
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS YASMIN
Farmacodinâmica
O efeito contraceptivo de Yasmin ® baseia-se na interação de diversos fatores, sendo que os mais importantes são inibição da ovulação1 e alterações na secreção cervical. Além da ação contraceptiva, as combinações estrogênio/progestógeno apresentam diversas propriedades positivas. O ciclo menstrual torna-se mais regular, a menstruação2 apresenta-se freqüentemente menos dolorosa e o sangramento menos intenso, o que, neste último caso, pode reduzir a possibilidade de ocorrência de deficiência de ferro.
Além da ação contraceptiva, a drospirenona apresenta outras propriedades: atividade antimineralocorticóide, que pode prevenir o ganho de peso e outros sintomas3 causados pela retenção de líquido; neutraliza a retenção de sódio relacionada ao estrogênio, proporcionando tolerabilidade muito boa e efeitos positivos na síndrome4 pré-menstrual. Em combinação com o etinilestradiol , a drospirenona exibe um perfil lipídico5 favorável caracterizado pelo aumento do HDL6. Sua atividade antiandrogênica produz efeito positivo sobre a pele7, reduzindo as lesões8 acnéicas e a produção sebácea. Além disso, a drospirenona não se contrapõe ao aumento das globulinas9 de ligação aos hormônios sexuais (SHBG) induzido pelo etinilestradiol , o que auxilia a ligação e a inativação dos andrógenos10 endógenos.
A drospirenona é desprovida de qualquer atividade androgênica, estrogênica, glicocorticóide e antiglicocorticóide. Isto, em conjunto com suas propriedades antimineralocorticóide e antiandrogênica, lhe confere um perfil bioquímico e farmacológico muito similar ao do hormônio11 natural progesterona. Além disso, há evidência da redução do risco de ocorrência de câncer12 de endométrio13 e de ovário14. Os COCs de dose mais elevada (0,05 mg de etinilestradiol ) também diminuem a incidência15 de tumores fibrocísticos de mama16, cistos ovarianos, doença inflamatória pélvica17 e gravidez ectópica18. Ainda não existe confirmação de que isto também se aplique aos contraceptivos orais de dose mais baixa.
Farmacocinética
Drospirenona
Absorção:
A drospirenona é rápida e quase que totalmente absorvida quando administrada por via oral. Os níveis séricos máximos do fármaco19, de aproximadamente 37 ng/ml, são alcançados 1 a 2 horas após a ingestão de uma dose única. Sua biodisponibilidade está compreendida entre 76 e 85% e não sofre influência da ingestão concomitante de alimentos.
Distribuição:
A drospirenona liga-se à albumina20 sérica e não à globulina21 de ligação aos hormônios sexuais (SHBG) ou à globulina21 transportadora de corticosteróides (CBG). Somente 3 a 5% das concentrações séricas totais do fármaco19 estão presentes na forma de esteróides livres, sendo que 95 a 97% encontram-se ligadas à albumina20 de forma inespecífica. O aumento da SHBG induzido pelo etinilestradiol não afeta a ligação da drospirenona às proteínas22 séricas. O volume aparente de distribuição da drospirenona é de 3,7 a 4,2 l/kg.
Metabolismo23:
A drospirenona é totalmente metabolizada. No plasma24, seus principais metabólitos25 são a forma ácida da drospirenona, formada pela abertura do anel de lactona e o 4,5-diidro-drospirenona-3-sulfato, ambos formados sem a intervenção do sistema P450. Com base em dados in vitro , constatou-se que uma pequena parte da drospirenona é metabolizada pelo citocromo P450 3A4. A taxa de depuração sérica da drospirenona é de 1,2 a 1,5 ml/min/kg. Quando a drospirenona foi administrada em conjunto com etinilestradiol em dose única, não se observou interação direta.
Eliminação:
Os níveis séricos da drospirenona diminuem em duas fases. A fase de disposição terminal é caracterizada por uma meia-vida de aproximadamente 31 horas.A drospirenona não é eliminada na forma inalterada. Seus metabólitos25 são eliminados pelas vias biliar e urinária em uma proporção de aproximadamente 1,2 a 1,4. A meia-vida de eliminação dos metabólitos25 pela urina26 e fezes é de cerca de 1,7 dias.
Condições no estado de equilíbrio:
A farmacocinética da drospirenona não é influenciada pelos níveis de SHBG. Durante a ingestão diária, os níveis séricos do fármaco19 aumentam cerca de 2 a 3 vezes, atingindo o estado de equilíbrio durante a segunda metade de um ciclo de utilização.
Populações especiais:
Efeito na alteração renal27: os níveis séricos da drospirenona no estado de equilíbrio, em mulheres com alteração renal27 leve (depuração de creatinina28 CLcr, 50 a 80 ml/min), foram comparáveis àquelas mulheres com função renal27 normal (CLcr, > 80 ml/min). Os níveis séricos da drospirenona foram em média 37% mais elevados em mulheres com alteração renal27 moderada (CLcr, 30 a 50 ml/min) comparado àquelas mulheres com função renal27 normal. O tratamento com drospirenona foi bem tolerado em todos os grupos e não mostrou qualquer efeito clinicamente significativo na concentração sérica de potássio.
Efeito na alteração hepática29: em mulheres com alteração hepática29 moderada, (Child-Pugh B) os perfis de tempo da concentração sérica média da drospirenona foram comparáveis àquelas mulheres com função hepática29 normal, durante as fases de absorção/distribuição, com valores similares de Cmax. O tempo para diminuição das concentrações séricas da drospirenona, durante a fase de disposição terminal, foi aproximadamente 1,8 vezes maior nas voluntárias com alteração hepática29 moderada do que nas voluntárias com função hepática29 normal. Uma diminuição de aproximadamente 50% na depuração oral aparente (CL/f) foi verificada nas voluntárias com alteração hepática29 moderada quando comparada àquelas com função hepática29 normal. A diminuição observada na depuração da drospirenona em voluntárias com alteração hepática29 moderada, comparada às voluntárias normais, não foi traduzido em qualquer diferença aparente nas concentrações séricas de potássio entre os dois grupos de voluntárias. Mesmo na presença de diabete e tratamento concomitante com espironolactona (dois fatores que podem predispor a uma usuária a hipercalemia30), não foi observado aumento nas concentrações séricas de potássio, acima do limite permitido da variação normal. Pode-se concluir que a drospirenona é bem tolerada em pacientes com alteração hepática29 leve ou moderada (Child-Pugh B).
Grupos étnicos: o impacto de fatores étnicos na farmacocinética da drospirenona e do etinilestradiol foi avaliado após administração de doses orais únicas e repetidas a mulheres jovens e saudáveis, caucasianas e japonesas. Os resultados mostraram que as diferenças étnicas entre mulheres japonesas e caucasianas não tiveram influência clinicamente relevante na farmacocinética da drospirenona e do etinilestradiol .
Etinilestradiol
Absorção:
O etinilestradiol administrado por via oral é rápida e completamente absorvido. Os níveis séricos máximos de 54 a 100 pg/ml são alcançados em 1 a 2 horas. Durante a absorção e metabolismo23 de primeira passagem, o etinilestradiol é metabolizado extensivamente, resultando em uma biodisponibilidade oral média de aproximadamente 45%, com uma ampla variação interindividual de cerca de 20 a 65%. A ingestão concomitante de alimentos reduziu a biodisponibilidade do etinilestradiol em cerca de 25% dos indivíduos estudados, enquanto nenhuma alteração foi observada nos outros indivíduos.
Distribuição:
O etinilestradiol liga-se alta e inespecificamente à albumina20 sérica (aproximadamente 98%) e induz um aumento das concentrações séricas de SHBG. Foi determinado um volume aparente de distribuição de cerca de 2,8 a 8,6 l/kg.
Metabolismo23:
O etinilestradiol está sujeito à conjugação pré-sistêmica tanto na mucosa31 do intestino delgado32 como no fígado33. É metabolizado primariamente por hidroxilação aromática, mas com formação de diversos metabólitos25 hidroxilados e metilados que estão presentes nas formas livre e conjugada com glicuronídios e sulfato. A taxa de depuração do etinilestradiol é de cerca de 2,3 a 7 ml/min/kg.
Eliminação:
Os níveis séricos de etinilestradiol diminuem em duas fases de disposição, caracterizadas por meias-vidas de cerca de 1 hora e 10 a 20 horas, respectivamente. O etinilestradiol não é eliminado na forma inalterada; seus metabólitos25 são eliminados com meia-vida de aproximadamente um dia. A proporção de excreção é de 40 (urina26): 60 (bile34).
Condições no estado de equilíbrio:
As condições no estado de equilíbrio são alcançadas durante a segunda metade de um ciclo de utilização, quando os níveis séricos de etinilestradiol elevam-se em 40 a 110%, quando comparados com dose única.