CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ALDOMET
Farmacologia1 clínica
Este composto anti-hipertensivo único, metildopa, foi originado de um programa de pesquisa básica voltado à síntese de antagonistas de transformações bioquímicas de alguns aminoácidos aromáticos em aminas pressoras.
A metildopa é um inibidor da decarboxilase de aminoácidos aromáticos em animais e seres humanos. O efeito anti-hipertensivo da metildopa deve-se provavelmente ao metabolismo2 para alfametilnorepinefrina, que reduz a pressão arterial3 por estimulação dos receptores inibitórios alfadrenérgicos centrais, falsa neurotransmissão e/ou redução da atividade de renina plasmática. A metildopa demonstrou reduzir a concentração tecidual de serotonina, dopamina4, norepinefrina e epinefrina.
Somente a metildopa, o L-isômero da alfametildopa, tem a capacidade de inibir a dopadescarboxilase e de depletar os tecidos animais de norepinefrina. No homem, a atividade anti-hipertensiva parece ser devida somente ao L-isômero.
O efeito da metildopa no equilíbrio das aminas adrenérgicas é reversível. No laboratório é relativamente difícil, com qualquer posologia, evocar a paralisia5 do controle simpático6 (isto é, membrana nictitante) como pode ser feito pela simpatectomia, por meio de agentes bloqueadores ganglionares ou por depleção7 da ação de posologias excessivas de reserpina ou guanetidina. Embora o significado dessa observação possa ser questionado, a experiência clínica indica que ajustes posturais no paciente hipertenso não são tão gravemente comprometidos pela metildopa como por simpatectomia ou pela utilização de agentes bloqueadores ganglionares ou guanetidina.
A demonstração laboratorial da farmacologia1 e da segurança da metildopa é intrigante em razão da estreita semelhança estrutural com os aminoácidos precursores das aminas responsáveis pela mediação adrenérgica dos impulsos autonômicos de ocorrência natural. Por exemplo, a DL50 intravenosa aguda é de 1.900 mg/kg no rato, o que a torna menos tóxica do que a dopa. Por via oral, a toxicidade8 aguda é de 5.300 a mais de 15.000 mg/kg, dependendo do veículo.
Farmacocinética e Metabolismo2
A absorção da metildopa demonstra amplas variações individuais. Em dois estudos, sua biodisponibilidade situou-se na faixa de 8% a 62%.
A metildopa é extensamente metabolizada. Os metabólitos9 urinários conhecidos são: mono-O-sulfato de alfametildopa; 3-O-metil-alfametildopa; 3,4-diidroxifenilacetona; alfametildopamina; 3-O-metil-alfametildopamina e seus conjugados.
Aproximadamente 70% da forma oral do fármaco10 absorvida é excretada na urina11 como metildopa e seu conjugado mono-O-sulfato. A depuração renal12 é de cerca de 130 mL/min em indivíduos normais e é mais baixa na presença de insuficiência renal13. A meia-vida plasmática da metildopa é de 105 minutos. Após doses orais, a excreção é essencialmente finalizada em 36 horas.
A metildopa cruza a barreira placentária, aparece no sangue do cordão umbilical14 e no leite materno.
Farmacodinâmica
A metildopa reduz a pressão arterial3 tanto na posição deitada quanto na supina. Normalmente reduz a pressão arterial3 na posição deitada de modo muito eficaz e não é freqüente observar hipotensão15 postural sintomática16. Hipotensão15 com o exercício e variações diurnas da pressão arterial3 ocorrem raramente.
A redução máxima da pressão arterial3 ocorre quatro a seis horas após a administração oral ou intravenosa. Uma vez atingido um nível de dosagem efetivo, uma resposta uniforme da pressão arterial3 ocorre em 12 a 24 horas na maioria dos pacientes. Após a descontinuação do medicamento, a pressão arterial3 geralmente retorna aos níveis anteriores ao tratamento em 24 a 48 horas.
A metildopa não exerce efeito direto na função cardíaca e geralmente não reduz a taxa de filtração glomerular, o fluxo sangüíneo renal12 ou a fração de filtração. O débito cardíaco17 geralmente se mantém sem aceleração cardíaca. Em alguns pacientes ocorre redução da freqüência cardíaca.
A atividade de renina plasmática normal ou elevada pode diminuir durante o tratamento com a metildopa.