INFORMAÇÕES TÉCNICAS BIOMAG

Atualizado em 28/05/2016


Descrição:

O cloridrato de sibutramina monoidratado é administrado via oral para o tratamento da obesidade1, sendo identificado quimicamente como uma mistura racêmica2 dos enantiômeros (+) e (-) do cloridrato de 1-(4-clorofenil)-N, N-dimetil-α-(2-metilpropil)-ciclobutanometanomina monoidratado. É um pó cristalino3, branco a branco leitoso, com solubilidade 2,9 mg/ml em água com pH 5,2. Seu coeficiente de separação em octanol-água é de 30,9 em pH 5,0.

Mecanismo de ação:

A sibutramina exerce seus efeitos terapêuticos através da inibição da recaptação da noradrenalina4, serotonina e dopamina5. A sibutramina e seus principais metabólitos6 farmaco7 lo gi ca mente ativos (M1 e M2) não agem através da liberação de mo noa mi nas.

Farmacodinâmica:

A sibutramina exerce suas ações farmacológicas predominantemente através de seus metabólitos6 amino secundário (M1) e primário (M2), que são inibidores da recaptação de nora dre nalina, serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT) e do pamina. O composto de origem, a sibutramina, é um potente inibidor da recaptação de serotonina. Em tecido8 cerebral humano, M1 e M2 inibem também a recaptação de dopamina5 in vitro, mas com uma potência três vezes mais baixa do que a inibição da recaptação de serotonina ou noradrenalina4. Amostras plasmáticas obtidas de voluntários tratados com sibutramina causaram inibição significativa tanto da recaptação de noradrenalina4 (73%) quanto da recaptação de serotonina (54%), mas sem inibição significativa da recaptação da dopamina5 (16%).

A sibutramina e seus metabólitos6 (M1 e M2) não são agentes liberadores de monoaminas e também não são IMAOs. Eles não apresentam afinidade para um grande número de receptores de neurotransmissores, incluindo os receptores serotoninérgicos (5-HT1, 5HT1A, 5-HT1B, 5-HT2A, 5HT2C), adre nér gi cos (ß1, ß2, ß3, α1 e α2), dopaminérgicos (D1 e D2), muscarínicos, histaminérgicos (H1), benzodiazepínicos e glutamato (NMDA). Em modelos experimentais em animais utilizando ratos magros em crescimento e obesos, a sibutramina produziu uma redução no ganho de peso corporal. Acre dita-se que isto tenha resultado de um impacto sobre a ingestão de alimentos, isto é, do aumento da saciedade, mas a termogênese aumentada também contribuiu para a perda de peso. Demonstrou-se que estes efeitos foram mediados pela inibição da recaptação de serotonina e noradrenalina4.

Farmacocinética:

A sibutramina é bem absorvida e sofre extenso metabolismo9 de primeira passagem. Os níveis plasmáticos máximos (Cmax) foram obtidos 1,2 horas após uma única dose oral de 20 mg de cloridrato de sibutramina monoidratado e a meia-vida do composto principal é de 1,1 horas. Os

metabólitos6 farmacologicamente ativos M1 e M2 atingem Cmáx em 3 horas, com meia-vida de eliminação de 14 e 16 horas, respectivamente. Foi demonstrada uma cinética10 linear nas doses entre 10 a 30 mg, sem qualquer alteração dose-dependente na meia-vida de eliminação, mas com um aumento nas concentrações plasmáticas proporcional à dose. Sob doses repetidas, as concentrações no estado de equilíbrio dos metabólitos6 M1 e M2 são alcançados dentro de quatro dias, com um acúmulo de aproximadamente o dobro.

Em indivíduos obesos, a farmacocinética da sibutramina e de seus metabólitos6 é semelhante àquela em indivíduos com peso normal. Dados relativamente limitados disponíveis até o momento não fornecem evidências de uma diferença clinicamente relevante na farmacocinética em homens e mulheres. O perfil de farmacocinética observado em indivíduos idosos sadios (idade média de 70 anos) foi semelhante àquela observada em indivíduos sadios mais jovens. Em indivíduos com insuficiência hepática11 moderada, a biodisponibilidade dos metabólitos6 ativos foi 24% mais elevada após dose única de sibutramina.

O índice de ligação às proteínas12 plasmáticas da sibutramina e seus metabólitos6 M1 e M2 é de 97%, 94% e 94%, respectivamente. O metabolismo9 hepático é a principal via de eliminação da sibutramina e de seus metabólitos6 ativos M1 e M2. Outros metabólitos6 (inativos) são excretados principalmente através da urina13, com uma proporção na urina13: fezes de 10:1.

Estudos com microssomos hepáticos in vitro mostraram que o CYP3A4 é a principal isoenzima do sistema citocromo P450 responsável pelo metabolismo9 da sibutramina. In vitro não houve indicação de uma afinidade com CYP2D6, que possui uma baixa capacidade enzimática, estando en volvido em interações farmacocinéticas com várias substâncias. Outros estudos in vitro mostraram que a sibutramina não apresenta efeito significativo sobre a atividade das principais isoenzimas P450, incluindo CYP3A4. Foi demonstrado que as enzimas do citocromo P450 envolvidas no posterior metabolismo9 do metabólito14 2 (in vitro) são CYP3A4 e CYP2C9. Embora não existam dados até o momento, é provável que o CYP3A4 também esteja envolvido no posterior metabolismo9 do metabólito14 1.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
2 Racêmica: Que não desvia o plano da luz polarizada (diz-se de isômero óptico).
3 Cristalino: 1. Lente gelatinosa, elástica e convergente que focaliza a luz que entra no olho, formando imagens na retina. A distância focal do cristalino é modificada pelo movimento dos músculos ciliares, permitindo ajustar a visão para objetos próximos ou distantes. Isso se chama de acomodação do olho à distância do objeto. 2. Diz-se do grupo de cristais cujos eixos cristalográficos são iguais nas suas relações angulares gerais constantes 3. Diz-se de rocha constituída quase que totalmente por cristais ou fragmentos de cristais 4. Diz-se do que permite que passem os raios de luz e em consequência que se veja através dele; transparente. 5. Límpido, claro como o cristal.
4 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
5 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
6 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
7 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
8 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
9 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
10 Cinética: Ramo da física que trata da ação das forças nas mudanças de movimento dos corpos.
11 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
12 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
13 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
14 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.

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