CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS TAMSULON
Farmacologia1
Há vários subtipos de receptores alfa-1 adrenérgicos2 e estudos têm demonstrado que é o receptor alfa-1A-adrenérgico3 o que predomina tanto numericamente (aproximadamente 70% de todos os receptores alfa-1-adrenérgicos2) quanto funcionalmente na próstata4 humana.
Os bloqueadores alfa-1 que antagonizam todos os subtipos do receptor alfa-1-adrenérgico3 reduzem tanto a resistência uretral5 como a pressão arterial6.
Contrariamente aos bloqueadores alfa-1 comercializados atualmente, estudos demonstraram que a tansulosina é específica para o receptor adrenérgico3 alfa-1A, sendo 12 vezes mais seletiva para os receptores alfa-1-adrenérgicos2 presentes na próstata4 que para os encontrados na aorta7.
A tansulosina atua seletivamente sobre os receptores alfa-1 pós-sinápticos, especialmente no subtipo alfa-1A, provocando a contração do músculo liso8 da próstata4, reduzindo a tensão e causando melhora do fluxo urinário.
A tansulosina aumenta a taxa de fluxo urinário máximo ao reduzir a tensão do músculo liso8 da próstata4 e da uretra9, aliviando, deste modo, a obstrução.
Atua também na melhora dos sintomas10 irritativos e obstrutivos decorrentes da instabilidade da bexiga11 e da tensão nos músculos12 lisos do trato urinário13 inferior.
Os alfa-bloqueadores podem reduzir a pressão arterial6 através da redução da resistência periférica14. Durante os estudos com tansulosina em normotensos, não foi observada redução clinicamente significativa na pressão sangüínea15.
A tansulosina, primeiro antagonista16 específico do subtipo alfa-1A, demonstrou eficácia, proporcionando rápida melhora nos sintomas10 de HPB. Observou-se que a tansulosina melhora significativamente os sintomas10 de HPB e os scores de qualidade de vida após uma semana de tratamento. Além disso, os efeitos da tansulosina sobre a taxa de fluxo urinário máximo (Qmax) foram perceptíveis no primeiro dia de tratamento quando uma dose de 0,4 mg cloridrato de tansulosina foi administrada. Aproximadamente 70% dos pacientes alcançaram melhora clínica significativa dos sintomas10, que se manteve durante 12 meses de tratamento.
Uma dose diária de 0,4 mg de cloridrato de tansulosina não exerce efeito significativo sobre a pressão arterial6 na posição supina ou ortostática e sobre a freqüência cardíaca em comparação ao efeito do placebo17.
Estudos demonstraram que a tansulosina pode ser administrada concomitantemente, sem ser necessário ajuste de dose, com vários fármacos normalmente administrados a pacientes idosos, como o atenolol, enalapril e nifedipina.
Farmacocinética
Cada cápsula contém 0,4 mg de cloridrato de tansulosina, em formulação de liberação controlada, que proporciona uma liberação gradual e constante de tansulosina.
O cloridrato de tansulosina é absorvido de forma gradual e quase total desde o intestino após uma dose oral de 0,4 mg. Sua biodisponibilidade é quase de 100% (com base no quociente da área sob a curva de absorção plasmática (AUC18) de uma dose única oral de 0,4 mg e uma dose endovenosa de 0,125 mg administrada por infusão ao longo de 4 horas), o que indica que o metabolismo19 de primeira passagem é depreciável.
As concentrações plasmáticas no estado de equilíbrio são alcançadas no quinto dia após regime de dose múltipla com 0,4 mg de cloridrato de tansulosina uma vez ao dia.
A amplitude e taxa de absorção é reduzida quando a droga é ingerida logo após uma refeição (a AUC18 é reduzida em cerca de 30% e o tempo até obtenção da concentração plasmática máxima (Tmax) se prolonga em até 1 hora). O próprio paciente pode melhorar a uniformidade da absorção ao ingerir habitualmente tansulosina após o desjejum leve.
Nestas condições, Tmax é de aproximadamente 6 horas.
Tmax é mais prolongado para a tansulosina (formulação em liberação controlada) que para os demais bloqueadores alfa-1, o que, conjuntamente com sua seletividade alfa-1A, pode ser benéfico para o perfil de segurança da tansulosina.
Em 13 pacientes idosos (com idade superior a 65 anos) com HPB que receberam 0,4 mg de cloridrato de tansulosina uma vez ao dia durante 8 dias, a média de concentração plasmática máxima no estado de equilíbrio (Cmax) em condições de jejum foi de 17 ng/mL. A Cmax variou entre 6 e 48 ng/mL.
A tansulosina liga-se altamente às proteínas20 plasmáticas (aproximadamente 99%).
Fixa-se principalmente à glicoproteína ácida alfa-1, um componente da globulina21 do plasma22, cuja concentração aumenta com a idade. O volume de distribuição de tansulosina é reduzido (aproximadamente 0,2 litro/kg).
A tansulosina apresenta efeito de primeira passagem e é metabolizada lentamente pelo fígado23.
A maior parte da tansulosina está presente no plasma22 sob a forma de fármaco24 inalterado, sendo excretada, assim como seus metabólitos25, principalmente através da urina26 (cerca de 76%). 9% da dose é excretada sob a forma inalterada. A meia-vida de eliminação em pacientes idosos com HPB no estado de equilíbrio é de aproximadamente 22 horas, o que permite, na forma de liberação controlada, o esquema posológico de uma dose única diária.