REAÇÕES ADVERSAS BONAR

Atualizado em 28/05/2016

Pulmonar: É a reação adversa mais séria, ocorrendo em aproximadamente 10% dos
pacientes tratados. Sua apresentação mais freqüente é a pneumonite1, que progride
ocasionalmente para fibrose2 pulmonar. Aproximadamente 1% dos pacientes tratados
morre de fibrose2 pulmonar. A toxicidade3 pulmonar é dose e idade dependente, sendo
mais comum em pacientes maiores de 70 anos de idade e naqueles recebendo mais
de 400 unidades de dose total. Porém , esta toxicidade3 é imprevisível e tem sido
encontrada em pacientes jovens recebendo baixas doses. Devido à ausência de uma
síndrome4 clínica específica, a identificação de pacientes com toxicidade3 pulmonar
causada pela bleomicina tem sido extremamente difícil.
Os sintomas5 iniciais da doença pulmonar induzidos por bleomicina são inespecíficos e
precedem às alterações radiológicas. Em geral iniciam com dispnéia6 e os primeiros
sinais7 são os estertores finos e as radiografias pulmonares que apresentam opacidade não-especifica, principalmente nos campos pulmonares inferiores. As alterações mais comuns nos testes de função pulmonar são diminuição do volume pulmonar e da capacidade vital8. Devem ser realizadas avaliações radiológicas para verificar e prevenir evolução para fibrose2 pulmonar.
As alterações microscópicas da fibrose2 pulmonar são semelhantes às da síndrome4 de
Hamman-Rich.
Para monitorizar o início da toxicidade3 pulmonar, recomenda-se a realização de
radiografias pulmonares a cada 1 ou 2 semanas. Se forem observadas alterações
pulmonares, deve-se descontinuar o medicamento, até que seja determinado se há
relação com a droga. Estudos recentes sugeriram que a medida seqüencial da
capacidade de difusão pulmonar do monóxido de carbono9 (DLCO) durante o tratamento com este produto pode ser um indicador da toxicidade3 pulmonar subclínica.
Recomenda-se a monitorização mensal do DLCO devendo a droga ser descontinuada se os níveis forem inferiores a 30-35% do valor anterior ao tratamento.
Devido à sensibilização que a bleomicina causa no tecido10 pulmonar, os pacientes que
recebem bleomicina apresentam maior risco de desenvolver toxicidade3 pulmonar
quando é administrado oxigênio durante cirurgias, mesmo em concentrações menores
que as consideradas seguras.
Início súbito da síndrome4 de dor torácica aguda sugestiva de pleurocardite tem sido
raramente relatada durante infusões de bleomicina. Recomenda-se a avaliação de
cada paciente, embora a continuação do tratamento com bleomicina não pareça estar
contra-indicada.
Foram raramente relatadas reações pulmonares adversas que possam estar
relacionadas com a administração intrapleural, tal como a dor pleural.
Reações idiossincráticas. Foi relatada, em aproximadamente 1% dos pacientes
tratados com bleomicina, uma reação idiossincrática, semelhante à anafilaxia11, que
pode ser imediata ou pode demorar algumas horas, geralmente ocorrendo após a
primeira ou segunda dose. É caracterizada por hipotensão12, confusão mental, febre13,
calafrios14 e respiração ruidosa. O tratamento é sintomático15 incluindo expansão de
volume, agentes pressóricos, anti-histamínicos e corticosteróides.
Membranas mucosas16 e tegumentares. Trata-se dos efeitos colaterais17 mais
freqüentes, sendo relatados em 50% dos pacientes tratados. Consistem de eritema18,
erupções, estrias, vesiculação, hiperpigmentação e flacidez da pele19. Hiperceratose20,
alterações das unhas21, alopecia22, prurido23 e estomatite24 também foram relatados. Foi
necessário interromper a terapia em 2% dos pacientes por causa destas toxicidades.
Toxicidade3 cutânea25 é relativamente tardia, desenvolvendo-se na segunda ou terceira
semana de tratamento, após 150 a 200 unidades de bleomicina terem sido
administradas e parece estar relacionada com as doses cumulativas.
Outras: Raramente tem sido relatado toxicidade3 vascular26 associada com o uso de
bleomicina com outros agentes antineoplásicos. As ocorrências são clinicamente
heterogêneas e podem incluir infarto do miocárdio27, acidente cerebrovascular,
microangiopatia trombótica28 ou arterite cerebral. Também há relatos do fenômeno de
Raynaud em pacientes tratados com bleomicina em combinação com vimblastina com ou sem cisplatina ou, em alguns casos, com bleomicina como agente único.
Desconhece-se a causa exata do fenômeno de Raynaud29. Há relatos pouco frequentes
de pacientes com hipotensão12 que necessitaram de tratamento. Os efeitos colaterais17
mais freqüentemente relatados foram febre13, calafrios14 e vômitos30 . Anorexia31 e perda de
peso são comuns e podem persistir após a interrupção do tratamento. Raramente
foram relatados dor no local do tumor32, flebite33 e outras reações locais.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Pneumonite: Inflamação dos pulmões que compromete principalmente o espaço que separa um alvéolo de outro (interstício pulmonar). Pode ser produzida por uma infecção viral ou lesão causada por radiação ou exposição a diferentes agentes químicos.
2 Fibrose: 1. Aumento das fibras de um tecido. 2. Formação ou desenvolvimento de tecido conjuntivo em determinado órgão ou tecido como parte de um processo de cicatrização ou de degenerescência fibroide.
3 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
4 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
5 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Dispnéia: Falta de ar ou dificuldade para respirar caracterizada por respiração rápida e curta, geralmente está associada a alguma doença cardíaca ou pulmonar.
7 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
8 Capacidade vital: Representa o maior volume de ar mobilizado, podendo ser medido tanto na inspiração quanto na expiração.
9 Monóxido de carbono: Gás levemente inflamável, incolor, inodoro e muito tóxico ao organismo.
10 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
11 Anafilaxia: É um tipo de reação alérgica sistêmica aguda. Esta reação ocorre quando a pessoa foi sensibilizada (ou seja, quando o sistema imune foi condicionado a reconhecer uma substância como uma ameaça ao organismo). Na segunda exposição ou nas exposições subseqüentes, ocorre uma reação alérgica. Essa reação é repentina, grave e abrange o corpo todo. O sistema imune libera anticorpos. Os tecidos liberam histamina e outras substâncias. Esse mecanismo causa contrações musculares, constrição das vias respiratórias, dificuldade respiratória, dor abdominal, cãimbras, vômitos e diarréia. A histamina leva à dilatação dos vasos sangüíneos (que abaixa a pressão sangüínea) e o vazamento de líquidos da corrente sangüínea para os tecidos (que reduzem o volume de sangue) o que provoca o choque. Ocorrem com freqüência a urticária e o angioedema - este angioedema pode resultar na obstrução das vias respiratórias. Uma anafilaxia prolongada pode causar arritmia cardíaca.
12 Hipotensão: Pressão sanguínea baixa ou queda repentina na pressão sanguínea. A hipotensão pode ocorrer quando uma pessoa muda rapidamente de uma posição sentada ou deitada para a posição de pé, causando vertigem ou desmaio.
13 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
14 Calafrios: 1. Conjunto de pequenas contrações da pele e dos músculos cutâneos ao longo do corpo, muitas vezes com tremores fortes e palidez, que acompanham uma sensação de frio provocada por baixa temperatura, má condição orgânica ou ainda por medo, horror, nojo, etc. 2. Sensação de frio e tremores fortes, às vezes com bater de dentes, que precedem ou acompanham acessos de febre.
15 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
16 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
17 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
18 Eritema: Vermelhidão da pele, difusa ou salpicada, que desaparece à pressão.
19 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
20 Hiperceratose: Em Dermatologia, é a hiperplasia da camada córnea da epiderme. E, em Oftalmologia, é a hipertrofia da córnea.
21 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
22 Alopécia: Redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em uma determinada área de pele. Ela apresenta várias causas, podendo ter evolução progressiva, resolução espontânea ou ser controlada com tratamento médico. Quando afeta todos os pêlos do corpo, é chamada de alopécia universal.
23 Prurido: 1.    Na dermatologia, o prurido significa uma sensação incômoda na pele ou nas mucosas que leva a coçar, devido à liberação pelo organismo de substâncias químicas, como a histamina, que irritam algum nervo periférico. 2.    Comichão, coceira. 3.    No sentido figurado, prurido é um estado de hesitação ou dor na consciência; escrúpulo, preocupação, pudor. Também pode significar um forte desejo, impaciência, inquietação.
24 Estomatite: Inflamação da mucosa oral produzida por infecção viral, bacteriana, micótica ou por doença auto-imune. É caracterizada por dor, ardor e vermelhidão da mucosa, podendo depositar-se sobre a mesma uma membrana brancacenta (leucoplasia), ou ser acompanhada de bolhas e vesículas.
25 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
26 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
27 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
28 Trombótica: Relativo à trombose, ou seja, à formação ou desenvolvimento de um trombo (coágulo).
29 Fenômeno de Raynaud: O fenômeno de Raynaud (ou Raynaud secundário) ocorre subsequentemente a um grande grupo de doenças, como artrite, vasculite, esclerodermia, dentre outras. Esta forma de Raynaud pode progredir para necrose e gangrena dos dedos.
30 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
31 Anorexia: Perda do apetite ou do desejo de ingerir alimentos.
32 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
33 Flebite: Inflamação da parede interna de uma veia. Pode ser acompanhada ou não de trombose da mesma.

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