CARACTERÍSTICAS SELOKEN COMPRIMIDOS
Propriedades Farmacodinâmicas
O metoprolol é um bloqueador beta-1 seletivo, isto é, bloqueia os receptores beta-1 em doses muito menores que as necessárias para bloquear os receptores beta-2.
O metoprolol possui um insignificante efeito estabilizador de membrana e não apresenta atividade agonista1 parcial.
SELOKEN reduz ou inibe o efeito agonista1 das catecolaminas no coração2 (as quais são liberadas durante o estresse físico e mental). Isto significa que o aumento usual da frequência cardíaca, do débito cardíaco3, da contractilidade cardíaca e da pressão arterial4, produzido pelo aumento agudo5 das catecolaminas, é reduzido pelo metoprolol. Durante altos níveis endógenos de adrenalina6, o metoprolol interfere muito menos no controle da pressão arterial4 do que os betabloqueadores não-seletivos.
Quando necessário, pode-se administrar metoprolol em associação com um agonista1 beta-2 em pacientes com sintomas7 de doença pulmonar obstrutiva. Quando administrado junto com um agonista1 beta-2, o metoprolol, nas doses terapêuticas, interfere menos na broncodilatação8 causada pelo agonista1 beta-2 do que os betabloqueadores não-seletivos.
SELOKEN interfere menos na liberação de insulina9 e no metabolismo10 dos carboidratos do que os betabloqueadores não-seletivos. Interfere muito menos na resposta cardiovascular para hipoglicemia11 do que os betabloqueadores não-seletivos.
Estudos de curto prazo demonstraram que o metoprolol pode causar um discreto aumento nos triglicérides12 e uma redução nos ácidos graxos livres no sangue13. Em alguns casos, foi observada uma pequena redução na fração de lipoproteínas de alta densidade (HDL14), embora em uma proporção menor do que a observada após a administração de betabloqueadores não-seletivos. Entretanto, foi demonstrada uma redução significativa nos níveis séricos totais de colesterol15 após tratamento com o metoprolol em um estudo realizado durante vários anos.
A qualidade de vida é mantida inalterada ou é melhorada durante o tratamento com metoprolol.
Foi observada uma melhora na qualidade de vida após tratamento com metoprolol em pacientes após infarto do miocárdio16.
Efeitos na hipertensão17
O metoprolol reduz a pressão arterial4 elevada tanto em pacientes na posição supina quanto na ortostática. Pode ser observado aumento na resistência periférica18 após a instituição do tratamento com metoprolol, mas com curta duração (poucas horas) e clinicamente insignificante. Durante tratamento a longo prazo, a resistência periférica18 total pode ser reduzida, devido a reversão da hipertrofia19 na resistência arterial dos vasos. Também foi demonstrado que o tratamento anti-hipertensivo a longo prazo com o metoprolol reduz a hipertrofia19 ventricular esquerda e melhora a função diastólica ventricular esquerda e o enchimento ventricular esquerdo.
Em homens com hipertensão arterial20 leve a moderada, metoprolol tem demonstrado reduzir o risco de morte por doença cardiovascular, principalmente devido ao risco reduzido de morte cardiovascular súbita, reduzir o risco de infarto do miocárdio16 fatal e não-fatal e de acidente vascular cerebral21.
Efeitos na angina22 pectoris
Em pacientes com angina22 pectoris, metoprolol tem demonstrado reduzir a frequência, a duração e a gravidade tanto das crises de angina22, quanto dos episódios de isquemia23 silenciosa e demonstrou aumentar a capacidade física de trabalho.
Efeitos no ritmo cardíaco
Em casos de taquicardia24 supraventricular ou fibrilação atrial e na presença de extra-sístoles25 ventriculares, o metoprolol reduz a frequência ventricular e as extra-sístoles25 ventriculares.
Efeitos no infarto do miocárdio16
Em pacientes com suspeita ou infarto do miocárdio16 confirmado, o metoprolol reduz a mortalidade26 principalmente devido à redução do risco de morte súbita. Presume-se que este efeito seja em parte devido à prevenção da fibrilação ventricular.
O efeito antifibrilatório pode ser devido a um mecanismo duplo: um efeito vagal na barreira hematoencefálica influenciando de maneira benéfica a estabilidade elétrica do coração2, e um efeito antiisquêmico cardíaco direto simpático27 influenciando de maneira benéfica a contractilidade, a frequência cardíaca e a pressão arterial4. Tanto na intervenção precoce, como na intervenção tardia, a redução da mortalidade26 também é observada em pacientes de alto risco com doença cardiovascular prévia e em pacientes com diabetes mellitus28.
O metoprolol tem também demonstrado reduzir o risco de reinfarto do miocárdio29 não-fatal.
Efeitos nas desordens do coração2 com palpitações30 e enxaqueca31
O metoprolol é adequado para o tratamento de desordens cardíacas funcionais com palpitações30 e é adequado para o tratamento profilático da enxaqueca31.
Efeitos no hipertireoidismo32
O metoprolol reduz as manifestações clínicas em hipertireoidismo32 e pode, portanto, ser administrado como medicação suplementar.
Propriedades Farmacocinéticas
Absorção e distribuição
O metoprolol é completamente absorvido após administração oral. Dentro da faixa de dose terapêutica33, as concentrações plasmáticas se elevam linearmente em relação à dose. Os picos de concentrações plasmáticas são atingidos após aproximadamente 1,5 - 2 horas. Embora os perfis plasmáticos exibam uma ampla variabilidade interindividual, eles mostram boa reprodutibilidade em cada indivíduo.
Devido ao extenso metabolismo10 de primeira passagem, a biodisponibilidade sistêmica do metoprolol em uma dose única oral é de aproximadamente 50%. Em administrações repetidas, a porção da dose disponível sistemicamente aumenta para aproximadamente 70%. A ingestão concomitante com alimentos pode aumentar a disponibilidade sistêmica da dose oral em aproximadamente 30-40%. A ligação do metoprolol às proteínas34 plasmáticas é baixa, aproximadamente 5-10%.
Metabolismo10 e eliminação
O metoprolol sofre metabolismo10 oxidativo no fígado35 primariamente pela isoenzima CYP2D6. Três principais metabólitos36 foram identificados, entretanto nenhum deles tem efeito betabloqueador de importância clínica.
Via de regra, mais de 95% da dose oral pode ser recuperada na urina37. Aproximadamente 5% da dose administrada é excretada na urina37 como droga inalterada, podendo aumentar para até 30% em casos isolados. A meia-vida de eliminação do metoprolol no plasma38 é em média de 3,5 horas (extremos: 1 e 9 horas). A taxa de depuração total é de aproximadamente 1 l/min.
Os pacientes idosos não apresentam alterações significativas na farmacocinética do metoprolol em comparação com pessoas jovens. A biodisponibilidade sistêmica e eliminação do metoprolol não são alteradas em pacientes com função renal39 reduzida. Entretanto, a excreção dos metabólitos36 é reduzida. Foi observado um acúmulo significativo dos metabólitos36 em pacientes com uma taxa de filtração glomerular inferior a 5 ml/min. Esse acúmulo de metabólitos36, entretanto, não aumenta o efeito betabloqueador.
A farmacocinética do metoprolol é pouco afetada pela diminuição da função hepática40. Entretanto, em pacientes com cirrose41 hepática40 grave e derivação portacava, a biodisponibilidade do metoprolol pode aumentar e a depuração total pode ser reduzida. Os pacientes com anastomose42 portacava apresentaram uma depuração total de aproximadamente 0,3 l/min e valores da área sob a curva de concentração plasmática-tempo (AUC43) até 6 vezes maiores do que indivíduos sadios.