CARACTERÍSTICAS CORONAR
Farmacodinâmica: O mononitrato de isossorbida (Coronar®) é o mais ativo metabólito1 do dinitrato de isossorbida, e sua principal ação farmacológica é o relaxamento da musculatura lisa vascular2, com conseqüente dilatação das artérias3 e veias4 periféricas. A dilatação das veias4 promove a diminuição do retorno venoso5 ao coração6 e desse modo a redução da pressão diastólica7 final do ventrículo esquerdo e da pressão capilar8 pulmonar (pré-carga). O relaxamento arterial diminui a resistência vascular2 sistêmica, a pressão arterial sistólica9 e, principalmente, a pressão arterial10 (pós-carga). Também ocorre a dilatação das artérias3 coronarianas.
O regime de doses para a maioria das drogas utilizadas cronicamente tem por finalidade promover concentrações plasmáticas continuamente maiores que as minimamente efetivas. Esta estratégia não é adequada para os nitratos orgânicos. Vários ensaios clínicos11 bem controlados foram realizados para avaliar a eficácia antianginosa dos nitratos de liberação contínua. Na maioria destes ensaios os agentes ativos foram indistingüíveis do placebo12 após 24 horas ou menos de terapia contínua. Todas as tentativas para superar a tolerância através de escalonamento da dose e doses muito distantes daquelas utilizadas agudamente falharam. Somente após estarem ausentes do organismo por várias horas, é que os nitratos tiveram sua eficácia antianginosa restabelecida (Coronar® de ação prolongada, após uso contínuo por mais de 42 dias, em dose única de 120 mg/dia, continuou a aumentar a performance de 4 a 12 horas após a ingestão, mas seus efeitos são menores ou iguais aos efeitos da primeira dose de 60 mg).
O intervalo livre da droga suficiente para evitar a tolerância ao mononitrato de isossorbida não está totalmente definido. Com o regime de duas doses diárias, que mostrou evitar o desenvolvimento da tolerância, as duas doses de mononitrato de isossorbida foram administradas com intervalo de 7 horas entre si, o que significa que entre a segunda dose do dia e a primeira do dia seguinte há um "gap" de 17 horas. Tendo-se em conta a relativamente longa meia-vida do mononitrato de isossorbida, este resultado é consistente com aquele obtido para outros nitratos orgânicos.
O mesmo regime de duas doses ao dia de mononitrato de isossorbida evitou significantes efeitos rebotes ou mesmo interrupção do tratamento. A incidência13 e magnitude destes fenômenos apareceram em estudos de outros nitratos por serem altamente dependentes do horários da administração dos nitratos.
Farmacocinética: Após administração oral de mononitrato de isossorbida, sua ação se inicia em cerca de 20 minutos, atingindo a máxima concentração plasmática em 60 minutos, com uma biodisponibilidade de aproximadamente 100%. Pela via endovenosa a ação é praticamente imediata. Depois de uma administração EV, o mononitrato de isossorbida é distribuído no líquido corpóreo total em cerca de 9 minutos, com um volume de distribuição de aproximadamente 0,6 l/kg, estando entre 4 e 5% ligados às proteínas14 plasmáticas e situados nas células15 sangüíneas e saliva.
O mononitrato de isossorbida é primariamente metabolizado pelo fígado16, por desnitrificação e glicuronidação, mas não está sujeito ao metabolismo17 de primeira passagem. Os metabólitos18 são inativos. Somente 1 a 2% da dose administrada é eliminada de forma inalterada na urina19. Cerca de 96% da dose administrada é excretada dentro de 5 dias na urina19 e 1% excretado nas fezes. A meia-vida plasmática de eliminação é de aproximadamente 5 horas, mas seus efeitos persistem por 8-12 horas. O valor do "clearance" é o mesmo em pacientes adultos saudáveis, em pacientes com vários graus de disfunção renal20, hepática21 ou cardíaca, e em idosos. Como a meia-vida de eliminação não é prolongada, não há acumulação da droga em pacientes com deficiência renal20 crônica, após múltiplas doses orais. Em um estudo de dose única, a farmacocinética do mononitrato de isossorbida foi considerada dose-proporcional entre 30 mg e 240 mg.
- INDICAÇÕES:
Coronar® está indicado na prevenção e tratamento da angina22 pectoris (anginas de esforço, de repouso e pós-infarto23) e, também, como adjuvante nas insuficiências cardíacas aguda e crônica, em associação com glicosídios cardioativos, diuréticos24 e inibidores da enzima25 conversora.