FARMACOCINÉTICA VOLTAREN RETARD 100

Atualizado em 24/05/2016
Absorção
A julgar-se pela recuperação na urina1 do diclofenaco inalterado e seus metabólitos2 hidroxilados, as mesmas quantidades de diclofenaco são liberadas e absorvidas a partir do VOLTAREN Retard e dos comprimidos gastrorresistentes. Entretanto, a disponibilidade sistêmica do diclofenaco a partir de VOLTAREN Retard é em média cerca de 82% da atingida com a mesma dosagem de VOLTAREN administrada na forma de comprimidos gastrorresistentes (possivelmente pela liberação   velocidade-dependente do metabolismo3 de "primeira passagem"). Como resultado da liberação mais lenta da substância ativa em VOLTAREN Retard, o pico de concentração atingido é menor do que o observado após a administração dos comprimidos gastrorresistentes.
O pico médio de concentração de 0,5 µg/ml (1,6 µmol/litro) é atingido em média 4 horas após a ingestão de um comprimido de 100 mg. Alimentos não têm influência clinicamente relevante na absorção e disponibilidade sistêmica de VOLTAREN Retard.
Por outro lado, concentrações plasmáticas médias de 13 ng/ml podem ser registradas 24 horas após a administração de VOLTAREN Retard 100 mg. A quantidade absorvida é linear em relação à dose.
Como cerca de metade do diclofenaco é metabolizada durante sua primeira passagem pelo fígado4 (efeito de "primeira passagem"), a área sob a curva de concentração (AUC5), após a administração retal ou oral, é cerca de metade da obtida após uma dose parenteral equivalente.
O comportamento farmacocinético não se altera após administrações repetidas. Não ocorre acúmulo desde que sejam observados os intervalos de dosagem recomendados. Concentrações mais baixas situam-se ao redor de 22 ng/ml (70 nmol/l) durante o tratamento com VOLTAREN Retard 100 mg uma vez ao dia.
Distribuição
99,7% do diclofenaco ligam-se a proteínas6 séricas, predominantemente à albumina7 (99,4%).
O volume de distribuição aparente calculado é de 0,12-0,17 l/kg.
O diclofenaco penetra no fluido sinovial, no qual as concentrações máximas são medidas de 2-4 horas após serem atingidos os valores de pico plasmático. A meia-vida de eliminação aparente do fluido sinovial é de 3-6 horas. Duas horas após atingidos os valores de pico plasmático, as concentrações da substância ativa já são mais altas no fluido sinovial do que no plasma8, permanecendo mais altas por até 12 horas.
Biotransformação
A biotransformação do diclofenaco ocorre parcialmente por glicuronidação da molécula intacta, mas principalmente por hidroxilação e metoxilação simples e múltipla, resultando em vários metabólitos2 fenólicos (3'-hidróxi-, 4'-hidróxi-, 5-hidróxi-, 4',5-hidróxi- e 3'-hidróxi-4'-metóxi-diclofenaco), a maioria dos quais são convertidos a conjugados glicurônicos. Dois desses metabólitos2 fenólicos são biológicamente ativos, mas em extensão muito menor do que o diclofenaco.
Eliminação
O  clearance  sistêmico9 total do diclofenaco do plasma8 é de 263 ± 56 ml/min (valor médio ± DP). A meia-vida terminal no plasma8 é de 1-2 horas. Quatro dos metabólitos2, incluindo-se os dois ativos, também têm meia-vida plasmática curta, de 1-3 horas. Um metabólito10, 3'-hidróxi-4'-metóxi-diclofenaco tem meia-vida plasmática maior. Entretanto, esse metabólito10 é virtualmente inativo.
Cerca de 60% da dose absorvida são excretados na urina1 como conjugado glicurônico da molécula intacta e como metabólitos2, a maioria dos quais são também convertidos em conjugados glicurônicos. Menos de 1% são excretados como substância inalterada. O restante da dose é eliminada como metabólitos2 através da bile11 nas fezes.
Características nos pacientes
Não foram observadas diferenças idade-dependentes relevantes na absorção, no metabolismo3 ou na excreção do fármaco12.
Em pacientes portadores de insuficiência renal13, não é previsto acúmulo da substância ativa inalterada, a partir da cinética14 de dose única, quando usado o esquema normal de dose. A um  clearance  de creatinina15 <10 ml/min, o nível plasmático de  steady-state  calculado dos hidroximetabólitos é cerca de 4 vezes maior do que em pacientes normais. Entretanto, os metabólitos2 são ao final liberados através da bile11.
Em pacientes com hepatite16 crônica ou cirrose17 não descompensada, a cinética14 e o metabolismo3 do diclofenaco são os mesmos do que em pacientes sem doenças hepáticas18.
Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
2 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
3 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
4 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
5 AUC: A área sob a curva ROC (Receiver Operator Characteristic Curve ou Curva Característica de Operação do Receptor), também chamada de AUC, representa a acurácia ou performance global do teste, pois leva em consideração todos os valores de sensibilidade e especificidade para cada valor da variável do teste. Quanto maior o poder do teste em discriminar os indivíduos doentes e não doentes, mais a curva se aproxima do canto superior esquerdo, no ponto que representa a sensibilidade e 1-especificidade do melhor valor de corte. Quanto melhor o teste, mais a área sob a curva ROC se aproxima de 1.
6 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
7 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
8 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
9 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
10 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
11 Bile: Agente emulsificador produzido no FÍGADO e secretado para dentro do DUODENO. Sua composição é formada por s ÁCIDOS E SAIS BILIARES, COLESTEROL e ELETRÓLITOS. A bile auxilia a DIGESTÃO das gorduras no duodeno.
12 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
13 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
14 Cinética: Ramo da física que trata da ação das forças nas mudanças de movimento dos corpos.
15 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
16 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
17 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
18 Hepáticas: Relativas a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.

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