CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS LIPIDIL 200 MG
Propriedades farmacodinâmicasO fenofibrato é um derivado do ácido fíbrico cujos efeitos de modificação de lipídios relatados em seres humanos são mediados através da ativação dos Receptores Ativados da Proliferação de Peroxissomos (PPARá).
Através da ativação do PPARá, o fenofibrato aumenta a lipólise e a eliminação de partículas aterogênicas ricas em triglicerídeos do plasma1 por ativação da lipoproteína lipase e redução da produção da apoproteína CIII. A ativação do PPARá também induz o aumento da síntese das apoproteínas AI e AII.
Os efeitos supramencionados do fenofibrato sobre as lipoproteínas levam a uma redução das frações de baixa densidade (VLDL e LDL2) contendo a apoproteina B e um aumento das frações de lipoproteínas de alta densidade (HDL3) contendo as apoproteinas AI e AII.
Além disso, pela modulação da síntese e do catabolismo4 das frações VLDL, o fenofibrato aumenta a depuração dos LDL2 e reduz a taxa de LDL2 menos densos. As taxas de LDL2 menos densos são frequentemente aumentados nos pacientes com risco de doença coronária (Perfil Lipídico5 Aterogênico).
Nos estudos clínicos com o fenofibrato, a redução do colesterol6 total foi de 20 a 25%, a dos triglicérides7 de 40 a 55% e a taxas de colesterol6 HDL3 aumentaram de 10 a 30%.
Nos pacientes hipercolesterolêmicos para os quais as taxas de colesterol6 LDL2 diminuíram de 20 a 35%, o efeito global sobre o colesterol6 leva a uma diminuição da relação colesterol6 total sobre colesterol6 HDL3, colesterol6 LDL2 sobre colesterol6 HDL3 ou Apo B sobre Apo AI, que são todos os marcadores do risco aterogênico.
Os depósitos de colesterol6 extra-vasculares8 (xantomas tendinosos e tuberosos) podem regredir de modo importante ou até mesmo desaparecer totalmente quando de um tratamento com fenofibrato.
Os pacientes que apresentam altas taxas de fibrinogênio9 e tratado com fenofibrato mostraram uma redução significativa deste parâmetro como aqueles apresentando taxas elevadas de Lp(a). Outros marcadores de inflamação10 tais como a Proteína C-Reativa são reduzidos com o tratamento com fenofibrato.
O efeito uricosúrico do fenofibrato leva a uma redução de aproximadamente 25% dos níveis de ácido úrico que deve ser um benefício adicional para os pacientes dislipidêmicos com hiperuricemia.
Um efeito antiagregante plaquetário do fenofibrato tem sido demonstrado em animais e num estudo clínico que colocou em evidência uma diminuição da agregação plaquetária provocada pelo ADP, o ácido araquidônico e epinefrina.
Propriedades farmacocinéticas
Absorção: as concentrações plasmáticas máximas (Cmax) ocorrem dentro de 4 a 5 horas após a administração oral. As concentrações plasmáticas são estáveis para tratamentos contínuos em qualquer indivíduo.
A administração concomitante de alimento aumenta a absorção do fenofibrato.
Distribuição: o ácido fenofíbrico tem uma forte ligação com a albumina11 plasmática (maior que 99%).
Meia vida plasmática: a meia-vida de eliminação plasmática de ácido fenofíbrico é de aproximadamente 20 horas.
Metabolismo12 e excreção: Depois da administração oral, o fenofibrato é rapidamente hidrolisado pelas esterases e se torna o metabólito13 ativo ácido fenofíbrico. Não é possível detectar fenofibrato inalterado no plasma1. Fenofibrato não é substrato para a CYP3A4. Não há envolvimento do metabolismo12 microssomal hepático. O medicamento é excretado principalmente na urina14. Praticamente toda a droga é eliminada dentro de 6 dias. O fenofibrato é excretado principalmente na forma de ácido fenofíbrico e seus glucoronídeos conjugados. Nos pacientes idosos, a depuração plasmática aparente total não modificada. Os estudos cinéticos, após a administração de uma dose única e tratamento contínuo demonstram que a droga não é acumulativa. O ácido fenofíbrico não é removido por hemodiálise15.
Os efeitos do fenofibrato começam a ocorrer a partir da segunda semana de tratamento e são mantidos durante todo o tratamento.
Dados de segurança pré-clínica
Estudos de toxicidade16 crônica não trouxeram informações relevantes sobre a toxicidade16 especifica do fenofibrato. Os estudos de mutagenicidade sobre o fenofibrato se mostraram negativos. Em ratos e camundongos, foram observados tumores hepáticos com doses elevadas que foram atribuídas a uma proliferação dos peroxissomos. Estas manifestações são específicas de pequenos roedores e não foram observadas em outras espécies de animais. Isto é, sem consequência para a utilização terapêutica17 no homem.
Estudos nos camundongos, ratos e coelhos não revelaram nenhum efeito teratogênico18. Efeitos
embriotóxicos foram observados em níveis semelhantes aos da toxicidade16 materna. Uma prolongação do período de gestação e dificuldades durante o parto foi observada com doses elevadas. Nenhum efeito foi observado no que diz respeito à fertilidade.