INFORMAÇÕES TÉCNICAS FARMACOLOGIA NORTEC

Atualizado em 25/05/2016

:  A ação antidepressiva da Fluoxetina está possivelmente ligada à inibição da captação de Serotonina nos neurônios1 do Sistema Nervoso Central2 embora esta também ocorra nas plaquetas3 sangüíneas. Esta inibição seletiva da recaptação da Serotonina (5-hidroxi-Triptamina ou 5-HT) potencializa a ação da 5-HT. A 5-HT exerce no Sistema Nervoso Central2 tanto ações excitatórias como inibitórias, que podem ocorrer na mesma região cerebral dependendo do grupo neuronal envolvido e com a população de subtipos de receptores serotoninérgicos presentes.  

- FARMACOCINÉTICA:  A absorção da Fluoxetina pode ser retardada quando administrada junto às refeições mas os níveis sangüíneos são iguais àqueles obtidos com a administração oral de estômago4 vazio, sendo indiferente a ingestão do medicamento com ou sem a presença de alimento no tubo digestivo. Atinge-se a concentração plasmática máxima após 6 a 8 horas da administração inicial.  A Fluoxetina é de metabolização hepática5. É transformada inicialmente num metabólito6 ativo a Norfluoxetina e em outros metabólitos7 inativos não identificados que são, em sua maioria, eliminados pela urina8. A Fluoxetina apresenta uma porcentagem elevada de ligação protéica (cerca de 90%) e o seu metabolismo9 é parcialmente dependente da atividade do Citocromo P- 450, Isoenzima P 450 II D6, sistema enzimático envolvido na metabolização de um grande número de drogas. Por este motivo, a administração simultânea de dois ou mais medicamentos que se utilizam deste sistema pode desencadear reações decorrentes do acúmulo de uma ou mais delas em conseqüência da competição pelo mesmo sistema de metabolização, daí a necessidade de se precaver quanto ao uso concomitante da Carbamazepina, Antidepressivos tricíclicos, Vimblastina e outros.  A meia-vida da Fluoxetina é relativamente prolongada, levando 1 a 3 dias para a eliminação de uma dose aguda e 4 a 6 dias quando a administração é feita à longo prazo. Também a Norfluoxetina, o principal metabólito6 ativo, pode apresentar um acúmulo efetivo importante. Entretanto, após 30 dias de administração, verifica-se que o aumento nas concentrações plasmáticas é limitado, desde que, seja mantida uma dose diária máxima de 40 a 80 mg/dia. Interrompida a administração, a Fluoxetina ainda permanecerá ativa por várias semanas, devendo-se, neste período, ter-se o cuidado com a prescrição de outras drogas, pela possibilidade de haver interação medicamentosa mesmo sem haver administração concomitante de Fluoxetina.  A existência de um padrão genético autossômico10 recessivo determinando os metabolizadores rápidos e lentos de um medicamento, pode ocasionar padrões diferentes de efeitos e tolerância à Fluoxetina, sendo, nestes casos, os metabolizadores lentos, mais susceptíveis aos seus efeitos colaterais11.  - - - - - - INDICAÇÕES:  
O Nortec (Fluoxetina) é indicado no tratamento de Distúrbio Depressivo Maior, Bulimia12 Nervosa e Distúrbio Obsessivo Compulsivo (DOC).  O uso de Fluoxetina só foi avaliado em pacientes que receberam a medicação a longo prazo, a nível ambulatorial. Em nenhum dos grupos de estudo foram avaliados adequadamente pacientes hospitalizados. A utilização de Fluoxetina nestes estudos foi de no mínimo 5 a 6 semanas até por 13 semanas sucessivas.  Há relatos de indicações no controle sintomático13 das manifestações depressivas e dos quadros irritativos da Doença de Huntington. Também tem sido relatado o uso da Fluoxetina na síndrome14 de abstinência da cocaína nos pacientes submetidos à terapêutica15 de desintoxicação.  
- CONTRA INDICAÇÕES:  
-- Hipersensibilidade à Fluoxetina:
Está contra-indicado o uso de NORTEC (Fluoxetina) em pacientes com história de hipersensibilidade à Fluoxetina.  -- Inibidores da MAO16: É extremamente perigoso o uso concomitante deste grupo de medicamentos com a Fluoxetina, ou mesmo, o seu uso num prazo muito próximo daquele decorrido da parada de administração da mesma. Há relatos de alterações graves das funções vitais, ocorrência de alterações mentais como agitação extrema, delírio17, coma18 e mesmo morte. Desta forma a Fluoxetina só pode ser utilizada em um paciente que vinha sendo medicado com inibidor da MAO16 num prazo mínimo de 14 dias. Os inibidores da MAO16 só podem ser utilizados por pacientes que foram medicados com a Fluoxetina após 5 ou 6 semanas de sua interrupção.                     

- ADVERTÊNCIAS:  
-- Anorexia19 e perda de peso:
Embora, muitas vezes, a utilização da Fluoxetina tenha até esta indicação, para alguns pacientes, este efeito diminuidor do apetite com conseqüente perda de peso pode ser indesejável para outros.  
-- Sintomas20 gerais ligados ao Sistema Nervoso Central2: Nervosismo, tremores, sonolência, tonturas21, diminuição da libido22, agitação, euforia, labilidade emocional, convulsões, ativação de manias e hipomania.  
-- Tendência suicida:
A depressão predispõe muitos pacientes ao ímpeto suicida que não cede no início da terapêutica15. Deve-se monitorar continuamente o paciente de alto risco.  
-- Função plaquetária:
Pelo fato das plaquetas3 serem locais de produção e armazenamento de Serotonina, alguns pacientes tiveram alterações das funções plaquetárias, com episódios de sangramento anormais.  
-- Doenças associadas: Pacientes portadores de outras patologias de natureza clínica, principalmente, aquelas que comprometam aspectos metabólicos e hemodinâmicos, devem usar a Fluoxetina com muita cautela sempre levando-se em conta a relação risco / benefício. Desta forma, nas patologias abaixo deve-se utilizar a Fluoxetina com uma monitoração clínica e laboratorial mais assídua para detectar alterações na fisiologia23 normal.  
-- Patologias Cardíacas:
Insuficiência cardíaca24, Infartos e Anginas.  
-- Patologias Hepáticas25:
Cirrose26 e Insuficiência Hepática27.  
-- Patologias Renais:
Insuficiência renal28.  
-- Diabetes29:
Pode ocorrer hipoglicemia30 durante a utilização de Fluoxetina e hiperglicemia31 após a sua suspensão. É necessário ajustar a dose de hipoglicemiantes32 em ambas as situações.    -- Dependência física e psíquica:
A Fluoxetina não foi sistematicamente estudada em animais e/ou seres humanos, quanto ao seu potencial de abuso, tolerância ou dependência física. As pesquisas clínicas com a Fluoxetina não revelarem qualquer tendência para uma síndrome14 de abstinência ou qualquer alteração de comportamento, essas observações não foram sistemáticas e não é possível predizer com base nessa experiência limitada em que extensão uma droga ativa no Sistema Nervoso Central2 será mal usada, desviada e/ou constituir hábito, quando comercializada. Assim sendo, é necessária uma avaliação cuidadosa dos médicos com relação ao histórico de abuso de drogas pelos pacientes, fazendo acompanhamento rigoroso destes e observando-os quanto aos sinais33 de mal uso e/ou abuso do Cloridrato de Fluoxetina (desenvolvimento de tolerância, aumento de dose e alteração de comportamento na procura da droga).  
-- Gestantes:
Embora os estudos em animais não tenham demonstrado efeitos patogênicos e teratogênicos34 não é possível assegurar uma correlação perfeita com o ser humano. Não existem estudos sobre o trabalho de parto em mulheres que estavam em tratamento com a Fluoxetina. A utilização da Fluoxetina na mulher deve ser feita quando estritamente necessária e se possível utilizar métodos anticoncepcionais durante o tratamento de mulheres em idade fértil.  
-- Lactantes35:
Não se deve administrar Fluoxetina em mulheres que estejam amamentando, pois, a concentração de Fluoxetina e Norfluoxetina em amostra de leite humano foi de 70,4 ng/ml para um nível sangüíneo materno de 295 ng/ml.  
-- Pediatria:
Não foram estabelecidos limites que assegurem o uso de Fluoxetina em crianças.  

- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
A Fluoxetina é um medicamento novo e o conhecimento farmacológico obtido até agora mostra que esta substância pode interagir com vários medicamentos. Entretanto, não foi ainda possível estender a pesquisa para a maioria dos medicamentos.  Deve-se ter especial precaução para usar drogas que atuam no Sistema Nervoso Central2:  
-- Inibidores da Monoamino-Oxidase (IMAO36):
As reações com este grupo de medicamentos são extremamente graves em pacientes que estão recebendo Fluoxetina. O uso concomitante dos dois medicamentos está formalmente contra-indicado. Não se pode inclusive iniciar o tratamento com IMAO36, mesmo após a interrupção da Fluoxetina. Há necessidade de se aguardar um prazo mínimo de 14 dias para a eliminação completa da mesma.  -- -- Triptofano:
A administração concomitante com a Fluoxetina pode causar reações como agitação psicomotora37, inquietação e distúrbios gastrintestinais.  

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas
2 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
3 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
4 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
5 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
6 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
7 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
9 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
10 Autossômico: 1. Referente a autossomo, ou seja, ao cromossomo que não participa da determinação do sexo; eucromossomo. 2. Cujo gene está localizado em um dos autossomos (diz-se da herança de características). As doenças gênicas podem ser classificadas segundo o seu padrão de herança genética em: autossômica dominante (só basta um alelo afetado para que se manifeste a afecção), autossômica recessiva (são necessários dois alelos com mutação para que se manifeste a afecção), ligada ao cromossomo sexual X e as de herança mitocondrial (necessariamente herdadas da mãe).
11 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
12 Bulimia: Ingestão compulsiva de alimentos, em geral seguida de indução do vômito ou uso abusivo de laxantes. Trata-se de uma doença psiquiátrica, que faz parte dos chamados Transtornos Alimentares, juntamente com a Anorexia Nervosa, à qual pode estar associada.
13 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
14 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
15 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
16 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
17 Delírio: Delirio é uma crença sem evidência, acompanhada de uma excepcional convicção irrefutável pelo argumento lógico. Ele se dá com plena lucidez de consciência e não há fatores orgânicos.
18 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
19 Anorexia: Perda do apetite ou do desejo de ingerir alimentos.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Tonturas: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
22 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
23 Fisiologia: Estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
24 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
25 Hepáticas: Relativas a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
26 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
27 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
28 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
29 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
30 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
31 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
32 Hipoglicemiantes: Medicamentos que contribuem para manter a glicose sangüínea dentro dos limites normais, sendo capazes de diminuir níveis de glicose previamente elevados.
33 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
34 Teratogênicos: Agente teratogênico ou teratógeno é tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais ou ainda distúrbios neurocomportamentais, como retardo mental.
35 Lactantes: Que produzem leite; que aleitam.
36 IMAO: Tipo de antidepressivo que inibe a enzima monoaminoxidase (ou MAO), hoje usado geralmente como droga de terceira linha para a depressão devido às restrições dietéticas e ao uso de certos medicamentos que seu uso impõe. Deve ser considerada droga de primeira escolha no tratamento da depressão atípica (com sensibilidade à rejeição) ou agente útil no distúrbio do pânico e na depressão refratária. Pode causar hipotensão ortostática e efeitos simpaticomiméticos tais como taquicardia, suores e tremores. Náusea, insônia (associada à intensa sonolência à tarde) e disfunção sexual são comuns. Os efeitos sobre o sistema nervoso central incluem agitação e psicoses tóxicas. O término da terapia com inibidores da MAO pode estar associado à ansiedade, agitação, desaceleração cognitiva e dor de cabeça, por isso sua retirada deve ser muito gradual e orientada por um médico psiquiatra.
37 Psicomotora: Própria ou referente a qualquer resposta que envolva aspectos motores e psíquicos, tais como os movimentos corporais governados pela mente.

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