INFORMAÇÕES TÉCNICAS ANSENTRON
Características
Os fenômenos eméticos são uma reação adversa proeminente dos agentes quimioterápicos. Recentes investigações colocaram em evidência a importância dos receptores da serotonina, especificamente do receptor 5HT3 no desenvolvimento dos fenômenos eméticos.
O cloridrato de ondansetrona tem a capacidade de antagonizar seletivamente os receptores 5HT3, inibindo os fenômenos eméticos tanto de origem central como periférica.
A radioterapia1, bem como os agentes quimioterápicos, podem causar liberação de 5HT no intestino delgado2,
causando ativação dos aferentes vagais nos receptores 5HT3, o que ocasiona um reflexo de vômito3. Pela ativação dos aferentes vagais pode ocorrer uma liberação de 5HT na área do postrema, localizada no assoalho do quarto ventrículo, o que pode provocar emese4 por um mecanismo central. O efeito de ANSENTRON (cloridrato de ondansetrona) no controle de fenômenos eméticos, induzidos por radioterapia1 e/ou por agentes quimioterápicos, se faz pelo antagonismo dos receptores 5HT nos neurônios5 do sistema nervoso central6 e/ou sistema nervoso periférico7, não causando, entretanto, prejuízo na performance nem
sedação8. O cloridrato de ondansetrona não demonstrou alterar as concentrações de prolactina9 plasmática.
Propriedades farmacocinéticas
A disponibilidade da ondansetrona é similar à meia-vida de eliminação terminal, de aproximadamente 3 horas, e um volume de distribuição de cerca de 140 L no estado de equilíbrio. A ligação às proteínas10 plasmáticas é de cerca de 70 a 76%. A ondansetrona é depurada na circulação11 sistêmica predominantemente por metabolismo12 hepático, através de diversos caminhos enzimáticos. Menos de 5%
da dose absorvida é excretada inalterada na urina13. A ausência da enzima14 CYP2D6 (polimorfismo da debrisoquina) não interfere na farmacocinética da ondansetrona. As propriedades farmacocinéticas permanecem inalteradas em doses repetidas. Estudos em voluntários idosos saudáveis revelaram um leve, mas clinicamente significativo, aumento na meia-vida da ondansetrona, relacionado à idade. Em um estudo realizado com 21 pacientes pediátricos, de idade entre 3 e 12 anos, submetidos a cirurgia eletiva15 com anestesia16 geral, verificou-se a redução nos valores absolutos para o clearance e o volume de distribuição
da ondansetrona após uma dose única intravenosa de 2 mg (3-7 anos) ou 4 mg (8-12 anos). A magnitude da
alteração foi idade-dependente, com o clearance reduzido de cerca de 300 mL/min, aos 12 anos de idade, para 100 mL/min, aos 3 anos de idade. O volume de distribuição reduziu de cerca de 75 L, aos 12 anos de idade, para 17 L aos 3 anos. O uso de doses balanceadas de acordo com o peso corpóreo (0,1 mg/kg até um máximo de 4 mg) foi compensatório para essas alterações e é eficaz para normalizar a exposição sistêmica em pacientes pediátricos. Em pacientes com disfunção renal17 moderada (clearance de creatinina18 de 15-60 mL/min), tanto o clearance sistêmico19 quanto o volume de distribuição foram reduzidos, resultando
em um leve, mas clinicamente insignificante, aumento na meia-vida de eliminação (5,4 h). Pacientes com disfunção renal17 severa, necessitando de hemodiálise20 regular (estudados entre as diálises), demonstraram um perfil farmacocinético para a ondansetrona essencialmente inalterado.
Nos pacientes com disfunção hepática21 severa, o clearance sistêmico19 da ondansetrona foi acentuadamente
reduzido com meia-vida de eliminação prolongada (15-32h).