CARACTERÍSTICAS MELOXICAM
Meloxicam é um novo agente antiinflamatório não-esteróide pertencente à classe do ácido enólico, um dos derivados de oxicam, que nos estudos farmacológicos apresentou propriedades antiinflamatórias, analgésicas e antipiréticas. Meloxicam demonstrou potente atividade antiinflamatória em todos os modelos clássicos de inflamação1. Um mecanismo de ação comum para os efeitos acima pode consistir na capacidade de o meloxicam inibir a biossíntese de prostaglandinas2, conhecidos mediadores da inflamação1. Em estudos em animais, a comparação entre a dose ulcerogênica e a dose antiinflamatória eficaz demonstrou uma margem terapêutica3 superior à dos antiinflamatórios não-esteróides de referência. In vivo, meloxicam inibiu a biossíntese de prostaglandinas2 mais intensamente no local da inflamação1 que na mucosa4 gástrica ou nos rins5.
Acredita-se que este perfil favorável de segurança esteja relacionado a uma inibição preferencial da COX-2 em relação à COX-1. A inibição preferencial da COX-2 em relação à COX-1 por meloxicam foi demonstrada in vitro, em vários sistemas de células6: macrófagos7 de cobaias, células6 endoteliais aórticas bovinas (para testar a atividade da COX-1), macrófagos7 de camundongos (para testar a atividade da COX-2) e enzimas humanas recombinantes expressas em células6-cos. Acumulam-se evidências demonstrando que a inibição da COX-2 proporciona os efeitos terapêuticos dos antiinflamatórios não-esteróides, enquanto a inibição da COX-1 é responsável pelos efeitos colaterais8 gástricos e renais. Estudos clínicos demonstraram uma incidência9 menor de reações adversas gastrintestinais (incluindo perfurações, úlceras10 e hemorragias11) com as doses recomendadas de meloxicam que com as doses usuais de outros antiinflamatórios não-esteróides. meloxicam é bem absorvido após administração oral (89%). A absorção não é alterada pela ingestão concomitante de alimentos. As concentrações plasmáticas obtidas são proporcionais às doses orais administradas, de 7,5 e 15 mg,
respectivamente. O estado de equilíbrio é obtido dentro de 3 a 5 dias. A continuação do tratamento por períodos superiores a 1 ano proporciona concentrações plasmáticas semelhantes às obtidas no inicio do tratamento. A taxa de ligação do meloxicam às proteínas12 plasmáticas é superior a 99%,
A administração única diária proporciona concentrações plasmáticas variando de 0,4-1,0 mcg/mL para doses de 7,5 mg e de 0,8-2,0 mcg/mL para doses de 15 mg, embora valores fora desta faixa também tenham sido encontrados (Cmin e Cmáx no estado de equilíbrio, respectivamente). A passagem de meloxicam para o liquido sinovial13 é boa, atingindo cerca de 50% das concentrações plasmáticas. Meloxicam é extensamente metabolizado; menos de 5% da dose diária é excretada pelas fezes sob forma inalterada, enquanto que na urina14 são encontrados apenas traços de substância inalterada.
A principal via de metabolização é a oxidação do radical metila da fração tiazolil. Os metabólitos15 são eliminados por via renal16 e fecal: cerca de 50% pela urina14 e a outra metade pelas fezes. A meia-vida de eliminação do meloxicam é de 20 horas. Os parâmetros farmacocinéticos do meloxicam não são alterados substancialmente por insuficiência hepática17 ou renal16 de grau leve a moderado. A depuração plasmática é em média de 8 mL/min, mas é menor em pacientes idosos. O volume de distribuição é baixo: em média 11L. Há uma variação individual da ordem de 30-40%. Meloxicam tem um perfil de segurança aceitável, segundo programas extensos de investigação de toxicidade18. Após administração oral, a DL50 variou de 98 mg/kg em ratas e até 800 mg/kg em cobaias, e, após administração intravenosa, de 52mg/kg em ratos a 100-200 mg/kg em cobaias. Os principais sinais19 de toxicidade18 incluíram redução da atividade motora, anemia20 e cianose21. Muitas das mortes ocorreram como conseqüência de úlcera gástrica22 e subseqüente peritonite23 perfurativa. Estudos de toxicidade18 de doses repetidas em ratos e cobaias mostraram alterações características: por exemplo ulceração24 e erosão gastrintestinais, também reportadas com outros antiinflamatórios não-esteróides, e, em estudos de longa duração, necrose25 papilar renal16.
Efeitos adversos gastrintestinais foram observados com doses orais maiores ou iguais a 1 mg/kg em ratos e maiores ou iguais a 3 mg/kg em cobaias.
Ocorreram lesões26 gastrintestinais após administração intravenosa de 0,4 mg/kg em ratos e 9 mg/kg em cobaias. Necrose25 papilar renal16 ocorreu apenas em ratos que receberam doses iguais ou superiores a 0,6 mg/kg por toda a vida.
Estudos de toxicidade18 na reprodução27 de ratos e coelhos não revelaram teratogenicidade com doses orais de até 4 mg/kg em ratos e 80 mg/kg em coelhos. Doses de 2,5 mg/kg em ratos e maiores ou iguais a 20 mg/kg em coelhos foram embriotóxicas. Em estudos peri e pós-natais com doses maiores ou iguais a 0,125 mg/kg ocorreram conhecidos fenômenos de inibição da prostaglandina28, como aumento da incidência9 de natimortos e dos tempos de gestação e de parto. Testes de Ames, mediado por hospedeiro, de micronúcleo, de HGPRT e de aberrações cromossômicas em culturas de células6 ovarianas de hamsters chineses demonstraram que meloxicam não tem atividade mutagênica ou clastrogênica. Estudos de carcinogenicidade em ratos e camundongos não mostraram potencial tumorigênico ou carcinogênico com doses de 0,8 mg/kg em ratos e 8 mg/kg em camundongos.
Em estudos vitalícios em ratos e camundongos, meloxicam não danificou a cartilagem29 da articulação30, sendo portanto considerado condroneutro nessas espécies. Meloxicam não induziu reações imunogênicas em testes em camundongos e cobaias. Em vários testes, meloxicam provou ser menos fototóxico que outros antiinftamatórios não-esteróides, mas similar a piroxicam e tenoxicam neste aspecto. Meloxicam foi bem tolerado em estudos de tolerabilidade local quando administrado por via intravenosa, intramuscular, retal, dérmica e ocular.
- INDICAÇÕES
Meloxicam é indicado no tratamento sintomático31 da artrite reumatóide32 e tratamento sintomático31 de osteoartrites dolorosas (artroses, doenças degenerativas33 das articulações34).