CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS SELOZOK
SELOZOK comprimidos contém succinato de metoprolol em formulação de múltiplos grânulos de liberação controlada. Cada grânulo é recoberto com uma membrana de polímero que controla a liberação do metoprolol.
Propriedades Farmacodinâmicas
O metoprolol é um bloqueador beta-1 seletivo, isto é, bloqueia os receptores beta-1 em doses muito menores que as necessárias para bloquear os receptores beta-2.
O metoprolol possui um insignificante efeito estabilizador de membrana e não apresenta atividade agonista1 parcial.
O metoprolol reduz ou inibe o efeito agonista1 das catecolaminas no coração2 (as quais são liberadas durante o estresse físico e mental). Isto significa que o aumento usual da frequência cardíaca, do débito cardíaco3, da contractilidade cardíaca e da pressão arterial4, produzido pelo aumento agudo5 das catecolaminas, é reduzido pelo metoprolol. Durante altos níveis endógenos de adrenalina6, o metoprolol interfere muito menos no controle da pressão arterial4 do que os betabloqueadores não-seletivos.
O metoprolol em formulação de liberação controlada (SELOZOK) proporciona um perfil constante de concentração plasmática no tempo e efeito bloqueador beta-1 durante 24 horas diferentemente dos comprimidos convencionais de bloqueadores beta-1, incluindo formulações de tartarato de metoprolol.
Devido à inexistência de picos pronunciados na concentração plasmática, a seletividade clínica aos receptores beta-1 é aumentada com metoprolol em formulação de liberação controlada, quando comparada às formulações de comprimidos convencionais de bloqueadores beta-1 seletivos. Além disso, o risco potencial de reações adversas relacionadas aos picos de concentração plasmática, tais como, bradicardia7 e fadiga8 nas pernas, é reduzido.
Quando necessário, pode-se administrar metoprolol em associação com um agonista1 beta-2 em pacientes com sintomas9 de doença pulmonar obstrutiva. Quando administrado junto com um agonista1 beta-2, metoprolol, nas doses terapêuticas, interfere menos na broncodilatação10 causada pelo agonista1 beta-2 do que os beta-bloqueadores não-seletivos.
SELOZOK interfere menos na liberação de insulina11 e no metabolismo12 dos carboidratos do que os betabloqueadores não-seletivos. Interfere muito menos na resposta cardiovascular para hipoglicemia13 do que os betabloqueadores não-seletivos.
Estudos de curto prazo demonstraram que SELOZOK pode causar um discreto aumento nos triglicérides14 e uma redução nos ácidos graxos livres no sangue15. Em alguns casos, foi observada uma pequena redução na fração de lipoproteínas de alta densidade (HDL16), embora em uma proporção menor do que a observada após a administração de betabloqueadores não-seletivos. Entretanto, foi demonstrada uma redução significativa nos níveis séricos totais de colesterol17 após tratamento com o metoprolol em um estudo realizado durante vários anos.
A qualidade de vida é mantida inalterada ou é melhorada durante o tratamento com SELOZOK.
Foi observada uma melhora na qualidade de vida após tratamento com metoprolol em pacientes após infarto do miocárdio18. Além disso, SELOZOK demonstrou aumentar a qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca19 crônica.
Efeitos na hipertensão20
SELOZOK reduz a pressão arterial4 elevada tanto em pacientes na posição supina quanto na ortostática. Pode ser observado aumento na resistência periférica21 após a instituição do tratamento com metoprolol, mas com curta duração (poucas horas) e clinicamente insignificante. Durante tratamento à longo prazo, a resistência periférica21 total pode ser reduzida, devido a reversão da hipertrofia22 na resistência arterial dos vasos. Também foi demonstrado que o tratamento anti-hipertensivo à longo prazo com o metoprolol reduz a hipertrofia22 ventricular esquerda e melhora a função diastólica ventricular esquerda e o enchimento ventricular esquerdo.
Em homens com hipertensão arterial23 leve a moderada, metoprolol tem demonstrado reduzir o risco de morte por doença cardiovascular, principalmente devido ao risco reduzido de morte cardiovascular súbita, reduzir o risco de infarto do miocárdio18 fatal e não-fatal e de acidente vascular cerebral24.
Efeitos na angina25 pectoris
Em pacientes com angina25 pectoris, metoprolol tem demonstrado reduzir a frequência, a duração e a gravidade, tanto das crises de angina25, quanto dos episódios de isquemia26 silenciosa e demonstrou aumentar a capacidade física de trabalho.
Efeitos no rítmo cardíaco
Em casos de taquicardia27 supraventricular ou fibrilação atrial e na presença de extra-sístoles28 ventriculares, SELOZOK reduz a frequência ventricular e as extra-sístoles28 ventriculares. Sua ação antiarrítmica é devida principalmente à inibição da automaticidade das células29 marcapasso30 e ao prolongamento do tempo de condução A-V.
Efeitos no infarto do miocárdio18
Em pacientes com suspeita ou infarto do miocárdio18 confirmado, o metoprolol reduz a mortalidade31, principalmente devido à redução do risco de morte súbita.
Presume-se que este efeito seja em parte devido à prevenção da fibrilação ventricular.
O efeito antifibrilatório pode ser devido a um mecanismo duplo: um efeito vagal na barreira hematoencefálica, influenciando de maneira benéfica a estabilidade elétrica do coração2, e um efeito antiisquêmico cardíaco direto simpático32, influenciando de maneira benéfica à contractilidade, a frequência cardíaca e a pressão arterial4. Tanto na intervenção precoce, como na intervenção tardia, a redução da mortalidade31 também é observada em pacientes de alto risco com doença cardiovascular prévia e em pacientes com diabetes mellitus33.
O metoprolol tem também demonstrado reduzir o risco de reinfarto do miocárdio34 não-fatal.
Efeitos nas desordens cardíacas com palpitações35 e enxaqueca36
SELOZOK é adequado para o tratamento de transtornos cardíacos funcionais com palpitações35 e é adequado para o tratamento profilático da enxaqueca36.
Propriedades Farmacocinéticas
Absorção e distribuição
O metoprolol é completamente absorvido após administração oral. Devido ao extenso metabolismo12 de primeira passagem, a biodisponibilidade sistêmica do metoprolol em uma dose única oral é de aproximadamente 50%.
A biodisponibilidade da preparação de liberação controlada é reduzida em aproximadamente 20-30% quando comparada com o comprimido convencional. Entretanto, isso demonstrou não ter significância para a eficácia clínica, uma vez que a área sob a curva de efeito (AUEC) para a frequência cardíaca é a mesma que para os comprimidos convencionais. A ligação do metoprolol às proteínas37 plasmáticas é baixa, aproximadamente 5-10 %.
O comprimido de liberação controlada consiste de múltiplos grânulos de succinato de metoprolol. Cada grânulo é recoberto com uma membrana de polímero que controla a velocidade de liberação do metoprolol.
O comprimido desintegra-se rapidamente após a ingestão, dispersando os grânulos ao longo do trato gastrointestinal, os quais vão liberando o metoprolol continuamente por cerca de 20 horas. A meia-vida de eliminação do metoprolol é em média de 3,5 horas. Assim, uma concentração plasmática constante de metoprolol é alcançada com intervalo de administração de 24 horas. A velocidade de liberação é independente de fatores fisiológicos, tais como, pH, alimentos e peristaltismo38.
Metabolismo12 e eliminação
O metoprolol sofre metabolismo12 oxidativo no fígado39 primariamente pela isoenzima CYP2D6. Três principais metabólitos40 foram identificados, entretanto nenhum deles tem efeito betabloqueador de importância clínica.
Via de regra, mais de 95% da dose oral pode ser recuperada na urina41. Aproximadamente 5% da dose administrada é excretada na urina41 como droga inalterada, podendo aumentar para até 30% em casos isolados. A meia-vida de eliminação do metoprolol no plasma42 é em média de 3,5 horas (extremos: 1 e 9 horas). A taxa de depuração total é de aproximadamente 1 l/min.
Os pacientes idosos não apresentam alterações significativas na farmacocinética do metoprolol, em comparação com pessoas jovens.
A biodisponibilidade sistêmica e a eliminação do metoprolol não são alteradas em pacientes com função renal43 reduzida. Entretanto, a excreção dos metabólitos40 é reduzida. Foi observado um acúmulo significativo dos metabólitos40 em pacientes com uma taxa de filtração glomerular inferior a 5 ml/min. Esse acúmulo de metabólitos40, entretanto, não aumenta o efeito betabloqueador.
A farmacocinética do metoprolol é pouco afetada pela diminuição da função hepática44. Entretanto, em pacientes com cirrose45 hepática44 grave e derivação portacava, a biodisponibilidade do metoprolol pode aumentar e a depuração total pode ser reduzida. Os pacientes com anastomose46 portacava apresentaram uma depuração total de aproximadamente 0,3 l/min e valores da área sob a curva de concentração plasmática vs. tempo (AUC47) até 6 vezes maiores que em indivíduos sadios.