INFORMAÇÕES TÉCNICAS TOMUDEX

Atualizado em 28/05/2016

CARACTERÍSTICAS

Propriedades Farmacodinâmicas O raltitrexede é um análogo do folato que pertence à família dos anti-metabólitos1 e possui uma potente atividade inibitória contra a enzima2 timidilato sintase (TS). Comparado a outros anti-metabólitos1, tais como 5-fluorouracil ou metotrexato, o raltitrexede age como um inibidor direto e específico da TS. A TS é uma enzima2 básica na síntese de novo do trifosfato de timidina (TTP), um nucleotídio necessário exclusivamente para a síntese do ácido desoxirribonucléico (DNA). A inibição da TS resulta na fragmentação do DNA e em morte celular. O raltitrexede é levado para dentro das células3 através de um transportador de folato reduzido. Em seguida, é poliglutamatado extensivamente pela enzima2 folilpoliglutamato sintetase (FPGS) à formas de poliglutamato que são retidas nas células3 e são inibidores ainda mais potentes da TS. A poliglutamação do raltitrexede aumenta a potência inibitória sobre a TS e a duração da inibição de TS nas células3, as quais podem melhorar a atividade antitumoral. A poliglutamação também pode contribuir para aumentar a toxicidade4, em virtude da retenção da droga nos tecidos normais.

Nos estudos clínicos, TOMUDEX, administrado a intervalos de 3 semanas na dose de 3 mg/m², por via intravenosa, demonstrou uma atividade antitumoral clínica com um perfil de toxicidade4 aceitável em pacientes com câncer5 colo6-retal avançado.
Quatro grandes estudos clínicos foram conduzidos com TOMUDEX em câncer5 colo6-retal avançado. De três estudos comparativos, dois não apresentaram diferenças estatísticas entre TOMUDEX e a combinação de 5-fluorouracil com leucovorina em relação à sobrevida7. Um estudo mostrou uma diferença estatisticamente significante em favor da combinação de 5-fluorouracil com leucovorina. Em todos os estudos, a monoterapia com TOMUDEX foi tão eficaz quanto a combinação de 5-fluorouracil com leucovorina em termos de taxa de resposta.

Propriedades Farmacocinéticas
Após a administração intravenosa de uma dose de 3 mg/m², o perfil de concentração-tempo em pacientes foi trifásico: os picos de concentração, encontrados no fim da infusão, foram seguidos por um declínio inicial rápido na concentração. Isso foi sucedido por uma lenta fase de eliminação. Os principais parâmetros farmacocinéticos são apresentados abaixo:

Resumo dos parâmetros farmacocinéticos médios em pacientes que receberam 3 mg/m² de raltitrexede por infusão intravenosa

C max  (ng/ml)     ASC0-¥ (ng . h/ml)      Cl (ml/min)     Cl r (ml/min)     V SS  (l)     t½beta (h)     t½gama (h)     
656     1856    51,6    25,1    548    1,79    198    

Onde:
Cmax : pico de concentração plasmática
ASC0-¥ : área sob a curva
Cl :  clearance
Cl r :  clearance  renal8
VSS : volume de distribuição no estado de equilíbrio
t½ beta : meia-vida da segunda fase
t½ gama: meia-vida terminal

As concentrações máximas de raltitrexede aumentaram linearmente com dose superior à dose clínica testada.

Durante a administração repetida em intervalos de 3 semanas, não houve acúmulo plasmático clinicamente significativo de raltitrexede em pacientes com função renal8 normal.

Não considerando a poliglutamação intracelular esperada, o raltitrexede foi principalmente excretado na urina9 sob forma inalterada (aproximadamente 50%). Raltitrexede também foi excretado nas fezes com aproximadamente 15% da dose radioativa sendo eliminada em um período superior a 10 dias. No estudo de [14C]-raltitrexede, aproximadamente metade do marcador radioativo10 não foi recuperada durante o período de estudo. Isso sugere que uma proporção da dose de raltitrexede é retida nos tecidos, talvez na forma de poliglutamatos de raltitrexede, após o final do período em que foi feita a medição (29 dias). Foram detectados traços do marcador radioativo10 nos eritrócitos11 no 29º dia.

A farmacocinética de raltitrexede é independente da idade e do sexo e não foi avaliada em crianças.

Insuficiência hepática12 leve a moderada levou à uma pequena redução no clearance plasmático (menos do que 25%). Insuficiência renal13 leve a moderada (clearance de creatinina14 de 25 a 65 ml/min) produziu uma redução significativa (aproximadamente 50%) no clearance plasmático de raltitrexede.

Dados de Segurança Pré-Clínicos Relevantes para o Médico
Tolerância perivascular em estudos em animais não revelou nenhuma reação irritante.

Toxicidade4 aguda
Os valores aproximados de LD50 para camundongo e rato são 875-1249 mg/kg e > 500 mg/kg respectivamente. No camundongo, níveis maiores ou iguais a 750 mg/kg causaram morte por toxicidade4 geral.

Toxicidade4 crônica
Em 1 mês de estudo de dose contínua e em 6 meses de estudo de dose intermitente15 no rato, a toxicidade4 foi inteiramente relacionada à natureza citotóxica da droga. Os órgãos alvo principais foram o trato gastrointestinal, a medula óssea16 e os testículos17. Em estudos similares em cães, níveis de dose cumulativa similares a aqueles utilizados clinicamente, elicitaram somente  mudanças relacionadas farmacologicamente à proliferação do tecido18. Os órgãos alvo no cão foram similares aos do rato.

Mutagenicidade
TOMUDEX
não foi mutagênico no teste de AMES ou em testes suplementares utilizando-se E. coli ou células3 ovarianas de hamster chinês. TOMUDEX causou elevação nos níveis de dano cromossômico em um estudo in vitro de linfócitos humanos. Este efeito foi melhorado através da adição de timidina, confirmando assim que esse efeito ocorre devido à natureza anti-metabólica da droga. Em um estudo micronuclear in vivo no rato indicou-se que em níveis citotóxicos19 de dose, TOMUDEX é capaz de causar danos cromossômicos na medula óssea16.

Toxicologia reprodutiva
Estudos de fertilidade no rato indicam que TOMUDEX pode prejudicar a fertilidade do macho. A fertilidade voltou ao normal três (3) meses após o término do tratamento. TOMUDEX causou embrioletalidade e anormalidades fetais em ratas prenhes.

Carcinogenicidade
O potencial carcinogênico de TOMUDEX não foi avaliado.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
2 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
5 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
6 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.
7 Sobrevida: Prolongamento da vida além de certo limite; prolongamento da existência além da morte, vida futura.
8 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
9 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
10 Radioativo: Que irradia ou emite radiação, que contém radioatividade.
11 Eritrócitos: Células vermelhas do sangue. Os eritrócitos maduros são anucleados, têm forma de disco bicôncavo e contêm HEMOGLOBINA, cuja função é transportar OXIGÊNIO. Sinônimos: Corpúsculos Sanguíneos Vermelhos; Corpúsculos Vermelhos Sanguíneos; Corpúsculos Vermelhos do Sangue; Glóbulos Vermelhos; Hemácias
12 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
13 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
14 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
15 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
16 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
17 Testículos: Os testículos são as gônadas sexuais masculinas que produzem as células de fecundação ou espermatozóides. Nos mamíferos ocorrem aos pares e são protegidos fora do corpo por uma bolsa chamada escroto. Têm função de glândula produzindo hormônios masculinos.
18 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
19 Citotóxicos: Diz-se das substâncias que são tóxicas às células ou que impedem o crescimento de um tecido celular.

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