INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE CLORIDRATO DE ROPIVACAÍNA
- CARACTERÍSTICAS:
Cloridrato de ropivacaína para injeção1/infusão, estéril, isotônica2, isobárica e aquosa. O pH da solução é ajustado para 4,0 – 6,0 com hidróxido de sódio ou ácido clorídrico3. A solução não contém conservantes, portanto destina-se a administração única.
Propriedades Farmacodinâmicas
A ropivacaína é um anestésico local do tipo amida de longa duração com efeitos anestésico e analgésico4. A administração de altas doses produz anestesia5 cirúrgica, enquanto que em baixas doses, produz bloqueio sensitivo (analgesia) com bloqueio motor limitado e não progressivo.
O início e a duração do efeito anetésico local de cloridrato de ropivacaína dependem da dose e do local de administração enquanto que a presença de um vasoconstrictor (ex.: epinefrina) tem pouca ou nenhuma influência.
A ropivacaína, como outros anestésicos locais, causa bloqueio reversível da propagação do impulso pelas fibras nervosas, impedindo a entrada dos íons6 sódio através da membrana celular7. Os anestésicos locais podem apresentar efeitos similares em outras membranas excitáveis, como por exemplo no cérebro8 e no miocárdio9. Se quantidades excessivas da droga alcançarem a circulação10 sistêmica, sintomas11 e sinais12 de toxicidade13 podem aparecer, provenientes dos sistemas nervoso central e cardiovascular.
Os efeitos sobre o coração14, medidos in vitro em estudos em animais, mostram que a toxicidade13 cardíaca da ropivacaína é menor que a da bupivacaina.
Ovelhas prenhes não apresentaram sensibilidade maior aos efeitos sistêmicos15 tóxicos da ropivacaína do que as ovelhas não prenhes.
Voluntários sadios expostos a infusões intravenosas de doses tóxicas para o SNC16 mostraram significantemente menos efeitos cardíacos após a ropivacaína do que após a bupivacaína. Efeitos cardiovasculares indiretos (hipotensão17, bradicardia18) podem ocorrer após a administração peridural19, dependendo da extensão do bloqueio simpático20 concomitante.
Propriedades farmacocinéticas
A ropivacaína tem um centro quiral e é o S-(-)- enantiômero puro. A ropivacaína possui pKa de 8,1 e razão de distribuição de 141 (25ºC n-octanol/tampão fosfato pH 7,4). Os metabólitos21 têm atividade farmacológica menor que a ropivacaína. A concentração plasmática depende da dose, via de administração e vascularização no local da injeção1. A ropivacaína apresenta farmacocinética linear e a concentração plasmática máxima é proporcional à dose.
A ropivacaína apresenta, após a administração peridural19, absorção completa e bifásica, sendo as meias-vidas de 14 min e 4 horas. A absorção lenta é um fator limitante na eliminação da ropivacaína, o que explica a maior meia-vida de eliminação da ropivacaína aparente após a administração peridural19, que por via intravenosa. A ropivacaína apresenta depuração plasmática total média de 440 mL/min, depuração de fração livre de 8 L/min, depuração renal22 de 1 mL/min, volume de distribuição no estado de equilíbrio de 47 litros e meia-vida de eliminação terminal de 1,8 h após a administração I.V. A ropivacaína tem uma razão de extração hepática23 intermediária de aproximadamente 0,4. Está principalmente ligada a α1 - glicoproteína ácida no plasma24, sendo de aproximadamente 6% a fração não ligada. Aumento das concentrações plasmáticas totais foi observado durante infusão peridural19 contínua e interescalência, relacionado ao aumento pós-operatório da α1 – glicoproteína ácida. Variações na concentração da fração não-ligada, isto é, farmacologicamente ativa, foram muito menores do que na concentração plasmática total.
A ropivacaína é extensivamente metabolizada no fígado25 em 3-hidroxi-ropivacaína, principalmente por hidroxilação aromática mediada pelo citocromo P4501A2 e em PPX por N-desalquilação mediada pela CYP3A4. Após a administração intravenosa única, 37% da dose total é excretado na urina26 como 3-hidroxi-ropivacaína livre e conjugada, o metabólito27 principal. Concentrações baixas de 3-hidroxi-ropivacaína foram encontradas no plasma24. A excreção urinária de PPX e outros metabólitos21 representa menos de 3% da dose. Durante a infusão peridural19, tanto o PPX como a 3- hidroxi-ropivacaína são os principais metabólitos21 excretados na urina26. A concentração total de PPX no plasma24 foi cerca de metade da concentração de ropivacaína total; entretanto, as concentrações médias de PPX foram cerca de 7 a 9 vezes maiores que a da ropivacaína livre após infusão peridural19 contínua por até 72 horas.
O limiar para concentrações plasmáticas de PPX livre tóxicas para o SNC16 em ratos é cerca de 12 vezes maior que aquele para a ropivacaína. A ropivacaína atravessa a placenta imediatamente e o equilíbrio em relação à concentração livre será rapidamente alcançado. A taxa de ligação às proteínas28 plasmáticas no feto29 é menor do que na mãe, o que resulta em menores concentrações plasmáticas no feto29.
Não há evidências de racemização in vivo da ropivacaína.
Dados de segurança pré-clínicos: Baseado em estudos convencionais de farmacologia30 de segurança, toxicidade13 de doses únicas e repetidas, toxicidade13 reprodutiva, potencial mutagênico e toxicidade13 local, nenhum risco foi identificado para humanos além daqueles que podem ser esperados com relação à ação farmacodinâmica de altas doses de ropivacaína (por exemplo, sinais12 SNC16, incluindo convulsões e cardiotoxicidade)
- INDICAÇÕES:
Cloridrato de ropivacaína está indicado para:
Anestesia5 em cirurgia
-bloqueio peridural19, incluindo cesárea;
-bloqueio nervoso maior;
-bloqueios infiltrativos e do campo operatório.
Estados dolorosos agudos
-infusão peridural19 contínua ou administração intermitente31 em bolo, como por exemplo em dor pós-operatória ou trabalho de parto;
-bloqueios infiltrativos e do campo operatório;
-injeção1 intra-articular.