
INFORMAÇÕES AO PACIENTE HEIMER
AÇÃO ESPERADA DO MEDICAMENTO
Heimer (cloridrato de memantina) é uma substância que age como um modulador da ação excitatória produzida por um neurotransmissor denominado ácido glutâmico. Este mecanismo de ação permite que este medicamento exerça uma função protetora das células nervosas1 em situações de isquemia2 (falta de circulação3 sanguínea) ou hipóxia4 (falta de oxigênio) no cérebro5, agindo também nos estados de rigidez muscular, como ocorre na moléstia de Parkinson.
Heimer (cloridrato de memantina) é utilizado para o tratamento de pacientes com doença de Alzheimer6 de moderadamente severa a severa. A perda de memória associada à doença de Alzheimer7 deve-se a uma perturbação dos sinais8 mensageiros no cérebro5. O cérebro5 contém receptores NMDA envolvidos na transmissão de sinais8 nervosos importantes na aprendizagem e memória.
Heimer (cloridrato de memantina) pertence a um grupo de medicamentos denominado antagonistas do receptor NMDA. Heimer (cloridrato de memantina) atua nestes receptores NMDA, melhorando a transmissão dos sinais8 nervosos e a memória.
CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO
A embalagem deve ser protegida da umidade. Heimer (cloridrato de memantina) deve ser conservado em temperatura ambiente (entre 15 e 30º C).
PRAZO DE VALIDADE
O prazo de validade do Heimer (cloridrato de memantina) é de 24 meses e encontra-se gravado na embalagem externa. Em caso de vencimento, inutilize o produto. Não utilize este medicamento após a data de validade.
Informe seu médico a ocorrência de gravidez9 na vigência do tratamento ou após o seu término. Informar ao médico se está amamentando.
CUIDADOS DE ADMINISTRAÇÃO
Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Caso tenha esquecido de tomar uma dose do Heimer (cloridrato de memantina), tome-a tão logo possível. Se a próxima dose do medicamento estiver muito próxima, não tome a dose esquecida e continue o tratamento normalmente, no horário e na dose recomendados pelo médico. Não tome duas vezes o medicamento no mesmo horário ou em horários muito próximos.
INTERRUPÇÃO DO TRATAMENTO
Não interrompa o tratamento sem o conhecimento de seu médico. Não interrompa o uso do Heimer (cloridrato de memantina) abruptamente. Seu médico saberá o momento de suspender a medicação. Quando isto ocorrer, a suspensão deverá ser feita gradualmente.
REAÇÕES ADVERSAS
Os efeitos desagradáveis observados com o uso do Heimer (cloridrato de memantina) são de leves a moderados e os mais frequentes (frequência de 2% ou menos) são: alucinações10, desorientação, tonturas11, dor de cabeça12 e cansaço. Efeitos desagradáveis não freqüentes são: ansiedade, hipertonia13, vômito14, infecções15 na bexiga16 e libido17 aumentada.
Informe seu médico o aparecimento de reações desagradáveis.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.
INGESTÃO CONCOMITANTE COM OUTRAS SUBSTÂNCIAS
Informe o seu médico sobre qualquer medicamento que esteja usando, antes do início ou durante o tratamento. Não tome bebidas alcoólicas durante o tempo que estiver fazendo uso do medicamento. Elas podem interferir na ação do medicamento, e causar efeitos desagradáveis.
O Heimer (cloridrato de memantina) pode interferir com a ação de vários outros medicamentos, tais como: amantadina, cetamina, dextrometorfano, dantroleno, baclofeno, cimetidina, ranitidina, procainamida, quinidina, quinina, nicotina, hidroclorotiazida, anticolinérgicos, anticonvulsivantes, barbitúricos, agonistas dopaminérgicos e neurolépticos18.
CONTRAINDICAÇÕES
O Heimer (cloridrato de memantina) deve ser usado com cuidado em pacientes com história de epilepsia19 e com insuficiência renal20, que sofreram um infarto do miocárdio21 recente ou que sofram de insuficiência cardíaca congestiva22 ou de hipertensão23 não controlada.
PRECAUÇÕES
Informe a seu médico caso tenha alterado ou pretenda alterar substancialmente sua dieta alimentar ou caso sofra de estados de acidose24 renal25 tubular ou infecções15 urinárias graves, uma vez que poderá ser necessário o ajuste da dose de Heimer (cloridrato de memantina).
DURANTE O TRATAMENTO O PACIENTE SOMENTE PODERÁ DIRIGIR VEÍCULOS OU OPERAR MÁQUINAS COM LIBERAÇÃO MÉDICA, POIS SUA HABILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS, NÃO SOMENTE POR SUA ENFERMIDADE DE BASE,
COMO PELO PRÓPRIO MEDICAMENTO.
NÃO TOME REMÉDIO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO, PODE SER PERIGOSO PARA A SAÚDE26.
- INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE26
• FARMACODINÂMICA
O Heimer (cloridrato de memantina) pertence ao grupo químico adamantano (cloridrato de 1-amino-3,5-dimetiladamantano), um antagonista27 não-competitivo dos canais iônicos associados a um tipo de receptor glutamatérgico, o receptor NMDA, de afinidade moderada e dependente de voltagem.
Existem cada vez mais indicações de que as perturbações na neurotransmissão glutamatérgica, especialmente nos receptores NMDA, contribuem para a expressão dos sintomas28 e para a evolução da doença na demência29 neuro-degenerativa30.
O bloqueio destes receptores NMDA impede os efeitos de níveis patologicamente elevados de glutamato que podem levar à disfunção neuronal e evita que o neurônio fique exposto a um influxo excessivo de cálcio, um dos mecanismos responsáveis pela morte neuronal. Esta propriedade faz com que o Heimer (cloridrato de memantina) tenha um efeito neuroprotetor em condições de isquemia2 ou hipóxia4, o que explica sua eficácia em diferentes estados clínicos, tais como distúrbios motores de origem central (Doença de Parkinson31, paralisia32 cerebral, bexiga16 neurogênica, demências de várias etiologias).
Justifica ainda as indicações citadas, o fato de que na Doença de Parkinson31, o excesso de estimulação glutamatérgica originada pela hipofunção dopaminérgica é bloqueado pelo Heimer (cloridrato de memantina), neutralizando o desequilíbrio da neurotransmissão existente naquela moléstia.
Resultados de estudos clínicos:
Um teste clínico numa população de pacientes com doença de Alzheimer6 moderadamente severa a severa (resultados totais do MMSE - Mini Exame do Estado Mental – pontuação média inicial de 3 a 14) demonstrou efeitos benéficos do tratamento com memantina em comparação com o placebo33, durante um período de tratamento de 6 meses. Neste estudo multicêntrico, duplo-cego, randomizado34 e controlado por placebo33, foi incluído um total de 252 pacientes (33% homens, 67% mulheres, com idade média de 76 anos). A dose utilizada foi de 10 mg de memantina, duas vezes por dia (20 mg/dia). Os parâmetros de resultados primários incluíram a análise do funcionamento global (utilização do CIBIC – Plus [Clinicians Interview-Based Impression of Change]) e da capacidade funcional (utilização de ADCS - ADLsev [Activities of Daily Living Inventory]). A cognição35 foi avaliada como um parâmetro secundário de eficácia através do SIB (Severe Impairment Battery). Os resultados nestes domínios foram favoráveis para a memantina, em relação ao placebo33 (Análise dos Casos Observados (OC) para CIBIC-Plus: p=0,025; ADCS-ADLsev: p=0,003; SIB: p=0,002).
Após 6 meses, a taxa de respostas individuais (resposta definida previamente como a estabilização ou melhora em dois domínios independentes) foi de 29% para o grupo de memantina e 10% para o grupo de placebo33 (p=0,004). Utilizando um critério triplo (resposta definida como a estabilização ou melhora em todos os três domínios: cognição35, domínios funcional e global), existiram 11% de respostas para a memantina e 6% para o placebo33 (p=0,17).
• FARMACOCINÉTICA
Absorção:
A memantina tem uma biodisponibilidade absoluta de aproximadamente 100% e não existem indicações de que os alimentos tenham influência na absorção. (Tmáx após 3 a 8 horas).
Linearidade:
Estudos em voluntários demonstraram farmacocinética linear no intervalo da dose de 10 a 40 mg.
Distribuição:
Doses diárias de 20 mg resultam em concentrações plasmáticas de memantina no estado estável entre 70 a 150 ng/mg (0,5 - 1μmol) com variações interindividuais de grande amplitude.
Quando foram administradas doses diárias de 5 a 30 mg, foi calculada uma taxa média
Líquido Céfalo Raquidiano/Soro36 de 0,52. O volume de distribuição é próximo de 10 L/Kg.
Cerca de 45 % da memantina está associada a proteínas37 plasmáticas.
Biotransformação:
No ser humano, cerca de 80% das substâncias relacionadas com a memantina em circulação3 estão presentes como composto original. Os metabólitos38 principais no ser humano são o N-3,5-dimetil-gludantano, a mistura isomérica de 4 e 6-hidroxi-memantina e 1-nitroso-3,5-dimetiladamantano. Nenhum destes metabólitos38 demonstra atividade antagônica de NMDA. Não foi detectado metabolismo39 de catálise do citocromo P450 in vitro.
Num estudo com 14 C-memantina administrada oralmente, uma média de 84% da dose foi recuperada em 20 dias, 99% dos quais por excreção renal25.
Eliminação:
A memantina é eliminada de forma monoexponencial com meia vida de eliminação de 60 a 100 horas. Em voluntários com função renal25 normal, a eliminação total (Cltot) tem o valor de 170 mL/min/1,73 m2 e parte da eliminação renal25 total é realizada por secreção tubular.
A eliminação renal25 também envolve reabsorção tubular, provavelmente mediada por proteínas37 de transporte de cátions. A taxa de eliminação renal25 da memantina em condições de urina40 alcalina poderá ser reduzida por um fator de 7 a 9. A alcalinização da urina40 pode resultar de mudanças drásticas na dieta ou uma ingestão de grande quantidade de tampões gástricos alcalinizantes.
População de pacientes específicos:
Em voluntários idosos com função renal25 normal e reduzida (eliminação de creatina de 50-100 mL/min/1,73 m2), foi observada uma correlação significativa entre a eliminação de creatinina41 e a eliminação renal25 total da memantina.
O efeito de doenças hepáticas42 na farmacocinética da memantina não foi estudado. Uma vez que a memantina é metabolizada apenas em pequena escala e em metabólitos38 sem atividade antagônica de NMDA, não são esperadas alterações farmacocinéticas de relevância clínica em insuficiência43 hepáticas42 leves a moderadas.
Relação farmacocinética/farmacodinâmica:
A uma dose de Heimer (cloridrato de memantina) de 20 mg por dia, os níveis do líquido céfalo raquidiano correspondem ao valor ki (ki = constante de inibição) da memantina, que é de 0,5 μmol no córtex frontal humano.
- DADOS DE SEGURANÇA PRÉ-CLÍNICOS
Em estudos de efeitos a curto prazo em ratazanas, a memantina, tal como outros antagonistas de NMDA, apenas induziu vacuolização e necrose44 neuronal (Lesões45 de Olney) quando administrada em doses que conduzem a concentrações séricas máximas muito elevadas. A ataxia46 e outros sinais8 pré-clínicos precederam a vacuolização e necrose44.
Uma vez que os efeitos nunca foram observados em estudos a longo prazo em roedores ou não roedores, a relevância clínica destes resultados é desconhecida.
Foram observadas inconsistentemente alterações oculares em estudos de doses tóxicas repetidas em roedores e cães, mas não em macacos. Os exames oftalmológicos específicos nos estudos clínicos com memantina não revelam alterações oculares.
Foi observada fosfolipidose nos macrófagos pulmonares47 devido à acumulação de memantina nos lisossomas em roedores. Este efeito é conhecido em outros medicamentos com propriedades anfifílicas catiônicas. Existe uma relação possível entre esta acumulação e a vacuolização observada nos pulmões48. Este efeito apenas foi observado com doses elevadas em roedores. A relevância clínica destes resultados é desconhecida.
Não foi observada genotoxicidade após o teste da memantina em ensaios normais. Não existem indícios de oncogenicidade em estudos vitalícios em ratos e ratazanas. A memantina não foi teratogênica49 em ratazanas e coelhos, mesmo em doses tóxicas maternas, e não foram observados efeitos adversos na fertilidade. Nas ratazanas, a redução do crescimento do feto50 foi observada em níveis de exposição idênticos ou ligeiramente superiores aos níveis humanos.