INFORMAÇÃO TÉCNICA VUDIRAX
A lamivudina é nucleosídeo sintético análogo. Estudos in vitro demonstraram que, a nível intracelular, a lamivudina é fosforilada a seu metabólito1 ativo o 5'-trifosfato (L-TP), o possui uma meia-vida intracelular de 10,5 a 15,5 horas. O principal modo de ação do L-TP é a inibição da transcrição reversa do HIV2 via cadeia terminal do DNA viral. O L-TP também inibe o RNA- e DNA-dependentes da atividade da DNA-polimerase de transcrição reversa (RT). L-TP é um inibidor fraco da a-, b-, e g- polimerase de mamíferos.
Microbiologia - Atividade anti-viral in vitro:
A relação entre a suscetibilidade in vitro do HIV2 a lamivudina e a inibição da replicação do HIV2 em humanos não foi ainda estabelecida. A atividade in vitro da lamivudina contra HIV2-1 foi verificada em um número de linhagem de células3 (incluindo monócitos4 e linfócitos sangue5 periférico humano fresco) utilizando um padrão de ensaio suscetíveis. Os valores de CI50 (concentrações inibitórias de 50%) estão na faixa de 2 nM a 15 mM. A lamivudina possui uma atividade anti-HIV2-1 em todas as infecções6 agudas virais testadas em células3. Em células3 MT-4 infectadas com HIV2, a lamivudina combinada a zidovudina possui atividade sinergistica antiretroviral.
Resistência a droga: isolados de HIV2 resistentes a lamivudina foram selecionados in vitro. As resistentes isolados in vitro apresentaram suscetibilidade reduzida a lamivudina e a análise do genótipo7 mostrou que a resistência é devida a mutações em substituições específicas na transcriptase reversa do HIV2-1 no códon 184 da metionina tanto para a isoleucina como para a valina. As cepas8 do HIV2-1 resistentes a lamivudina e a zidovudina foram isoladas.
A suscetibilidade a isolados clínicos a lamivudina e zidovudina foi monitorada em estudos clínicos controlados. Em pacientes recebendo monoterapia de lamivudina ou terapia combinada9 com lamivudina e zidovudina, os isolados de HIV2-1 da maioria dos pacientes tornaram-se genotipicamente e fenotipicamente resistentes a lamivudina dentro de 12 semanas. Em alguns pacientes, portadores de vírus10 resistentes a zidovudina, suscetibilidade fenotípica11 a zidovudina em 12 semanas de tratamento foi restabelecida. Terapia combinada9 de lamivudina e zidovudina demonstraram a emergência12 de mutações conferindo resistência a zidovudina.
Farmacocinética em adultos: as propriedades farmacocinéticas da lamivudina foram estudadas em pacientes adultos assintomáticos infectados com HIV2 após a administração de uma única dose intravenosa (IV) variando de 0,25 a 8 mg/kg, assim como doses únicas e múltiplas de doses orais variando de 0,25 a 10 mg/kg.
Absorção e biodisponibilidade: a lamivudina foi rapidamente absorvida após administração oral em pacientes infectados com HIV2. A biodisponibilidade absoluta em 12 adultos foi 86% ± 16% para o comprimido e 87% ± 13% para a solução oral. Após administração oral de 2 mg/kg duas vezes ao dia a nove adultos com HIV2, o pico de concentração sérica de lamivudina (Cmax) foi de 1,5 ± 0,5 mg/ml. A área sobre a concentração plasmática versus a curva do tempo (AUC13) e Cmax aumentou em proporção a dose oral na proporção de 0,25 a 10 mg/kg.
Em estudos realizados com pacientes assintomáticos, a absorção da lamivudina foi mais devagar do que no estado pós-alimentação (Tmax 3,2 ± 1,3 horas), se comparado com estado pré-alimentação (Tmax 0,9 ± 0,3 horas); a Cmax no estado pós-alimentação foi de 40% ± 23%, mais baixo do que no estado pré-alimentação. Não houve nenhuma diferença significante na exposição sistêmica nos estados pré- e pós-alimentação; portanto, a lamivudina pode ser administrada com ou sem comida.
A taxa de acumulação da lamivudina em adultos assintomáticos HIV2-positivos com função renal14 normal foi 1,50 após 15 dias de administração oral de 2 mg/kg.
Distribuição: o volume aparente de distribuição após administração IV de lamivudina a 20 pacientes foi 1,3 ± 0,4 L/kg, sugerindo que a lamivudina se distribui nos espaços extravasculares15. O volume de distribuição foi independente da dose e não está correlacionado com o peso corporal.
A ligação da lamivudina às proteínas16 plasmáticas é baixa (36%). Estudos in vitro mostraram que acima da taxa de concentração de 0,1 a 100 mg/ml, a quantidade de lamivudina associada com os eritrócitos17 foi de 53% a 57% e foi independente da concentração.
Metabolismo18: o metabolismo18 da lamivudina é uma rota menor de eliminação. No homem, o único metabólito1 conhecido da lamivudina é o trans-sulfóxido. Dentro de 12 horas após uma única dose oral de lamivudina em seis adultos infectados com HIV2, 5,2% ± 1,45 da dose foi excretada como o metabólito1 trans-sulfóxido na urina19. A concentração sérica deste metabólito1 não foi determinada.
Eliminação: a maior parte da lamivudina é eliminada não modificada na urina19. Em 20 pacientes, nos quais foi administrada uma dose única IV, o clearance renal14 foi de 0,22 ± 0,06 L/hr*kg representando 71% ± 16 do clearance total da lamivudina.
Na maioria dos estudos de dose-única em pacientes infectados com HIV2 em amostras de soro20 por 24 horas após a dose, a meia-vida de eliminação média observada (T1/2) alcançou 0,37 ± 0,05 L/hr*kg. O clearance oral e a meia-vida de eliminação foram independentes da dose e peso corporal após uma dose oral de 0,25 a 10 mg/kg.
Populações especiais: Adultos com função renal14 comprometida: as propriedades farmacocinéticas da lamivudina foram determinadas em um pequeno grupo de adultos infectados com HIV2 com função renal14 prejudicada.
A exposição (AUC13¥), Cmax, e meia-vida aumentaram com a função renal14 diminuída (como expressado pelo clearance de creatinina21). O clearance aparente total (CI/F) da lamivudina diminuiu quando clearance de creatinina21 diminuiu. Baseando-se nestas observações, recomenda-se que a dosagem da lamivudina seja alterada em pacientes com função renal14 prejudicada. Os efeitos do prejuízo renal14 na farmacocinética da lamivudina em pacientes pediátricos não são conhecidos.