RESULTADO DE EFICÁCIA DUPHALAC
O uso de lactulose no tratamento de encefalopatia1 hepática2 foi comprovado num estudo que demonstrou seu benefício na redução da concentração sérica de amônia (de 25 a 50%). A resposta clínica foi observada em 75% dos tratados, em um período de estudo superior a dois anos. Outro estudo, realizado com portadores de encefalopatia1 hepática2 subaguda3, mostrou que o tratamento por longos períodos (24 semanas) levou a uma diminuição dos níveis séricos de amônia, melhorando o desempenho psicométrico e a qualidade de vida e
diminuindo, assim, a prevalência4 de encefalopatia1 hepática2. Entretanto, o tratamento por um curto período (oito semanas) não melhorou o curso natural da doença.
Em um estudo, 21 crianças com idades entre um e 15 anos, com histórico de constipação5, receberam 10 a 15 ml de lactulose por dia ou 10 a 20 ml de xarope de sene por dia, durante uma semana. A avaliação baseada em registros diários a cada período de sete dias de tratamento mostrou que houve significativamente mais resultados positivos naquelas tratadas com lactulose do que naquelas tratadas com sene. As reações adversas, como cólica, diarreia6 e distensão abdominal, foram significativamente mais frequentes durante o tratamento com sene (12 casos) do que com lactulose (um caso).
Outros estudos foram realizados com pessoas de todas as faixas etárias. A lactulose foi utilizada em 20 pessoas entre 20 e 50 anos de idade com história de constipação5 crônica (por dois a 15 anos). A dose utilizada foi de 45 ml ao dia, dividida em três tomadas, após as principais refeições. Ocorreu aumento do número de evacuações em 90% dos casos, e a sintomatologia associada desapareceu em 14 dos 19 casos em que estava presente, diminuindo nos outros cinco. Constatou-se também amolecimento das fezes sem aparecimento de diarreia6, maior facilidade na evacuação e ausência de ardor7 anal.
Outro estudo duplo-cego8 incluiu 103 pessoas usuárias de laxantes9, divididas em dois grupos, para tratar a constipação5 crônica. Um deles recebeu lactulose (de 8 a 30 ml por dia), e o outro, placebo10. Comparando-se com o período pré-tratamento (duas semanas), verificou-se a eficácia sobre o hábito intestinal e a frequência do uso de laxantes9 nas três semanas de tratamento e mais duas semanas pós-tratamento.
Os resultados mostraram que, em geral, a lactulose foi estatisticamente mais eficaz que o placebo10 (86% e 60% respectivamente).
3. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Farmacocinética/Farmacodinâmica:
O DUPHALAC apresenta como princípio ativo a lactulose, um dissacarídeo11 comum, formado por uma molécula de galactose12 e outra de frutose13, também denominada quimicamente 4-O-ß-D-galactopiramosil-D-frutose13. Uma vez ingerida, a lactulose não é absorvida pelo trato gastrintestinal nem é hidrolisável pelas enzimas intestinais, devido à ausência da enzima14 específica, a lactulase. Dessa forma, chega ao cólon15 praticamente inalterada, onde é fermentada pelas bactérias sacarolíticas, produzindo o ácido lático, bem como pequenas quantidades de ácido acético e ácido fórmico. A acidificação do meio, que ocorre na degradação da lactulose, desencadeia mecanismos responsáveis pela sua ação na constipação5 e na encefalopatia1 hepática2.
A acidificação do conteúdo intestinal16 e o aumento na pressão osmótica17 causam um afluxo de líquidos para o interior do cólon15, o que resulta em aumento e amolecimento do bolo fecal, acelerando, dessa forma, o trânsito intestinal.
O DUPHALAC também reduz a concentração sanguínea de amônia (de 25 a 50%), uma vez que, estando a acidez do conteúdo colônico acima daquela do sangue18, ocorre uma migração de amônia do sangue18 para o cólon15, formando o íon19 amônio (NH4+), que, por não ser absorvido, é eliminado nas fezes.
Dessa forma, o medicamento melhora o estado de consciência observado no eletroencefalograma20 e aumenta a tolerância às proteínas21 da dieta em pessoas com encefalopatia1 hepática2. Por sua ação fisiológica22 e não farmacológica, o DUPHALAC? é indicada especialmente nos casos em que se busca facilitar ao máximo a evacuação, evitando-se o esforço, por exemplo em cardíacos e hipertensos.
Também é indicada na constipação5 associada a problemas pediátricos, no puerpério23, a idosos e acamados, a pessoas submetidas a cirurgia e com condições dolorosas do reto24 e do ânus25, como fissuras26, hemorroidas27 e após hemorroidectomia, ou quando a constipação5 é consequência do tratamento com determinados fármacos, como hipnoanalgésicos e obstipantes, bem como a dependentes de laxantes9 estimulantes.
DUPHALAC não é um medicamento laxante28, e sim um agente fisiológico29 que restabelece a regularidade intestinal, podendo levar de três a quatro dias para que se obtenham os primeiros efeitos.
Por sua ação fisiológica22, o DUPHALAC? não induz o hábito, podendo ser utilizado por longo prazo.