CARACTERÍSTICAS CLORTALIL
A clortalidona, substância ativa de Clortalil®, é um diurético1 do grupo dos benzotiadiazínicos (tiazidas) com ação prolongada.A tiazida e diuréticos2 semelhantes à tiazida agem principalmente na porção proximal3 do túbulo contorcido distal4, inibindo a reabsorção de NaCl (antagonizando o co- transporte de Na+ e Cl - ) e promovendo reabsorção de Ca++ (mecanismo des conhecido) .
O aumento de liberação de Na+ e água para o túbulo coletor cortical e/ou o aumento da velocidade do fluxo conduz a um aumento da secreção e excreção de K+ e H+. Em indivíduos com função renal5 normal, a diurese6 é induzida após a administração de 12,5 mg de clortalidona. O aumento resultante na excreção urinária de sódio e cloro e o aumento menos pronunciado de potássio urinário são dose-dependentes e ambos ocorrem em pacientes normais e edemaciados7.
O efeito diurético1 inicia-se após 2 a 3 horas, atinge o máximo após 4 a 24 horas e pode persistir por 2 a 3 dias. Inicialmente, a diurese6 induzida por tiazídicos conduz à diminuição do volume plasmático, do débito cardíaco8 e da pressão arterial9 sistêmica.
O sistema renina-angiotensina-aldosterona pode ser ativado. Em indivíduos hipertensos, a clortalidona reduz levemente a pressão arterial9. Na administração contínua, o efeito hipotensor se mantém, provavelmente em função da redução da resistência periférica10;
o débito cardíaco8 retorna aos valores de pré-tratamento, o volume plasmático permanece um pouco reduzido e a atividade da renina plasmática pode ser elevada. Na administração crônica, o efeito anti-hipertensivo da clortalidona é dose-dependente entre 12,5 e 50 mg/dia.
Aumentos de dose acima de 50 mg aumentam as complicações metabólicas e raramente apresentam benefícios terapêuticos.
Como ocorre com outros diuréticos2, quando a clortalidona é administrada em monoterapia, o controle da pressão arterial9 é atingido em cerca de metade dos pacientes com hipertensão11 de leve a moderada. Em geral, os idosos e os negros respondem bem a diuréticos2 administrados como terapia primária.
Estudos clínicos randomizados realizados em pacientes idosos demonstram que o tratamento da hipertensão11 ou predominantemente da hipertensão11 sistólica, em pacientes em idade mais avançada, com baixas doses de diuréticos2 tiazídicos, inclusive clortalidona, reduz os acidentes cerebrovasculares (derrames), a morbidade12 e a mortalidade13 cardiovascular coronariana e total. O tratamento combinado com outros anti-hipertensivos potencializa o efeito de redução da pressão arterial9.
Em grande proporção de pacientes que não respondem adequadamente à monoterapia, consegue-se uma diminuição adicional da pressão arterial9. Em virtude de diuréticos2 tiazídicos, inclusive da clortalidona, reduzirem a excreção de Ca++, estes têm sido utilizados para prevenir a formação recorrente de cálculo14 renal5 de oxalato de cálcio. Os diuréticos2 tiazídicos têm demonstrado ser benéficos no diabetes insipidus15 nefrogênico. O mecanismo de ação não está elucidado.
Farmacocinética:
Absorção e concentração plasmática: a biodisponibilidade de uma dose oral de 50 mg de clortalidona é de aproximadamente 64% e picos de concentração sangüínea são obtidos após 8 a 12 horas. Para doses de 25 e 50 mg, os valores médios de Cmáx são 1,5 mcg/ml (4,4 mcmol/l) e 3,2 mcg/ml (9,4 mcmol/l), respectivamente. Para doses de até 100 mg há um aumento proporcional da AUC16.
Em doses diárias repetidas de 50 mg, concentrações sangüíneas de steady-state (estado de equilíbrio) de 7,2 mcg/ml (21,2 mcmol/l), medidas no fim do intervalo de dose de 24 horas, são atingidas após 1 a 2 semanas.
Distribuição: no sangue17, somente uma pequena fração de clortalidona está livre, em função de extensivo acúmulo nos eritrócitos18 e ligação às proteínas19 plasmáticas. Pelo elevado grau de ligação de grande afinidade à anidrase carbônica dos eritrócitos18, durante o tratamento com doses de 50 mg, somente 1,4% da quantidade total de clortalidona no sangue17 total foi encontrada no plasma20 no " steady-state" (estado de equilíbrio), in vitro, a ligação da clortalidona às proteínas19 plasmáticas é de cerca de 76%, e a principal
proteína de ligação é a albumina21. A clortalidona atravessa a barreira placentária e passa para o leite materno. Em mães tratadas com doses diárias de 50 mg de clortalidona antes e depois do parto, os níveis de clortalidona no sangue fetal22 total são cerca de 15% daqueles encontrados no sangue17 materno. As concentrações de clortalidona no líquido amniótico23 e no leite materno correspondem a aproximadamente 4% do nível sangüíneo materno.
Metabolismo24: o metabolismo24 e a excreção na bile25 constituem vias de eliminação menos importantes. Em 120 horas, cerca de 70% da dose administrada é excretada na urina26 e nas fezes, principalmente na forma inalterada.
Eliminação: a clortalidona é eliminada do sangue17 total e do plasma20 com uma meia-vida de eliminação média de 50 horas. A meia-vida de eliminação não se altera após administração crônica. A maior parte da clortalidona absorvida é excretada pelos rins27, com um clearance (depuração) plasmático renal5 médio de 60 ml/min.
Grupo de pacientes especiais: a disfunção renal5 não altera a farmacocinética da clortalidona, sendo mais provável que a afinidade do fármaco28 pela anidrase carbônica dos eritrócitos18 seja o fator limitante na taxa de eliminação do fármaco28 do sangue17 ou do plasma20.
Nenhum ajuste de dose é necessário para pacientes29 com função renal5 prejudicada. Em pacientes idosos, a eliminação é mais lenta do que em adultos jovens sadios, embora a absorção seja a mesma. Portanto, indica-se controle médico rigoroso quando pacientes de idade avançada são tratados com clortalidona.
Experiência pré-clínica os testes para indução mutagênica em bactérias ou em células30 de mamíferos cultivadas foram negativos.
Para altas doses citotóxicas, aberrações cromossômicas foram induzidas em cultura de células30 de ovário31 de hamster chinês. No entanto, testes para a capacidade de induzir reconstituição no DNA em hepatócitos de rato ou em micronúcleos de medula óssea32 de rato ou fígado33 de rato não revelaram qualquer evidência de indução de lesão34 cromossômica. Portanto, os resultados dos ensaios em células30 de ovário31 de hamster, demonstraram que tais danos são considerados originar-se mais da citotoxicidade que da genotoxicidade. Conclui-se que a clortalidona não apresenta risco de mutagenicidade aos seres humanos. Não foram realizados estudos de carcinogenicidade a longo prazo com a clortalidona. Estudos de teratogenicidade em ratos e coelhos não revelaram qualquer potencial teratogênico35.