INFORMAÇÕES TÉCNICAS BROMETO DE IPRATRÓPIO

Atualizado em 28/05/2016
O brometo de ipratrópio é um composto de amônio quaternário com propriedades
anticolinérgicas (parassimpaticolíticas). Em estudos realizados parece atuar na
inibição do reflexo vagal, antagonizando a ação da acetilcolina1. Agentes
anticolinérgicos impedem o aumento da concentração intracelular de monofosfato de
guanosina cíclico (GMP cíclico) causado pela interação da acetilcolina1 com o receptor
inalação do brometo de ipratrópio é local e específico para o pulmão2, não sendo de
natureza sistêmica. Em estudos controlados de 90 dias em pacientes com
broncoespasmo3 associado à doença pulmonar obstrutiva crônica (bronquite crônica4 e
enfisema5), foi observada uma melhora na função pulmonar dentro de 15 minutos,
alcançando pico em 1 a 2 horas e persistindo na maioria dos pacientes, até 6 horas.
Em estudos controlados de 90 dias em pacientes com broncoespasmo3 associado à
asma6, foi observada uma significante melhora na função pulmonar em 40% dos
pacientes estudados. Estudos clínicos e pré-clínicos sugerem que o brometo de
ipratrópio não possui efeitos prejudiciais sobre a secreção mucosa7 das vias aéreas, a
depuração mucociliar8 e a troca gasosa.
Seu efeito broncodilatador9 no tratamento de broncoespasmo3 agudo10 associado à asma6
foi demonstrado em estudos em adultos e crianças acima de 6 anos de idade. Na
maioria desses estudos o brometo de ipratrópio foi administrado em combinação com
um medicamento beta-2- agonista11. Embora os dados sejam limitados, o brometo de
ipratrópio mostrou ter um efeito terapêutico no tratamento do broncoespasmo3
associado a bronquite viral e à displasia broncopulmonar12 em lactentes13 e crianças
pequenas. O fármaco14 é absorvido muito rapidamente após inalação. O pico de
concentração plasmática é alcançado em poucos minutos. Sua biodisponibilidade
sistêmica após a inalação foi de cerca de 7% da dose. Os parâmetros
farmacocinéticos básicos foram calculados a partir dos dados do nível plasmático,
após a administração intravenosa (IV). Observa-se um rápido declínio bifásico para o
ipratrópio no plasma15. A meia-vida da fase terminal de eliminação foi de
aproximadamente 1,6 horas. A meia-vida de eliminação da droga e dos metabólitos16,
determinada por marcação radioativa, foi de 3,6 horas. Os metabólitos16 principais
encontrados na urina17 ligam-se fracamente aos receptores muscarínicos. A depuração
total do principio ativo é de 2,3L/min. Aproximadamente 40% da depuração é renal18
(0,9L/min) e 60% é não-renal18, ocorrendo principalmente pelo metabolismo19 hepático. O
volume de distribuição é de 338L (correspondentes a aproximadamente 4,6L/Kg). A
excreção renal18 do ipratrópio é de 45% da dose após a administração IV e de 8% após a
inalação de um aerossol. Menos de 20% da droga liga-se às proteínas20 plasmáticas. O
íon21 ipratrópio não atravessa a barreira hematoencefálica, condizentemente com a
estrutura da amina quaternária da molécula. A toxicidade22 aguda tem sido investigada
em várias espécies de roedores e não-roedores, com períodos de observação de 14
dias. A dose letal mínima em cobaias, administrada por inalação, foi de 199mg/Kg e,
em ratos, doses de 11,5 mcg/L/h, 4 vezes ao dia ou 48 mcg/Kg/4h não causaram
mortalidade23. A DL 50 via oral (V.O.) e a DL 50 I.V. foram consideravelmente maiores
que a dose letal mínima por inalação. A DL 50 variou de 2050mg/kg em camundongos
(V.O.) a 17,5mg/kg em cães (I.V.). A baixa toxicidade22 oral, comparada com a maior
toxicidade22 da administração I.V. reflete a pobre absorção gastrintestinal do fármaco14.
Estudos com administrações diárias em animais foram realizados em ratos, coelhos,
cães e macacos Rhesus. Em estudos realizados com inalação por até 6 meses em
ratos, cães e macacos Rhesus, o nível de não-observação de efeitos tóxicos foi de
0,252mg/kg/dia, 0,18mg/kg/dia e 0,8mg/kg/dia, respectivamente.
Histopatologicamente, nenhuma lesão24 relacionada ao fármaco14 foi observada no
sistema broncopulmonar. Em ratos, o nível de não-observação de efeitos tóxicos após
18 meses de administração oral foi de 0,5mg/kg/dia. Uma solução aquosa de brometo
de ipratrópio (48mcg/kg/4horas) administrada em ratos, por inalação, foi bem tolerada
localmente. Anafilaxia25 ativa ou reações anafiláticas26 cutâneas27 passivas não foram
observadas em cobaias. A mutagenicidade "in vitro" em bactérias (teste de Ames) não
indicou potencial mutagênico. Os resultados de ensaios "in vivo" (teste de
micronúcleo, teste letal dominante em macacos, ensaio citogênico nas células28 da
medula óssea29 de hamsters chineses) não demonstraram aumento na taxa de
anomalias cromossômicas. Não foram detectados efeitos tumorigênicos e
carcinogênicos em estudos a longo prazo em camundongos e ratos. Estudos para
investigar uma possível influência de brometo de ipratrópio na fertilidade, na
embriofetotoxicidade e sobre o desenvolvimento peri e pós-natal foram realizados em
camundongos, ratos e coelhos. Mesmo as mais altas doses orais empregadas
(100mg/Kg/dia em ratos e 125mg/Kg/dia em coelhos), as quais provaram ser tóxicas à
mãe, não induziram malformações30 à prole.
Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Acetilcolina: A acetilcolina é um neurotransmissor do sistema colinérgico amplamente distribuído no sistema nervoso autônomo.
2 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
3 Broncoespasmo: Contração do músculo liso bronquial, capaz de produzir estreitamento das vias aéreas, manifestado por sibilos no tórax e falta de ar. É uma contração vista com freqüência na asma.
4 Bronquite crônica: Inflamação persistente da mucosa dos brônquios, em geral produzida por tabagismo, e caracterizada por um grande aumento na produção de muco bronquial que produz tosse e expectoração durante pelo menos três meses consecutivos durante dois anos.
5 Enfisema: Doença respiratória caracterizada por destruição das paredes que separam um alvéolo de outro, com conseqüente perda da retração pulmonar normal. É produzida pelo hábito de fumar e, em algumas pessoas, pela deficiência de uma proteína chamada Antitripsina.
6 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
7 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
8 Mucociliar: O aparelho mucociliar tem como principal função a remoção de partículas ou substâncias potencialmente agressivas ao trato respiratório através do transporte pelos cílios, ou alternativamente, pela tosse e espirro, nos quadros de hiperprodução de muco, como rinite alérgica, rinossinusites, bronquite crônica, fibrose cística e asma.
9 Broncodilatador: Substância farmacologicamente ativa que promove a dilatação dos brônquios.
10 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
11 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
12 Displasia broncopulmonar: Doença pulmonar crônica, de etiologia multifatorial e complexa. Acomete, em geral, os recém-nascidos prematuros submetidos à oxigenioterapia e à ventilação mecânica nos primeiros dias de vida.
13 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
14 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
15 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
16 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
17 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
18 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
19 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
20 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
21 Íon: Átomo ou grupo atômico eletricamente carregado.
22 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
23 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
24 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
25 Anafilaxia: É um tipo de reação alérgica sistêmica aguda. Esta reação ocorre quando a pessoa foi sensibilizada (ou seja, quando o sistema imune foi condicionado a reconhecer uma substância como uma ameaça ao organismo). Na segunda exposição ou nas exposições subseqüentes, ocorre uma reação alérgica. Essa reação é repentina, grave e abrange o corpo todo. O sistema imune libera anticorpos. Os tecidos liberam histamina e outras substâncias. Esse mecanismo causa contrações musculares, constrição das vias respiratórias, dificuldade respiratória, dor abdominal, cãimbras, vômitos e diarréia. A histamina leva à dilatação dos vasos sangüíneos (que abaixa a pressão sangüínea) e o vazamento de líquidos da corrente sangüínea para os tecidos (que reduzem o volume de sangue) o que provoca o choque. Ocorrem com freqüência a urticária e o angioedema - este angioedema pode resultar na obstrução das vias respiratórias. Uma anafilaxia prolongada pode causar arritmia cardíaca.
26 Reações anafiláticas: É um tipo de reação alérgica sistêmica aguda. Esta reação ocorre quando a pessoa foi sensibilizada (ou seja, quando o sistema imune foi condicionado a reconhecer uma substância como uma ameaça ao organismo). Na segunda exposição ou nas exposições subseqüentes, ocorre uma reação alérgica. Essa reação é repentina, grave e abrange o corpo todo. O sistema imune libera anticorpos. Os tecidos liberam histamina e outras substâncias. Esse mecanismo causa contrações musculares, constrição das vias respiratórias, dificuldade respiratória, dor abdominal, cãimbras, vômitos e diarréia. A histamina leva à dilatação dos vasos sangüíneos (que abaixa a pressão sangüínea) e o vazamento de líquidos da corrente sangüínea para os tecidos (que reduzem o volume de sangue) o que provoca o choque. Ocorrem com freqüência a urticária e o angioedema - este angioedema pode resultar na obstrução das vias respiratórias. Uma anafilaxia prolongada pode causar arritmia cardíaca.
27 Cutâneas: Que dizem respeito à pele, à cútis.
28 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
29 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
30 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).

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