CARACTERÍSTICAS DÁIVA

Atualizado em 28/05/2016

Dáiva (algestona acetofenida + enantato de estradiol) é um anticoncepcional injetável que se aplica por via intramuscular, somente uma vez por mês. Trata-se da associação de dois princípios ativos: um gestágeno (acetofenido de diidroxiprogesterona, DHPA) e um estrógeno1 (enantato de estradiol, E2EN).Dáiva (algestona acetofenida + enantato de estradiol) provém de um estrógeno1 natural (estradioI), ao contrário dos estrógenos sintéticos utilizados em contraceptivos orais combinados (COCs). Por ser fisiológico2, tem curto tempo de ação e é menos potente que os estrógenos sintéticos (COCs); o tipo e a magnitude de efeitos adversos relacionados com algestona acetofenida + enantato de estradiol podem ser diferentes daqueles em usuárias de COCs.
Estudos comparativos mostraram que DHPA+E2EN têm pouco ou nenhum efeito sobre pressão arterial3, hemostase e coagulação4, metabolismo5 de lipídios e carboidratos, e função hepática6, ao contrário dos COCS. Além disso, a administração parenteral de algestona acetofenida + enantato de estradiol elimina o efeito da primeira passagem dos hormônios pelo fígado7.
A dose do gestágeno (DHPA 150 mg) confere ao Dáiva (algestona acetofenida + enantato de estradiol) o seu principal mecanismo de ação anticoncepcional: o efeito anovulatório por supressão da secreção de gonadotrofinas hipofisárias. Os efeitos gestágenos acessórios (modificação do muco cervical, alterações endometriais e da motilidade tubária desfavoráveis à passagem e à capacidade do espermatozóide8 em promover a fecundação9 e a nidação10) reasseguram a sua eficácia anticoncepcional.
A dose do estrógeno1 (E2EN 10 mg) assegura padrões de sangramento e desenvolvimento endometrial cíclico e previsível, de características em geral semelhantes às de uma menstruação11 normal. A presença de um estrógeno1 no produto corresponde às tendências mais modernas em anticoncepção injetável, tendo aceitação signifi cativamente maior que os preparados que contêm exclusivamente gestágenos.
A proporção posológica entre DHPA e E2EN (150 mg:10 mg) foi selecionada em estudos comparativos por seu adequado balanço entre efi cácia e tolerabilidade. Ao comparar esta posologia com a dos anticoncepcionais orais, deve-se ter em mente que os componentes de algestona acetofenida + enantato de estradiol não são derivados sintéticos tão potentes como os utilizados por via oral em microgramas, mas sim derivados diretos dos hormônios naturais do organismo que, para produzir efeitos similares, são aplicados por via parenteral, em miligramas.
Para se avaliar a eficácia de um anticoncepcional, adota-se um índice denominado Índice de Pearl12. Pela observação de estudos realizados em diversos países e com base no uso do produto por vários anos, o valor desse índice para o algestona acetofenida + enantato de estradiol pode variar de 0,03 como resultado de falhas do método (Índice de Pearl12 teórico) até 0,15/0,17 como resultado de falhas do método e/ou da usuária (Índice de Pearl12 real). Isto significa que, apesar da alta eficácia do produto, que é igual ou superior a dos anticoncepcionais orais, podem ocorrer gestações na proporção de 3 a 17 casos para cada grupo de 10.000 mulheres que utilizarem o produto durante 1 ano.
A tolerabilidade local de algestona acetofenida + enantato de estradiol é satisfatória e a sistêmica corresponde a dos anticoncepcionais orais combinados atualmente em uso.
Algestona acetofenida + enantato de estradiol é uma solução oleosa administrada por via intramuscular. É distribuída no tecido adiposo13, onde ocorre lenta liberação, assegurando seu efeito por todo o mês. O local da aplicação não deve ser massageado, pois pode-se acelerar sua absorção, com conseqüente diminuição da eficácia. O pico sérico de estradiol ocorre depois de 3 dias da aplicação e tem uma meia-vida de 5,57 dias. Os metabólitos14, ácido glucurônico e conjugados metabólicos de ácido sulfúrico, são eliminados primariamente na urina15. A meia-vida da diidroxiprogesterona e dos seus metabólitos14 é de 24 dias.
Após a administração, o efeito hormonal persiste durante todo o ciclo menstrual. A excreção se dá basicamente pelas fezes.
Não consta que a aplicação repetida de algestona acetofenida + enantato de estradiol se correlacione com alterações nas características farmacocinéticas do produto, nem com sinais16 de acúmulo no organismo.
Estudos de toxicidade17 de dose única, realizados em diferentes espécies de animais, falharam ao demonstrar a DL50 por via intramuscular, devido a ausência de óbitos, mesmo usando-se a dose máxima provável em cada espécie.
Soluções oleosas de DHPA e E2EN foram aplicadas via i.m. na proporção de 15:1.
Os valores de DL50 obtidos foram:
- > 150 mg+10 mg / 1 ml/kg em ratos,
- > 375 mg+25 mg / 2,5 ml/kg em camundongos,
- > 750 mg+50 mg / 5 ml/kg em coelhos.
O único sinal18 tóxico foi uma discreta sedação19 ocorrida logo após a administração e que desapareceu em 1-2 dias.
Nenhuma intolerância local foi descrita. Depois de 14 dias podem-se observar hipotrofia20 ovariana e testicular, bem como dilatação e congestão uterina. Estes são considerados efeitos farmacológicos e não toxicológicos do produto.
Estudos de toxicidade17 repetidos mostraram que o ciclo menstrual é abolido nas fêmeas e a espermatogênese nos machos. Em ratas, doses maiores que DHPA 30 mg + E2EN 2 mg por kg de peso corpóreo, i.m., correlacionam-se com atrofia21 ovariana e dilatação severa e, às vezes, com infecção22 uterina. Nos machos, há hipotrofia20 dos testículos23 e das glândulas24 sexuais acessórias, e em ambos os sexos hiperplasia25 da glândula26 pituitária e diminuição do peso corpóreo. Em cães, essa preparação causou hiperplasia25 pituitária e tumores de mama27. Todos esses efeitos são previsíveis com todos os tipos de agentes progestogênicos, mesmo a progesterona, quando aplicados nesses animais em altas doses e por um longo período. É por isso que estudiosos da OMS têm desqualificado o modelo de cães como padrão quando avaliam a toxicidade17 de contraceptivos hormonais usados em mulheres. Por outro lado, estudos epidemiológicos mostraram que mulheres tratadas com a combinação de DHPA+ E2EN falharam em demonstrar alguma correlação entre essa formulação e carcinoma28 cervical.

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Complementos

1 Estrógeno: Grupo hormonal produzido principalmente pelos ovários e responsáveis por numerosas ações no organismo feminino (indução da primeira fase do ciclo menstrual, desenvolvimento dos ductos mamários, distribuição corporal do tecido adiposo em um padrão feminino, etc.).
2 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
3 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
4 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
5 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
6 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
7 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
8 Espermatozóide: Célula reprodutiva masculina.
9 Fecundação: 1. Junção de gametas que resulta na formação de um zigoto; anfigamia, fertilização. 2. Ato ou efeito de fecundar (-se).
10 Nidação: Implantação.
11 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
12 índice de Pearl: O Índice Pearl é definido como o número de falhas contraceptivas por 100 mulheres-anos de exposição e usa como denominador o total de meses ou ciclos de exposição desde o início do uso do produto até o final do estudo ou a descontinuação do produto. É uma fórmula matemática que avalia a eficácia de um método contraceptivo.
13 Tecido Adiposo: Tecido conjuntivo especializado composto por células gordurosas (ADIPÓCITOS). É o local de armazenamento de GORDURAS, geralmente na forma de TRIGLICERÍDEOS. Em mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo, a GORDURA BRANCA e a GORDURA MARROM. Suas distribuições relativas variam em diferentes espécies sendo que a maioria do tecido adiposo compreende o do tipo branco.
14 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
15 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
16 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
17 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
18 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
19 Sedação: 1. Ato ou efeito de sedar. 2. Aplicação de sedativo visando aliviar sensação física, por exemplo, de dor. 3. Diminuição de irritabilidade, de nervosismo, como efeito de sedativo. 4. Moderação de hiperatividade orgânica.
20 Hipotrofia: Estado ou processo de crescimento ou desenvolvimento subnormal de qualquer coisa.
21 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
22 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
23 Testículos: Os testículos são as gônadas sexuais masculinas que produzem as células de fecundação ou espermatozóides. Nos mamíferos ocorrem aos pares e são protegidos fora do corpo por uma bolsa chamada escroto. Têm função de glândula produzindo hormônios masculinos.
24 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
25 Hiperplasia: Aumento do número de células de um tecido. Pode ser conseqüência de um estímulo hormonal fisiológico ou não, anomalias genéticas no tecido de origem, etc.
26 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
27 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
28 Carcinoma: Tumor maligno ou câncer, derivado do tecido epitelial.

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