CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ATROVENT

Atualizado em 18/05/2016

ATROVENT tem como princípio ativo o brometo de ipratrópio , que é um composto de amônio quaternário com propriedades anticolinérgicas (parassimpaticolíticas). Em estudos pré-clínicos, parece atuar na inibição do reflexo vagal, antagonizando a ação da acetilcolina1, o agente transmissor liberado pelo nervo vago. Agentes anticolinérgicos impedem o aumento da concentração intracelular de monofosfato de guanosina cíclico, GMP cíclico, causado pela interação da acetilcolina1 com o receptor muscarínico na musculatura lisa brônquica. O efeito broncodilatador2 obtido após a inalação do brometo de ipratrópio é produzido pelas concentrações locais do fármaco3 suficientes para uma eficácia anticolinérgica sobre a musculatura lisa brônquica e não pelas concentrações sistêmicas do fármaco3.

Estudos pré-clínicos e clínicos sugerem que ATROVENT não possui efeitos prejudiciais sobre a secreção mucosa4 das vias aéreas, a depuração mucociliar5 e a troca gasosa.

Seu efeito broncodilatador2 no tratamento de broncoespasmo6 agudo7 associado à asma8 foi demonstrado em estudos em adultos e crianças acima de 6 anos de idade. Na maioria desses estudos, ATROVENT foi administrado em combinação com um medicamento beta-2-agonista9. Embora os dados sejam limitados, ATROVENT mostrou ter um efeito terapêutico no tratamento do broncoespasmo6 associado à bronquiolite viral e à displasia broncopulmonar10 em lactentes11 e crianças pequenas.

O efeito terapêutico de ATROVENT é produzido por ação local nas vias aéreas. Assim, a broncodilatação12 e a farmacocinética sistêmica não correm em paralelo.

Após inalação, 10 a 30% da dose geralmente é depositada nos pulmões13, dependendo da formulação e da técnica de inalação. A maior parte da dose é deglutida e passa para o trato gastrintestinal.

Devido à absorção gastrintestinal desprezível do brometo de ipratrópio , a biodisponibilidade da porção deglutida é de apenas aproximadamente 2% da dose. Esta fração de dose não contribui de maneira relevante com as concentrações plasmáticas do ingrediente ativo. A porção da dose depositada nos pulmões13 alcança a circulação14 rapidamente, dentro de minutos, e tem disponibilidade sistêmica praticamente completa.

A partir dos dados de excreção renal15, 0-24 horas, estimou-se que a biodisponibilidade sistêmica total, porções pulmonar e gastrintestinal, das doses inaladas de brometo de ipratrópio esteja na gama de 7 a 28%.

Os parâmetros farmacocinéticos que descrevem a distribuição do brometo de ipratrópio foram calculados a partir dos dados de concentração plasmática, após administração intravenosa.

Observa-se um rápido declínio bifásico nas concentrações plasmáticas. O volume de distribuição é de 338 l, correspondentes a aproximadamente 4,6 l/kg. Menos de 20% da droga liga-se às proteínas16 plasmáticas. O íon17 ipratrópio não atravessa a barreira hemato-encefálica18, condizentemente com a estrutura da amina quaternária da molécula.

A meia-vida da fase terminal de eliminação é de aproximadamente 1,6 horas.

A depuração total média do princípio ativo é de 2,3 l/min. A maior parcela da dose sistemicamente disponível, aproximadamente 60%, é eliminada por degradação metabólica, provavelmente no fígado19. Os metabólitos20 principais encontrados na urina21 ligam-se fracamente aos receptores muscarínicos e são considerados ineficazes.

Uma parcela de aproximadamente 40% da dose sistemicamente disponível é eliminada por excreção urinária, correspondendo a uma depuração renal15 experimental de 0,9 l/min. Após administração oral, menos de 1% da dose é excretada pelos rins22, indicando absorção insignificante do brometo de ipratrópio pelo trato gastrintestinal.

Estudos metabólicos de excreção realizados após administração intravenosa de uma dose radioativa mostram que menos de 10% da droga marcada radioativamente, incluindo a substância inalterada e todos os metabólitos20, é excretada pela via biliar-fecal. Os rins22 excretam a maior parte da droga radioativa.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Acetilcolina: A acetilcolina é um neurotransmissor do sistema colinérgico amplamente distribuído no sistema nervoso autônomo.
2 Broncodilatador: Substância farmacologicamente ativa que promove a dilatação dos brônquios.
3 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
4 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
5 Mucociliar: O aparelho mucociliar tem como principal função a remoção de partículas ou substâncias potencialmente agressivas ao trato respiratório através do transporte pelos cílios, ou alternativamente, pela tosse e espirro, nos quadros de hiperprodução de muco, como rinite alérgica, rinossinusites, bronquite crônica, fibrose cística e asma.
6 Broncoespasmo: Contração do músculo liso bronquial, capaz de produzir estreitamento das vias aéreas, manifestado por sibilos no tórax e falta de ar. É uma contração vista com freqüência na asma.
7 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
8 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
9 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
10 Displasia broncopulmonar: Doença pulmonar crônica, de etiologia multifatorial e complexa. Acomete, em geral, os recém-nascidos prematuros submetidos à oxigenioterapia e à ventilação mecânica nos primeiros dias de vida.
11 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
12 Broncodilatação: Aumento do diâmetro dos brônquios e dos bronquíolos pulmonares devido ao relaxamento do músculo liso das vias aéreas.
13 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
14 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
15 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
16 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
17 Íon: Átomo ou grupo atômico eletricamente carregado.
18 Encefálica: Referente a encéfalo.
19 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
20 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
21 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
22 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.

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