F(ab´)2 de imunoglobulina2 heteróloga que neutraliza, no mínimo, 10.000 UI de toxina3 diftérica (soro1 neutralização em cobaias) | |
fenol | 35 mg (máximo) |
solução fisiológica6 a 0,85% q.s.p. | 10 mL |
INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE7
INDICAÇÕES
Este produto é destinado ao tratamento de pacientes com difteria8. O soro1 antidiftérico é o único medicamento eficaz para a neutralização das toxinas9 secretadas pelo bacilo10 diftérico (Corynebacterium diphtheriae). Os anticorpos11 (imunoglobulinas4 específicas) contidos no soro1 ligam-se à toxina3 não ainda fixada nos tecidos eletivos12, neutralizando-a. Nestas condições, quanto mais precoce for a administração do soro1 maior é o seu potencial terapêutico, indicando que o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível.
RESULTADOS DE EFICÁCIA
Não há ensaios clínicos13 controlados para a avaliação de eficácia do soro1 antidiftérico, que é de origem equina (heteróloga), porém a sua capacidade em neutralizar as atividades tóxicas da toxina3 é comprovada através de modelos animais de laboratório e pelo uso sistêmico14 em pacientes.
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
O soro1 antidiftérico é uma solução isotônica15 de imunoglobulinas4 heterólogas específicas de origem equina (IgG), purificadas por digestão16 enzimática, não pirogênica. As imunoglobulinas4 derivam do plasma5 de cavalos sadios hiperimunizados com anatoxina diftérica. A atividade biológica neutralizante do soro1 antidiftérico contra a toxina3 diftérica é avaliada pela proteção conferida a cobaias, após inoculação17 subcutânea18 de misturas de volumes diferentes de soro1 com quantidade fixa de toxina3 diftérica de referência. O poder neutralizante do soro1 antidiftérico deverá ser, no mínimo, de 1.000 Unidades Internacionais (UI), por mL de soro1.
O plasma5 equino digerido enzimaticamante pela ação da pepsina reduz o peso molecular da IgG de 160 kDa para 90 kDa ou 100 kDa eliminando da molécula a fração Fc responsável pela ativação do sistema complemento por via clássica. Obtém-se desse modo, uma molécula menos reatogênica quanto a efeitos de natureza alérgica induzidos no paciente. A atividade neutralizante dos sítios combinatórios das moléculas de imunoglobulina2 tratada pela pepsina mantêm-se inalterada e, ainda, a possibilidade de formação espontânea de agregados proteicos, responsáveis também por reações alérgicas indesejáveis, é substancialmente mais reduzida. Apesar do elevado grau de purificação do soro1, continua existindo, em potencial baixo, a possibilidade de indução a reações alérgicas em indivíduos hipersensíveis. Entre as reações indesejáveis o choque anafilático19 pode ocorrer pela degranulação de mastócitos20 ou ativação do sistema complemento, embora o choque anafilático19 letal seja muito raro.
Uma vez fixada aos tecidos, a toxina3 diftérica não é neutralizada pelo soro1 antidiftérico.
O soro1 antidiftérico neutraliza a toxina3 diftérica circulante, porém não elimina o C. diphtheriae da corrente sanguínea.
CONTRAINDICAÇÕES
As contraindicações praticamente não existem, mas nos pacientes com antecedentes alérgicos ou de sensibilidade a soros de origem equina, a aplicação do soro1 antidiftérico deverá ser feita em condições de estrita observação médica.
Notas
- O soro1 antidiftérico não é contraindicado na gravidez21, mas o médico deve ser informado sobre essa condição;
- Alimentação prévia e/ou ingestão de bebidas não contraindicam o emprego do soro1 antidiftérico, mas é preciso cuidado maior devido ao risco de complicações associadas à aspiração de vômitos22.
ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES
O soro1 antidiftérico deve ser aplicado sob supervisão médica, por via intravenosa.
Conservar o soro1 antidiftérico sob refrigeração entre +2°C e +8°C. NÃO CONGELAR.
Uma vez aberto o frasco-ampola, o soro1 antidiftérico deve ser usado imediatamente.
Notas
- O sucesso da administração do soro1 no tratamento da difteria8 está diretamente relacionado com a aplicação das doses corretas o mais precocemente possível após o início dos sintomas23, requerendo assim, um diagnóstico24 rápido;
- As doses indicadas são as mesmas para idosos, adultos ou crianças. Quanto a grupos de risco, são considerados os pacientes com antecedentes alérgicos ou sensíveis a soros de origem equina;
- A interrupção do tratamento somente deverá ser efetuada com orientação médica.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Nenhuma medicação concomitante constituirá contraindicação para o uso do soro1 antidiftérico, porém todo medicamento que esteja sendo utilizado pelo paciente deverá ser informado ao médico.
CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO DO MEDICAMENTO
O soro1 antidiftérico deve ser armazenado e transportado à temperatura entre +2°C a +8°C. Não deve ser colocado no congelador ou “freezer”; o congelamento é estritamente contraindicado. Depois de aberto, este medicamento deve ser utilizado imediatamente.
Prazo de validade: O prazo de validade do soro1 antidiftérico é de 36 meses a partir da data de fabricação, desde que mantido sob refrigeração à temperatura entre +2°C a +8°C, conforme está indicado na embalagem e deve ser respeitado rigorosamente.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original.
O conteúdo do frasco-ampola deve ser límpido a levemente opalescente e incolor a ligeiramente amarelado. O soro1 antidiftérico não deve ser usado se houver turvação ou presença de precipitado.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.
POSOLOGIA E MODO DE USAR
O soro1 antidiftérico deve ser administrado sob supervisão médica, por via intravenosa, nas doses estipuladas de acordo com a forma clínica ou gravidade, em uma única aplicação:
Forma leve (nasal, cutânea25, amigdaliana): 40.000 UI
Forma moderada (laringoamigdaliana ou mista): 60.000 a 80.000 UI
Forma grave ou tardia (4 dias de doença): 80.000 a 100.000 UI
A aplicação do soro1 por via intravenosa deve ser feita lentamente, diluído em 100 mL de soro1 fisiológico26. Deve-se observar, entretanto, a possível sobrecarga de volume em pacientes com insuficiência cardíaca27. As doses do soro1 antidiftérico não devem ser fracionadas. A frequência de reações à administração do soro1 parece ser menor quando o soro1 é administrado diluído.
Recomendações especiais:
- O soro1 antidiftérico é um medicamento eficaz apenas para o tratamento da difteria8;
- Antibioticoterapia deve ser introduzida como medicação auxiliar para eliminar o C. diphtheriae e, com isso, interromper a produção da toxina3 diftérica;
- A interrupção do tratamento somente deverá ser efetuada com a orientação médica;
- Adultos e crianças recebem a mesma dose de soro1 para o tratamento da difteria8.
REAÇÕES ADVERSAS
Reação muito comum (ocorre em 10% dos pacientes que utilizam este medicamento): As reações imediatas e precoces podem ocorrer durante a infusão e nas duas horas subsequentes, e até 24 horas após a administração do soro1. Na maioria das vezes, são leves. As proteínas28 heterólogas, além de liberar histamina29, podem levar à formação de agregados de proteínas28 ou de imunocomplexos30, ativando o sistema complemento. Este, por sua vez, pode levar à formação de anafilatoxinas e provocar a liberação de mediadores químicos de mastócitos20 e basófilos. Os sinais31 e sintomas23 mais frequentes são: prurido32, urticária33, rubor facial, angioedema34, exantema35 morbiliforme, taquicardia36, rinorreia37, espirros, tosse, náuseas38, cólica abdominal e diarreia39.
Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento): A reação tardia, também conhecida como Doença do Soro1, e pode ocorrer 5 a 24 dias após a aplicação do soro1 de origem heteróloga. A reação é caracterizada inicialmente com febre40, urticária33, erupções cutâneas41 de diferentes tamanhos e distribuição irregular. Pode haver comprometimento articular, às vezes exuberante, e geralmente atinge grandes articulações42 onde aparecem edemas43 sem rubor, dor espontânea e à pressão, e dificuldade de movimentação. O enfartamento linfoganglionar produz adenopatias44 generalizadas de intensidade variável, resultando em gânglios45 palpáveis, móveis e dolorosos. Normalmente evoluem para a cura e sem sequelas46. Raramente podem ocorrer vasculite47 e nefrite48.
Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento): A reação pirogênica, descrita com frequência cada vez menor, ocorre durante o uso do soro1, podendo levar a febre40 alta (até 39°C), acompanhada de calafrios49 e sudorese50. Nesses casos, a infusão deve ser interrompida e administrado antitérmico51. Após a remissão dos sintomas23, a administração do soro1 deve ser reinstituída. Caso haja recorrência52 deste quadro, a solução que contém o soro1 deve ser desprezada e preparada nova solução.
Reação rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento): As reações imediatas podem raramente evoluir para quadros graves, nos quais se evidenciam: palidez, dispneia53, edema54 de glote55, insuficiência respiratória56 com hipoxemia57, taquicardia36 intensa, bradicardia58, hipotensão arterial59 que podem evoluir para choque60 e síncope61, perda da consciência e colapso62 circulatório persistente.
Reação muito rara (ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento): Não descrita na literatura.
Prevenção das reações:
- Solicitar informações ao paciente quanto ao uso anterior de soro1 heterólogo (antitetânico, antidiftérico, antirrábico ou antiofídico) e problemas alérgicos de naturezas diversas;
- A ausência de antecedentes alérgicos não exclui a possibilidade de reações adversas. Não há consenso sobre a pré-medicação com bloqueadores dos receptores da histamina29 na prevenção ou redução das manifestações alérgicas. Assim, é facultada ao médico a administração de anti-histamínicos (antagonistas H1 e H2) e corticosteroides com 15 minutos de antecedência da dose de soro1 recomendada;
- O teste de sensibilidade não deve ser realizado, pois não é capaz de detectar a sensibilidade do paciente, podendo desencadear reações, por si mesmo. Além disso, o tempo gasto na execução retarda a aplicação da administração do soro1.
Tratamento das reações precoces:
Uma vez detectada a reação, interromper a administração do soro1 temporariamente e iniciar o seu tratamento. No caso de urticária33 generalizada, crise asmatiforme, edema54 de glote55 e choque60 deve-se proceder a administração imediata de adrenalina63 aquosa (1:1.000, milesimal, 1 mg/mL), intramuscular (IM), na face64 anterolateral da coxa65 (músculo vasto lateral), na dose de 0,01 mg/kg (0,01 mL/kg) até a dose máxima de 0,5 mL. Caso não haja resposta, pode-se repetir a mesma dose em intervalos de 5 a 15 minutos. Os corticosteroides e anti-histamínicos exercem papel secundário no controle dessas reações, podendo também ser utilizados. Em pacientes com manutenção do broncoespasmo66, podem ser empregados β2 agonistas inalatórios, como o fenoterol. Após a remissão do quadro de hipersensibilidade, reinstituir a administração do soro1.
Diante de reações precoces graves (raras), que geralmente cursam com hipotensão67, choque60 e/ ou insuficiência respiratória56, o paciente deve ser colocado em posição supina, se estiver hipotenso ou em choque60 (se o mesmo tolerar a posição e não estiver em insuficiência respiratória56), ou decúbito lateral68 esquerdo, se estiver vomitando. A reposição volêmica69 com solução fisiológica6 intravenosa (20 mL/kg) deve ser iniciada balizando a oferta de acordo com a resposta. A entubação orotraqueal70 pode ser eventualmente necessária nos casos de insuficiência respiratória56 grave.
Nota
- Uma vez controlada a reação precoce grave, a administração do soro1 deve ser reiniciada.
Em casos de eventos adversos, notifique pelo Sistema VigiMed, disponível no Portal da Anvisa.
SUPERDOSE
Não existem informações de casos e/ou consequências da aplicação de superdosagem do soro1 antidiftérico
Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.
DIZERES LEGAIS
USO SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA
PROIBIDA VENDA AO COMÉRCIO
Número do Registro M.S.: 1.2234.0011
Farmacêutico Responsável: Dr. Lucas L. de M. e Silva CRF-SP nº 61.318
Registrado e Fabricado por:
INSTITUTO BUTANTAN
Av. Dr. Vital Brasil, 1500, Butantã
CEP: 05503-900 - São Paulo/SP
CNPJ: 61.821.344/0001-56
Indústria Brasileira
SAC 0800 701 2850