FARMACOCINÉTICA FLOTAC

Atualizado em 28/05/2016

Absorção
A formulação característica de FLOTAC garante uma liberação do diclofenaco do complexo diclofenaco-colestiramina de início rápido bem como de longa duração.
Vinte minutos após a administração de uma cápsula de FLOTAC já se pode detectar concentrações plasmáticas da droga (média: 0,3 mcg/ml [0,96 mcmol/L]). A concentração plasmática máxima (Cmáx) é alcançada em cerca de 1,25 horas (grau de difusão: 0,33-2 horas), sendo de 0,7 ± 0,22 mcg/ml (2,2 ± 0,7 mcmol/L), cerca de
1/3 das concentrações alcançadas após administração de doses equivalentes de diclofenaco sódico.
Até 12 horas após administração de FLOTAC ainda são detectados níveis plasmáticos mensuráveis. Os valores Cmáx assim como as áreas sob a curva da concentração plasmática (valores AUC1), têm comportamento linearmente proporcional à dose administrada.
Em comparação as doses equivalentes de diclofenaco sódico, FLOTAC mostra um afluxo mais rápido da substância ativa, concentrações plasmáticas de pico mais baixas, níveis plasmáticos mensuráveis por tempo mais longo, assim como menores oscilações interindividuais das concentrações plasmáticas máximas e das áreas abaixo das curvas das concentrações plasmáticas.
Distribuição
O diclofenaco liga-se a proteínas2 séricas numa extensão de 99,7%, principalmente à albumina3 (99,4%).
O diclofenaco penetra no líquido sinovial4, onde as concentrações máximas são medidas 2 a 4 horas após os valores plasmáticos de pico terem sido atingidos. A meia-vida de eliminação aparente do líquido sinovial4 é de 3 a 6 horas.
Metabolismo5
O diclofenaco é rápido e quase completamente metabolizado.
Os metabólitos6 são conhecidos. A biotransformação ocorre pela glicuronização parcial da molécula inalterada, mas principalmente por hidroxilação simples e múltipla, que leva à formação de metabólitos6 fenólicos (3'-hidroxi-,4'-hidroxi-,5-hidroxi-,4'5-diidroxi- e 3'-hidroxi-4'-metoxidiclofenaco), que podem ser conjugados subseqüentemente ao ácido glicurônico.
Eliminação
A eliminação do diclofenaco do plasma7 ocorre com clearance (depuração) sistêmico8 de 263 ± 56 ml/min. A meia-vida terminal é de 1 a 2 horas. Menos de 1% é excretado de forma inalterada por via renal9. Cerca de 60% da dose administrada é excretada como metabólitos6 pelos rins10 e o restante pelas fezes.
A farmacocinética de FLOTAC permanece inalterada após repetidas administrações. Não ocorre acúmulo desde que sejam observados os intervalos entre as administrações das doses recomendadas.
Não foram observadas relevantes diferenças idade-dependentes de absorção, metabolismo5 e excreção.
O diclofenaco não tem efeito cumulativo em pacientes com insuficiência renal11. Em pacientes com clearance (depuração) de creatinina12 de menos de 10 ml/min, os níveis plasmáticos de steady-state (estado de equilíbrio) dos metabólitos6 são cerca de 4 vezes mais altos do que em indivíduos sadios. Entretanto, os metabólitos6 são finalmente excretados através da bile13.
Em pacientes com insuficiência hepática14 (hepatite15 crônica, cirrose16 não descompensada), a cinética17 e o metabolismo5 ocorrem da mesma forma que no paciente sem doença hepática18.
Biodisponibilidade
Comparações das curvas dos níveis plasmáticos após administração intravenosa ou oral de diclofenaco marcado radioativamente mostram que, mesmo na administração oral, a quantidade total alcança a circulação19 sistêmica; cerca de 54% de substância ativa inalterada e o restante como metabólitos6 parcialmente ativos (efeito de "primeira passagem") (veja "Farmacodinâmica").
Em comparação com o diclofenaco sódico, a biodisponibilidade do diclofenaco de FLOTAC é de cerca de 80%.
Dados de segurança pré-clínicos
Os achados de experimentos animais com diclofenaco e pesquisas complementares com FLOTAC mostram propriedades toxicológicas comparáveis.
Toxicidade20 aguda
Os testes de toxicidade20 aguda de diclofenaco em várias espécies animais não mostraram particular sensibilidade (veja "Superdosagem").
Toxicidade20 crônica
A toxicidade20 crônica do diclofenaco foi pesquisada em ratos, cães e macacos. Com doses tóxicas, variando de acordo com a espécie a partir de doses de 0,5 a 2 mg/kg, surgiram ulcerações21 no trato gastrintestinal que, por sua vez, causaram manifestações secundárias como peritonite22, anemia23 e leucocitose24.
Mutagênese e potencial de carcinogenicidade
O efeito mutagênico do diclofenaco pode ser excluído devido aos resultados dos testes in vitro e in vivo. Quanto à carcinogenicidade, os testes em ratos não mostraram nenhuma indicação de efeitos para geração de tumores.
Reprodução25
O potencial embriotóxico do diclofenaco foi pesquisado em 3 espécies animais (rato, camundongo e coelho). A morte fetal e retardo do crescimento surgiram com doses tóxicas maternas. Não se observou mal-formações. O diclofenaco causou prolongamento do período de gravidez26 e da duração do trabalho de parto. Não foi constatado efeito prejudicial sobre a fertilidade. Doses abaixo do limite tóxico materno não influenciaram no desenvolvimento pós-natal dos filhotes.
A colestiramina mostrou-se praticamente atóxica. A dose de colestiramina ingerida com FLOTAC é de 100 a 200 vezes mais baixa que a recomendada para o tratamento de distúrbios do metabolismo5 lipídico (por exemplo, hipercolesterolemia27).

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Complementos

1 AUC: A área sob a curva ROC (Receiver Operator Characteristic Curve ou Curva Característica de Operação do Receptor), também chamada de AUC, representa a acurácia ou performance global do teste, pois leva em consideração todos os valores de sensibilidade e especificidade para cada valor da variável do teste. Quanto maior o poder do teste em discriminar os indivíduos doentes e não doentes, mais a curva se aproxima do canto superior esquerdo, no ponto que representa a sensibilidade e 1-especificidade do melhor valor de corte. Quanto melhor o teste, mais a área sob a curva ROC se aproxima de 1.
2 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
3 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
4 Líquido sinovial: Gel viscoso e transparente que lubrifica as estruturas que banha, minorando o atrito entre elas. Ele é encontrado na cavidade da cápsula articular.
5 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
6 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
7 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
8 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
9 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
10 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
11 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
12 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
13 Bile: Agente emulsificador produzido no FÍGADO e secretado para dentro do DUODENO. Sua composição é formada por s ÁCIDOS E SAIS BILIARES, COLESTEROL e ELETRÓLITOS. A bile auxilia a DIGESTÃO das gorduras no duodeno.
14 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
15 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
16 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
17 Cinética: Ramo da física que trata da ação das forças nas mudanças de movimento dos corpos.
18 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
19 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
20 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
21 Ulcerações: 1. Processo patológico de formação de uma úlcera. 2. A úlcera ou um grupo de úlceras.
22 Peritonite: Inflamação do peritônio. Pode ser produzida pela entrada de bactérias através da perfuração de uma víscera (apendicite, colecistite), como complicação de uma cirurgia abdominal, por ferida penetrante no abdome ou, em algumas ocasiões, sem causa aparente. É uma doença grave que pode levar pacientes à morte.
23 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
24 Leucocitose: É o aumento no número de glóbulos brancos (leucócitos) no sangue, geralmente maior que 8.000 por mm³. Ocorre em diferentes patologias como em resposta a infecções ou processos inflamatórios. Entretanto, também pode ser o resultado de uma reação normal em certas condições como a gravidez, a menstruação e o exercício muscular.
25 Reprodução: 1. Função pela qual se perpetua a espécie dos seres vivos. 2. Ato ou efeito de reproduzir (-se). 3. Imitação de quadro, fotografia, gravura, etc.
26 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
27 Hipercolesterolemia: Aumento dos níveis de colesterol do sangue. Está associada a uma maior predisposição ao desenvolvimento de aterosclerose.

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