
FARMACOLOGIA CLÍNICA BUSPAR
BUSPAR tem mostrado atividade psicotrópica seletiva para ansiedade. Ao contrário dos benzodiazepínicos e de outros agentes ansiolíticos, BUSPAR alivia a ansiedade sem causar efeitos sedativos, miorrelaxantes ou o comprometimento da vigilância mental. Em experiências clínicas controladas e em estudos especiais da função psicomotora1, os pacientes que receberam buspirona não se diferenciaram significativamente daqueles que receberam placebo2 com relação a incidência3 de sedação4 (sonolência e/ou fadiga5) e com relação ao projuízo funcional (incluindo habilidade para dirigir veículos). Ao contrário, o diazepam e o clorazepato produziram sedação4 e o diazepam e o lorazepam prejuízo funcional significantes.
O mecanismo de ação de BUSPAR difere daquele dos benzodiazepínicos. No homem, entretanto, os detalhes sobre o seu mecanismo de ação ansiolítica ainda não foram elucidados. Estudos pré-clínicos in vitro demonstraram que a buspirona tem uma alta afinidade pelos receptores de serotonina (5-HT1A). A buspirona não parece interagir diretamente, nem com os receptores benzodiazepínicos e nem com os receptores do GABA6 in vitro quando testada em modelos pré-clínicos. Estudos sugerem que a buspirona pode ter efeitos indiretos sobre os outros sistemas neurotransmissor-receptor incluindo os receptores benzodiazepínicos, GABA6 e de dopamina7. Com relação a dopamina7, a buspirona parece atuar como um antagonista8 pré-sináptico da dopamina7.
No homen, BUSPAR é rapidamente absorvido, com níveis sanguíneos máximos em 60 a 90 minutos após ingestão. Em doses de 10, 20 e 40 mg, os picos médios de concentração plasmática são, respectivamente de 0,9; 1,7 e 3,2 ng/ml. Estes dados sugerem uma relação de proporcionalidade entre a concentração plasmática e a dosagem. Estudos de dose múltipla de até 28 dias, indicam que concentrações plasmáticas de equilíbrio são atingidas dentro de um período de 2 dias e são a proporcionais à dose. Quando o equilíbrio é alcançado, a concentração plasmática de buspirona é acentuadamente alterada pela administração crônica.
Os efeito dos alimentos sobre a biodisponibilidade de BUSPAR foi estudado em oito indivíduos. Os resultados sugerem que os alimentos não afetam significativamente a absorção da buspirona, porém diminuem o metabolismo9 de primeira passagem. Isto resulta em maior disponibilidade da buspirona inalterada, porém, a importância clínica desta observação é desconhecida .
No homem, aproximadamente 95% da buspirona se ligam às proteínas10 plasmáticas. Outras drogas com alta taxa de ligação como por exemplo fenitoína,propranolol e warfarina não são deslocadas pela buspirona, em concentrações clínicamente relevantes, de suas ligações às proteínas10 plasmáticas in vitro. Em concentrações mais altas, a digoxina é deslocada in vitro, entretanto, a importância clínica deste fato é desconhecida
Os valores da meia-vida de eliminação observados em voluntários sadios variaram de 2 a 33 horas. A meia-vida média observada em voluntários sadios nos 14 estudos até então realizados, variaram de 2 a 11 horas. As mulheres tenderam a apresentar valores de meia-vida ligeiramente maiores que a dos homens, porém não foram estatisticamente significativos. Após uma única dose de BUSPAR, 29 a 63% da dose foi excretada na urina11, num período de 24 horas, principalmente na forma de metabólitos12; a excreção fecal foi de 18 a 38% da dose. A buspirona é metabolizada principalmente por oxidação produzindo vários derivados hidroxilados e a 1-pirimidinilpiperazina (1-PP), um metabólito13 farmacológicamente ativo. Em modelos animais, que são preditores do potencial ansiolítico no homem, a 1-PP apresentou cerca de 25% ou menos da atividade da buspirona.
O clearance da buspirona é diminuído em pacientes com disfunção hepática14 bem como com função renal15 prejudicada. Não foram verificadas diferenças significativas na farmacocinética da buspirona em função da idade e/ou sexo.