CARACTERÍSTICAS PULMICORT

Atualizado em 28/05/2016

Propriedades Farmacodinâmicas

A budesonida é um glicocorticosteróide com elevada ação antiinflamatória local.


Efeito antiinflamatório tópico1

O exato mecanismo de ação dos glicocorticosteróides no tratamento da asma2 não está completamente elucidado. As ações antiinflamatórias, como a inibição da liberação do mediador inflamatório e das respostas imunes mediadas pela citocina3, são provavelmente importantes. A potência intrínseca da budesonida, medida como a afinidade pelo receptor de glicocorticóide, é cerca de 15 vezes maior que a da prednisolona.


Um estudo clínico em asmáticos, comparando budesonida oral e inalada em concentrações plasmáticas similares, demonstrou evidência estatisticamente significativa da eficácia da budesonida inalada em comparação com placebo4, mas não da budesonida oral. Desse modo, o efeito terapêutico das doses convencionais da budesonida inalada pode ser amplamente explicado por sua ação direta no trato respiratório.


A budesonida tem demonstrado efeitos antiinflamatório e antianafilático em estudos de provocação em animais e em pacientes, manifestados pela diminuição da obstrução brônquica tanto na reação alérgica5 imediata quanto na tardia.



Exacerbações da asma2

A budesonida inalada, administrada uma ou duas vezes ao dia, mostrou prevenir efetivamente exacerbações da asma2 em crianças e adultos.


Asma2 induzida por exercício

A terapia com budesonida inalada, administrada tanto uma quanto duas vezes ao dia, tem sido usada eficazmente para a prevenção da broncoconstrição induzida por exercício.


A budesonida tem demonstrado diminuir a reatividade das vias aéreas à histamina6 e metilcolina em pacientes hiperreativos.



Função do eixo hipotálamo7-hipófise8-adrenal

Nas doses recomendadas, o tratamento com PULMICORT Suspensão para Nebulização9 não mostra efeito significativo sobre a habilidade de aumentar a produção de cortisol em resposta ao estresse, avaliada pelo teste com hormônio10 adrenocorticotrófico (ACTH) em crianças de 6 meses a 8 anos de idade. O acompanhamento do tratamento a longo prazo, por até 52 semanas, confirmou a ausência de supressão do eixo hipotálamo7-hipófise8-adrenal.


Crescimento

A asma2, assim como os glicocorticosteróides inalatórios, pode afetar o crescimento. Os efeitos de PULMICORT Suspensão para Nebulização9 no crescimento foram estudados em 519 crianças (de 8 meses a 9 anos de idade) em três estudos prospectivos abertos e randomizados.


No total, não houve diferença significativa entre o crescimento das crianças tratadas com PULMICORT Suspensão para Nebulização9 e das crianças tratadas com terapia convencional11 para asma2. Dois estudos (n = 239 e 72, respectivamente) mostraram um crescimento 7 mm e 8 mm maior após tratamento de 1 ano de duração com PULMICORT Suspensão para Nebulização9, em comparação com o grupo controle, que recebeu terapia convencional11 da asma2 incluindo glicocorticosteróides inalatórios (não significativa estatisticamente), enquanto em outro estudo (n = 208) o crescimento durante um ano foi 8 mm inferior no grupo tratado com PULMICORT Suspensão para Nebulização9 em comparação ao grupo controle, que recebeu tratamento convencional para asma2 sem glicocorticosteróides inalatórios (diferença estatisticamente significativa).


Propriedades Farmacocinéticas

Absorção

Em adultos, a disponibilidade sistêmica da budesonida após administração de PULMICORT Suspensão para Nebulização9 via nebulizador a jato é aproximadamente 15% da dose nominal e 40-70% da dose liberada aos pacientes. Uma pequena fração do fármaco12 disponível sistemicamente é proveniente do fármaco12 deglutido. A concentração plasmática máxima (Cmáx), que ocorre cerca de 10-30 min após o início da nebulização9, é aproximadamente 4 nmol/l após dose única de 2 mg.


Distribuição

A budesonida tem um volume de distribuição de aproximadamente 3 l/kg. A ligação às proteínas13 plasmáticas é, em média, de 85-90%.


Biotransformação

A budesonida sofre um extenso grau (aproximadamente 90%) de biotransformação de primeira passagem no fígado14, originando metabólitos15 de baixa ação glicocorticosteróide. A atividade glicocorticosteróide dos principais metabólitos15, 6-beta-hidroxibudesonida e 16-alfa-hidroxiprednisolona, é inferior a 1% da atividade da budesonida. O metabolismo16 da budesonida é mediado principalmente pela CYP3A4, uma subfamília do citocromo P450.


Eliminação

Os metabólitos15 da budesonida são excretados como tal ou na forma conjugada, principalmente pela via renal17. Não foi detectada budesonida inalterada na urina18. A budesonida tem alta depuração sistêmica (aproximadamente 1,2 l/min) em adultos sadios, e a meia-vida de eliminação plasmática da budesonida após a administração intravenosa é, em média, de 2-3 horas.



Linearidade

A cinética19 da budesonida é proporcional à dose em doses clinicamente relevantes.


Crianças

Em crianças asmáticas de 4-6 anos de idade, a disponibilidade sistêmica da budesonida após a administração de PULMICORT Suspensão para Nebulização9 via nebulizador a jato ou Pulmopar é de aproximadamente 6% da dose nominal e de 26% da dose liberada aos pacientes. A disponibilidade sistêmica em crianças é cerca da metade da de adultos sadios. A Cmáx, que ocorre aproximadamente 20 minutos após o início da nebulização9, é de aproximadamente 2,4 nmol/l em crianças asmáticas de 4-6 anos, após uma dose de 1 mg.


A budesonida tem uma depuração sistêmica de aproximadamente 0,5 l/min em crianças asmáticas de 4-6 anos. As crianças têm uma depuração por quilograma de peso corpóreo aproximadamente 50% maior do que os adultos. A meia-vida de eliminação da budesonida após inalação é de aproximadamente 2,3 horas em crianças asmáticas. Este valor é aproximadamente o mesmo de adultos sadios.


A exposição (Cmáx e AUC20) à budesonida após a administração por nebulização9 de uma dose única de 1 mg em crianças de 4-6 anos é comparável àquela de adultos sadios que recebem a mesma dose pelo mesmo sistema de nebulização9.


Dados de segurança pré-clínica

Resultados de estudos de toxicidade21 aguda, subaguda22 e crônica mostraram que os efeitos sistêmicos23 da budesonida, como, por exemplo, ganho de peso diminuído e atrofia24 dos tecidos linfóides e do córtex adrenal, são menos graves ou similares aos observados após administração de outros glicocorticosteróides.


A budesonida, avaliada em seis diferentes sistemas de teste, não mostrou efeitos mutagênico ou clastogênico.


A experiência clínica disponível mostra que não existem indicações de que a budesonida ou outros glicocorticosteróides induzam gliomas cerebrais ou neoplasma25 hepatocelular primário em seres humanos.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Tópico: Referente a uma área delimitada. De ação limitada à mesma. Diz-se dos medicamentos de uso local, como pomadas, loções, pós, soluções, etc.
2 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
3 Citocina: Citoquina ou citocina é a designação genérica de certas substâncias segregadas por células do sistema imunitário que controlam as reações imunes do organismo.
4 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
5 Reação alérgica: Sensibilidade a uma substância específica, chamada de alérgeno, com a qual se entra em contato por meio da pele, pulmões, deglutição ou injeções.
6 Histamina: Em fisiologia, é uma amina formada a partir do aminoácido histidina e liberada pelas células do sistema imunológico durante reações alérgicas, causando dilatação e maior permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Ela é a substância responsável pelos sintomas de edema e irritação presentes em alergias.
7 Hipotálamo: Parte ventral do diencéfalo extendendo-se da região do quiasma óptico à borda caudal dos corpos mamilares, formando as paredes lateral e inferior do terceiro ventrículo.
8 Hipófise:
9 Nebulização: Método utilizado para administração de fármacos ou fluidificação de secreções respiratórias. Utiliza um mecanismo vaporizador através do qual se favorece a penetração de água ou medicamentos na atmosfera bronquial.
10 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
11 Terapia convencional: Termo usado em triagens clínicas em que um grupo de pacientes recebe tratamento para diabetes que mantêm os níveis de A1C (hemoglobina glicada) e de glicemia sangüínea nas medidas estipuladas pelos protocolos práticos em uso. Entretanto, o objetivo não é manter os níveis de glicemia o mais próximo possível do normal, como é feito na terapia intensiva. A terapia convencional inclui o uso de medicações, o planejamento das refeições e dos exercícios físicos, juntamente com visitas regulares aos profissionais de saúde.
12 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
13 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
14 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
15 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
16 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
17 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
18 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
19 Cinética: Ramo da física que trata da ação das forças nas mudanças de movimento dos corpos.
20 AUC: A área sob a curva ROC (Receiver Operator Characteristic Curve ou Curva Característica de Operação do Receptor), também chamada de AUC, representa a acurácia ou performance global do teste, pois leva em consideração todos os valores de sensibilidade e especificidade para cada valor da variável do teste. Quanto maior o poder do teste em discriminar os indivíduos doentes e não doentes, mais a curva se aproxima do canto superior esquerdo, no ponto que representa a sensibilidade e 1-especificidade do melhor valor de corte. Quanto melhor o teste, mais a área sob a curva ROC se aproxima de 1.
21 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
22 Subaguda: Levemente aguda ou que apresenta sintomas pouco intensos, mas que só se atenuam muito lentamente (diz-se de afecção ou doença).
23 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
24 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
25 Neoplasma: Tumor ou massa anormal de tecido decorrente do crescimento anormal ou divisão de células incontrolada e progressiva.

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