POSOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO LIORESAL INTRATECAL

Atualizado em 28/05/2016
Lioresal Intratecal deve ser injetado em bolus1 para dose de teste (por catéter intratecal ou punção lombar), e, para uso em longo prazo, em bombas implantadas apropriadas para administração de solução de baclofeno no espaço intratecal. Para se estabelecer um esquema adequado de dosagem é necessário que cada paciente siga uma fase inicial de screening com administração intratecal em bolus1, seguido por um período de titulação individual da dose realizado cuidadosa e individualmente, precedendo o período de manutenção. Este procedimento se deve ao fato de haver grande variabilidade individual na dose terapêutica2 efetiva. Evidências demonstrando a eficácia do Lioresal Intratecal foram obtidas através de investigações controladas e randomizadas realizadas pela Medtronic, Inc., usando o sistema de infusão SyncromeMed. Experiências adicionais foram obtidas com o Infusaid Infusion Sistem. Estes aparelhos são sistemas implantáveis de liberação de droga com reservatórios que podem ser reabastecidos e são implantados no subcutâneo3 da parede abdominal4. O aparelho é conectado a um cateter intratecal que passa através do tecido subcutâneo5 para o espaço subaracnoídeo. Outros sistemas de infusão, que se comprovaram adequados, podem ser utilizados para infusão de Lioresal Intratecal. Administração intratecal de Lioresal através da implantação do sistema de liberação, deve ser realizada por médicos com o conhecimento e a experiência necessários. Instruções específicas para a programação e/ou reabastecimento da bomba são fornecidas pelos fabricantes, e devem ser rigorosamente cumpridas. Fase de screening: previamente ao início do tratamento em longo prazo com o baclofeno intratecal os pacientes devem demonstrar resposta ao teste de aplicação de baclofeno intratecal em bolus1. A dose teste inicial usual para Lioresal é de 25 mg ou 50 mg, seguindo-se aumentos graduais de 25 mg em intervalos de no mínimo 24 horas, até que se observe resposta em um período de 04 a 08 horas. Esta dose deve ser aplicada com duração mínima de 1 minuto (barbotage). Para este procedimento Lioresal Intratecal está disponível na dosagem de 0,05 mg/ml. A administração da dose teste inicial deve ser feita com equipamento para ressuscitação disponível. Pacientes que apresentarem queda significativa no tônus muscular6 e/ou na frequência e/ou na severidade dos espasmos7, serão considerados responsíveis ao tratamento. Existe uma grande variabilidade na sensibilidade ao Lioresal Intratecal, sinais8 importantes de superdosagem como coma9 foram observados em um paciente adulto após uma dose única para teste de 25 mg. Aos pacientes que não respondem a uma dose teste de até 100 mg, não se deve proceder novos aumentos de dosagem, bem como não devem ser considerados para infusão contínua. Fase de titulação: após a confirmação de que o paciente responde ao Lioresal Intratecal através da administração da dose teste em bolus1 na fase de screening, a infusão intratecal contínua é estabelecida usando-se um sistema de liberação adequado. Para determinar a dose diária total inicial do Lioresal Intratecal após implante10, a dose administrada na fase de screening que apresentou efeito positivo deve ser dobrada e administrada por um período de 24 horas, a menos que a eficácia da dose teste administrada em bolus1 se mantenha por um período maior que 12 horas. Neste caso a dose diária inicial deve ser aquela determinada na fase de screening, e que será infundida em 24 horas. Não se deve proceder aumentos de dosagem nas primeiras 24 horas. Após 24 horas, a dosagem deve ser ajustada lentamente, diariamente, até se alcançar o efeito desejado, os incrementos na dosagem devem ser limitados de 10 a 30 % para minimizar o risco de uma superdosagem. Com bombas programáveis a dose só pode ser ajustada uma vez a cada 24 horas, para bombas não programáveis com cateter de 76 cm liberando 1 ml/dia, intervalos de 48 horas são sugeridos para avaliação da resposta. Se a dose total diária foi significativamente aumentada e nenhuma mudança na resposta foi encontrada, cheque o funcionamento da bomba e do cateter. Existem experiências limitadas com doses superiores a 1000 mg/dia. Os pacientes devem ser monitorizados cuidadosamente durante toda fase de screening e de titulação logo após o implante10 da bomba, em ambiente adequadamente equipado e assistidos por profissionais habilitados. Equipamento para ressuscitação deve estar disponível para uso imediato no caso de risco de vida ou de efeito adverso intolerável. O implante10 da bomba deve ser realizado somente em centros equipados e habilitados para minimizar o risco no período periimplantação cirúrgica da bomba. Terapia de manutenção: o objetivo clínico é manter o tônus muscular6 o mais próximo possível do normal, e minimizar a frequência e severidade dos espasmos7 sem a indução de efeitos secundários intoleráveis, deve ser usada a menor dose com a qual se obtenha resposta. Durante a terapia em longo prazo a maioria dos pacientes necessitam de aumentos na dose para uma resposta adequada, isto ocorre em função de uma diminuição de resposta à droga ou progresso da doença. A dose diária pode ser gradualmente aumentada em 10 a 30 % para manter um controle adequado dos sintomas11, este ajuste da dose pode ser por ajuste na taxa de liberação da bomba e/ou por ajustes na concentração de Lioresal Intratecal no reservatório. A dose diária também pode ser reduzida em 10 a 20 % se os pacientes apresentarem efeitos colaterais12. Uma súbita necessidade de aumento substancial na dosagem sugere complicações com o cateter ou mau funcionamento da bomba. A dose de manutenção para infusão intratecal contínua de baclofeno em longo termo está entre 10 mg/dia e 1200 mg/dia, a maioria dos pacientes tem sido adequadamente mantidos com 300 mg/dia a 800 mg/dia. Durante tratamentos a longo termo 10 % dos pacientes se tornam refratários13 aos aumentos de dose. Não existem experiências suficientes para recomendações de monitorização de tolerância; no entanto, pode-se usar uma outra droga para substituir o baclofeno (período de descanso) por 10 a 14 dias na infusão intratecal, como o sulfato de morfina (sem conservantes), que tem se mostrado uma opção eficaz na monitorização de tolerância. Após poucos dias a sensibilidade ao baclofeno pode ser restaurada; o tratamento deve ser retomado a partir da dose inicial de infusão contínua, seguindo-se um período de titulação para se prevenir acidentes de superdosagem. Este procedimento deve ser realizado em centro especializado. Reavaliações clínicas regulares devem ser realizadas para avaliação da dosagem, funcionamento do sistema de liberação, monitorização de possíveis reações adversas e detecção de infecções14. Lioresal ampolas de 10 mg/5 ml e 10 mg/20 ml foram desenvolvidos especificamente para uso em bombas de infusão. A concentração específica que será usada depende do total da dose diária necessária bem como também da taxa de liberação da bomba. É necessário consultar o manual do fabricante para recomendações específicas. Regime de liberação: Lioresal Intratecal é administrado com maior frequência em infusão contínua estabelecida imediatamente após o implante10 da bomba. Após o paciente estar estabilizado com relação à dose diária e ao estado funcional, um modo mais complexo de liberação pode ser iniciado para otimização do controle das espasticidades15 em diferentes horas do dia, desde que o sistema de bomba utilizado permita. Por exemplo, pacientes que têm aumento nos espasmos7 à noite, podem necessitar de um incremento de 20% na taxa de liberação neste horário. Mudanças na taxa de liberação devem ser programadas para se iniciarem duas horas antes do horário no qual se deseja o efeito clínico. Instruções para diluição: para pacientes16 que necessitam de dosagens que não sejam 50 mg/ml, 500 mg/ml ou 2000 mg/ml, Lioresal Intratecal deve ser diluído, em condições assépticas, com solução de cloreto de potássio (sem conservantes) para injeção17. Sistemas para liberação de droga: vários sistemas de liberação de droga, diferentes, têm sido usados para administração de Lioresal Intratecal. Incompatibilidades: como regra Lioresal ampolas para administração intratecal não deve ser misturado com outras soluções para injeção17 ou infusão. Dextrose18 provou ser incompatível devido a uma reação química com baclofeno. - Superdosagem: especial atenção deve ser dada para se reconhecer os sinais8 e sintomas11 de superdosagem durante todo o tratamento, principalmente durante a fase inicial de screening e na titulação da dose como também durante a introdução de Lioresal Intratecal após um período de interrupção da terapia. Sinais8 e sintomas11 de superdosagem podem aparecer repentina ou insidiosamente. Sintomas11 de superdosagem: hipotonia19 muscular excessiva, sonolência, vertigem20, sensação de cabeça21 leve, crises convulsivas, perda da consciência, salivação excessiva, náusea22 e vômitos23. Depressão respiratória, apnéia24 e coma9 são resultados de superdosagens sérias. Superdosagens sérias podem ocorrer, por exemplo, por liberação negligente do cateter durante processos de desobstrução ou posicionamento do cateter. Erros na programação, incrementos excessivamente rápidos na dosagem e tratamento concomitante com baclofeno oral são outras possibilidades que podem levar à superdosagem. Um possível mau funcionamento da bomba deve ser também investigado. Tratamento: não existe antídoto25 específico para tratamento de superdosagem por baclofeno intratecal, mas geralmente segue-se a seguinte conduta: remover a solução de baclofeno residual da bomba assim que possível. Intubar pacientes com depressão respiratória, se necessário, até que a droga seja eliminada. Relatos sugerem que fisostigmina endovenosa pode reverter os efeitos centrais, principalmente sonolência e depressão respiratória. No entanto a administração de fisostigmina endovenosa deve ser cautelosa, pois seu uso tem sido associado com a indução de crises convulsivas, bradicardia26 e distúrbios de condução cardíaca. Pode-se tentar uma dose total de 1 - 2 mg de fisostigmina por via endovenosa administrada em 5 - 10 minutos. O paciente deve ser monitorizado cuidadosamente neste período. Pode-se repetir a administração em intervalos de 30 - 60 minutos com a intenção de se manter respiração adequada e como medida de segurança, se o paciente tiver uma resposta positiva. Fisotigmina não é eficaz para reversão de quadros de superdosagem grave, é necessário que o paciente seja mantido com suporte respiratório. Se a punção lombar não estiver contra-indicada, deve-se considerar a retirada de 30 a 40 ml do líquido cefalorraquidiano27, em um primeiro estágio da intoxicação, para reduzir a concentração de baclofeno no líquido cefalorraquidiano27. Suporte para função cardiovascular. Na ocorrência de convulsões, administrar diazepam cuidadosamente por via endovenosa.
Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Bolus: Uma quantidade extra de insulina usada para reduzir um aumento inesperado da glicemia, freqüentemente relacionada a uma refeição rápida.
2 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
3 Subcutâneo: Feito ou situado sob a pele. Hipodérmico.
4 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
5 Tecido Subcutâneo: Tecido conectivo frouxo (localizado sob a DERME), que liga a PELE fracamente aos tecidos subjacentes. Pode conter uma camada (pad) de ADIPÓCITOS, que varia em número e tamanho, conforme a área do corpo e o estado nutricional, respectivamente.
6 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
7 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
8 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
9 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
10 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
13 Refratários: 1. Que resiste à ação física ou química. 2. Que resiste às leis ou a princípios de autoridade. 3. No sentido figurado, que não se ressente de ataques ou ações exteriores; insensível, indiferente, resistente. 4. Imune a certas doenças.
14 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
15 Espasticidades: Contração muscular involuntária e permanente que causa dores e posturas anormais.
16 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
17 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
18 Dextrose: Também chamada de glicose. Açúcar encontrado no sangue que serve como principal fonte de energia do organismo.
19 Hipotonia: 1. Em biologia, é a condição da solução que apresenta menor concentração de solutos do que outra. 2. Em fisiologia, é a redução ou perda do tono muscular ou a redução da tensão em qualquer parte do corpo (por exemplo, no globo ocular, nas artérias, etc.)
20 Vertigem: Alucinação de movimento. Pode ser devido à doença do sistema de equilíbrio, reação a drogas, etc.
21 Cabeça:
22 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
23 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
24 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
25 Antídoto: Substância ou mistura que neutraliza os efeitos de um veneno. Esta ação pode reagir diretamente com o veneno ou amenizar/reverter a ação biológica causada por ele.
26 Bradicardia: Diminuição da freqüência cardíaca a menos de 60 batimentos por minuto. Pode estar associada a distúrbios da condução cardíaca, ao efeito de alguns medicamentos ou a causas fisiológicas (bradicardia do desportista).
27 Líquido cefalorraquidiano: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.

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