
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS GARDENAL
1) ASSOCIAÇÕES DESACONSELHADAS
Álcool: o efeito sedativo do fenobarbital é potencializado pelo álcool. Alterações no estado
de alerta podem tornar perigosos os atos de dirigir veículos ou operar máquinas, onde a
perda de atenção pode causar acidentes graves. Deve-se evitar a ingestão de qualquer
quantidade de álcool em bebidas. Em casos de utilização de outros medicamentos que
contenham álcool como excipiente, o médico deve ser consultado antes de iniciar o
tratamento. Esta recomendação é válida enquanto durar o uso do fenobarbital.
Contraceptivos hormonais que contenham estrógenos e progestágenos: ocorre redução do
efeito contraceptivo esperado, devido à indução do catabolismo1 hepático dos hormônios
pelo fenobarbital. Aconselha-se, portanto, a adoção de outros tipos de métodos
contraceptivos, especialmente métodos não hormonais (DIU, etc) nesta situação.
2) ASSOCIAÇÕES QUE REQUEREM PRECAUÇÕES
a) Medicamentos que provocam aumento dos níveis plasmáticos de fenobarbital com
aumento dos seus efeitos colaterais2, principalmente sedação3.
Ácido valpróico, valpromida (inibição do catabolismo1 hepático; efeito mais comum em
crianças)
Progabida (agonista4 de GABA5)
Neste caso recomenda-se monitorização clínico-laboratorial (nível plasmático do
fenobarbital) e, se necessário, redução da dose de fenobarbital.
b) Medicamentos que provocam diminuição dos níveis plasmáticos ou da eficácia do
fenobarbital com aumento do risco de recorrência6 das convulsões.
Folatos (ácido fólico e folínico)
Antidepressivos tricíclicos (imipramina, etc) - precipitam convulsões.
Neste caso recomenda-se monitorização clínico-laboratorial (nível plasmático do
fenobarbital) e, se necessário, aumento da dose de fenobarbital.
c) Medicamentos cujos níveis plasmáticos ou eficácia diminuem pela administração
concomitante com o fenobarbital (metabolismo7 hepático aumentado), ainda que sem
evidência clínica desta ocorrência:
Anticoagulantes8 orais (cumarínicos, etc)*
Ciclosporina, tacrolimus
Disopiramida*
Doxiciclina
Esteróides (corticosteróides ou mineralocorticóides) - particularmente importante em
doença de Addison ou em transplantados
Glicosídeos digitálicos (exceto digoxina) *
Itraconazol
Levotiroxina9*
Metadona*
Quinidina*
Xantinas (aminofilina, teofilina) *
Zidovudina
Neste caso recomenda-se monitorização clínico-laboratorial (nível plasmático do
medicamento introduzido) e, se necessário, aumento da dose do mesmo para se obter o
efeito terapêutico desejado. Por outro lado, deve-se lembrar que ao se interromper o uso do
barbitúrico, ocorrerá elevação imediata dos níveis plasmáticos do medicamento associado
(ausência de indução enzimática no fígado10). Deve-se assim, fazer novos ajustes
posológicos.
*Observações:
Nos pacientes sob anticoagulação oral deve-se realizar monitorização regular do tempo de
protrombina11 (TP) durante e imediatamente após o final do tratamento com fenobarbital. Se
houver necessidade, deve-se ajustar a dosagem do anticoagulante12 oral.
No caso dos cardiotônicos e antiarrítmicos, recomenda-se monitorização clínica e do
eletrocardiograma13 até o ajuste da dose destes medicamentos, de acordo com seu nível
plasmático.
No caso da levotiroxina9 recomenda-se a monitorização dos níveis séricos de T3 e T4, para
adequação da dose do hormônio14.
Nos pacientes em uso da metadona, deve-se aumentar a freqüência das doses de uma
para 2 a 3 vezes ao dia.
3) ASSOCIAÇÕES ONDE SE DEVE TER ATENÇÃO
Beta-bloqueadores (alprenolol, metoprolol e propranolol): diminuição dos níveis séricos
destes, com diminuição dos seus efeitos clínicos (devido ao aumento do metabolismo7
hepático);
Carbamazepina: diminuição dos níveis séricos da carbamazepina e de seus metabólitos15,
ainda que sem afetar adversamente sua atividade anticonvulsivante;
Outros depressores do sistema nervoso central16: a maioria dos antidepressivos, antihistamínicos
H1, benzodiazepínicos, clonidina e compostos relacionados, hipnóticos,
derivados da morfina (analgésicos17 e antitussígenos), neurolépticos18, outros ansiolíticos que
não são benzodiazepínicos: pode ocorrer exacerbação dos efeitos depressores do SNC19,
com sérias conseqüências, especialmente sobre a capacidade para dirigir e operar
máquinas;
Metotrexato: pode ocorrer aumento da toxicidade20 hematológica devido à inibição
cumulativa da diidrofolato redutase;
Fenitoína: em pacientes tratados previamente com fenobarbital combinado à fenitoína,
níveis plasmáticos aumentados do fenobarbital podem levar a efeitos tóxicos (inibição
competitiva do metabolismo7).
Podem ocorrer alterações imprevisíveis em caso de tratamento prévio com fenitoína
combinada ao fenobarbital:
Os níveis plasmáticos da fenitoína são freqüentemente reduzidos (aumento do
metabolismo7) sem que esta redução afete adversamente a atividade anticonvulsivante.
Após interrupção do fenobarbital, podem aparecer efeitos tóxicos da fenitoína.
Em alguns casos, aumento dos níveis plasmáticos da fenitoína (inibição competitiva no
metabolismo7).
Levar estas interações em consideração, quando da interpretação das concentrações
plasmáticas destes medicamentos.