CARACTERÍSTICAS TIMASEN
TIMASEN® contém como princípio ativo o cloridrato de tramadol [(+) trans-2-(dimetilaminometil)-1-(m-metoxifenil)-ciclohexanol], que é um potente analgésico1 opióide com ação no sistema nervoso central2. É um agonista3 puro, não-seletivo dos receptores de opióide m, d e k, de maior afinidade com os receptores m, levando à diminuição da dor. Outros mecanismos que contribuem para seu efeito analgésico1 são a inibição de reabsorção neuronial de noradrenalina4 e potencialização de liberação de serotonina.
O tramadol possui atividade antitussígena. Ao contrário da morfina, este medicamento não causa depressão respiratória numa variação ampla de doses analgésicas. Não tem efeito sobre a motilidade gastrintestinal. Os efeitos do tramadol sob o sistema cardiovascular5 são comparativamente pequenos. Sua potência é de 1/10 a 1/6 da morfina.
FarmacocinéticaApós a administração oral, tramadol é absorvido rapidamente e quase completamente. A recaptura renal6 cumulativa da radioatividade total é de no mínimo 90% da dose administrada; o restante é recapturado nas fezes. A biodisponibilidade média absoluta de tramadol é 100% para a via intramuscular e 68% após a dose oral.
A fase inicial de distribuição após injeção7 intravenosa ocorre via dois processos com diferentes meia-vidas de t ½ = 0,31 ± 0,17 hora e 1,7 ± 0,4 hora, respectivamente.
O pico de concentração plasmática após administração oral de 100 mg é Cmáx = 309 ± 90 ng/ml (gotas) e 280 ± 49 ng/ml (cápsulas) após 1 e 2 horas, respectivamente. A concentração sérica determinada 15 minutos após a injeção7 intravenosa de 100 mg foi 613 ± 221 ng/ml e após 2 horas foi de 409 ± 79 ng/ml. A ligação a proteínas8 se limita a 20%.
Tramadol atravessa a barreira hematoencefálica rapidamente de forma que injeções intravenosas in bolus9 produzem picos transitórios no SNC10.
Tramadol atravessa a barreira placentária e é excretado no leite materno em pequena quantidade na forma não transformada ou, como metabólito11 O-desmetiltramadol (M1) ( tramadol: cerca de 0,1 %; M1: cerca de 0,02% da dose intravenosa).
A meia-vida de eliminação (t ½ b) é 6,0 ± 1,5 hora em jovens. Tramadol é biotransformado primariamente por N- e O- desmetilação, e por glucoronidação dos produtos O- desmetilados. Onze metabólitos12 foram bem identificados no homem. Dez desses não têm atividade analgésica, enquanto M1 (O-desmetiltramadol) é o único metabólito11 ativo e mostra uma atividade analgésica que as evidências em animais de laboratório sugerem ser de 2 a 4 vezes mais potente que o composto original. Alguns dos metabólitos12 farmacologicamente inativos têm variabilidade na concentração entre diferentes indivíduos, enquanto isto não acontece com os dois compostos farmacologicamente ativos, a droga inicial e o metabólito11 M1. Tramadol e seus metabólitos12 são eliminados quantitativamente na urina13, enquanto a excreção biliar é irrelevante em termos quantitativos.
A recaptura renal6 cumulativa, da droga não transformada, em voluntários jovens saudáveis foi de 13,2 ± 5,8 % após administração intravenosa e 10,6 ± 5,4 % após administração oral de tramadol. A meia-vida biológica dos metabólitos12 é similar à do composto inicial.
A variação da cinética14 do tramadol em função da idade é pequena e irrelevante em relação ao uso terapêutico da droga. Após dose oral, pacientes com mais de 65 anos mostraram uma t ½b= 6,5 ± 1,7 horas.
Tanto o tramadol quanto seu composto farmacologicamente ativo M1 são eliminados metabolicamente e via renal6. A meia-vida terminal, t ½ b, do tramadol tende a ser prolongada em pacientes com disfunção hepática15 ou renal6. Entretanto, o aumento na t ½ b desses pacientes é bem pequeno se os órgãos de excreção permanecerem intactos. Em pacientes com cirrose16 a média de t ½ b de tramadol foi 13,3 ± 4,9 horas e de M1 18,5 ± 9,4 horas.
Em pacientes com insuficiência renal17 (clearance de creatinina18 < 5 ml/min), a t ½ b do tramadol foi 11,0 ± 3,2 horas e do M1 16,9 ± 3,0 horas. Valores extremos foram observados em pacientes com cirrose16, de 22,3 horas (tramadol) e 36,0 horas (M1) e em pacientes com deficiência renal6, de 19,5 horas (tramadol) e 43,2 horas (M1).