CARACTERÍSTICAS NAROPIN

Atualizado em 28/05/2016

NAROPIN é uma solução para injeção1/infusão, estéril, isotônica2, isobárica e aquosa. O pH da solução é ajustado para 4,0-6,0 com hidróxido de sódio ou ácido clorídrico3. A solução não contém conservantes, portanto destina-se a administração única.



Propriedades Farmacodinâmicas

A ropivacaína é um anestésico local do tipo amida de longa duração com efeitos anestésico e analgésico4. A administração de altas doses produz anestesia5 cirúrgica, enquanto que em baixas doses, produz bloqueio sensitivo (analgesia) com bloqueio motor limitado e não progressivo.

O início e a duração do efeito anestésico local de NAROPIN dependem da dose e do local de administração enquanto que a presença de um vasoconstritor (ex.: epinefrina) tem pouca ou nenhuma influência.

A ropivacaína, como outros anestésicos locais, causa bloqueio reversível da propagação do impulso pelas fibras nervosas, impedindo a entrada dos íons6 sódio através da membrana celular7 das fibras nervosas.

Os anestésicos locais podem apresentar efeitos similares em outras membranas excitáveis, como por exemplo, no cérebro8 e miocárdio9. Se quantidades excessivas do fármaco10 alcançarem a circulação11 sistêmica, sintomas12 e sinais13 de toxicidade14 podem aparecer, provenientes dos Sistemas Nervoso Central e Cardiovascular.

Os efeitos sobre o coração15, medidos in vivo em estudos em animais, mostraram que a toxicidade14 cardíaca da ropivacaína é menor que a da bupivacaína.

Ovelhas prenhes não apresentaram sensibilidade maior aos efeitos sistêmicos16 tóxicos da ropivacaína do que as ovelhas não prenhes.

Voluntários sadios expostos a infusões intravenosas de doses tóxicas para o Sistema Nervoso Central17 (SNC18) mostraram significativamente menos efeitos cardíacos após a ropivacaína do que após a bupivacaína.

Efeitos cardiovasculares indiretos (hipotensão19, bradicardia20) podem ocorrer após a administração peridural21, dependendo da extensão do bloqueio simpático22 concomitante, mas são menos comuns em crianças.



Propriedades Farmacocinéticas

A ropivacaína tem um centro quiral e é o S-(-)-enantiômero puro. A ropivacaína possui pKa de 8,1 e razão de distribuição de 141 (25oC n-octanol/tampão fosfato pH 7,4). Os metabólitos23 têm atividade farmacológica menor que a ropivacaína.

A concentração plasmática da ropivacaína depende da dose, via de administração e vascularização do local da injeção1. A ropivacaína apresenta farmacocinética linear e a concentração plasmática máxima é proporcional à dose.

A ropivacaína apresenta, após administração peridural21, absorção completa e bifásica, sendo as meias-vidas de 14 min e 4 horas, respectivamente. A absorção lenta é um fator limitante na eliminação da ropivacaína, o que explica a maior meia-vida de eliminação aparente após a administração peridural21, que por via intravenosa. A ropivacaína também mostra uma absorção bifásica no espaço peridural21 caudal em crianças.

A ropivacaína apresenta depuração plasmática total média de 440 ml/min, depuração de fração livre de 8 l/min, depuração renal24 de 1 ml/min, volume de distribuição no estado de equilíbrio de 47 l e meia-vida de eliminação terminal de 1,8 h após a administração i.v.. A ropivacaína tem uma razão de extração hepática25 intermediária de aproximadamente 0,4. Está principalmente ligada a α1-glicoproteína ácida no plasma26, sendo de aproximadamente 6% a fração livre.

O aumento das concentrações plasmáticas totais foi observado durante infusão peridural21 contínua e interescalênica, relacionado ao aumento pós-operatório da α1-glicoproteína ácida. Variações na concentração da fração livre, isto é, farmacologicamente ativa, foram muito menores do que na concentração plasmática total.

A ropivacaína atravessa imediatamente a placenta e o equilíbrio em relação à concentração livre é rapidamente alcançado. A taxa de ligação às proteínas27 plasmáticas no feto28 é menor do que na mãe, o que resulta em menores concentrações plasmáticas no feto28.

A ropivacaína é extensivamente metabolizada no fígado29 em 3-hidroxi-ropivacaína, principalmente por hidroxilação aromática mediada pelo citocromo P4501A2 e em PPX por N-desalquilação mediada pela CYP3A4. Após administração intravenosa única, 37% da dose total é excretada na urina30 como 3-hidroxi-ropivacaína livre e conjugada, o metabólito31 principal. Concentrações baixas de 3-hidroxi-ropivacaína foram encontradas no plasma26. A excreção urinária de PPX e outros metabólitos23 representa menos de 3% da dose.

Durante a infusão peridural21, tanto o PPX como a 3-hidroxi-ropivacaína são os principais metabólitos23 excretados na urina30. A concentração total de PPX no plasma26 foi cerca de metade da concentração de ropivacaína total, entretanto, as concentrações médias de PPX livre foram cerca de 7 a 9 vezes maiores que a da ropivacaína livre após infusão peridural21 contínua por até 72 horas. O limiar para concentrações plasmáticas de PPX livre tóxicas para o SNC18 em ratos é cerca de 12 vezes maior que aquele para a ropivacaína livre.

Não há evidências de racemização in vivo da ropivacaína.



Pediatria

A farmacocinética da ropivacaína foi caracterizada em uma população agrupada pela análise de dados de PK a partir de seis estudos com 192 crianças em idades entre 0 e 12 anos.

A depuração da ropivacaína livre e do PPX e o volume de distribuição da ropivacaína livre dependem tanto do peso corpóreo quanto da idade até a maturidade da função hepática25, após os quais dependem em grande parte do peso corpóreo.

A maturação da depuração da ropivacaína livre parece estar completa aos 3 anos de idade, para o PPX a 1 ano de idade e o volume de distribuição da ropivacaína livre aos 2 anos de idade. O volume de distribuição de PPX livre depende apenas do peso corpóreo.

A depuração da ropivacaína livre aumenta de 2,4 e 3,6 l/h/kg em recém-nascidos e em neonatos32 de um mês para 8-16 l/h/kg em crianças acima de 6 meses de idade, valores que estão dentro daqueles no adulto. Os valores da depuração da ropivacaína total por kg de peso corpóreo aumentam a partir de aproximadamente 0,10 e 0,15 l/h/kg em recém-nascidos e neonatos32 de um mês para aproximadamente 0,3-0,6 l/h/kg em crianças acima de 6 meses de idade. O volume de distribuição da ropivacaína livre por kg de peso corpóreo aumenta de 22 e 26 l/kg em recém-nascidos e neonatos32 de um mês para 42-66 l/kg em crianças acima de 6 meses de idade.

O volume de distribuição da ropivacaína total por kg de peso corpóreo aumenta de 0,9 e 1,0 l/kg em recém-nascidos e em neonatos32 de um mês para 1,7 – 2,6 l/kg em crianças acima de 6 meses de idade. A meia-vida terminal da ropivacaína é longa, em recém-nascidos e em neonatos32 de um mês é de 6 a 5 h comparada com cerca de 3 horas em crianças maiores. A meia-vida terminal do PPX também é longa, em recém-nascidos e em neonatos32 de um mês é de 43 e 26 h e em crianças maiores cerca de 15h.

Aos 6 meses, o ponto de mudança para alterações na faixa de dose recomendada para infusão peridural21 contínua, a depuração da ropivacaína livre alcança 34% e o PPX livre alcança 71% dos seus valores maduros. A exposição sistêmica é maior em neonatos32 e é também um pouco maior em crianças entre 1 a 6 meses comparada com crianças maiores, as quais estão relacionadas à imaturidade de suas funções hepáticas33. Entretanto, isto é parcialmente compensado pela diminuição de 50% da faixa de dose recomendada para infusão contínua em crianças abaixo de 6 meses de idade.

Simulações na soma das concentrações plasmáticas livres de ropivacaína e PPX, baseadas nos parâmetros de PK e suas variações na análise da população, indicam que para um bloqueio caudal único a dose recomendada deve ser aumentada por um fator de 2,7 no grupo mais jovem e por um fator de 7,4 no grupo de 1 a 10 anos de idade com o objetivo de que no máximo 90% do limite do intervalo de confiança previsível atinja o limiar da toxicidade14 sistêmica. Fatores correspondentes para a infusão peridural21 contínua são 1,8 e 3,8, respectivamente.



Dados de segurança pré-clínicos

Baseado em estudos convencionais de farmacologia34 de segurança, toxicidade14 de doses únicas e repetidas, toxicidade14 reprodutiva, potencial mutagênico e toxicidade14 local, nenhum risco para humanos foi identificado além daqueles que podem ser esperados com relação à ação farmacodinâmica de altas doses de ropivacaína (ex.: sinais13 do SNC18, incluindo convulsões e cardiotoxicidade).

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
2 Isotônica: Relativo à ou pertencente à ação muscular que ocorre com uma contração normal. Em química, significa a igualdade de pressão entre duas soluções.
3 Ácido clorídrico: Ácido clorídrico ou ácido muriático é uma solução aquosa, ácida e queimativa, normalmente utilizado como reagente químico. É um dos ácidos que se ioniza completamente em solução aquosa.
4 Analgésico: Medicamento usado para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
5 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
6 Íons: Átomos ou grupos atômicos eletricamente carregados.
7 Membrana Celular: Membrana seletivamente permeável (contendo lipídeos e proteínas) que envolve o citoplasma em células procarióticas e eucarióticas.
8 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
9 Miocárdio: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo. Sinônimos: Músculo Cardíaco; Músculo do Coração
10 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
11 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
12 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
14 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
15 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
16 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
17 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
18 SNC: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
19 Hipotensão: Pressão sanguínea baixa ou queda repentina na pressão sanguínea. A hipotensão pode ocorrer quando uma pessoa muda rapidamente de uma posição sentada ou deitada para a posição de pé, causando vertigem ou desmaio.
20 Bradicardia: Diminuição da freqüência cardíaca a menos de 60 batimentos por minuto. Pode estar associada a distúrbios da condução cardíaca, ao efeito de alguns medicamentos ou a causas fisiológicas (bradicardia do desportista).
21 Peridural: Mesmo que epidural. Localizado entre a dura-máter e a vértebra (diz-se do espaço do canal raquidiano). Na anatomia geral e na anestesiologia, é o que se localiza ou que se faz em torno da dura-máter.
22 Simpático: 1. Relativo à simpatia. 2. Que agrada aos sentidos; aprazível, atraente. 3. Em fisiologia, diz-se da parte do sistema nervoso vegetativo que põe o corpo em estado de alerta e o prepara para a ação.
23 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
24 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
25 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
26 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
27 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
28 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
29 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
30 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
31 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
32 Neonatos: Refere-se a bebês nos seus primeiros 28 dias (mês) de vida. O termo “recentemente-nascido“ refere-se especificamente aos primeiros minutos ou horas que se seguem ao nascimento. Esse termo é utilizado para enfocar os conhecimentos e treinamento da ressuscitação imediatamente após o nascimento e durante as primeiras horas de vida.
33 Hepáticas: Relativas a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
34 Farmacologia: Ramo da medicina que estuda as propriedades químicas dos medicamentos e suas respectivas classificações.

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