INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS GARDENAL

Atualizado em 24/05/2016

1) ASSOCIAÇÕES DESACONSELHADAS

Álcool: o efeito sedativo do fenobarbital é potencializado pelo álcool. Alterações no estado
de alerta podem tornar perigosos os atos de dirigir veículos ou operar máquinas, onde a
perda de atenção pode causar acidentes graves. Deve-se evitar a ingestão de qualquer
quantidade de álcool em bebidas. Em casos de utilização de outros medicamentos que
contenham álcool como excipiente, o médico deve ser consultado antes de iniciar o
tratamento. Esta recomendação é válida enquanto durar o uso do fenobarbital.

Contraceptivos hormonais que contenham estrógenos e progestágenos: ocorre redução do
efeito contraceptivo esperado, devido à indução do catabolismo1 hepático dos hormônios
pelo fenobarbital. Aconselha-se, portanto, a adoção de outros tipos de métodos
contraceptivos, especialmente métodos não hormonais (DIU, etc) nesta situação.

2) ASSOCIAÇÕES QUE REQUEREM PRECAUÇÕES

a) Medicamentos que provocam aumento dos níveis plasmáticos de fenobarbital com
aumento dos seus efeitos colaterais2, principalmente sedação3.

Ácido valpróico, valpromida (inibição do catabolismo1 hepático; efeito mais comum em
crianças)

Progabida (agonista4 de GABA5)

Neste caso recomenda-se monitorização clínico-laboratorial (nível plasmático do
fenobarbital) e, se necessário, redução da dose de fenobarbital.

b) Medicamentos que provocam diminuição dos níveis plasmáticos ou da eficácia do
fenobarbital com aumento do risco de recorrência6 das convulsões.

Folatos (ácido fólico e folínico)

Antidepressivos tricíclicos (imipramina, etc) - precipitam convulsões.

Neste caso recomenda-se monitorização clínico-laboratorial (nível plasmático do
fenobarbital) e, se necessário, aumento da dose de fenobarbital.

c) Medicamentos cujos níveis plasmáticos ou eficácia diminuem pela administração
concomitante com o fenobarbital (metabolismo7 hepático aumentado), ainda que sem
evidência clínica desta ocorrência:

Anticoagulantes8 orais (cumarínicos, etc)*
Ciclosporina, tacrolimus
Disopiramida*
Doxiciclina
Esteróides (corticosteróides ou mineralocorticóides) - particularmente importante em
doença de Addison ou em transplantados
Glicosídeos digitálicos (exceto digoxina) *
Itraconazol
Levotiroxina9*
Metadona*
Quinidina*
Xantinas (aminofilina, teofilina) *
Zidovudina

Neste caso recomenda-se monitorização clínico-laboratorial (nível plasmático do
medicamento introduzido) e, se necessário, aumento da dose do mesmo para se obter o
efeito terapêutico desejado. Por outro lado, deve-se lembrar que ao se interromper o uso do
barbitúrico, ocorrerá elevação imediata dos níveis plasmáticos do medicamento associado
(ausência de indução enzimática no fígado10). Deve-se assim, fazer novos ajustes
posológicos.

*Observações:
Nos pacientes sob anticoagulação oral deve-se realizar monitorização regular do tempo de
protrombina11 (TP) durante e imediatamente após o final do tratamento com fenobarbital. Se
houver necessidade, deve-se ajustar a dosagem do anticoagulante12 oral.

No caso dos cardiotônicos e antiarrítmicos, recomenda-se monitorização clínica e do
eletrocardiograma13 até o ajuste da dose destes medicamentos, de acordo com seu nível
plasmático.

No caso da levotiroxina9 recomenda-se a monitorização dos níveis séricos de T3 e T4, para
adequação da dose do hormônio14.

Nos pacientes em uso da metadona, deve-se aumentar a freqüência das doses de uma
para 2 a 3 vezes ao dia.

3) ASSOCIAÇÕES ONDE SE DEVE TER ATENÇÃO

Beta-bloqueadores (alprenolol, metoprolol e propranolol): diminuição dos níveis séricos
destes, com diminuição dos seus efeitos clínicos (devido ao aumento do metabolismo7
hepático);

Carbamazepina: diminuição dos níveis séricos da carbamazepina e de seus metabólitos15,
ainda que sem afetar adversamente sua atividade anticonvulsivante;

Outros depressores do sistema nervoso central16: a maioria dos antidepressivos, antihistamínicos
H1, benzodiazepínicos, clonidina e compostos relacionados, hipnóticos,
derivados da morfina (analgésicos17 e antitussígenos), neurolépticos18, outros ansiolíticos que
não são benzodiazepínicos: pode ocorrer exacerbação dos efeitos depressores do SNC19,
com sérias conseqüências, especialmente sobre a capacidade para dirigir e operar
máquinas;

Metotrexato: pode ocorrer aumento da toxicidade20 hematológica devido à inibição
cumulativa da diidrofolato redutase;

Fenitoína: em pacientes tratados previamente com fenobarbital combinado à fenitoína,
níveis plasmáticos aumentados do fenobarbital podem levar a efeitos tóxicos (inibição
competitiva do metabolismo7).

Podem ocorrer alterações imprevisíveis em caso de tratamento prévio com fenitoína
combinada ao fenobarbital:
Os níveis plasmáticos da fenitoína são freqüentemente reduzidos (aumento do
metabolismo7) sem que esta redução afete adversamente a atividade anticonvulsivante.

Após interrupção do fenobarbital, podem aparecer efeitos tóxicos da fenitoína.
Em alguns casos, aumento dos níveis plasmáticos da fenitoína (inibição competitiva no
metabolismo7).

Levar estas interações em consideração, quando da interpretação das concentrações
plasmáticas destes medicamentos.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Catabolismo: Parte do metabolismo que se refere à assimilação ou processamento da matéria adquirida para fins de obtenção de energia. Diz respeito às vias de degradação, ou seja, de quebra das substâncias. Parte sempre de moléculas grandes, que contêm quantidades importantes de energia (glicose, triclicerídeos, etc). Estas substâncias são transformadas de modo a que restem, no final, moléculas pequenas, pobres em energia ( H2O, CO2, NH3 ), aproveitando o organismo a libertação de energia resultante deste processo. É o contrário de anabolismo.
2 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
3 Sedação: 1. Ato ou efeito de sedar. 2. Aplicação de sedativo visando aliviar sensação física, por exemplo, de dor. 3. Diminuição de irritabilidade, de nervosismo, como efeito de sedativo. 4. Moderação de hiperatividade orgânica.
4 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
5 GABA: GABA ou Ácido gama-aminobutírico é o neurotransmissor inibitório mais comum no sistema nervoso central.
6 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
7 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
8 Anticoagulantes: Substâncias ou medicamentos que evitam a coagulação, especialmente do sangue.
9 Levotiroxina: Levotiroxina sódica ou L-tiroxina (T4) é um hormônio sintético usado no tratamento de reposição hormonal quando há déficit de produção de tiroxina (T4) pela glândula tireoide.
10 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
11 Protrombina: Proteína plasmática inativa, é a precursora da trombina e essencial para a coagulação sanguínea.
12 Anticoagulante: Substância ou medicamento que evita a coagulação, especialmente do sangue.
13 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
14 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
15 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
16 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
17 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
18 Neurolépticos: Medicamento que exerce ação calmante sobre o sistema nervoso, tranquilizante, psicoléptico.
19 SNC: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
20 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.

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