INFORMAÇÕES TÉCNICAS FLUXENE
O cloridrato de fluoxetina é um antidepressivo para administração oral. Quimicamente é o cloridrato N Metil 3 fenil-3-[alfa,alfa,alfa, trifluoro-p-tolil) - oxi], propilamina, cuja fórmula é:
Farmacologia1 Clínica. Farmacodinâmica - A ação antidepressiva do Cloridrato de Fluoxetina parece estar ligada à inibição da captação de serotonina nos neurônios2 do sistema nervoso central3. Os estudos com doses clinicamente relevantes no homem demonstraram que o Cloridrato de Fluoxetina bloqueia a captação da serotonina nas plaquetas4. Estudos em animais sugerem também que o Cloridrato de Fluoxetina é um inibidor mais potente na captação da serotonina do que da noradrenalina5. O antagonismo dos receptores muscarínicos, histaminérgicos e alfa 1-adrenérgicos6 está hipoteticamente relacionado com os efeitos anticolinérgicos, sedativos e cardiovasculares dos antidepressivos tricíclicos clássicos. O Cloridrato de Fluoxetina liga-se "in vitro" a estes e outros receptores da membrana do tecido7 cerebral, com intensidade muito menor do que os antidepressivos tricíclicos. Absorção, Distribuição, Metabolismo8 e Excreção, Biodisponibilidade Sistêmica. No homem após uma dose única de 40mg, foram observadas após 6 a 8 horas concentrações plasmáticas máximas de 15-55 ng/ml do Cloridrato de Fluoxetina. O alimento parece não afetar a biodisponibilidade sistêmica do Cloridrato de Fluoxetina, mas pode retardar sua absorção. Assim, o Cloridrato de Fluoxetina pode ser administrado com ou sem alimento. Ligação Protéica - Acima de concentrações variando de 200 a 1000 ng/ml aproximadamente 94,5% do Cloridrato de Fluoxetina está ligada "in vitro" às proteínas9 séricas humanas, incluindo albumina10 e alfa 1-glicoxoproteina. A interação entre o Cloridrato de Fluoxetina e outras drogas altamente ligadas às proteínas9 não foi totalmente avaliada, mas pode ser importante (ver Interações Medicamentosas). Metabolismo8 - O Cloridrato de Fluoxetina é metabolizado no fígado11 em norfluoxetina e em outros metabólitos12. O único metabólito13 ativo identificado, a norfluoxetina, é formado por desmetilação do Cloridrato de Fluoxetina. Modelos em animais mostram que a potência e seletividade da norfluoxetina, como inibidor da captação de serotonina, são equivalentes a do Cloridrato de Fluoxetina. A principal via de eliminação parece ser o metabolismo8 hepático para inativar os metabólitos12 que serão excretados pelos rins14. Dados Clínicos Relacionados ao Metabolismo8/Eliminação - A complexidade do metabolismo8 do Cloridrato de Fluoxetina tem várias conseqüências que podem afetar potencialmente o seu uso clínico. Acúmulo e Eliminação Lenta - A eliminação relativamente lenta do Cloridrato de Fluoxetina (meia-vida de 2-3 dias) e do seu metabólito13 ativo norfluoxetina (meia-vida de 7-9 dias) causa acúmulo significante destes princípios ativos durante o uso prolongado. Após 30 dias de administração de 40 mg/dia, as concentrações plasmáticas do Cloridrato de Fluoxetina variaram de 91 a 302 ng/ml e de norfluoxetina de 72 a 258 ng/ml. As concentrações plasmáticas do Cloridrato de Fluoxetina foram mais altas do que as encontradas nos estudos de dose única, presumivelmente porque o metabolismo8 do Cloridrato de Fluoxetina não é proporcional à dose. Contudo, a norfluoxetina parece ter uma farmacocinética linear. A meia vida média fina, após dose única, foi de 8,6 dias e após dose múltipla foi 9,3 dias. Assim, mesmo que doses fixas sejam administradas aos pacientes, as concentrações plasmáticas estáveis só serão atingidas após doses contínuas durante semanas. Contudo, o aumento das concentrações plasmáticas parece ser limitado. Especificamente, pacientes recebendo o Cloridrato de Fluoxetina nas doses de 40 a 80 mg/dia, por períodos de até três anos, exibiram em média concentrações plasmáticas similares as encontradas entre pacientes tratados por quatro ou cinco semanas. As meias vidas de eliminação prolongadas do Cloridrato de Fluoxetina e norfluoxetina asseguram que mesmo quando o tratamento é interrompido, o princípio ativo persistirá no organismo por semanas, isto pode ter uma conseqüência potencial, quando houver necessidade de interrupção do tratamento ou quando forem prescritas drogas que possam interagir com o Cloridrato de Fluoxetina e norfluoxetina. Doença Hepática15 - Sendo o fígado11 o principal local de metabolismo8, a insuficiência hepática16 pode afetar a eliminação do Cloridrato de fluoxetina. A meia-vida de eliminação do Cloridrato de Fluoxetina foi prolongada em um estudo de pacientes cirróticos, com uma média de 7,6 dias comparada a 2 e 3 dias em indivíduos sem doença hepática15; a eliminação da norfluoxetina foi também retardada com uma duração média de 12 dias para pacientes17 cirróticos, comparada a 7 a 9 dias em indivíduos normais, isto sugere que o uso do Cloridrato de Fluoxetina em pacientes com doenças deve ser conduzido com cuidado. Se o Cloridrato de Fluoxetina for administrado em pacientes com doenças hepáticas18, deverá ser usada uma dose menor ou com menor freqüência (ver Precauções e Posologia). Doença Renal19 - Em estudos com dose única, a farmacocinética do Cloridrato de Fluoxetina e norfluoxetina foi semelhante entre indivíduos com todos os níveis de insuficiência renal20, incluindo pacientes anéfricos em hemodiálise21 crônica. Contudo, com a administração prolongada, pode ocorrer acúmulo adicional do Cloridrato de Fluoxetina ou de seus metabólitos12 (possivelmente incluindo alguns ainda não identificados) em pacientes com insuficiência renal20 grave; neste casos, o uso de uma dose menor ou com menor frequência é aconselhável (ver precauções). Idade - Os efeitos da idade sobre o metabolismo8 do Cloridrato de Fluoxetina não foram totalmente explorados. A disponibilidade de doses únicas do Cloridrato de Fluoxetina em indivíduos idosos saudáveis (acima de 65 anos) não diferiu significativamente daquela dos indivíduos jovens. Entretanto devido a meia vida e a disponibilidade não linear na droga, um estudo de dose única não é adequado para afastar a possibilidade da farmacocinética estar alterada nos idosos, particularmente se eles apresentam doença sistêmica ou estão recebendo outros medicamentos para doenças concomitantes.