CARACTERÍSTICAS MEROPENÉM

Atualizado em 28/05/2016

Modo de Ação
Propriedades Farmacodinâmicas

Meropeném é um antibiótico carbapenêmico para uso parenteral que é estável à deidropeptidase-I humana DHP-I).

Meropeném é estruturalmente similar ao imipenem.

Meropeném exerce sua ação bactericida através da interferência com a síntese da parede celular bacteriana. A facilidade com que penetra nas células1 bacterianas, seu alto nível de estabilidade a todas as beta-lactamases e sua notável afinidade pelas proteínas2 ligantes de penicilina (PBPs) explicam a potente atividade bactericida de meropeném contra um amplo espectro de bactérias aeróbicas e anaeróbicas. As concentrações bactericidas estão geralmente dentro do dobro da diluição das concentrações inibitórias mínimas (CIMs).

Meropeném é estável em testes de suscetibilidade que podem ser realizados utilizando-se os sistemas de rotina normal. Testes in vitro mostram que meropeném pode atuar de forma sinérgica com vários antibióticos. Demonstrou-se que meropeném, tanto in vitro quanto in vivo, possui um efeito pós-antibiótico contra microrganismos gram-positivos e gram-negativos.

Um conjunto de critérios de suscetibilidade de meropeném são recomendados baseados na farmacocinética e na correlação de resultados clínicos e microbiológicos3 com o diâmetro da zona e com a concentração inibitória mínima (CIM) do microrganismo infectante.


O espectro antibacteriano in vitro de meropeném inclui a maioria dos microrganismos gram-positivos e gram-negativos clinicamente significantes e cepas4 de bactérias aeróbicas e anaeróbicas conforme relação a seguir:





Uma comparação entre a porcentagem de isolados bacterianos totalmente suscetíveis ao meropeném em concentrações de 4 mg/L e 8 mg/L (Tabela 1) em Dezembro de 1993, e, a partir desta data, até Julho de 1998, mostra que não houve alterações significantes na atividade de meropeném no decorrer deste período de tempo.


Tabela 1: Dados de suscetibilidade de meropeném apresentados como % de linhagens inibidas por meropeném na concentração de 4 mg/L e 8 mg/L em Dezembro de 1993, e, a partir desta data, até 1998.


* % suscetível; MS: Suscetível a meticilina; PS: Suscetível a penicilina; PR: Resistente a penicilina.

Meropeném e imipenem têm um perfil similar de utilidade clínica e atividade contra bactérias multiresistentes. Entretanto, meropeném é intrinsecamente mais potente contra Pseudomonas aeruginosa e pode ser ativo in vitro contra as linhagens resistentes ao imipenem.

Meropeném é ativo in vitro contra muitas linhagens resistentes a outros antibióticos beta-lactâmicos. Isto é explicado parcialmente pela maior estabilidade às beta-lactamases. A atividade in vitro contra linhagens resistentes a classes de antibióticos não relacionadas, como aminoglicosídeos ou quinolonas, é normal e esperada.

Enterococcus faecium, Stenotrophomonas (Xanthomonas) maltophilia e Slaphilococci resistentes à meticilina têm-se mostrado resistentes ao meropeném.


Propriedades Farmacocinéticas

Uma infusão de 30 minutos de uma dose única de meropeném em voluntários sadios resulta em picos de níveis plasmáticos de aproximadamente 11 mcg/mL para doses de 250 mg; 23 mcg/mL para doses de 500 mg; 49 mcg/mL para doses de 1 g e 115 mcg/mL após dose de 2 g.

Uma injeção5 intravenosa em bolus6 com duração de 5 minutos em voluntários sadios resulta em picos de níveis plasmáticos de aproximadamente 52 mcg/mL para a dose de 500 mg e 112 mcg/mL para a dose de 1 g. Infusões intravenosas de 1 g durante 2, 3 e 5 minutos foram comparadas em um estudo cruzado de três braços. Estas diferentes durações de infusão resultaram em picos de níveis plasmáticos de 110, 91 e 94 mcg/mL, respectivamente.

Após administração intravenosa de 500 mg, os níveis plasmáticos de meropeném declinam até valores de 1 mcg/mL ou menos, 6 horas após a administração.

Quando múltiplas doses são administradas a indivíduos com função renal7 normal, em intervalos de 8 horas, não há ocorrência de acúmulo de meropeném.

Em indivíduos com função renal7 normal, a meia-vida de eliminação de meropeném é de aproximadamente 1 hora.

A ligação de meropeném às proteínas2 plasmáticas é de aproximadamente 2%.

Aproximadamente 70% da dose intravenosa administrada é recuperada como meropeném inalterado na urina8 após 12 horas. Depois desse período uma pequena excreção urinária é detectável. As concentrações urinárias de meropeném em excesso de 10 mcg/mL são mantidas por até 5 horas com a dose de 500 mg. Não foi observado acúmulo de meropeném no plasma9 ou urina8 com regimes que utilizam 500 mg administrados a cada 8 horas, ou 1 g administrado a cada 6 horas em voluntários com função renal7 normal.

Meropeném possui um metabólito10 microbiologicamente inativo.

Meropeném tem boa penetração na maioria dos tecidos e fluidos corporais, incluindo o líquido cérebro11-espinhal de pacientes com meningite12 bacteriana, alcançando concentrações acima das requeridas para inibir a maioria das bactérias.

Estudos em neonatos13 e crianças demonstraram que a farmacocínética de meropeném em crianças é similar àquela para adultos. A meia-vida de eliminação esteve aumentada para aproximadamente 1,75 hora em crianças com idades entre 3 e 5 meses. As concentrações de meropeném aumentam com o aumento da dose na faixa de 10 a 40 mg/kg.

Estudos farmacocinéticos em pacientes com insuficiência renal14 demonstraram que a depuração plasmática de meropeném se correlaciona com a depuração de creatinina15. Em indivíduos com função renal7 alterada são necessários ajustes de dose.

Estudos farmacocinéticos em idosos demonstraram uma redução na depuração plasmática de meropeném, que se correlacionou com a redução na depuração de creatinina15 associada à idade. Estudos farmacocinéticos em pacientes com doença hepática16 não demonstraram efeitos da mesma sobre a farmacocinética do meropeném.

Dados de segurança pré-clínica

Estudos em animais indicam que meropeném é bem tolerado pelos rins17. Evidência histológica18 de dano tubular renal7 foi observado em camundongos e em cães, apenas em doses de 2000 mg/kg e em doses superiores.

Meropeném é geralmente bem tolerado pelo sistema nervoso central19. Foram observados efeitos apenas com doses muito altas, de 2000 mg/kg ou mais.

A DL50 intravenosa de meropeném em roedores é superior a 2000 mg/kg. Em estudos de doses repetidas de até 6 meses de duração foram observados apenas efeitos secundários, incluindo um pequeno decréscimo nos parâmetros dos glóbulos vermelhos e um aumento no peso do fígado20 em cães, com dose de 500 mg/kg.

Não houve evidência de potencial mutagênico nos 5 testes realizados e nenhuma evidência de toxicidade21 reprodutiva, incluindo potencial teratogênico22, em estudos nas doses mais altas possíveis em ratos e macacos (o nível de dose sem efeito de uma pequena redução no peso corpóreo F1 em rato foi 120 mg/kg).

Houve um aumento na incidência23 de abortos com 500 mg/kg em um estudo preliminar em macacos. Não houve evidência de sensibilidade aumentada ao meropeném em animais jovens em comparação com animais adultos. A formulação intravenosa foi bem tolerada em estudos em animais. A formulação intramuscular causou necrose24 reversível no local da injeção5. O único metabólito10 de meropeném teve um perfil similar de baixa toxicidade21 em estudos em animais.


- INDICAÇÕES

Meropeném é indicado para o tratamento das seguintes infecções25 em adultos e crianças, causadas por uma única ou múltiplas bactérias sensíveis e como tratamento empírico anterior à identificação do microrganismo causador:

  - Infecções25 do trato respiratório inferior;

  - Infecções25 do trato urinário26, incluindo infecções25 complicadas:

  - Infecções25 intra-abdominais;

  - Infecções25 ginecológicas, incluindo infecções25 puerperais:

  - Infecções25 de pele27 e anexos28;

  - Meningite12;

  - Septicemia29;

  - Tratamento empírico, incluindo monoterapia inicial para infecções25 presumidamente bacterianas, em pacientes neutropênicos;

  - Infecções25 polimicrobianas: devido ao seu amplo espectro de atividade bactericida contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, aeróbias e anaeróbias, meropeném é eficaz para o tratamento de infecções25 polimicrobianas;

  - Fibrose cística30: meropeném tem sido utilizado eficazmente em pacientes com fibrose cística30 e infecções25 crônicas do trato respiratório inferior, tanto como monoterapia, quanto em associação com outros agentes antibacterianos. O patógeno não tem sido sempre erradicado nestes tratamentos.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
2 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
3 Microbiológicos: Referente à microbiologia, ou seja, à especialidade biomédica que estuda os microrganismos patogênicos, responsáveis pelas doenças infecciosas, englobando a bacteriologia (bactérias), virologia (vírus) e micologia (fungos).
4 Cepas: Cepa ou estirpe é um termo da biologia e da genética que se refere a um grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças morfológicas e/ou fisiológicas.
5 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
6 Bolus: Uma quantidade extra de insulina usada para reduzir um aumento inesperado da glicemia, freqüentemente relacionada a uma refeição rápida.
7 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
9 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
10 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
11 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
12 Meningite: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
13 Neonatos: Refere-se a bebês nos seus primeiros 28 dias (mês) de vida. O termo “recentemente-nascido“ refere-se especificamente aos primeiros minutos ou horas que se seguem ao nascimento. Esse termo é utilizado para enfocar os conhecimentos e treinamento da ressuscitação imediatamente após o nascimento e durante as primeiras horas de vida.
14 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
15 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
16 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
17 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
18 Histológica: Relativo à histologia, ou seja, relativo à disciplina biomédica que estuda a estrutura microscópica, composição e função dos tecidos vivos.
19 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
20 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
21 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
22 Teratogênico: Agente teratogênico ou teratógeno é tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais ou ainda distúrbios neurocomportamentais, como retardo mental.
23 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
24 Necrose: Conjunto de processos irreversíveis através dos quais se produz a degeneração celular seguida de morte da célula.
25 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
26 Trato Urinário:
27 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
28 Anexos: 1. Que se anexa ou anexou, apenso. 2. Contíguo, adjacente, correlacionado. 3. Coisa ou parte que está ligada a outra considerada como principal. 4. Em anatomia geral, parte acessória de um órgão ou de uma estrutura principal. 5. Em informática, arquivo anexado a uma mensagem eletrônica.
29 Septicemia: Septicemia ou sepse é uma infecção generalizada grave que ocorre devido à presença de micro-organismos patogênicos e suas toxinas na corrente sanguínea. Geralmente ela ocorre a partir de outra infecção já existente.
30 Fibrose cística: Doença genética autossômica recessiva que promove alteração de glândulas exócrinas do organismo. Caracterizada por infecções crônicas das vias aéreas, que leva ao desenvolvimento de bronquiectasias, insuficiência pancreática exócrina, disfunções intestinais, anormalidades das glândulas sudoríparas e disfunção genitourinária.

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