
CARACTERÍSTICAS CLORPROMAZ
O mecanismo preciso de como a Clorpromazina exerce seus efeitos terapêuticos ainda não é conhecido. Sabe-se que a Clorpromazina atua principalmente como psicotrópico1, além de exercer atividade sedativa e antiemética. A Clorpromazina tem ação em todos os níveis do sistema nervoso central2 (principalmente nos níveis subcorticais), assim como nos vários sistemas orgânicos. A Clorpromazina tem forte ação antiadrenérgica e fraca ação anticolinérgica periférica; a ação de bloqueio ganglionar é relativamente leve. Também possui leve atividades anti-histamínica e anti-seretonina.
A Clorpromazina tem alta afinidade pelas proteínas3 plasmáticas (90% ou mais). Sofre metabolização hepática4 e é eliminada através da bile5 e, principalmente, da urina6.
- INDICAÇÕES:
CLORPROMAZ está indicado no controle de manifestações de desordens psicóticas; no controle de náusea7 e vômitos8; no alívio da agitação e apreensão antes de cirurgias; na porfiria9 aguda intermitente10; como adjuvante no tratamento de tétano11; no controle de manifestações do tipo mania em doenças maníaco-depressivas; no alívio de soluços intratáveis; no tratamento de problemas graves de comportamento em crianças (2 a 12 anos de idade) caracterizadas por combatividade e/ou comportamento hiperexcitado explosivo e em tratamentos curtos de crianças hiperativas que demonstram atividade motora excessiva acompanhada de desordens de condução, consistindo de um ou todos os seguintes sintomas12: impulsividade, dificuldade para manter atenção, agressividade, alterações de humor e pouca tolerância à frustração. CLORPROMAZ pode ser usado nos casos onde há necessidade de ação neuroléptica, vagolítica, simpatolítica, sedativa ou antiemética.
- CONTRA-INDICAÇÕES:
CLORPROMAZ é contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade aos componentes da fórmula ou à outras fenotiazinas, em estados comatosos ou na presença da grandes quantidades de depressores do sistema nervoso central2 (álcool, barbitúricos, narcóticos, etc.). Glaucoma13 de ângulo fechado. Em pacientes com risco de retenção urinária14 ligada a problemas uretroprostáticos. Doença cardiovascular grave. Depressão severa do sistema nervoso central2.
- PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS:
Gerais: Discinesia tardia15, uma síndrome16 que consiste de movimentos discinéticos irreversíveis e involuntários, pode se desenvolver em pacientes tratados com drogas neurolépticas (antipsicóticas). Apesar da prevalência17 da síndrome16 parecer ser maior entre os idosos, especialmente mulheres idosas, não é possível confiar nas estatísticas para predizer, no momento da introdução do tratamento neuroléptico18, se o paciente é mais suscetível ao desenvolvimento desta síndrome16. Não se sabe se os medicamentos neurolépticos19 diferem nos seus potenciais de causar discinesia tardia15. Devido à probabilidade de que alguns pacientes expostos cronicamente aos neurolépticos19 possam desenvolver discinesia tardia15, recomenda-se que todos os pacientes submetidos ao uso crônico20 sejam informados sobre este risco. A decisão de informar os pacientes e/ou os responsáveis por eles deve levar em conta as circunstâncias clínicas e a capacidade do paciente em entender as informações fornecidas.
CLORPROMAZ deve ser administrado com cautela a pacientes com doenças cardiovasculares21, hepáticas22 ou renais.
Devido ao seu efeito depressor do sistema nervoso central2, CLORPROMAZ deve ser usado com cuidado em pacientes com doenças respiratórias crônicas, como asma23 severa, enfisema24 e infecções25 respiratórias agudas, principalmente em crianças.
Uma vez que o CLORPROMAZ pode suprimir o reflexo da tosse, a aspiração de vômito26 é possível.
Recomenda-se atenção no tratamento de pessoas que serão expostas ao calor intenso ou inseticidas organofosforados ou pessoas sob tratamento com atropina ou drogas relacionadas.
Drogas neurolépticas elevam os níveis de prolactina27, sendo que esta elevação persiste durante a administração crônica. Apesar de terem sido reportados distúrbios como galactorréia28, amenorréria, ginecomastia29 e impotência30, o significado clínico da elevação da concentração sérica de prolactina27 é desconhecida na maioria dos pacientes.
Como todas as drogas com ação anticolinérgica e/ou que causam midríase31, a Clorpromazina deve ser usada com cautela em pacientes com glaucoma13.
A Clorpromazina pode diminuir o limiar convulsivante. Nestes casos, podem ser necessários ajustes posológicos dos anticonvulsivantes. A Clorpromazina não potencializa a ação dos anticonvulsivantes.
Para diminuir a probabilidade de ocorrerem efeitos adversos relacionados aos efeito acumulativo da droga, os pacientes com terapia prolongada com CLORPROMAZ e/ou outros neurolépticos19 devem ser avaliados periodicamente para decidir se a dose de manutenção deve ser diminuída ou se a terapia deve ser descontinuada.
O efeito antiemético32 do CLORPROMAZ pode mascarar os sinais33 e sintomas12 de superdosagem de outras drogas e podem dificultar o diagnóstico34 e o tratamento de outras condições como obstrução intestinal, tumor35 cerebral e Síndrome16 de Reye.
Como as outras fenotiazinas, não se sabe se o CLORPROMAZ pode causar dependência psíquica ou se produz tolerância ou vício. Entretanto, podem ocorrer sintomas12 semelhantes aos de dependência física quando o tratamento com altas doses é interrompido abruptamente, tais como gastrite36, náusea7, vômito26, vertigens37 e tremores. Estes sintomas12 podem ser evitados ou reduzidos com a redução gradual das doses ou pela administração concomitante de agentes antiparkinsonianos por várias semanas após a retirada do CLORPROMAZ.
CLORPROMAZ pode diminuir as habilidades mentais e/ou físicas, especialmente durante os primeiros dias de tratamento. Portanto, recomenda-se cautela ao dirigir ou operar máquinas.
Síndrome16 Neuroléptica Maligna tem sido relacionada ao uso de drogas antipsicóticas. As manifestações clínicas dessa síndrome16 são hipertermia, rigidez muscular, alteração do estado mental e evidência de instabilidade autonômica (pulso ou pressão sangüínea38 irregular, taquicardia39, diaforese40 e arritmia41 cardíaca). Se o paciente apresentar estes sintomas12, o tratamento deve ser descontinuado e os sintomas12 tratados e monitorados.
Pacientes com depressão da medula óssea42 ou que tenham demonstrado hipersensibilidade à tratamentos anteriores com fenotiazinas não devem ser tratados com qualquer fenotiazina, incluindo Clorpromazina, a menos que, à critério médico, os benefícios potenciais sejam superiores aos possíveis riscos.
Uma vez que a ocorrência de alterações oculares têm sido relacionadas ao uso de altas doses e/ou tratamentos por tempo prolongado, sugere-se que os pacientes tratados nestas condições sejam submetidos a exames oculares periódicos.
Gravidez43: A segurança do uso de Clorpromazina durante a gestação ainda não foi estabelecida, por isso não se recomenda o uso de CLORPROMAZ durante a gravidez43, exceto se, à critério médico, os benefícios potenciais sejam superiores aos possíveis riscos.
Amamentação44: Existem evidências de que a Clorpromazina é excretada no leite materno. Devido à possibilidade da Clorpromazina provocar reações adversas severas nos lactentes45, deve-se decidir entre a interrupção do aleitamento ou do tratamento, considerando-se a importância da droga para a mãe.
Pediatria: Não se recomenda o uso de Clorpromazina em crianças com menos de 2 anos de idade. As crianças parecem ser mais suscetíveis a desenvolver reações neuromusculares ou extrapiramidais, especialmente distonias46, devendo, portanto, ser cuidadosamente monitoradas durante o tratamento com fenotiazinas. Crianças com doenças agudas, como catapora47, infecções25 do sistema nervoso central2, sarampo48, gastroenterites ou desidratação49, apresentam maior risco de apresentar essas reações.
- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Álcool: o uso de álcool com Clorpromazina deve ser evitado devido à possibilidade de ocorrerem efeitos aditivos e hipotensão50.
Guanetidina ou outros anti-hipertensivos: a Clorpromazina pode agir contrariamente aos efeitos anti-hipertensivos da guanetidina e compostos relacionados.
Outros depressores do sistema nervoso central2 (anestésicos, barbitúricos, narcóticos, etc.): CLORPROMAZ prolonga e intensifica a ação dos depressores do sistema nervoso central2, como os anestésicos, barbitúricos e narcóticos. Quando CLORPROMAZ é administrado concomitantemente, são necessárias cerca de ¼ ou ½ da dose normal desses agentes. Quando o CLORPROMAZ não está sendo administrado para reduzir a necessidade dos depressores do sistema nervoso central2, é melhor interromper estes depressores antes de começar o tratamento com Clorpromazina e depois reintroduzí-los com doses baixas, aumentando-as, se necessário. O CLORPROMAZ não intensifica a ação anticonvulsivante dos barbitúricos, por isso a dosagem dos anticonvulsivantes não deve ser reduzida com o início do tratamento com Clorpromazina. Ao contrário, o tratamento com Clorpromazina deve ser iniciado com doses baixas que podem ser aumentadas conforme necessário.
Anticoagulantes51 orais: a Clorpromazina diminui os efeitos dos anticoagulantes51 orais.
Hidantoína: a Clorpromazina pode interferir no metabolismo52 da hidantoína, podendo causar toxicidade53.
Propranolol: a administração concomitante com propranolol resulta em aumento da concentração plasmática de ambas as drogas.
Diuréticos54 tiazídicos: os diuréticos54 tiazídicos podem acentuar a hipotensão50 ortostática provocada pelo uso de Clorpromazina.
Medicamentos Quimioterápicos: a Clorpromazina pode esconder os sinais33 de toxicidade53 dos quimioterápicos.
- INTERFERÊNCIAS EM EXAMES LABORATORIAIS:
A presença de fenotiazinas pode produzir resultados falsos-positivos nos testes de fenilcetonúria55 (PKU) e nos testes de gravidez43.