CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS KARVIL
O carvedilol é um antagonista1 neuro-hormonal de ação múltipla, com propriedades betabloqueadoras não seletivas, alfabloqueadora e antioxidante. O carvedilol reduz a resistência vascular2 periférica por vasodilatação mediada pelo bloqueio alfa1 e suprime o sistema renina-angiotensina-aldosterona devido ao bloqueio beta; retenção hídrica é, portanto, uma ocorrência rara. O carvedilol não apresenta atividade simpatomimética intrínseca e, como o propranolol, apresenta propriedades estabilizadoras de membrana.
O carvedilol é uma mistura racêmica3 de 2 estereoisômeros. Em animais, ambos os enantiômeros apresentam propriedades bloqueadoras de receptores alfa-adrenérgicos4. As propriedades bloqueadoras do receptor beta-adrenérgico5 não são seletivas para os receptores beta1 e beta2 e estão associadas ao enantiômero levógiro6 do carvedilol.
O carvedilol é um potente antioxidante e neutralizador de radicais de oxigênio, demonstrado por estudos em animais, in vitro e in vivo, e em vários tipos de células7 humanas, in vitro. Carvedilol exibe efeito antiproliferativo nas células musculares8 lisas de vasos sanguíneos9 de humanos e efeitos protetores de órgãos.
O carvedilol não exerce efeitos adversos no perfil lipídico10. A relação HDL11/LDL12 se mantém normal.
Farmacocinética
Absorção
Após administração oral, carvedilol é rapidamente absorvido. A concentração sérica máxima é alcançada em aproximadamente 1 hora. A biodisponibilidade absoluta de carvedilol no homem é de aproximadamente 25%. Alimentos não alteram a extensão da biodisponibilidade, embora aumentem o tempo para atingir a concentração plasmática máxima.
Distribuição
O carvedilol é altamente lipofílico; aproximadamente 98% – 99% do carvedilol se liga às proteínas13 plasmáticas; o volume de distribuição é de aproximadamente 2 L/Kg.
Metabolismo14
O carvedilol é extensamente metabolizado no fígado15, principalmente por reações de glucuronidação, a diversos metabólitos16 que são eliminados principalmente pela bile17. O efeito de primeira passagem após administração oral é cerca de 60% – 75%. A desmetilação e hidroxilação do anel fenólico produzem três metabólitos16 com atividade betabloqueadora. Comparados ao carvedilol, os três metabólitos16 exibem atividade vasodilatadora fraca. Dois metabólitos16 do carvedilol são antioxidantes extremamente potentes (30 a 80 vezes mais potentes que o carvedilol).
Eliminação
A meia-vida de eliminação média do carvedilol é de aproximadamente 6 horas. A depuração plasmática é de 500 – 700 mL/min. A eliminação é primariamente biliar, sendo as fezes a principal via de excreção. Menor fração é eliminada pelos rins18 na forma de metabólitos16. É improvável que ocorra acúmulo do carvedilol durante o tratamento prolongado, se usado conforme recomendado.
Teratogenicidade
Estudos em animais mostraram que carvedilol não possui efeitos teratogênicos19.
Farmacocinética em populações especiais
Pacientes com insuficiência renal20
O fluxo sanguíneo e a filtração glomerular mantêm-se preservados durante a terapia crônica com carvedilol. Em pacientes com insuficiência renal20 e hipertensão21, a área sob a curva da concentração plasmática versus tempo, a meia-vida de eliminação e a concentração plasmática máxima não se alteram significativamente. A excreção renal22 do fármaco23 inalterado diminui em pacientes com insuficiência renal20, embora não ocorram modificações significativas nos parâmetros farmacocinéticos. Carvedilol não é eliminado durante diálise24, pois não atravessa a membrana de diálise24, provavelmente devido à sua elevada ligação às proteínas13 do plasma25. KARVIL é eficaz em pacientes com hipertensão21 de origem renal22, insuficiência renal20 crônica, sob diálise24 ou após transplante renal22.
Pacientes com insuficiência hepática26
Em pacientes com cirrose27 hepática28, a biodisponibilidade pode aumentar em até 80% por redução do efeito de primeira passagem. Portanto, é contraindicado em pacientes com insuficiência hepática26 clinicamente manifestada.
Pacientes diabéticos
Em pacientes hipertensos e portadores de diabetes tipo 229 não se observou influência do carvedilol na glicemia de jejum30 ou pós-prandial, nos níveis de hemoglobina glicosilada31 ou necessidade de se alterar a dose dos agentes antidiabéticos. Nos pacientes com resistência à insulina32, o carvedilol melhorou a sensibilidade à insulina33.
Pacientes idosos/pediátricos
A farmacocinética do carvedilol em pacientes hipertensos não é afetada pela idade. Um estudo em pacientes idosos hipertensos demonstrou que não há diferença no perfil dos efeitos adversos, comparado com pacientes mais jovens. Outro estudo que incluiu pacientes idosos com doença arterial coronária demonstrou não haver diferença nos efeitos adversos relatados versus os relatados por pacientes mais jovens.
Os dados farmacocinéticos disponíveis em pacientes com menos de 18 anos de idade são limitados.