CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS CLORIDRATO DE CLOMIPRAMINA

Atualizado em 28/05/2016
Farmacodinâmica
Grupo farmacoterapêutico: antidepressivo tricíclico. Inibidor da recaptação de noradrenalina1 e preferencialmente de serotonina.
Mecanismo de ação: acredita-se que a atividade terapêutica2 do cloridrato de clomipramina esteja baseada em sua capacidade de inibir a recaptação neuronal de noradrenalina1 (NA) e serotonina (5-HT) liberadas na fenda sináptica, sendo a inibição da recaptação de 5-HT o componente mais importante dessas atividades.
O cloridrato de clomipramina tem também um amplo espectro de ação farmacológica que inclui propriedades a1-adrenolítica, anticolinérgica, anti-histamínica e anti-serotoninérgica (bloqueador do receptor para 5-HT).
Efeito farmacodinâmico: cloridrato de clomipramina atua na síndrome3 depressiva como um todo, incluindo-se especialmente aspectos típicos, tais como retardamento psicomotor4, humor deprimido e ansiedade. A resposta clínica inicia-se normalmente após 2-3 semanas de tratamento.
O cloridrato de clomipramina também exerce um efeito específico em distúrbio obsessivo-compulsivo, distinto de seu efeito antidepressivo.
Em dor crônica, com ou sem causas somáticas, cloridrato de clomipramina atua presumivelmente pela facilitação da neurotransmissão de serotonina e noradrenalina1. Na ejaculação5 precoce, cloridrato de clomipramina atua presumivelmente diminuindo os estímulos adrenégicos que causam a ejaculação5 e aumentando os fatores que provocam o controle inibitório da ejaculação5, principalmente a serotonina. Desta forma, cloridrato de clomipramina aumenta o tempo de latência6 para ejaculação5 devido à sua ação nos receptores alfaadrenérgicos e colinérgicos e à inibição da recaptação da serotonina, envolvida na inibição da ejaculação5.
Farmacocinética
Absorção: é completamente absorvida do trato gastrintestinal. A biodisponibilidade sistêmica inalterada é reduzida a cerca de 50% pelo metabolismo7 hepático de primeira passagem para desmetilclomipramina. A biodisponibilidade não é significativamente afetada pela ingestão de alimentos. Apenas o início da absorção pode ser ligeiramente retardado e portanto o tempo para pico prolongado.
Distribuição
97,6% da clomipramina se ligam a proteínas8 plasmáticas. O volume de distribuição aparente é de cerca de 12 a 17 litros/kg de peso corpóreo. No fluido cerebroespinhal, a concentração é equivalente a cerca de 2% da concentração plasmática. A clomipramina passa para o leite materno em concentrações semelhantes às do plasma9.
Biotransformação
A maior rota de biotransformação da clomipramina é a desmetilação para desmetilclomipramina. Adicionalmente, a clomipramina e a desmetilclomipramina são hidroxiladas para 8-hidroxi-clomipramina e 8-hidróxi-desmetilclomipramina, mas pouco se conhece a respeito de sua atividade in vivo. A hidroxilação da clomipramina e da desmetilclomipramina estão sob controle genético semelhante ao da debrisoquina. Em metabolizadores fracos de debrisoquina, isso pode levar a altas concentrações de desmetilclomipramina, enquanto as concentrações de clomipramina são pouco influenciadas.
Eliminação
A clomipramina administrada por via oral é eliminada do sangue10 com uma meia-vida média de 21 h (de 13 a 36 h), e a desmetilclomipramina com uma meia-vida média de 36 h.
Cerca de dois terços de uma dose única de clomipramina são excretados na urina11, sob a forma de conjugados solúveis em água, e aproximadamente um terço nas fezes. A quantidade de clomipramina inalterada e de desmetilclomipramina excretada na urina11 é de cerca de 2% e 0,5% da dose administrada, respectivamente.
Características nos pacientes
Em pacientes idosos, graças ao clearence (depuração) metabólico reduzido, as concentrações plasmáticas de clomipramina em qualquer dose administrada são maiores do que em pacientes mais jovens. Os efeitos de insuficiência renal12 e hepática13 na farmacocinética da clomipramina não foram ainda determinados.
Experiência pré-clínica
De acordo com os dados experimentais disponíveis, cloridrato de clomipramina não possui efeitos mutagênico, carcinogênico ou teratogênico14.
Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
2 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
3 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
4 Psicomotor: Próprio ou referente a qualquer resposta que envolva aspectos motores e psíquicos, tais como os movimentos corporais governados pela mente.
5 Ejaculação: 1. Ato de ejacular. Expulsão vigorosa; forte derramamento (de líquido); jato. 2. Em fisiologia, emissão de esperma pela uretra no momento do orgasmo. 3. Por extensão de sentido, qualquer emissão. 4. No sentido figurado, fartura de palavras; arrazoado.
6 Latência: 1. Estado, caráter daquilo que se acha latente, oculto. 2. Por extensão de sentido, é o período durante o qual algo se elabora, antes de assumir existência efetiva. 3. Em medicina, é o intervalo entre o começo de um estímulo e o início de uma reação associada a este estímulo; tempo de reação. 4. Em psicanálise, é o período (dos quatro ou cinco anos até o início da adolescência) durante o qual o interesse sexual é sublimado; período de latência.
7 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
8 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
9 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
10 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
11 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
12 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
13 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
14 Teratogênico: Agente teratogênico ou teratógeno é tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais ou ainda distúrbios neurocomportamentais, como retardo mental.

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