
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS BETASERC
FarmacodinâmicaO mecanismo de ação exato da betaistina encontra-se parcialmente esclarecido. Existem várias hipóteses plausíveis suportadas por dados de estudos em animais e humanos:
? Betaistina afeta o sistema histaminérgico:
Betaistina apresenta uma ação agonista1 parcial sobre os receptores histamínicos H1 e antagonista2 sobre os receptores H3 em tecido3 neuronal, e tem atividade negligenciável sobre os receptores H2. A betaistina aumenta o turnover e liberação de histamina4 através do bloqueio de receptores pré-sinápticos H3 e indução da regulação do receptor H3.
? Betaistina pode aumentar o fluxo sanguíneo tanto para a região coclear como para todo o cérebro5: Testes farmacológicos realizados em animais demonstram que BETASERC (dicloridrato de betaistina) melhora a circulação6 sangüínea do ouvido interno7, provavelmente por ação relaxante nos esfíncteres8 précapilares da microcirculação do ouvido interno7. Betaistina também demonstrou aumentar o fluxo sanguíneo cerebral em humanos.
? Betaistina facilita a compensação vestibular9:
A betaistina acelera a recuperação do vestíbulo após neurectomia em animais, promovendo e facilitando a compensação vestibular9. Este efeito, caracterizado por uma regulação no turnover e liberação de histamina4, é mediado por antagonismo dos receptores H3. Em humanos, o tempo de recuperação depois de uma neurectomia vestibular9 foi reduzido quando tratados com betaistina.
? Betaistina altera a ativação neuronal no núcleo vestibular9:
Determinou-se, também, que a betaistina apresenta um efeito inibitório dose-dependente na geração do pico neural nos núcleos vestibulares10 lateral e médio.
As propriedades farmacodinâmicas demonstradas em animais podem contribuir com o benefício terapêutico da betaistina no sistema vestibular11.
A eficácia da betaistina foi demonstrada em estudos com pacientes com vertigem12 vestibular9 e com a Síndrome13 de Ménière pela melhora da severidade e da frequência dos ataques de vertigem12.
Farmacocinética
Absorção: Oralmente administrado betaistina é prontamente e quase completamente absorvido por todas as partes do trato gastrointestinal. Após absorção, a betaistina é rapidamente e quase totalmente metabolizada em ácido 2-piridilacético (2-PAA). Os níveis plasmáticos de betaistina são muito baixos. Todas as análises farmacocinéticas são, portanto, baseadas em medidas de 2-PAA no plasma14 e urina15.
A concentração máxima (Cmax) de betaistina após a ingestão de alimentos é menor do que a observada quando em jejum. Entretanto, a absorção total de betaístina é semelhante nas duas condições, indicando que a ingestão de alimentos somente retarda sua absorção.
Distribuição: A porcentagem da betaístina que é ligada à proteína plasmática sanguínea é menor que 5%.
Biotransformação: Depois de absorvida, a betaístina é rapidamente e quase totalmente metabolizada em 2-PAA (que não apresenta atividade farmacológica). Depois da administração oral de betaístina a concentração plasmática máxima (e urinária) de 2-PAA é observada após uma hora da administração e declina com meia vida de eliminação de aproximadamente 3,5 horas.
Excreção: 2-PAA é rapidamente eliminado na urina15. A dose de betaistina varia de 8 mg a 48 mg e cerca de 85% da dose original é encontrada na urina15. A excreção renal16 ou fecal de betaistina é mínima.
Linearidade: A taxa de recuperação é constante, ao longo da dose oral de 8-48 mg, indicando que a farmacocinética da betaistina é linear e sugerindo que as vias metabólicas envolvidas não são saturadas.
Dados de segurança pré-clínicos
Toxicidade17 Crônica
Reações adversas no sistema nervoso18 foram observadas em cachorros e babuínos depois de doses intravenosas de aproximadamente 120 mg/Kg. Estudos sobre toxicidade17 oral crônica de dicloridrato de betaistina foram realizados em ratos por um período de 18 meses e em cachorros por 6 meses. Doses de 500 mg/Kg em ratos e 25 mg/Kg em cachorros foram toleradas sem causar alterações nos parâmetros clínicos hematológicos e químicos. Não existem achados histológicos19 relatados sobre o tratamento com essas dosagens. Depois de aumentar a dose para 300 mg/Kg os cachorros vomitaram. Em um estudo de investigação com betaistina e ratos durante 6 meses com 39 mg/Kg hiperemia20 em alguns tecidos foram reportados na literatura. Os dados apresentados na publicação são limitados. Portanto, o impacto desses achados nesse estudo não é claro.
Potêncial mutagênico e carcinogênico
Betaistina não tem potêncial mutagênico.
Estudos especiais de carcinogenicidade não foram realizados com dicloridrato de betaistina. Entretanto, em estudos de toxicidade17 crônica de 18 meses em ratos não houve indicação de tumor21, neoplasias22 ou hiperplasias nos exames histopatológicos. Portanto, dicloridrato de betaistina até a dose de 500 mg/Kg não demonstrou nenhuma evidência de potencial carcinogênico neste estudo limitado de 18 meses.
Toxicidade17 na reprodução23
Dados limitados são disponíveis para betaistina na reprodução23. Em um estudo de uma geração em ratos, a dose oral de 250 mg/Kg/dia de betaistina não causou efeito adverso na fertilidade de machos e fêmeas, implantação de fetos, parto e viabilidade de filhotes durante a lactação24. Nenhnuma anormalidade foi observada em ratos desmamados. Em coelhas prenhas tratadas oralmente com 10 ou 100 mg/Kg de betaistina, não foram observados efeitos adversos nas implantações, vitalidade ou peso dos fetos e anormalidade no esqueleto25 fetal ou no tecido3 mole. Pode-se concluir com esses estudos que não foram detectados efeitos nos parâmetros relevantes de reprodução23 em ratos e coelhos nos estudos descritos. Betaistina não é teratogênica26. Contudo, devido ao carater investigacional dos estudos o risco não pode ser totalmente excluído.