PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS MICROVLAR
“Atenção: este medicamento contém açúcar1, portanto, deve ser usado com cautela em portadores de diabetes2.”
Em caso de ocorrência de qualquer uma das condições ou fatores de risco mencionados a seguir, os benefícios da utilização de COCs devem ser avaliados frente aos possíveis riscos para cada paciente individualmente e discutidos com a mesma antes de optar pelo início de sua utilização. Em casos de agravamento, exacerbação ou aparecimento pela primeira vez de qualquer uma dessas condições ou fatores de risco, a usuária deve entrar em contato com seu médico. Nestes casos, a continuação do uso do produto deve ficar a critério médico.
Distúrbios circulatórios
Estudos epidemiológicos sugerem associação entre a utilização de COCs e um aumento do risco de distúrbios tromboembólicos e trombóticos3 arteriais e venosos, como infarto do miocárdio4, acidente vascular cerebral5, trombose venosa profunda6 e embolia7 pulmonar. A ocorrência destes eventos é rara.
Durante o emprego de quaisquer COCs, pode ocorrer tromboembolismo8 venoso (TEV), que se manifesta como trombose venosa profunda6 e/ou embolia7 pulmonar. O risco de ocorrência de tromboembolismo8 venoso é mais elevado durante o primeiro ano de uso em usuárias de primeira vez de COC. A incidência9 aproximada de TEV em usuárias de contraceptivos orais contendo estrogênio em baixa dose (< 0,05 mg de etinilestradiol) é de até 4 por 10.000 usuárias ao ano. Em não-usuárias de COCs, esta incidência9 é de 0,5 a 3 por 10.000 mulheres ao ano. A incidência9 de TEV associada à gestação é de 6 por 10.000 gestantes ao ano.
Em casos extremamente raros, tem sido observada a ocorrência de trombose10 em outros vasos sangüíneos11 como, por exemplo, em veias12 e artérias13 hepáticas14, mesentéricas15, renais, cerebrais ou retinianas, em usuárias de COCs.
Não há consenso sobre a associação da ocorrência destes eventos e o uso de COCs.
Sintomas16 de processos trombóticos3/tromboembólicos arteriais ou venosos, ou de acidente vascular cerebral5, podem incluir: dor e/ou inchaço17 unilateral em membro inferior; dor torácica aguda e intensa, com ou sem irradiação para o braço esquerdo; dispnéia18 aguda; tosse de início abrupto; cefaléia19 não-habitual, intensa e prolongada; perda repentina da visão20, parcial ou total; diplopia21; distorções na fala ou afasia22; vertigem23; colapso24, com ou sem convulsão25 focal; fraqueza, diminuição da sensibilidade ou da força motora afetando, de forma repentina, um lado ou uma parte do corpo; distúrbios motores; abdome agudo26.
O risco de processos trombóticos3/tromboembólicos arteriais ou venosos, ou de acidente vascular cerebral5,aumenta com os seguintes fatores: idade; tabagismo (com consumo elevado de cigarros e aumento da idade, o risco torna-se ainda maior, especialmente em mulheres com idade superior a 35 anos); história familiar positiva (isto é, tromboembolismo8 arterial ou venoso detectado em um(a) irmão(ã) ou em um dos progenitores em idade relativamente jovem) - se há suspeita de predisposição hereditária, a usuária deve ser encaminhada a um especialista antes de decidir pelo uso de qualquer COC; obesidade27 (índice de massa corpórea superior a 30 kg/m²);dislipoproteinemia; hipertensão28; enxaqueca29; valvopatia; fibrilação atrial; imobilização prolongada, cirurgia de grande porte, qualquer intervenção cirúrgica em membros inferiores ou trauma extenso. Nestes casos, é aconselhável descontinuar o uso do COC (em caso de cirurgia programada, é aconselhável descontinuar o uso do COC com, pelo menos, quatro semanas de antecedência) e não reiniciá-lo até, pelo menos, duas semanas após restabelecimento.
Não há consenso quanto à possível influência de veias12 varicosas e de tromboflebite30 superficial na gênese do tromboembolismo8 venoso.
Deve-se considerar o aumento do risco de tromboembolismo8 no puerpério31 (veja item “Gravidez e lactação”).
Outras condições clínicas que também têm sido associadas aos eventos adversos circulatórios são: diabetes2 melitus, lupus32 eritematoso33 sistêmico34, síndrome35 hemolítico-urêmica, patologia36 intestinal inflamatória crônica (doença de Crohn37 ou colite38 ulcerativa) e anemia falciforme39.
O aumento da freqüência ou da intensidade de enxaquecas40 durante o uso de COCs pode ser motivo para a suspensão imediata do mesmo, dada a possibilidade deste quadro representar o início de um evento vascular41 cerebral.
Os fatores bioquímicos que podem indicar predisposição hereditária ou adquirida para trombose10 arterial ou venosa incluem: resistência à proteína C ativada (PCA), hiper-homocisteinemia, deficiências de antitrombina III, de proteína C e de proteína S, anticorpos42 antifosfolipídios (anticorpos42 anticardiolipina, anticoagulante43 lúpico).
Na avaliação da relação risco-benefício, o médico deve considerar que o tratamento adequado de uma condição clínica pode reduzir o risco associado de trombose10 e que o risco associado à gestação é mais elevado do que aquele associado ao uso de COCs de baixa dose (< 0,05 mg de etinilestradiol).
Tumores
O fator de risco44 mais importante para o câncer45 cervical é a infecção46 persistente por HPV (papilomavírus humano).
Alguns estudos epidemiológicos indicaram que o uso de COCs por período prolongado pode contribuir para este risco aumentado, mas continua existindo controvérsia sobre a extensão em que esta ocorrência possa ser atribuída aos efeitos concorrentes, por exemplo, da realização de citologia cervical e do comportamento sexual, incluindo a utilização de contraceptivos de barreira.
Uma meta-análise de 54 estudos epidemiológicos demonstrou que existe pequeno aumento do risco relativo (RR = 1,24) para câncer45 de mama47 diagnosticado em mulheres que estejam usando COCs. Este aumento desaparece gradualmente nos 10 anos subseqüentes à suspensão do uso do COC. Uma vez que o câncer45 de mama47 é raro em mulheres com idade inferior a 40 anos, o aumento no número de diagnósticos de câncer45 de mama47 em usuárias atuais e recentes de COCs é pequeno, se comparado ao risco total de câncer45 de mama47. Estes estudos não fornecem evidências de causalidade. O padrão observado de aumento do risco pode ser devido ao diagnóstico48 precoce de câncer45 de mama47 em usuárias de COCs, aos efeitos biológicos dos COCs ou à combinação de ambos.
Os casos de câncer45 de mama47 diagnosticados em usuárias de primeira vez de COCs tendem a ser clinicamente menos avançados do que os diagnosticados em mulheres que nunca utilizaram COCs.
Foram observados, em casos raros, tumores hepáticos benignos e, mais raramente, malignos em usuárias de COCs. Em casos isolados, estes tumores provocaram hemorragias49 intra-abdominais com risco de vida para a usuária. A possibilidade de tumor50 hepático deve ser considerada no diagnóstico48 diferencial de usuárias de COCs que apresentarem dor intensa em abdome51 superior, aumento do tamanho do fígado52 ou sinais53 de hemorragia54 intra-abdominal.
Outras condições
Mulheres com hipertrigliceridemia, ou com história familiar da mesma, podem apresentar risco aumentado de desenvolver pancreatite55 durante o uso de COC. Embora tenham sido relatados discretos aumentos da pressão arterial56 em muitas usuárias de COCs, os casos de relevância clínica são raros. Entretanto, no caso de desenvolvimento e manutenção de hipertensão28 clinicamente significativa, é prudente que o médico descontinue o uso do produto e trate a hipertensão28. Se for considerado apropriado, o uso do COC pode ser reiniciado, caso os níveis pressóricos57 se normalizem com o uso de terapia anti-hipertensiva.
Foi descrita a ocorrência ou agravamento das seguintes condições, tanto durante a gestação quanto durante o uso de COC, no entanto, a evidência de uma associação com o uso de COC é inconclusiva: icterícia58 e/ou prurido59 relacionados à colestase60; formação de cálculos biliares; porfiria61; lupus32 eritematoso33 sistêmico34; síndrome35 hemolítico-urêmica; coréia de Sydenham62; herpes gestacional; perda da audição relacionada com a otosclerose63.
Em mulheres com angioedema64 hereditário, estrogênios exógenos podem induzir ou intensificar os sintomas16 de angioedema64. Os distúrbios agudos ou crônicos da função hepática65 podem requerer a descontinuação do uso de COC, até que os marcadores da função hepática65 retornem aos valores normais. A recorrência66 de icterícia58 colestática que tenha ocorrido pela primeira vez durante a gestação, ou durante o uso anterior de esteróides sexuais, requer a descontinuação do uso de COCs.
Embora os COCs possam exercer efeito sobre a resistência periférica67 à insulina68 e sobre a tolerância à glicose69, não há qualquer evidência da necessidade de alteração do regime terapêutico em usuárias de COCs de baixa dose (< 0,05 mg de etinilestradiol) que sejam diabéticas. Entretanto, deve-se manter cuidadosa vigilância enquanto estas usuárias estiverem utilizando COCs.
O uso de COCs tem sido associado à doença de Crohn37 e à colite38 ulcerativa.
Ocasionalmente, pode ocorrer cloasma70, sobretudo em usuárias com história de cloasma70 gravídico. Mulheres predispostas ao desenvolvimento de cloasma70 devem evitar exposição ao sol ou à radiação ultravioleta enquanto estiverem usando COCs.
Consultas/exames médicos
Antes de iniciar ou retomar o uso do COC, é necessário obter história clínica detalhada e realizar exame clínico completo, considerando os itens descritos em “Contra-indicações” e “Precauções e advertências”; estes acompanhamentos devem ser repetidos periodicamente durante o uso de COCs. A avaliação médica periódica é igualmente importante porque as contra-indicações (por exemplo, episódio isquêmico71 transitório, etc.) ou fatores de risco (por exemplo, história familiar de trombose10 arterial ou venosa) podem aparecer pela primeira vez durante a utilização do COC. A freqüência e a natureza destas avaliações devem ser baseadas nas condutas médicas estabelecidas e adaptadas a cada usuária, mas devem, em geral, incluir atenção especial à pressão arterial56, mamas72, abdome51 e órgãos pélvicos73, incluindo citologia cervical.
As usuárias devem ser informadas que os contraceptivos orais não protegem contra infecções74 causadas pelo HIV75 (AIDS) e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Redução da eficácia
A eficácia dos COCs pode ser reduzida nos casos de esquecimento de tomada de drágeas76, distúrbios gastrintestinais ou tratamento concomitante com outros medicamentos (veja itens “Posologia e modo de usar” e “Interações medicamentosas”).
Redução do controle do ciclo
Como ocorre com todos os COCs, podem surgir sangramentos irregulares (gotejamento ou sangramento de escape), especialmente durante os primeiros meses de uso. Portanto, a avaliação de qualquer sangramento irregular somente será significativa após um intervalo de adaptação de cerca de três ciclos.
Se os sangramentos irregulares persistirem ou ocorrerem após ciclos anteriormente regulares, devem ser consideradas causas não-hormonais e, nesses casos, são indicados procedimentos diagnósticos apropriados para exclusão de neoplasia77 ou gestação. Estas medidas podem incluir a realização de curetagem78.
É possível que em algumas usuárias não ocorra o sangramento por privação durante o intervalo de pausa. Se a usuária ingeriu as drágeas76 segundo as instruções descritas no item “Posologia e modo de usar”, é pouco provável que esteja grávida. Porém, se o COC não tiver sido ingerido corretamente no ciclo em que houve ausência de sangramento por privação, ou se não ocorrer sangramento por privação em dois ciclos consecutivos, deve-se excluir a possibilidade de gestação antes de continuar a utilização do COC.
Gravidez79 e lactação80
Microvlar® é contra-indicado durante a gravidez79. Caso a usuária engravide durante o uso de Microvlar®, deve-se descontinuar o seu uso. Entretanto, estudos epidemiológicos abrangentes não revelaram risco aumentado de malformações81 congênitas82 em crianças nascidas de mulheres que tenham utilizado COC antes da gestação.
Também não foram verificados efeitos teratogênicos83 decorrentes da ingestão acidental de COCs no início da gestação.
Os COCs podem afetar a lactação80, uma vez que podem reduzir a quantidade e alterar a composição do leite materno. Portanto, em geral, não é recomendável o uso de COCs até que a lactante84 tenha suspendido completamente a amamentação85 do seu filho. Pequenas quantidades dos esteróides contraceptivos e/ou de seus metabólitos86 podem ser excretadas com leite, embora não existam evidências de que haja prejuízo para a saúde87 da criança.
- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
As interações medicamentosas entre contraceptivos orais e outros fármacos podem produzir sangramento de escape e/ou diminuição da eficácia do contraceptivo oral. As seguintes interações encontram-se relatadas na literatura.
Metabolismo88 hepático: podem ocorrer interações com fármacos que induzem as enzimas microssomais, o que pode resultar em aumento da depuração dos hormônios sexuais (exemplo: com fenitoína, barbitúricos,
primidona, carbamazepina, rifampicina e também, possivelmente, com oxcarbazepina, topiramato, felbamato, griseofulvina e produtos contendo Erva de São João). Além disso, foi relatado que inibidores de protease (por exemplo: ritonavir) e inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (por exemplo: nevirapina), assim como combinações dos mesmos, utilizados para o tratamento de infecção46 por HIV75, interferem potencialmente no metabolismo88 hepático.
Interferência com a circulação89 êntero-hepática65: alguns relatos clínicos sugerem que a circulação89 ênterohepática de estrogênios pode diminuir quando certos antibióticos, como as penicilinas e tetraciclinas, são administrados concomitantemente, podendo reduzir as concentrações do etinilestradiol
Usuárias sob tratamento com qualquer uma das substâncias acima citadas devem utilizar temporária e adicionalmente um método contraceptivo de barreira ou escolher um outro método contraceptivo. Durante o período em que estiver fazendo uso de algum medicamento indutor das enzimas microssomais, o método de barreira deve ser usado concomitantemente, assim como nos 28 dias posteriores à sua descontinuação. As usuárias tratadas com antibióticos devem utilizar o método de barreira durante o tratamento com os mesmos e ainda por 7 dias após a descontinuação da antibioticoterapia, exceto com rifampicina e griseofulvina, que são indutores de enzimas microssomais, para os quais se deve manter o uso de método de barreira por 28 dias após a descontinuação dos mesmos. Se a necessidade de utilização do método de barreira estender-se além do final da cartela do COC, a usuária deverá iniciar a cartela seguinte imediatamente após o término da cartela em uso, sem proceder ao intervalo habitual de 7 dias.
Contraceptivos orais podem afetar o metabolismo88 de alguns outros fármacos. Conseqüentemente, as concentrações plasmática e tecidual podem aumentar (por exemplo, ciclosporina) ou diminuir (por exemplo, lamotrigina).
Deve-se avaliar também as informações contidas na bula do medicamento utilizado concomitantemente a fim de identificar interações em potencial.
- REAÇÕES ADVERSAS
Para informações mais detalhadas sobre reações adversas graves, consultar o item “Precauções e advertências”.
Foram observadas as seguintes reações adversas em usuárias de COCs, sem que a exata relação de causalidade tenha sido estabelecida*:
Classificação por sistema corpóreo | Frequente (> ou = 1/100) | Pouco freqüente (> ou = 1/1.000 e < 1/100) | Raro (< 1/1.000) |
Distúrbios nos olhos90 | Intolerância a lentes de contato | ||
Distúrbios gastrintestinais | Náuseas91, dor abdominal | Vômitos92, diarréia93 | |
Distúrbios no sistema imunológico94 | Hipersensibilidade | ||
Investigações | Aumento do peso corporal | Diminuição do peso corporal | |
Distúrbios metabólicos e nutricionais | Retenção de líquido | ||
Distúrbios no sistema nervoso95 | Cefaléia19 | Enxaqueca29 | |
Distúrbios psiquiátricos | Estados depressivos, alterações de humor | Diminuição da libido96 | Aumento da libido96 |
Distúrbios no sistema reprodutivo e nas mamas72 | Dor e sensibilidade dolorosa nas mamas72 | Hipertrofia97 mamária | Secreção vaginal, secreção das mamas72 |
Distúrbios cutâneos e nos tecidos subcutâneos | Erupção98 cutânea99, urticária100 | Eritema101 nodoso, eritema multiforme102 |
*Foi utilizado o termo MedDRA (versão 7.0) mais apropriado para descrever uma determinada reação. Sinônimos ou condições relacionadas não foram listados mas também devem ser considerados.
Em mulheres com angioedema64 hereditário, estrogênios exógenos podem induzir ou intensificar os sintomas16 de angioedema64.