CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ATROVENT
ATROVENT tem como princípio ativo o brometo de ipratrópio , que é um composto de amônio quaternário com propriedades anticolinérgicas (parassimpaticolíticas). Em estudos pré-clínicos, parece atuar na inibição do reflexo vagal, antagonizando a ação da acetilcolina1, o agente transmissor liberado pelo nervo vago. Agentes anticolinérgicos impedem o aumento da concentração intracelular de monofosfato de guanosina cíclico, GMP cíclico, causado pela interação da acetilcolina1 com o receptor muscarínico na musculatura lisa brônquica. O efeito broncodilatador2 obtido após a inalação do brometo de ipratrópio é produzido pelas concentrações locais do fármaco3 suficientes para uma eficácia anticolinérgica sobre a musculatura lisa brônquica e não pelas concentrações sistêmicas do fármaco3.
Estudos pré-clínicos e clínicos sugerem que ATROVENT não possui efeitos prejudiciais sobre a secreção mucosa4 das vias aéreas, a depuração mucociliar5 e a troca gasosa.
Seu efeito broncodilatador2 no tratamento de broncoespasmo6 agudo7 associado à asma8 foi demonstrado em estudos em adultos e crianças acima de 6 anos de idade. Na maioria desses estudos, ATROVENT foi administrado em combinação com um medicamento beta-2-agonista9. Embora os dados sejam limitados, ATROVENT mostrou ter um efeito terapêutico no tratamento do broncoespasmo6 associado à bronquiolite viral e à displasia broncopulmonar10 em lactentes11 e crianças pequenas.
O efeito terapêutico de ATROVENT é produzido por ação local nas vias aéreas. Assim, a broncodilatação12 e a farmacocinética sistêmica não correm em paralelo.
Após inalação, 10 a 30% da dose geralmente é depositada nos pulmões13, dependendo da formulação e da técnica de inalação. A maior parte da dose é deglutida e passa para o trato gastrintestinal.
Devido à absorção gastrintestinal desprezível do brometo de ipratrópio , a biodisponibilidade da porção deglutida é de apenas aproximadamente 2% da dose. Esta fração de dose não contribui de maneira relevante com as concentrações plasmáticas do ingrediente ativo. A porção da dose depositada nos pulmões13 alcança a circulação14 rapidamente, dentro de minutos, e tem disponibilidade sistêmica praticamente completa.
A partir dos dados de excreção renal15, 0-24 horas, estimou-se que a biodisponibilidade sistêmica total, porções pulmonar e gastrintestinal, das doses inaladas de brometo de ipratrópio esteja na gama de 7 a 28%.
Os parâmetros farmacocinéticos que descrevem a distribuição do brometo de ipratrópio foram calculados a partir dos dados de concentração plasmática, após administração intravenosa.
Observa-se um rápido declínio bifásico nas concentrações plasmáticas. O volume de distribuição é de 338 l, correspondentes a aproximadamente 4,6 l/kg. Menos de 20% da droga liga-se às proteínas16 plasmáticas. O íon17 ipratrópio não atravessa a barreira hemato-encefálica18, condizentemente com a estrutura da amina quaternária da molécula.
A meia-vida da fase terminal de eliminação é de aproximadamente 1,6 horas.
A depuração total média do princípio ativo é de 2,3 l/min. A maior parcela da dose sistemicamente disponível, aproximadamente 60%, é eliminada por degradação metabólica, provavelmente no fígado19. Os metabólitos20 principais encontrados na urina21 ligam-se fracamente aos receptores muscarínicos e são considerados ineficazes.
Uma parcela de aproximadamente 40% da dose sistemicamente disponível é eliminada por excreção urinária, correspondendo a uma depuração renal15 experimental de 0,9 l/min. Após administração oral, menos de 1% da dose é excretada pelos rins22, indicando absorção insignificante do brometo de ipratrópio pelo trato gastrintestinal.
Estudos metabólicos de excreção realizados após administração intravenosa de uma dose radioativa mostram que menos de 10% da droga marcada radioativamente, incluindo a substância inalterada e todos os metabólitos20, é excretada pela via biliar-fecal. Os rins22 excretam a maior parte da droga radioativa.