REAÇÕES ADVERSAS BONAR
Pulmonar: É a reação adversa mais séria, ocorrendo em aproximadamente 10% dos
pacientes tratados. Sua apresentação mais freqüente é a pneumonite1, que progride
ocasionalmente para fibrose2 pulmonar. Aproximadamente 1% dos pacientes tratados
morre de fibrose2 pulmonar. A toxicidade3 pulmonar é dose e idade dependente, sendo
mais comum em pacientes maiores de 70 anos de idade e naqueles recebendo mais
de 400 unidades de dose total. Porém , esta toxicidade3 é imprevisível e tem sido
encontrada em pacientes jovens recebendo baixas doses. Devido à ausência de uma
síndrome4 clínica específica, a identificação de pacientes com toxicidade3 pulmonar
causada pela bleomicina tem sido extremamente difícil.
Os sintomas5 iniciais da doença pulmonar induzidos por bleomicina são inespecíficos e
precedem às alterações radiológicas. Em geral iniciam com dispnéia6 e os primeiros
sinais7 são os estertores finos e as radiografias pulmonares que apresentam opacidade não-especifica, principalmente nos campos pulmonares inferiores. As alterações mais comuns nos testes de função pulmonar são diminuição do volume pulmonar e da capacidade vital8. Devem ser realizadas avaliações radiológicas para verificar e prevenir evolução para fibrose2 pulmonar.
As alterações microscópicas da fibrose2 pulmonar são semelhantes às da síndrome4 de
Hamman-Rich.
Para monitorizar o início da toxicidade3 pulmonar, recomenda-se a realização de
radiografias pulmonares a cada 1 ou 2 semanas. Se forem observadas alterações
pulmonares, deve-se descontinuar o medicamento, até que seja determinado se há
relação com a droga. Estudos recentes sugeriram que a medida seqüencial da
capacidade de difusão pulmonar do monóxido de carbono9 (DLCO) durante o tratamento com este produto pode ser um indicador da toxicidade3 pulmonar subclínica.
Recomenda-se a monitorização mensal do DLCO devendo a droga ser descontinuada se os níveis forem inferiores a 30-35% do valor anterior ao tratamento.
Devido à sensibilização que a bleomicina causa no tecido10 pulmonar, os pacientes que
recebem bleomicina apresentam maior risco de desenvolver toxicidade3 pulmonar
quando é administrado oxigênio durante cirurgias, mesmo em concentrações menores
que as consideradas seguras.
Início súbito da síndrome4 de dor torácica aguda sugestiva de pleurocardite tem sido
raramente relatada durante infusões de bleomicina. Recomenda-se a avaliação de
cada paciente, embora a continuação do tratamento com bleomicina não pareça estar
contra-indicada.
Foram raramente relatadas reações pulmonares adversas que possam estar
relacionadas com a administração intrapleural, tal como a dor pleural.
Reações idiossincráticas. Foi relatada, em aproximadamente 1% dos pacientes
tratados com bleomicina, uma reação idiossincrática, semelhante à anafilaxia11, que
pode ser imediata ou pode demorar algumas horas, geralmente ocorrendo após a
primeira ou segunda dose. É caracterizada por hipotensão12, confusão mental, febre13,
calafrios14 e respiração ruidosa. O tratamento é sintomático15 incluindo expansão de
volume, agentes pressóricos, anti-histamínicos e corticosteróides.
Membranas mucosas16 e tegumentares. Trata-se dos efeitos colaterais17 mais
freqüentes, sendo relatados em 50% dos pacientes tratados. Consistem de eritema18,
erupções, estrias, vesiculação, hiperpigmentação e flacidez da pele19. Hiperceratose20,
alterações das unhas21, alopecia22, prurido23 e estomatite24 também foram relatados. Foi
necessário interromper a terapia em 2% dos pacientes por causa destas toxicidades.
Toxicidade3 cutânea25 é relativamente tardia, desenvolvendo-se na segunda ou terceira
semana de tratamento, após 150 a 200 unidades de bleomicina terem sido
administradas e parece estar relacionada com as doses cumulativas.
Outras: Raramente tem sido relatado toxicidade3 vascular26 associada com o uso de
bleomicina com outros agentes antineoplásicos. As ocorrências são clinicamente
heterogêneas e podem incluir infarto do miocárdio27, acidente cerebrovascular,
microangiopatia trombótica28 ou arterite cerebral. Também há relatos do fenômeno de
Raynaud em pacientes tratados com bleomicina em combinação com vimblastina com ou sem cisplatina ou, em alguns casos, com bleomicina como agente único.
Desconhece-se a causa exata do fenômeno de Raynaud29. Há relatos pouco frequentes
de pacientes com hipotensão12 que necessitaram de tratamento. Os efeitos colaterais17
mais freqüentemente relatados foram febre13, calafrios14 e vômitos30 . Anorexia31 e perda de
peso são comuns e podem persistir após a interrupção do tratamento. Raramente
foram relatados dor no local do tumor32, flebite33 e outras reações locais.