
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ARPADOL
Modo de Ação:A planta Harpagophytum procumbens, uma planta originária do deserto de Kalaari e estepes da Namíbia, no sudoeste da África, tem atividade antiinflamatória,
demonstrada em animais e em estudos clínicos.
Grupos indígenas africanos San, Khoi e Bantu há muito tempo utilizam o Harpagophytum procumbens para inúmeras condições clínicas, como analgésico1, antiinflamatório, anti-reumático, para o tratamento de artrite2, osteoartrite3 e outras doenças. Embora a descrição das primeiras coletas da planta tenha sido por europeus em 1820, as propriedades medicinais do Harpagophytum procumbens foram descritas somente em 1907, por G.H. Mehnert, que havia aprendido o seu uso com a população indígena. Hoje o Harpagophytum procumbens consta na European Pharmacopoeia indicado para o tratamento de reumatismo4 e artrites.
Em 2005, Stewart, do Instituto de Etnobotânica Aplicada (Pompano Beach, Flórida, EUA) e Cole, do Centro para Pesquisa de Informações e Ação na África para
Consultoria e Desenvolvimento da África, publicaram uma revisão sobre o Harpagophytum proccumbens. Os autores relatam que os produtos a base de Harpagophytum tem sido utilizados como alternativa ao uso dos AINEs, por seu
perfil extremamente favorável, com poucos efeitos adversos, especialmente em uso prolongado.
O maior constituinte químico contido nos tubérculos secundários é o harpagosídeo, que mostrou ter ação na inibição da síntese de leucotrienos5 e parece estar relacionado com a inibição da lipoxigenase. Alguns estudos sugerem que vários compostos podem agir
sinergicamente para produzir os resultados clínicos e que um extrato que contenha outros constituintes de tubérculos secundários podem ser mais efetivos que
extratos com harpagosídeo e harpagídeo isolados. Os efeitos antiinflamatórios parecem ser mais consistentes com o uso crônico6 do que com o uso agudo7.
Prostanóides são produtos da via cicloxigenase do ácido araquidônico sendo, então, mediadores da inflamação8 aguda; e parecem, ainda, estar envolvidos na patogênese9
da artrite reumatóide10. Por outro lado, prostanóides (principalmente PG E2), são reportados como tendo propriedades antiinflamatórias em algumas formas de
inflamação8 experimentais. Leucotrienos5, produtos do metabolismo11 da via 5-lipoxigenase do ácido araquidônico, também atuam como mediadores em doenças inflamatórias como a artrite reumatóide10.
É aceito que o harpagosídeo é o constituinte mais efetivo e pode ser possível que a glicose12 na molécula do harpagosídeo seja a responsável pela absorção, pois
quando há a clivagem da molécula, a aglicona (harpagogenina) é liberada e exerce o efeito terapêutico; já outros pesquisadores afirmam que o harpagosídeo, ao
entrar em contato com o suco gástrico, perde a eficácia.
Outros mecanismos alternativos são relatados, como por exemplo, a ação do -sitosterol que possui capacidade de inibir a enzima13 prostaglandina14 sintetase - esta participa do
processo inflamatório, ou o fitocomplexo provocando alguma modificação na permeabilidade15 aos íons16.
Farmacocinética:
a) Propriedades físico-químicas e farmacocinética Comprimidos revestidos contendo 200 mg de um extrato padronizado (WS 1531) com no mínimo de 5% de harpagosídeo foi testado em dissolução em fluido de simulação gástrica (FSG) e intestinal (FSI). O
harpagosídeo apresentou tempo de meia vida de 13,5 minutos no FSG; após 2,5 horas no mesmo fluido o harpagosídeo apresentou degradação de 20%, mas não
foi afetado na presença do fluido artificial intestinal, sugerindo a necessidade de um revestimento entérico para as formulações.
Um estudo de farmacocinética com voluntários, determinaram que a meia vida do harpagosídeo situa-se entre 3,7 e 6,4 horas, com um clearance renal17 de 15L/ min
e atingindo nível máximo no plasma18 depois de 1,5 a 3 horas. Um segundo pico foi observado depois de 7 horas sugerindo um ciclo entero-hepático, embora reconheça
que tais resultados precisam ser confirmados.