INFORMAÇÃO TÉCNICA VUDIRAX

Atualizado em 28/05/2016

A lamivudina é nucleosídeo sintético análogo. Estudos in vitro demonstraram que, a nível intracelular, a lamivudina é fosforilada a seu metabólito1 ativo o 5'-trifosfato (L-TP), o possui uma meia-vida intracelular de 10,5 a 15,5 horas. O principal modo de ação do L-TP é a inibição da transcrição reversa do HIV2 via cadeia terminal do DNA viral. O L-TP também inibe o RNA- e DNA-dependentes da atividade da DNA-polimerase de transcrição reversa (RT). L-TP é um inibidor fraco da a-, b-, e g- polimerase de mamíferos.

Microbiologia - Atividade anti-viral in vitro:
A relação entre a suscetibilidade in vitro do HIV2 a lamivudina e a inibição da replicação do HIV2 em humanos não foi ainda estabelecida. A atividade in vitro da lamivudina contra HIV2-1 foi verificada em um número de linhagem de células3 (incluindo monócitos4 e linfócitos sangue5 periférico humano fresco) utilizando um padrão de ensaio suscetíveis. Os valores de CI50  (concentrações inibitórias de 50%) estão na faixa de 2 nM a 15 mM. A lamivudina possui uma atividade anti-HIV2-1 em todas as infecções6 agudas virais testadas em células3. Em células3 MT-4 infectadas com HIV2, a lamivudina combinada a zidovudina possui atividade sinergistica antiretroviral.

Resistência a droga: isolados de HIV2 resistentes a lamivudina foram selecionados in vitro. As resistentes isolados in vitro apresentaram suscetibilidade reduzida a lamivudina e a análise do genótipo7 mostrou que a resistência é devida a mutações em substituições específicas na transcriptase reversa do HIV2-1 no códon 184 da metionina tanto para a isoleucina como para a valina. As cepas8 do HIV2-1 resistentes a lamivudina  e a zidovudina foram isoladas.
A suscetibilidade a isolados clínicos a lamivudina e zidovudina foi monitorada em estudos clínicos controlados. Em pacientes recebendo monoterapia de lamivudina ou terapia combinada9 com lamivudina e zidovudina, os isolados de HIV2-1 da maioria dos pacientes  tornaram-se genotipicamente e fenotipicamente resistentes a lamivudina dentro de 12 semanas. Em alguns pacientes, portadores de vírus10 resistentes a zidovudina, suscetibilidade fenotípica11 a zidovudina em 12 semanas de tratamento foi restabelecida. Terapia combinada9 de lamivudina e zidovudina demonstraram a emergência12 de mutações conferindo resistência a zidovudina.

Farmacocinética em adultos: as propriedades farmacocinéticas da lamivudina foram estudadas em pacientes adultos assintomáticos infectados com HIV2 após a administração de uma única dose intravenosa (IV) variando de 0,25 a 8 mg/kg, assim como doses únicas e múltiplas de doses orais variando de 0,25 a 10 mg/kg.
Absorção e biodisponibilidade: a lamivudina foi rapidamente absorvida após administração oral em pacientes infectados com HIV2. A biodisponibilidade absoluta em 12 adultos foi 86% ± 16% para o comprimido e  87% ± 13% para a solução oral. Após administração oral de 2 mg/kg duas vezes ao dia a nove adultos com HIV2, o pico de concentração sérica de lamivudina (Cmax) foi de 1,5 ± 0,5 mg/ml. A área sobre a concentração plasmática versus a curva do tempo (AUC13) e Cmax aumentou em proporção a dose oral na proporção de 0,25 a 10 mg/kg.
Em estudos realizados com pacientes assintomáticos, a absorção da lamivudina foi mais devagar do que no estado pós-alimentação (Tmax 3,2 ± 1,3 horas), se comparado com estado pré-alimentação  (Tmax 0,9 ± 0,3 horas); a Cmax no estado pós-alimentação foi de 40% ± 23%, mais baixo do que no estado pré-alimentação. Não houve nenhuma diferença significante na exposição sistêmica nos estados pré- e pós-alimentação; portanto, a lamivudina pode ser administrada com ou sem comida.
A taxa de acumulação da lamivudina em adultos assintomáticos HIV2-positivos com função renal14 normal foi 1,50 após 15 dias de administração oral de 2 mg/kg.
Distribuição: o volume aparente de distribuição após administração IV de lamivudina a 20 pacientes foi 1,3 ± 0,4 L/kg, sugerindo que a lamivudina se distribui nos espaços extravasculares15. O volume de distribuição foi independente da dose e não está correlacionado com o peso corporal.
A ligação da lamivudina às proteínas16 plasmáticas é baixa (36%). Estudos in vitro mostraram que acima da taxa de concentração de 0,1 a 100 mg/ml, a quantidade de lamivudina associada com os eritrócitos17 foi de 53% a 57% e foi independente da concentração.
Metabolismo18: o metabolismo18 da lamivudina é uma rota menor de eliminação. No homem, o único metabólito1 conhecido da lamivudina é o trans-sulfóxido. Dentro de 12 horas após uma única dose oral de lamivudina em seis adultos infectados com HIV2, 5,2% ± 1,45 da dose foi excretada como o metabólito1 trans-sulfóxido na urina19. A concentração sérica deste metabólito1 não foi determinada.
Eliminação: a maior parte da lamivudina é eliminada não modificada na urina19. Em 20 pacientes, nos quais foi administrada uma dose única IV, o clearance renal14 foi de 0,22 ± 0,06 L/hr*kg representando 71%  ± 16 do clearance total da lamivudina.
Na maioria dos estudos de dose-única em pacientes infectados com HIV2 em amostras de soro20 por 24 horas após a dose, a meia-vida de eliminação média observada (T1/2) alcançou 0,37 ± 0,05 L/hr*kg. O clearance oral e a meia-vida de eliminação foram independentes da dose e peso corporal após uma dose oral de 0,25 a 10 mg/kg.
Populações especiais: Adultos com função renal14 comprometida: as propriedades farmacocinéticas da lamivudina foram determinadas em um pequeno grupo de adultos infectados com HIV2 com função renal14 prejudicada.
A exposição (AUC13¥), Cmax, e meia-vida aumentaram com a função renal14 diminuída (como expressado pelo clearance de creatinina21). O clearance aparente total (CI/F) da lamivudina diminuiu quando clearance de creatinina21 diminuiu. Baseando-se nestas observações, recomenda-se que a dosagem da lamivudina seja alterada em pacientes com função renal14 prejudicada. Os efeitos do prejuízo renal14 na farmacocinética da lamivudina em pacientes pediátricos não são conhecidos.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
2 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Monócitos: É um tipo de leucócito mononuclear fagocitário, que se forma na medula óssea e é posteriormente transportado para os tecidos, onde se desenvolve em macrófagos.
5 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
6 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Genótipo: Composição genética de um indivíduo, ou seja, os genes que ele tem.
8 Cepas: Cepa ou estirpe é um termo da biologia e da genética que se refere a um grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças morfológicas e/ou fisiológicas.
9 Terapia combinada: Uso de medicações diferentes ao mesmo tempo (agentes hipoglicemiantes orais ou um agente hipoglicemiante oral e insulina, por exemplo) para administrar os níveis de glicose sangüínea em pessoas com diabetes tipo 2.
10 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
11 Fenotípica: Referente a fenótipo, ou seja, à manifestação visível ou detectável de um genótipo. Características físicas, morfológicas e fisiológicas do organismo.
12 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
13 AUC: A área sob a curva ROC (Receiver Operator Characteristic Curve ou Curva Característica de Operação do Receptor), também chamada de AUC, representa a acurácia ou performance global do teste, pois leva em consideração todos os valores de sensibilidade e especificidade para cada valor da variável do teste. Quanto maior o poder do teste em discriminar os indivíduos doentes e não doentes, mais a curva se aproxima do canto superior esquerdo, no ponto que representa a sensibilidade e 1-especificidade do melhor valor de corte. Quanto melhor o teste, mais a área sob a curva ROC se aproxima de 1.
14 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
15 Extravasculares: Relativos ao exterior dos vasos sanguíneos e linfáticos, ou que ali se situam ou ocorrem.
16 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
17 Eritrócitos: Células vermelhas do sangue. Os eritrócitos maduros são anucleados, têm forma de disco bicôncavo e contêm HEMOGLOBINA, cuja função é transportar OXIGÊNIO. Sinônimos: Corpúsculos Sanguíneos Vermelhos; Corpúsculos Vermelhos Sanguíneos; Corpúsculos Vermelhos do Sangue; Glóbulos Vermelhos; Hemácias
18 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
19 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
20 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
21 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.