

Dacogen (Bula do profissional de saúde)
JANSSEN-CILAG FARMACÊUTICA LTDA
IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Dacogen
decitabina
Injetável 50 mg
FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO:
Pó liofilizado1 para solução injetável
Embalagem com 1 frasco-ampola
USO INTRAVENOSO
USO ADULTO
COMPOSIÇÃO:
Cada frasco-ampola de Dacogen contém:
decitabina | 50 mg |
excipiente q.s.p. | 1 frasco-ampola |
Excipientes: fosfato de potássio monobásico, hidróxido de sódio, ácido clorídrico2 (se necessário para ajuste de pH).
Após reconstituição asséptica com 10 mL de água estéril para injetáveis, cada mL do concentrado da solução contém 5 mg de decitabina.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE3
INDICAÇÕES
Dacogen® é indicado para:
- o tratamento de pacientes adultos com síndromes mielodisplásicas (SMD), tratados e não tratados previamente, SMD “de novo” e secundárias de todos os subtipos da classificação FAB (Franco-Americano-Britânica) e grupos Intermediário-1, Intermediário-2 e de Alto Risco do Sistema de Escore Prognóstico4 Internacional (IPSS).
- o tratamento de pacientes adultos com leucemia5 mieloide aguda (LMA) “de novo” ou secundária, recém diagnosticada, de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde3 (OMS).
A eficácia de Dacogen® não foi completamente demonstrada em pacientes com idade inferior a 65 anos.
RESULTADOS DE EFICÁCIA
Estudos Clínicos em Síndromes Mielodisplásicas
Estudo de Fase 2 (DACO-020): Esquema posológico de 5 dias
Um estudo multicêntrico, aberto, de braço único (DACO-020) foi conduzido para avaliar a eficácia de Dacogen® em pacientes com SMD com qualquer subtipo FAB. Neste estudo, 99 pacientes com escore prognóstico4 IPSS Intermediário-1, Intermediário-2 ou de alto risco receberam Dacogen® no regime de 5 dias, na dose de 20 mg/m2 diariamente por infusão intravenosa em 1 hora nos Dias 1 ao 5 a cada 4 semanas (1 ciclo). Os resultados foram consistentes com os resultados do estudo de Fase 3 e resumidos na Tabela 1.
Tabela 1: Eficácia de Dacogen® no estudo de Fase 2 DACO-020
Parâmetro |
Dacogen® (n=99) |
Taxa de Resposta Global (RC+mRC+RP) |
33 (33%) |
Remissão Completa (RC) |
17 (17%) |
Remissão Completa Medular (mRC) |
16 (16%) |
Taxa de Melhora Global (RC+mRC+RP+MH) |
51 (52%) |
RC = remissão completa; mRC = remissão completa medular; RP = remissão parcial; MH = melhora hematológica. Fonte: DACO-020 CSR.
Estudo de Fase 3 (D-0007): Esquema posológico de 3 dias
Um estudo multicêntrico, aberto, randomizado6, controlado (D-0007) avaliou Dacogen® em 170 indivíduos com SMD atendendo os critérios de classificação FAB e IPSS de alto risco, Intermediário-2 e Intermediário-1. Dacogen® foi administrado no esquema de 3 dias, na dose de 15 mg/m2, por infusão intravenosa contínua durante 3 horas, repetida a cada 8 horas por 3 dias consecutivos a cada ciclo de 6 semanas.
No estudo clínico de Fase 3, remissões completas (RC) e parciais (RP) foram observadas em todos os subgrupos do Sistema de Escore Prognóstico4 Internacional (IPSS). Entretanto, um efeito benéfico superior foi ainda mais evidente nos subgrupos de pacientes classificados como Intermediário-2 (Int-2) e Alto Risco, veja Tabela 2.
Tabela 2: Eficácia por Subgrupo IPSS no estudo D-0007
Subgrupo IPSS |
Dacogen® |
|
Cuidados de suporte |
|
|
Taxa de resposta global |
Tempo mediano (dias) |
Taxa de resposta global |
Tempo mediano (dias) |
Todos pacientes |
15/89 (17%) |
340 |
0/81 |
219 |
Int-2 e Alto Risco |
11/61 (18%) |
335 |
0/57 |
189 |
Int-2 |
7/38 (18%) |
371 |
0/36 |
263 |
Alto Risco |
4/23 (17%) |
260 |
0/21 |
79 |
LMA = Leucemia5 Mieloide Aguda; RC = remissão completa; IPSS = Sistema de Escore Prognóstico4 Internacional; Int-2 = Intermediário-2; RP = Remissão parcial.
Fonte: D-0007 CSR.
Estudos Clínicos em Leucemia5 Mieloide Aguda
O uso de Dacogen® foi avaliado em um estudo Fase 3, multicêntrico, randomizado6, aberto (DACO-016) em pacientes com LMA “de novo” ou secundária recém-diagnosticada, de acordo com a classificação da OMS. Dacogen® (n=242) foi comparado à escolha do tratamento (n=243), que consistiu na escolha do paciente, com o aconselhamento do médico, de apenas cuidado de suporte (n=28, 11,5%) ou 20 mg/m2 de citarabina por via subcutânea8 uma vez ao dia por 10 dias consecutivos, repetida a cada 4 semanas (n=215, 88,5%). Dacogen® foi administrado como infusão intravenosa de uma hora, na dose de 20 mg/m2 uma vez ao dia, durante 5 dias consecutivos, repetida a cada 4 semanas. A idade mediana para a população avaliada por intenção de tratamento (ITT) foi de 73 anos (variação de 64 a 91 anos). Trinta e seis por cento dos pacientes tinham citogenética de risco desfavorável na linha de base. O restante dos pacientes tinha citogenética de risco intermediário. O desfecho primário do estudo foi sobrevida9 global. O desfecho secundário foi a taxa de remissão completa, a qual foi avaliada por um especialista independente. A sobrevida9 livre de progressão e a sobrevida9 livre de evento eram desfechos terciários.
A sobrevida9 global mediana na população avaliada por ITT foi de 7,7 meses em pacientes tratados com Dacogen® comparada a 5,0 meses para os pacientes no braço “escolha do tratamento” [Razão de Risco “Hazard Ratio” (HR) 0,85; IC 95%: 0,69, 1,04; p=0,1079]. A diferença não alcançou significância estatística; no entanto, houve uma tendência para aumento da sobrevida9 com redução de 15% no risco de morte para pacientes10 no braço de Dacogen® (Figura 1). Quando censurada para terapia subsequente com potencial para modificar a doença (isto é, quimioterapia11 de indução ou agente hipometilante), a análise da sobrevida9 global mostrou redução de 20% no risco de morte para os pacientes no braço de Dacogen® (HR = 0,80; IC 95%: 0,64, 0,99; p = 0,0437).
Figura 1: Sobrevida9 global (População Avaliada por Intenção de Tratamento)
Em uma análise com dados adicionais maduros de um ano de sobrevida9, o efeito de Dacogen® na sobrevida9 global demonstrou melhora clinicamente significativa comparada ao braço “escolha do tratamento” (7,7 meses versus 5,0 meses, respectivamente, HR= 0,82; IC 95%: 0,68, 0,99; valor-p nominal = 0,0373; Figura 2).
Figura 2: Análise dos Dados Maduros de Sobrevida9 Global (População Avaliada por Intenção de Tratamento)
Com base na análise inicial da população avaliada por ITT, foi alcançada diferença estatisticamente significativa na taxa de remissão completa (RC+RCp) a favor dos pacientes no braço de Dacogen®, 17,8% (43/242), comparada ao braço “escolha do tratamento”, 7,8% (19/243); 9,9% de diferença do tratamento (IC 95%: 4,07; 15,83), p=0,0011. O tempo mediano para a melhor resposta e a duração mediana da melhor resposta em pacientes que obtiveram remissão completa ou remissão completa com recuperação incompleta de plaquetas12 (RCp) foram 4,3 meses e 8,3 meses, respectivamente. A sobrevida9 livre de progressão foi significantemente mais longa para os pacientes no braço de Dacogen®, 3,7 meses (IC 95%: 2,7; 4,6), comparada aos pacientes no braço “escolha do tratamento”, 2,1 meses (IC 95%: 1,9; 3,1); HR=0,75; IC 95%: 0,62; 0,91; p = 0,0031. Estes resultados, assim como outros desfechos, são mostrados na Tabela 3.
Tabela 3: Outros Desfechos de Eficácia para o Estudo DACO-016 (População Avaliada por ITT)
Desfechos |
Dacogen® |
“Escolha do tratamento” (grupo combinado) |
Valor-p |
RC+RCp |
43 (17,8%) |
19 (7,8%) |
0,0011 |
OR = 2,5 |
|||
RC |
38 (15,7%) |
18 (7,4%) |
- |
SLEa |
3,5 |
2,1 |
0,0025 |
HR = 0,75 |
|||
SLPa |
3,7 |
2,1 |
0,0031 |
HR = 0,75 |
RC = remissão completa; RCp = remissão completa com recuperação incompleta de plaquetas12; SLE = sobrevida9 livre de evento; SLP = sobrevida9 livre de progressão; OR = razão de chances (“odds ratio”); HR = razão de risco
- = não avaliável
a Informado como mediana de meses
b Intervalos de confiança de 95%
A sobrevida9 global e as taxas de remissão completa nos subgrupos pré-especificados relacionados com a doença (isto é, risco citogenético, escore do “Eastern Cooperative Oncology Group” [ECOG], idade, tipo de LMA e contagem basal de blastos da medula óssea13) foram consistentes com os resultados para a população global do estudo.
O uso de Dacogen® como terapia inicial também foi avaliado em um estudo de Fase 2 aberto, de braço único (DACO-017) em 55 pacientes com idade >60 anos com LMA de acordo com a classificação da OMS. O desfecho primário era a taxa de remissão completa avaliada por revisão de especialista independente. O desfecho secundário do estudo era a sobrevida9 global. Dacogen® foi administrado por infusão intravenosa de 1 hora, na dose de 20 mg/m2 uma vez ao dia, por 5 dias consecutivos, repetida a cada 4 semanas. Na análise por intenção de tratamento foi observada taxa de RC de 23,6% (IC 95%: 13,2% a 37%) em 13/55 pacientes tratados com Dacogen®. O tempo mediano para a RC foi de 4,1 meses e a duração mediana da RC foi de 18,2 meses. A mediana da sobrevida9 global na população avaliada por intenção de tratamento foi de 7,6 meses (IC 95%: 5,7, 11,5).
Pediatria
Um estudo multicêntrico de fase 1/2, aberto, de braço único e multicêntrico avaliou a segurança e a eficácia de Dacogen® em administração sequencial com citarabina em crianças com idade entre 1 mês a <18 anos com LMA recidivante14 ou refratária. Um total de 17 pacientes foi incluído e recebeu Dacogen® 20 mg/m2 neste estudo, dos quais 9 pacientes receberam citarabina 1 g/m2 e 8 pacientes receberam citarabina administrada na dose máxima tolerável de 2 g/m2. Todos os pacientes descontinuaram prematuramente o tratamento do estudo. As razões para interrupção do tratamento incluíram progressão da doença (12 [70,6%] pacientes), pacientes encaminhados para transplante (3 [17,6%]), decisão do investigador (1 [5,9%]) e “outros” (1 [5,9%]). Não se observou atividade anti-leucêmica clinicamente relevante com a combinação sequencial. Os eventos adversos relatados foram consistentes com o perfil de segurança conhecido de Dacogen® em adultos.
Referências bibliográficas:
- Gore L, Triche TJ, Farrar JE, et al. A multicenter,randomized study of decitabine as epigenetic priming with induction chemotherapy in children with AML. Clin Epigenetics. 2017;9:108.
- Saba HI (2005), Lubbert M, Wijermans PW. Response rates of Phase 2 and Phase 3 trials of decitabine (DAC) in patients with myelodysplastic syndromes (MDS). Blood 2005;106: abs 2515.
- Steensma DP (2009), Baer MR, Slack JL, et al. Multicenter study of decitabine administered daily for 5 days every 4 weeks to adults with myelodysplastic syndromes: The Alternative Dosing for Outpatient Treatment (ADOPT) Trial. J Clin Onco 2009; 23:3842-3848.
- Kantarjian HM, O'Brien S, Shan J, Aribi A, Garcia-Manero G, Jabbour E, Ravandi F, Cortes J, Davisson J, Issa JP. Update of the decitabine experience in higher risk myelodysplastic syndrome and analysis of prognostic factors associated with outcome. Cancer15. 2007 Jan 15;109(2):265-73.
- Kantarjian H, Oki Y, Garcia-Manero G, Huang X, O'Brien S, Cortes J, Faderl S, Bueso-Ramos C, Ravandi F, Estrov Z, Ferrajoli A, Wierda W, Shan J, Davis J, Giles F, Saba HI, Issa JP. Results of a randomized study of 3 schedules of low-dose decitabine in higher-risk myelodysplastic syndrome and chronic myelomonocytic leukemia. Blood. 2007 Jan 1;109(1):52-7.
- Kantarjian H, Issa JP, Rosenfeld CS, Bennett JM, Albitar M, DiPersio J, Klimek V, Slack J, de Castro C, Ravandi F, Helmer R 3rd, Shen L, Nimer SD, Leavitt R, Raza A, Saba H. Decitabine improves patient outcomes in myelodysplastic syndromes: results of a phase III randomized study. Cancer15. 2006 Apr 15;106(8):1794-803.
- Cashen, Amanda F., Schiller, Gary J., O’Donnell, Margaret R., DiPersio, John F. Multicenter, Phase II Study of Decitabine for the First-Line Treatment of Older Patients with Acute Myeloid Leukemia. Journal of Clinical Oncology. 2010; 28(4):556-61.
- Kantarjian, Hagop M., Thomas, Xavier G., Dmoszynska, Anna, Wierzbowska, Agnieszka et al. Multicenter, Randomized, Open- Label, Phase III Trial of Decitabine Versus Patient Choice, With Physician Advice, of Either Supportive Care or Low-Dose Cytarabine for the Treatment of Older Patients with Newly Diagnosed Acute Myeloid Leukemia. Journal of Clinical Oncology. 2012; 30(21):2670-7.
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Mecanismo de ação
A decitabina (5-aza-2’-desoxicitidina) é um análogo do nucleosídeo citosina que inibe seletivamente as metiltransferases do DNA em doses baixas, resultando em hipometilação do gene promotor que pode levar à reativação de genes supressores de tumor16, indução de diferenciação celular ou senescência celular, seguida de morte programada da célula17.
Propriedades farmacodinâmicas
Em SMD, o tempo mediano para início de uma reposta clínica [Remissão Completa (RC) ou Remissão Parcial (RP) ou melhora hematológica] observado durante estudos clínicos foi cerca de 1,2 a 1,7 meses. O tempo mediano para alcançar a melhor resposta (RC ou RP) observado durante estudos clínicos foi mais longo, de 3,1 a 5,3 meses.
Em LMA, o tempo mediano para início da resposta clínica [remissão completa (RC), RC com recuperação incompleta da contagem sanguínea (RCi) ou remissão parcial (RP)] observado durante o estudo clínico Fase 3 foi de 3,7 meses. O tempo mediano para alcançar a melhor resposta [RC ou RC com recuperação incompleta de plaquetas12 (RCp)] foi de 4,3 meses, conforme observado no mesmo estudo clínico.
Propriedades farmacocinéticas
Os parâmetros farmacocinéticos da decitabina na população foram obtidos a partir de 3 estudos clínicos [DACO-017 (n=11), DACO-020 (n=11) e DACO-016 (n=23)], utilizando os esquemas posológicos de 5 dias (20 mg/m2 x 1 hora x 5 dias a cada 4 semanas) e 1 estudo, DACO-018 (n=12), utilizando o esquema posológico de 3 dias (15 mg/m2 x 3 horas a cada 8 horas x 3 dias a cada 6 semanas) em pacientes com SMD ou LMA. No esquema posológico de 5 dias a farmacocinética da decitabina foi avaliada no quinto dia do primeiro ciclo de tratamento. A dose total por ciclo foi de 100 mg/m2. No esquema posológico de 3 dias, a farmacocinética da decitabina foi avaliada após a primeira dose de cada dia de administração, no primeiro ciclo de tratamento. A dose total por ciclo foi de 135 mg/m2.
Distribuição: A farmacocinética da decitabina após a administração por infusão intravenosa de 1 hora (esquema posológico de 5 dias) ou 3 horas (esquema posológico de 3 dias) foi descrita por um modelo linear de dois compartimentos, caracterizado por eliminação rápida do medicamento do compartimento central e por distribuição relativamente lenta do compartimento periférico. Para um paciente típico (70 kg de peso/1,73 m2 de área de superfície corpórea) os parâmetros farmacocinéticos da decitabina estão listados na Tabela 4.
Tabela 4: Resumo da Análise da Farmacocinética da População para Pacientes10 Típicos (esquema posológico de 5 dias e de 3 dias)
|
Esquema de 5 dias |
Esquema de 3 dias |
||
Parâmetro |
Valor Estimado |
IC de 95% |
Valor Estimado |
IC de 95% |
Cmáx (ng/mL) |
107 |
88,5 – 129 |
42,3 |
35,2 – 50,6 |
ASCcum (ng.h/mL) |
580 |
480 – 695 |
1161 |
972 – 1390 |
t1/2 (min) |
68,2 |
54,2 – 79,6 |
67,5 |
53,6 – 78,8 |
Vdss (L) |
116 |
84,1 – 153 |
49,6 |
34,9 – 65,5 |
CL (L/h) |
298 |
249 – 359 |
201 |
168 – 241 |
ASC= área sob a curva da concentração plasmática-tempo; CL= depuração corporal total; Cmáx = concentração máxima observada; t1/2 = meia-vida de eliminação; Vdss = volume de distribuição médio no estado de equilíbrio.
A decitabina exibe farmacocinética linear e após infusão intravenosa, as concentrações no estado de equilíbrio são atingidas dentro de 0,5 hora. Com base na simulação do modelo, os parâmetros farmacocinéticos foram independentes do tempo (ou seja, não alteraram de ciclo para ciclo) e nenhum acúmulo foi observado com este esquema posológico. A ligação da decitabina às proteínas18 plasmáticas é insignificante (<1%). O volume de distribuição médio da decitabina no estado de equilíbrio (Vdss) em pacientes com câncer15 é elevado, indicando distribuição do medicamento em tecidos periféricos. Não há evidências de uma correlação com fatores como idade, depuração da creatinina19, bilirrubina20 total ou doença.
Metabolismo21: Intracelularmente a decitabina é ativada por fosforilação sequencial ao trifosfato correspondente através de atividade de fosfoquinase, que é então incorporado pela DNA polimerase. Considerando os dados de metabolismo21 in vitro, os resultados do estudo de balanço de massa em humanos indicaram que o sistema do citocromo P450 não está envolvido no metabolismo21 da decitabina. A via metabólica primária provavelmente é por desaminação através da citidina desaminase no fígado22, rins23, epitélio intestinal24 e sangue25. Os resultados do estudo de balanço de massa em humanos demonstraram que a decitabina inalterada no plasma26 representou aproximadamente 2,4% da radioatividade total no plasma26. A maioria dos metabólitos27 circulantes aparentemente não possui atividade farmacológica.
A presença desses metabólitos27 na urina28, a elevada depuração corporal total e a baixa excreção urinária do fármaco29 inalterado pela urina28 (~4% da dose) indicam que a decitabina é consideravelmente metabolizada in vivo. Além disso, os dados in vitro demonstram que a decitabina é um substrato fraco da P-gp.
Eliminação: A depuração plasmática média após a administração intravenosa em pacientes com câncer15 foi de >200 L/h e a variabilidade interpacientes foi moderada (coeficiente de variação de aproximadamente 50%). A excreção do fármaco29 inalterado parece ter um papel menor na eliminação da decitabina.
Os resultados do estudo de balanço de massa com 14C-decitabina radioativa em pacientes com câncer15 demonstraram que 90% da dose de decitabina administrada é excretada na urina28 (4% do medicamento inalterado).
Informações adicionais em populações especiais
Os efeitos da insuficiência renal30 ou hepática31, sexo, idade ou etnia nos parâmetros farmacocinéticos da decitabina não foram formalmente estudados. As informações de parâmetros farmacocinéticos em populações especiais foram derivadas de 4 estudos clínicos mencionados anteriormente.
Idosos: A análise farmacocinética da população demonstrou que os parâmetros farmacocinéticos da decitabina não são dependentes da idade (faixa estudada de 40 a 87 anos; mediana de 70 anos).
Sexo: A análise farmacocinética da decitabina na população não demonstrou qualquer diferença clínica relevante entre mulheres e homens.
Etnia: A população mais estudada foi a caucasiana. Entretanto, a análise dos parâmetros farmacocinéticos da decitabina na população indicou que a etnia aparentemente não afeta a exposição à decitabina.
Insuficiência hepática32: A farmacocinética da decitabina em pacientes com insuficiência hepática32 não foi formalmente estudada. Os resultados do estudo de balanço de massa em humanos e experimentos in vitro mencionados anteriormente indicaram que as enzimas CYP aparentemente não estão envolvidas no metabolismo21 da decitabina. Além disso, os dados limitados da análise da farmacocinética da população indicaram que não há relação significativa dos parâmetros farmacocinéticos com a concentração total de bilirrubina20, apesar da ampla faixa dos níveis totais de bilirrubina20. Portanto, não é esperado que a exposição à decitabina seja afetada em pacientes com comprometimento da função hepática31.
Insuficiência renal30: A farmacocinética da decitabina em pacientes com insuficiência renal30 não foi formalmente estudada. A análise da farmacocinética da população sobre os dados limitados da decitabina indicaram que não há relação significativa dos parâmetros farmacocinéticos com a depuração da creatinina19 normalizada, um indicador da função renal33. Portanto, não é esperado que a exposição à decitabina seja afetada em pacientes com comprometimento da função renal33.
CONTRAINDICAÇÕES
Dacogen® é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida à decitabina ou a qualquer componente da fórmula e durante a lactação34.
ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES
Mielossupressão
A mielossupressão e suas complicações, incluindo infecções35 e sangramento, que ocorrem em pacientes com SMD ou LMA, podem ser exacerbadas pelo tratamento com Dacogen®. A mielossupressão causada pelo Dacogen® é reversível. Hemograma completo e contagem de plaquetas12 devem ser realizados regularmente, quando indicados clinicamente e antes de cada ciclo de tratamento. Na presença de mielossupressão ou de suas complicações, o tratamento com Dacogen® pode ser interrompido, a dose reduzida ou medidas de suporte instituídas, como recomendado na posologia.
Populações especiais
Insuficiência hepática32: O uso de Dacogen® em pacientes com insuficiência hepática32 não foi estabelecido. Deve-se ter cuidado ao administrar Dacogen® a pacientes com insuficiência hepática32 ou em pacientes que desenvolvam sinais36 ou sintomas37 de comprometimento hepático. Pacientes devem ser monitorados cuidadosamente.
Insuficiência renal30: O uso de Dacogen® em pacientes com insuficiência renal30 grave não foi estudado. Recomenda-se cautela na administração de Dacogen® em pacientes com insuficiência renal30 grave (depuração de creatinina19 <30 mL/min) e estes pacientes devem ser monitorados cuidadosamente.
Pacientes idosos: do número total de pacientes tratados com Dacogen® em um estudo de Fase 3, 61 dos 83 pacientes tinham idade igual ou superior a 65 anos, e 21 dos 83 pacientes eram maiores de 75 anos. Nenhuma diferença global, em segurança ou eficácia, foi observada entre estes pacientes e pacientes mais jovens. Outros relatos de estudos clínicos também não identificaram diferenças de resposta entre pacientes mais idosos e mais jovens, mas uma maior sensibilidade em alguns indivíduos mais idosos não pode ser descartada.
Uso em homens: Os homens devem ser aconselhados a não conceber enquanto estiverem recebendo Dacogen® e nos 3 meses seguintes ao término do tratamento. Devido à possibilidade de infertilidade38 como consequência do tratamento com Dacogen®, os homens devem ser aconselhados a procurar orientação sobre conservação de esperma39 antes de qualquer tratamento.
Síndrome40 da diferenciação
Casos de síndrome40 da diferenciação (também conhecida como síndrome40 do ácido retinóico) foram relatados em pacientes recebendo decitabina. A síndrome40 da diferenciação pode ser fatal. O tratamento com altas doses de corticosteroide IV e monitoramento hemodinâmico deve ser considerado no início dos sintomas37 ou sinais36 sugestivos de síndrome40 da diferenciação. A descontinuação temporária de Dacogen® deve ser considerada até a resolução dos sintomas37 e, se reiniciado, recomenda-se cautela.
Doença cardíaca
Pacientes com história de insuficiência cardíaca congestiva41 grave ou doença cardíaca clinicamente instável foram excluídos dos estudos clínicos e, portanto, a segurança e eficácia de Dacogen® não foram estabelecidas para estes pacientes.
Dacogen® e vacinação
Qualquer agente terapêutico mielossupressor anticâncer pode impactar na resposta da vacinação.
Os efeitos da decitabina na metilação do DNA permanecem por pelo menos 2 semanas após a dose. Como existe risco de interação durante este período, a aplicação de vacinas bacterianas atenuadas deve ocorrer após 2 semanas ou mais a fim de minimizar tal risco.
Efeitos na habilidade de dirigir e operar máquinas
Não foram realizados estudos sobre os efeitos do Dacogen® na capacidade de dirigir ou usar máquinas. Os pacientes devem ser alertados de que podem apresentar reações adversas durante o tratamento, tais como anemia42, fadiga43 e tontura44. Portanto, recomenda-se cautela ao dirigir veículos ou operar máquinas.
Dados de segurança pré-clínica
Não foram realizados estudos formais de carcinogenicidade com a decitabina. As evidências da literatura indicam que a decitabina possui potencial carcinogênico. Os dados disponíveis de estudos in vitro e in vivo fornecem evidências suficientes que a decitabina possui potencial genotóxico. Dados da literatura também indicam que a decitabina apresenta efeitos adversos em todos os aspectos do ciclo reprodutivo, incluindo fertilidade, desenvolvimento embrio-fetal e desenvolvimento pós-natal.
Estudos de toxicidade45 de doses repetidas em múltiplos ciclos em ratos e coelhos indicaram que a toxicidade45 principal foi mielossupressão, incluindo efeitos na medula óssea13, que foi reversível com a descontinuação do tratamento. Também foi observada toxicidade45 gastrintestinal e, em machos, atrofia46 testicular que não reverteu durante os períodos de recuperação programados.
A administração da decitabina em ratos neonatos47/jovens demonstrou um perfil geral de toxicidade45 comparável à administração em ratos mais velhos. O desenvolvimento neurocomportamental e a capacidade reprodutiva não foram afetados quando ratos neonatos47/jovens foram tratados com níveis de doses que induzem a mielossupressão.
Gravidez48 e Lactação34
Mulheres com potencial de engravidar devem ser aconselhadas a fazer uso de medidas contraceptivas eficazes e evitar a gravidez48 enquanto estiverem sendo tratadas com Dacogen®. Não existem dados suficientes sobre o uso de Dacogen® em mulheres grávidas. Estudos demonstraram que a decitabina é teratogênica49 em camundongos e ratos. O risco potencial em humanos é desconhecido. Baseando-se nos resultados dos estudos em animais e em seu mecanismo de ação, Dacogen® não deve ser administrado durante a gravidez48, a menos que estritamente necessário. Se este medicamento for utilizado durante a gravidez48, ou se uma mulher engravidar enquanto estiver recebendo Dacogen®, a paciente deve ser avisada sobre o potencial dano ao feto50. As pacientes em idade reprodutiva devem ser aconselhadas para procurar orientação com relação à criopreservação de oócitos antes de iniciar o tratamento com Dacogen®.
O período de tempo seguro para engravidar após o tratamento com Dacogen® não é conhecido. Mulheres com potencial para engravidar devem continuar a usar medidas anticoncepcionais eficazes por pelo menos 6 meses após o término do tratamento.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Informe imediatamente seu médico em caso de suspeita de gravidez48.
Não é conhecido se a decitabina ou seus metabólitos27 são excretados no leite materno. Dacogen® é contraindicado durante a lactação34. Portanto, se o tratamento com Dacogen® for necessário, a amamentação51 deve ser descontinuada.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Nenhum estudo clínico formal sobre interações medicamentosas com decitabina foi conduzido.
Existe potencial para interação medicamentosa com outros agentes que também são ativados por fosforilação sequencial (via atividades da fosfoquinase intracelular) e/ou metabolizados por enzimas envolvidas na inativação da decitabina (por exemplo, citidina desaminase). Portanto, recomenda-se cautela se estes medicamentos forem combinados com Dacogen®.
Efeitos de medicamentos coadministrados sobre a decitabina
Interações medicamentosas metabólicas mediadas por CYP450 não são esperadas já que o metabolismo21 da decitabina não é mediado por este sistema, mas por desaminação oxidativa. O deslocamento da decitabina de sua ligação às proteínas18 plasmáticas por medicamentos coadministrados é improvável, tendo em vista ser mínima a ligação da decitabina às proteínas18 plasmáticas (<1%).
Dados in vitro indicam que a decitabina é um substrato de glicoproteína-P (P-gp) fraco e, portanto, não propensa a interagir com inibidores de P-gp.
Efeitos da decitabina sobre medicamentos coadministrados
Tendo em vista a sua baixa ligação às proteínas18 plasmáticas in vitro (<1%), é improvável que a decitabina desloque fármacos coadministrados de suas ligações às proteínas18 plasmáticas. Estudos in vitro demonstraram que a decitabina não inibe nem induz as enzimas CYP450 em mais do que 20 vezes a concentração plasmática máxima (Cmáx) terapêutica52 observada. Assim, as interações medicamentosas metabólicas mediadas por CYP não são esperadas e é improvável que ocorra interação com agentes metabolizados por estas vias. A decitabina se mostrou um inibidor fraco do transporte mediado por P-gp in vitro e, portanto, não se supõe que afete o transporte mediado por P-gp de fármacos coadministrados.
CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO DO MEDICAMENTO
Cuidados de conservação
Conservar Dacogen® sob refrigeração (entre 2°C e 8°C).
Este medicamento tem validade de 36 meses a partir da data de sua fabricação.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original.
Após reconstituição: quando não usada dentro de 15 minutos após a reconstituição, a solução deve ser preparada usando fluidos de infusão frios (2°C a 8°C) e armazenada entre 2°C e 8°C por no máximo 4 horas até a administração.
Após preparo, manter em temperatura entre 2°C e 8°C por até 4 horas.
Características físicas e organolépticas do produto
Dacogen® é um pó liofilizado1 estéril de cor branca a quase branca. A solução reconstituída é clara a quase incolor, livre de partículas estranhas.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.
POSOLOGIA E MODO DE USAR
Modo de usar
Dacogen® deve ser administrado sob a supervisão de médicos com experiência no uso de agentes quimioterápicos.
Devem ser adotados os procedimentos-padrões de manuseio de agentes antineoplásicos, bem como o uso de luvas protetoras para evitar o contato da solução com a pele53.
Dacogen® é administrado por infusão intravenosa. Não é necessário cateter venoso central.
Pré-medicação para a prevenção de náuseas54 e vômitos55 não é recomendada rotineiramente, mas pode ser administrada se necessário.
Dacogen® deve ser reconstituído assepticamente com 10 mL de água para injetáveis. Após a reconstituição, cada mL contém aproximadamente 5,0 mg de decitabina em pH entre 6,7 e 7,3. Imediatamente após a reconstituição, a solução deve ser diluída com solução de cloreto de sódio a 0,9% injetável ou solução de glicose56 a 5% injetável até uma concentração final do fármaco29 de 0,15 a 1,0 mg/mL.
Quando não usada dentro de 15 minutos após a reconstituição, a solução deve ser preparada usando fluidos de infusão frios (2°C a 8°C) e armazenada entre 2°C e 8°C por no máximo 4 horas até a administração.
Qualquer produto não utilizado ou resíduo deve ser eliminado de acordo com os requerimentos locais.
Dacogen® não é um medicamento vesicante ou irritante. Se ocorrer extravasamento de Dacogen®, os protocolos da Instituição para o manejo de medicamentos de administração intravenosa devem ser seguidos.
Incompatibilidades
Na ausência de estudos de compatibilidade, este medicamento não deve ser misturado com outros medicamentos. Dacogen® não deve ser infundido com outros medicamentos através do mesmo acesso intravenoso.
POSOLOGIA
Há dois esquemas posológicos recomendados para a administração de Dacogen®: um esquema posológico de 5 dias para o tratamento da leucemia5 mieloide aguda e um esquema posológico de 3 dias ou 5 dias no tratamento das síndromes mielodisplásicas. Para cada esquema, recomenda-se que os pacientes sejam tratados por no mínimo 4 ciclos. Entretanto, a resposta pode levar mais do que 4 ciclos para ser obtida.
Nos estudos Fase 3 em leucemia5 mieloide aguda, o tempo mediano para resposta (remissão completa [RC] ou remissão completa com recuperação incompleta das plaquetas12 [RCp]) foi de 4,3 meses. No estudo de Fase 2 em síndromes mielodisplásicas, com o esquema posológico de 5 dias, o tempo mediano para resposta (remissão completa + remissão parcial) foi 3,5 ciclos. No estudo de Fase 3 em síndromes mielodisplásicas, com esquema posológico de 3 dias, o tempo mediano para resposta foi de 3 ciclos de tratamento. O tratamento deve ser continuado enquanto o paciente apresentar resposta, se beneficiar do tratamento ou exibir doença estável, isto é, na ausência de progressão evidente.
Se após 4 ciclos os valores hematológicos do paciente (por exemplo, contagem de plaquetas12 ou contagem absoluta de neutrófilos57) não retornarem aos valores pré-tratamento ou se ocorrer progressão da doença (contagens crescentes de blastos periféricos ou piora na contagem de blastos medulares), o paciente pode ser considerado um não-respondedor e opções terapêuticas alternativas ao Dacogen® devem ser consideradas.
– Esquema de Tratamento da Leucemia5 Mieloide Aguda
Em um ciclo de tratamento, Dacogen® é administrado na dose de 20 mg/m2 de superfície corporal, por infusão intravenosa durante uma hora, repetida diariamente durante 5 dias consecutivos (isto é, um total de 5 doses por ciclo de tratamento). A dose total diária não deve exceder 20 mg/m2 e a dose total por ciclo de tratamento não deve exceder 100 mg/m2. O ciclo deve ser repetido a cada 4 semanas, dependendo da resposta clínica do paciente e da toxicidade45 observada. Se uma dose for omitida, o tratamento deve ser retomado o mais rapidamente possível. Este esquema posológico pode ser administrado em ambiente ambulatorial.
– Esquema de Tratamento das Síndromes Mielodisplásicas
a) Esquema posológico de 3 dias
Em um único ciclo de tratamento, Dacogen® deve ser administrado numa dose fixa de 15 mg/m2 de superfície corporal por infusão intravenosa, durante um período de 3 horas, a cada 8 horas, durante 3 dias consecutivos (ou seja, um total de 9 doses por ciclo de tratamento). Este ciclo é repetido aproximadamente a cada 6 semanas, dependendo da resposta clínica do paciente e da toxicidade45 observada. A dose total diária não deve ultrapassar 45 mg/m2 e a dose total por ciclo de tratamento não pode ultrapassar 135 mg/m2. Se uma dose for omitida, o tratamento deve ser retomado o mais rapidamente possível.
b) Esquema de dose modificada de 5 dias para paciente58 ambulatorial
A decitabina pode ser administrada em uma posologia de 20 mg/m2 com infusão IV de 1 hora, diariamente por 5 dias consecutivos (ou seja, um total de 5 doses por ciclo). A quantidade total por curso é de 100 mg/m2. Não haverá escalonamento de dose para a decitabina. Os ciclos serão administrados a cada 4 semanas.
A dose total diária não deverá exceder 20 mg/m2 e a dose total por ciclo de tratamento não deve exceder 100 mg/m2.
Em alguns casos, a resposta à decitabina é somente observada após múltiplos cursos de tratamento. Portanto, para maximizar a possibilidade de resposta ao tratamento, recomenda-se que os pacientes sejam tratados por um mínimo de 4 ciclos. Entretanto, a remissão completa ou parcial pode levar mais de 4 ciclos. O tratamento pode ser continuado enquanto o paciente se beneficiar, isto é, na ausência evidente de progressão da doença ou de toxicidade45 intolerável.
Antes de cada dose de decitabina, o paciente poderá ser avaliado em relação a possíveis toxicidades que possam ter ocorrido após as doses anteriores e que são pelo menos possivelmente relacionadas, na opinião do médico. Todas as toxicidades estabelecidas previamente ou novas toxicidades observadas a qualquer momento podem ser gerenciadas conforme descrito a seguir. Se uma dose for omitida, o tratamento deve ser retomado o mais rapidamente possível.
Manejo da mielossupressão e complicações associadas
A mielossupressão e os eventos adversos relacionados à mielossupressão (trombocitopenia59, anemia42, neutropenia60 e neutropenia60 febril) são comuns tanto em pacientes em tratamento como não tratados com SMD e LMA. Complicações da mielossupressão incluem infecções35 e sangramentos. O tratamento deve ser modificado em pacientes com mielossupressão e complicações associadas, conforme descrito a seguir:
– Leucemia5 mieloide aguda
O tratamento deve ser atrasado a critério médico se o paciente apresentar complicações associadas com a mielossupressão, tais como as descritas a seguir:
- neutropenia60 febril (temperatura ? 38,5ºC e contagem absoluta de neutrófilos57 <1000/ mcL).
- infecção61 ativa de origem viral, bacteriana ou fúngica62 (isto é, exigindo anti-infecciosos intravenosos ou tratamento amplo de suporte).
- hemorragia63 (gastrintestinal, genito-urinária, pulmonar, com plaquetas12 <25.000/mcL ou qualquer hemorragia63 do sistema nervoso central64).
O tratamento com Dacogen® pode ser retomado assim que estas condições apresentarem melhora ou se estabilizarem com tratamento adequado (terapia anti-infecciosa, transfusões ou fatores de crescimento).
A redução da dose não é recomendada.
– Síndrome40 mielodisplásica
a) Esquema posológico de 5 dias
A redução da dose não é recomendada nesta situação clínica para otimizar o benefício ao paciente. A dose deve ser atrasada da seguinte forma:
a.1) Modificação da dose nos primeiros 3 ciclos
Durante os primeiros ciclos de tratamento, citopenias de Grau 3 e 4 são comuns e podem não representar progressão da SMD. As citopenias pré-tratamento podem não melhorar até após o Ciclo 3.
Para os três primeiros ciclos, a fim de otimizar o benefício ao paciente na presença de neutropenia60 moderada (contagem absoluta de neutrófilos57 <1000/mcL), devem ser feitas todas as tentativas para manter o tratamento com a dose completa no intervalo padrão entre os ciclos. A profilaxia antimicrobiana concomitante, de acordo com as diretrizes institucionais, deve ser administrada até a recuperação dos granulócitos65 para um valor acima de 500/mcL. O médico deve considerar, também, a necessidade da administração precoce de fatores de crescimento durante este período, para a prevenção ou o tratamento de infecções35 em pacientes com SMD.
De forma similar, para otimizar o benefício para o paciente na presença de trombocitopenia59 moderada (contagem de plaquetas12 <25.000/mcL), devem ser feitas todas as tentativas para manter o tratamento com a dose completa no intervalo padrão entre os ciclos e com a administração concomitante de transfusão66 de plaquetas12 no caso de eventos hemorrágicos67.
a.2) Modificação da dose após o Ciclo 3
A dose de decitabina pode ser atrasada nos casos em que qualquer uma das seguintes toxicidades sejam consideradas ao menos possivelmente relacionadas ao tratamento:
- Complicações graves associadas à mielossupressão (infecções35 que não são resolvidas com tratamento anti-infeccioso adequado, sangramento não resolvido com tratamento adequado);
- Mielossupressão prolongada, definida como medula68 hipocelular (celularidade de 5% ou menos) sem evidência de progressão da doença por 6 semanas ou mais após o início do ciclo de tratamento.
Se a recuperação (contagem absoluta de neutrófilos57 >1.000/mcL e plaquetas12 >50.000/mcL) necessitar de mais de 8 semanas, o tratamento deve ser descontinuado e o paciente deve ser avaliado quanto à progressão da doença (por aspirados de medula óssea13) dentro de 7 dias após o término das 8 semanas. Para os pacientes que receberam tratamento por pelo menos 6 ciclos e que continuaram a obter benefícios da terapia, um atraso prolongado além de 8 semanas pode ser permitido, na ausência de progressão da doença, a critério do médico.
b) Esquema posológico de 3 dias
b.1) Modificação da dose nos primeiros 3 ciclos
Durante os primeiros ciclos de tratamento, citopenias de Graus 3 e 4 são comuns e podem não representar progressão da SMD. As citopenias pré-tratamento podem não melhorar até após o Ciclo 3.
Para os três primeiros ciclos, a fim de otimizar o benefício na presença de neutropenia60 moderada (contagem absoluta de neutrófilos57 <1.000/mcL), devem ser feitas todas as tentativas para manter o tratamento com a dose completa no intervalo padrão entre os ciclos. A profilaxia antimicrobiana concomitante, de acordo com as diretrizes institucionais, pode ser administrada até a recuperação dos granulócitos65 para um valor acima de 500/mcL. O médico deve considerar também a necessidade da administração precoce de fatores de crescimento durante este período, para a prevenção ou o tratamento de infecções35 em pacientes com SMD.
De forma semelhante, para otimizar o benefício para o paciente na presença de trombocitopenia59 moderada (contagem de plaquetas12 <25.000/mcL), devem ser feitas todas as tentativas para manter o tratamento com a dose completa no intervalo padrão entre os ciclos, com administração concomitante de transfusão66 de plaquetas12 no caso de eventos hemorrágicos67.
b.2) Modificação da dose após o Ciclo 3
Se a recuperação hematológica (contagem absoluta de neutrófilos57 >1.000/mcL e plaquetas12 >50.000/mcL) de um ciclo de tratamento anterior com Dacogen®, com citopenia(s) persistente(s) sendo considerada(s) relacionada(s) à administração do medicamento, necessitar de mais de 6 semanas, então, o próximo ciclo de Dacogen® deve ser atrasado e a dose reduzida pelo algoritmo a seguir. Toda redução da dose que ocorrer deve permanecer em efeito durante o tratamento, não devendo haver re-escalonamento da dose.
- Recuperação exigindo mais de 6 semanas, mas menos de 8 semanas - a administração de Dacogen® deve ser atrasada por até 2 semanas e a dose reduzida para 11 mg/m2 a cada 8 horas (33 mg/m2/dia, 99 mg/m2/ciclo) ao reiniciar o tratamento.
- Recuperação exigindo mais de 8 semanas, mas menos de 10 semanas - a dose de Dacogen® deve ser atrasada por até mais duas semanas e reduzida para 11 mg/m2 a cada 8 horas (ou seja, 33 mg/m2/dia, 99 mg/m2/ciclo) ao reiniciar o tratamento e mantida nos ciclos subsequentes, conforme clinicamente indicado.
- Recuperação exigindo mais de 10 semanas – o tratamento deve ser descontinuado e os pacientes devem ser avaliados quanto à progressão da doença (por aspiração da medula óssea13) dentro de 7 dias após o término das 10 semanas. Entretanto, para pacientes10 que foram tratados por pelo menos 6 ciclos e que continuam a se beneficiar do tratamento, um atraso prolongado além das 10 semanas pode ser permitido, na ausência de progressão, a critério do médico responsável pelo tratamento.
Populações Especiais
Pacientes pediátricos: a segurança e eficácia em pacientes pediátricos com SMD não foram estudadas. O tratamento de pacientes pediátricos com LMA não é recomendado pois Dacogen® não se mostrou eficaz nesta população de pacientes (vide “Resultados de Eficácia – Estudos Clínicos em Leucemia5 Mieloide Aguda”)
Insuficiência hepática32: não foram conduzidos estudos em pacientes com insuficiência hepática32. A necessidade de ajuste de dose em pacientes com insuficiência hepática32 não foi avaliada. Se ocorrer piora da função hepática31, os pacientes devem ser monitorados cuidadosamente.
Insuficiência renal30: não foram conduzidos estudos em pacientes com insuficiência renal30. No entanto, os dados de estudos clínicos que incluíram pacientes com insuficiência69 leve a moderada não indicaram necessidade de ajustar a dose. Pacientes com insuficiência renal30 grave foram excluídos destes estudos.
REAÇÕES ADVERSAS
Dados de estudos clínicos
Ao longo desta seção são relatadas as reações adversas ao medicamento. As reações adversas são eventos adversos que foram considerados potencialmente relacionados ao uso de Dacogen®, tendo como base a avaliação abrangente das informações disponíveis de eventos adversos. Uma relação causal com Dacogen® não pode ser plenamente estabelecida em casos isolados. Além disso, devido ao fato de os estudos clínicos serem conduzidos sob condições amplamente variáveis, as taxas de reações adversas observadas durante os estudos clínicos de um medicamento não podem ser comparadas diretamente às taxas obtidas em estudos realizados com outro medicamento e podem não refletir as taxas observadas durante a prática clínica.
As reações adversas mais importantes e frequentes, que ocorrem tanto no regime de 5 dias como de 3 dias, são mielossupressão e aquelas que ocorrem em consequência da mielossupressão.
Reações Adversas
A segurança de Dacogen® foi avaliada em 682 pacientes de estudos clínicos em LMA e SMD (D-0007, DACO-016, DACO-017, DACO- 020, EORTC-06011 e ID03-0180). Nestes estudos clínicos, Dacogen® foi administrado seguindo os regimes de dose de 5 dias e 3 dias. As reações adversas relatadas durante esses estudos clínicos estão descritas resumidamente na Tabela 5. As reações adversas estão listadas por categoria de frequência. As categorias de frequência são definidas da seguinte forma: muito comum (≥1/10), comum (≥1/100 a <1/10) e incomum (≥1/1.000 a <1/100).
Dentro de cada categoria de frequência, as reações adversas estão apresentadas em ordem decrescente de gravidade:
Tabela 5. Reações Adversas Identificadas com Dacogen®
Sistema de Classe de Órgão |
Frequência (todos os Graus) |
Reação Adversa |
Frequência |
|
Todos os Grausa |
Graus 3-4a |
|||
Infecções35 e infestações |
Muito comum |
pneumonia70* |
20 |
17 |
infecções35 do trato urinário71* |
10 |
4 |
||
outras infecções35 (todas as infecções35: virais, bacterianas, fúngicas72, incluindo fatais)b |
62 |
35 |
||
Comum |
choque73 séptico* |
3 |
2 |
|
sepse74* |
8 |
7 |
||
sinusite75 |
5 |
1 |
||
Distúrbios linfáticos e do sangue25 |
Muito comum |
neutropenia60 febril* |
29 |
27 |
neutropenia60* |
32 |
30 |
||
Trombocitopenia59c* |
35 |
33 |
||
anemia42 |
33 |
20 |
||
leucopenia76 |
14 |
12 |
||
Comum |
pancitopenia77* |
1 |
1 |
|
Distúrbios do sistema imunológico78 |
Comum |
hipersensibilidade, incluindo reação anafilática79d |
4 |
<1 |
Distúrbios do sistema nervoso80 |
Muito comum |
cefaleia81 |
20 |
1 |
Distúrbios respiratórios, torácicos e do mediastino82 |
Muito comum |
epistaxe83 |
15 |
2 |
Distúrbios gastrintestinais |
Muito comum |
diarreia84 |
31 |
2 |
vômito85 |
19 |
1 |
||
estomatite86 |
10 |
2 |
||
náusea87 |
38 |
1 |
||
Distúrbios do tecido subcutâneo88 e da pele53 |
Incomum |
dermatose89 neutrofílica febril aguda (síndrome40 de Sweet) |
<1 |
<1 |
Distúrbios gerais e condições no local da administração |
Muito comum |
pirexia90 |
40 |
6 |
a Critério de Terminologia para Grau de Eventos Adversos adotado pelo “National Cancer15 Institute”;
b Excluindo pneumonia70, infecção61 do trato urinário71, septicemia91, choque73 sépico e sinusite75;
c Incluindo hemorragia63 relacionada à trombocitopenia59, incluindo casos fatais;
d Incluindo os termos preferidos hipersensibilidade, hipersensibilidade ao medicamento, reação anafilática79, choque anafilático92, reação anafilactoide93 e choque73 anafilactoide93;
* Inclui eventos adversos com desfecho fatal.
Descrição das reações adversas
Reações Adversas Hematológicas
As reações adversas hematológicas mais comumente relatadas associadas ao tratamento com Dacogen® incluem neutropenia60 febril, trombocitopenia59, neutropenia60, anemia42 e leucopenia76.
Foram relatadas reações adversas graves relacionadas às infecções35 como choque73 séptico, sepse74 e pneumonia70, em pacientes tratados com Dacogen®.
Nos quadros de trombocitopenia59 grave, foram relatadas reações adversas relacionadas a sangramentos graves como hemorragia63 no Sistema Nervoso Central64 (1%) e hemorragia63 gastrintestinal (2%).
Reações adversas hematológicas devem ser gerenciadas por monitoramento de rotina do hemograma completo e tratamento de suporte, conforme necessário. Tratamentos de suporte incluem administração profilática de antibióticos e/ou fator de crescimento como suporte (exemplo, G-CSF) para neutropenia60 e transfusões para anemia42 ou trombocitopenia59 conforme as diretrizes institucionais. Para situações em que a administração de decitabina deve ser atrasada, ver orientação descrita em “Posologia e Modo de Usar”.
Experiência pós-comercialização
Além das reações adversas notificadas durante estudos clínicos e listadas acima, as seguintes reações adversas foram relatadas durante a experiência pós-comercialização. Como essas reações foram relatadas voluntariamente por uma população de tamanho incerto, nem sempre é possível estimar com segurança sua frequência ou estabelecer uma relação causal com a exposição ao medicamento. Na tabela, as frequências são fornecidas de acordo com a seguinte convenção: muito comum (≥1/10), comum (≥1/100 a <1/10) e incomum (≥1/1.000 a <1/100),pouco frequentes (≥ 1/1000 e <1/100), raro (≥ 1/10000 e <1/1000), muito raro (<1/10000, incluindo relatos isolados) e desconhecido (não pode ser estimado a partir dos dados disponíveis).
Tabela 6: Reações adversas identificadas durante a experiência pós-comercialização com Dacogen®
Classe de sistema de órgãos |
Categoria de Frequência Estimada de Ensaios Clínicos94 com Dacogen® |
Neoplasias95 benignas, malignas e não-especificadas (incluindo cistos e pólipos96) |
|
Síndrome40 da diferenciação |
Desconhecido |
Distúrbios cardíacos |
|
Cardiomiopatia (incluindo fração de ejeção reduzida) |
Incomum |
Distúrbios hepatobiliares97 |
|
Função hepática31 anormal |
Muito comum |
Hiperbilirrubinemia |
Muito comum |
Distúrbios do metabolismo21 e de nutrição98 |
|
Hiperglicemia99 |
Muito comum |
Em casos de eventos adversos, notifique pelo Sistema VigiMed, disponível no portal da Anvisa.
SUPERDOSE
Não há experiência direta de superdose humana e nenhum antídoto100 específico. Entretanto, dados de estudos clínicos iniciais e publicados na literatura com doses 20 vezes maiores do que as atuais doses terapêuticas relataram aumento da mielossupressão, incluindo neutropenia60 e trombocitopenia59 prolongadas. A toxicidade45 provavelmente irá se manifestar como exacerbações de reações adversas, principalmente mielossupressão. O tratamento da superdose deve ser de suporte.
Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.
DIZERES LEGAIS
USO RESTRITO A HOSPITAIS
VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA
MS – 1.1236.3390
Farm. Resp.: Erika Diago Rufino – CRF/SP n° 57.310
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Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, São Paulo – SP - CNPJ 51.780.468/0001-87
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Embalado (emb. secundária) por:
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Importado por:
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