FARMACOLOGIA CLÍNICA PRAVACOL
Mecanismo de Ação
PRAVACOL® induz à redução de lipídios de duas maneiras. Primeiro: como conseqüência da atividade inibitória reversível sobre a HMG-CoA redutase, a pravastatina produz reduções modestas nos reservatórios intracelulares de colesterol1. Isto resulta em aumento do número de receptores LDL2 na superfície das células3, em aumento do catabolismo4 mediado por receptores e do clearance do LDL2 circulante. Segundo: a pravastatina inibe a produção de LDL2 por inibição da síntese hepática5 de VLDL, precursor do LDL2.
Estudos in vitro e em animais mostraram que a pravastatina, inibidor hidrofílico da HMG-CoA redutase, é tecido6-seletiva de tal forma que a atividade inibitória é mais alta nos tecidos onde as taxas de síntese de colesterol1 são mais elevadas, como o fígado7 e o íleo8. Diferentemente de outros inibidores da HMG-CoA redutase, PRAVACOL® tem menor efeito sobre a síntese do colesterol1 em outros tecidos.
Em estudos com animais, a pravastatina não foi detectada no fluido cérebro9-espinhal.
Estudos clínicos e patológicos mostraram que níveis elevados de colesterol1 total (C-total), colesterol1 de lipoproteínas de baixa densidade (LDL2-C) e apolipoproteína B (complexo transportador de LDL2 através da membrana) favorecem o aparecimento de aterosclerose10. Da mesma forma, níveis diminuídos de colesterol1-HDL11 (HDL11-C) e seu complexo de transporte, a apolipoproteína A, estão associados com o desenvolvimento da aterosclerose10. Investigações epidemiológicas estabeleceram que a morbidade12 e a mortalidade13 cardiovascular variam diretamente com o nível do C-total e do LDL2-C, e inversamente com o nível de HDL11-C. Em estudos clínicos multicêntricos, estas interferências farmacológicas e/ou não-farmacológicas, que diminuíram o C-total e o LDL2-C e aumentaram o HDL11-C, reduziram a taxa de ocorrências cardiovasculares (infarto do miocárdio14 fatal e não-fatal) e aumentaram a chance de sobrevida15. Em voluntários normais e em pacientes com hipercolesterolemia16, o tratamento com PRAVACOL® reduziu os níveis de C-total e LDL2-C, de apolipoproteína B, VLDL-C e triglicérides17 (TG), enquanto aumentou as taxas de HDL11-C e de apolipoproteína A.
Em estudos controlados com pacientes portadores de hipercolesterolemia16 moderada, com ou sem doença cardiovascular aterosclerótica, a monoterapia com a pravastatina reduziu a progressão da aterosclerose10 e os eventos cardiovasculares (por exemplo: infarto do miocárdio14 fatal ou não fatal) ou morte.
Farmacocinética
PRAVACOL® (pravastatina) é administrado oralmente na forma ativa. É rapidamente absorvido, e os picos dos níveis plasmáticos são atingidos 1 a 1,5 hora após a ingestão. Os efeitos redutores do colesterol1 do fármaco18 não são afetados pela presença ou não de alimentos.
A pravastatina sofre extensa extração na primeira passagem pelo fígado7, que é o principal local de ação do fármaco18, de síntese de colesterol1 e do clearance do LDL2-C.
Estudos in vitro demonstraram que a pravastatina é transportada para dentro dos hepatócitos e sofre retenção substancialmente menor em outras células3. As concentrações plasmáticas de pravastatina são diretamente proporcionais à dose administrada. Aproximadamente 50% da droga circulante está ligada às proteínas19 plasmáticas.
A meia-vida de eliminação plasmática (T½) da pravastatina (por via oral) está entre 1,5 a 2 horas. Aproximadamente 20% da dose oral radiomarcada é excretada na urina20 e 70% nas fezes. Aproximadamente 47% do clearance corporal total dá-se por excreção renal21 e 53% por vias não-renais (i.e., excreção biliar e biotransformação).
Pode ocorrer acúmulo da droga e/ou de metabólitos22 em pacientes com insuficiência renal23 ou hepática5, embora exista o potencial para excreção compensatória pela via alternativa dada a duplicidade das vias de eliminação. O principal produto de degradação da pravastatina é o metabólito24 isomérico 3-alfa-hidróxi. Esse metabólito24 tem de um décimo a catorze avos da atividade inibitória sobre a HMG-CoA redutase, em relação ao composto de origem.
Estudos Clínicos
A pravastatina é altamente eficaz na redução do C-total, LDL2-C, TG em pacientes com formas de hipercolesterolemia16 heterozigótica familiar, combinada familiar e não-familiar (não-FH) e dislipidemia mista. A resposta terapêutica25 é evidenciada em uma semana e a resposta máxima normalmente é conseguida dentro de 4 semanas. O efeito é mantido durante períodos extensos de terapia.
Uma única dose diária administrada à noite é tão efetiva quanto a mesma dose total diária administrada duas vezes ao dia.
Em estudos multicêntricos, duplo-cegos, controlados por placebo26, de pacientes com hipercolesterolemia16 primária, o tratamento com a pravastatina diminuiu significativamente as proporções entre C-Total, LDL2-C e C-Total/HDL11-C e LDL2-C/HDL11-C, diminuiu o VLDL-C e os níveis de TG plasmáticos, e aumentou os de HDL11-C. Se administrada uma ou duas vezes por dia, uma clara relação dose-resposta (i. e., redutora de lipídios) aparece por volta de 1 a 2 semanas após o início do tratamento.
Dose-Resposta de PRAVACOL®*
Administração única ao dia ao deitar
Dose C-total LDL2-C HDL11-C TG
5 mg -14% -19% +5% -14%
10 mg -16% -22% +7% -15%
20 mg -24% -32% +2% -11%
40 mg -25% -34% +12% -24%
* Alteração percentual a partir da linha basal após 8 semanas
Progressão da doença aterosclerótica e eventos cardiovasculares
A monoterapia com a pravastatina foi eficaz na redução da progressão da aterosclerose10 e dos índices de eventos cardiovasculares em dois estudos controlados com pacientes apresentando hipercolesterolemia16 moderada e doença cardiovascular aterosclerótica.
O "ESTUDO DA LIMITAÇÃO DA ATEROSCLEROSE10 NAS ARTÉRIAS27 CARÓTIDAS28 PELA PRAVASTATINA" (PLAC I) teve duração de 3 anos e foi randomizado29, controlado por placebo26, multicêntrico, que incluiu 408 pacientes com hipercolesterolemia16 moderada (taxa basal média de LDL2-C = 163 mg/dl30, C-total = 231 mg/dl30) e doença da artéria31 coronária. A monoterapia com a pravastatina resultou em velocidade significativamente reduzida de estreitamento do lúmen32 da artéria31 coronária, como demonstrou a angiografia33 quantitativa.
Em análise prospectivamente planejada dos eventos clínicos 90 dias após o início da terapia para possibilitar o efeito redutor máximo de lipídios, o tratamento com a pravastatina resultou em redução de 74% do índice de infartos do miocárdio34 (fatais e não-fatais; p = 0,006) e de 62% do objetivo combinado de infarto do miocárdio14 não-fatal e mortes por todas as causas (p = 0,02). Considerando-se a duração total do estudo, o índice de infartos do miocárdio34 foi reduzido em 60% (p = 0,0498).
O "ESTUDO DA LIMITAÇÃO DA ATEROSCLEROSE10 NAS ARTÉRIAS27 CARÓTIDAS28 COM A PRAVASTATINA" (PLAC II) foi um estudo randomizado35, duplo-cego, controlado por placebo26, que incluiu 151 pacientes com hipercolesterolemia16 moderada (taxa basal média de LDL2-C = 164 mg/dl30, C-total = 234 mg/dl30) e com aterosclerose10 da coronária e carótida.
A pravastatina reduziu significativamente a velocidade de progressão da aterosclerose10 na artéria31 carótida comum, como demonstrado através de ultrasom Modo-B. Uma redução de 80% do índice de infartos do miocárdio34 (fatais e não-fatais; p = 0,018) e de 61% do objetivo combinado de infarto do miocárdio14 não-fatal e mortes por todas as causas (p = 0,049) também foram observadas entre os pacientes tratados com a pravastatina.
Na análise dos eventos clínicos cardiovasculares somados dos estudos PLAC I e II, o tratamento com a pravastatina foi associado com uma redução de 67% da taxa de infartos do miocárdio34 (fatais e não-fatais; p = 0,003) e de 55% do objetivo combinado de infarto do miocárdio14 não-fatal e mortes por todas as causas (p = 0,009).
Prevenção da doença arterial coronariana
PRAVACOL® (pravastatina) quando utilizado em pacientes hipercolesterolêmicos sem doença coronariana36 prévia é eficaz na redução dos riscos da doença arterial coronariana (DAC): infarto do miocárdio14 não-fatal e morte cardíaca de origem coronariana (infarto do miocárdio14 fatal e morte súbita).
O estudo realizado na região oeste da Escócia (WOS - West of Scotland Study) foi randomizado29, duplo-cego, controlado por placebo26, com 6.595 pacientes do sexo masculino (com 45 a 66 anos) apresentando hipercolesterolemia16 moderada a grave (LDL2-C= 156 - 254 mg/dl30[4 - 6,6 mmol/L37]), sem infarto do miocárdio14 prévio. Os pacientes foram tratados com os cuidados-padrão, incluindo recomendações sobre a dieta, e com a pravastatina (n= 3.302) ou placebo26 (n= 3.293) por um período médio de 4,8 anos. O estudo foi planejado para avaliar o efeito da pravastatina sobre a doença arterial coronariana (DAC) fatal ou não-fatal. A pravastatina reduziu de forma significativa o risco de morte por doença arterial coronariana e o infarto do miocárdio14 não-fatal em 31% (p= 0,0001). O efeito sobre estas taxas cumulativas de eventos cardiovasculares foi evidente desde o início, com 6 meses de tratamento. Esta redução foi similar e significativa em toda a faixa de níveis de colesterol1 LDL2 e para todos os grupos de idade estudados. Observou-se redução significativa de 32% (p= 0,03) no total de mortes cardiovasculares. Quando ajustado em relação aos fatores basais de risco, foi observado também redução de 24% (p= 0,039) da mortalidade13 global entre os pacientes tratados com a pravastatina. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de tratamento de mortalidade13 não-cardiovascular, incluindo morte por câncer38. A pravastatina também diminuiu o risco dos procedimentos de revascularização do miocárdio34 (cirurgia de implante39 coronariano ou angioplastia40 coronariana) em 37% (p= 0,009) e a necessidade de angiografia33 coronariana em 31% (p = 0,007).
Infarto do miocárdio14
PRAVACOL® (pravastatina) é eficaz na redução do risco de evento coronariano fatal mais infarto do miocárdio14 não-fatal e freqüência de acidente vascular cerebral41 em pacientes com infarto do miocárdio14 prévio e colesterol1 plasmático médio (normal).
No estudo Colesterol1 e Eventos Recorrentes (CARE - Cholesterol and Recurrent Events Study), os efeitos da pravastatina na doença arterial coronariana fatal e no infarto do miocárdio14 não-fatal foram avaliados em 4.159 homens e mulheres com níveis de colesterol1 plasmático médio (normal) (média basal C-Total=209 mg/dl30), e que tinham sofrido infarto do miocárdio14 nos 3-20 meses precedentes. Os pacientes neste estudo duplo-cego42, placebo26-controlado foram tratados durante uma média de 4,9 anos. O tratamento com a pravastatina reduziu significativamente o índice de evento coronário recorrente (doença arterial coronariana fatal ou infarto do miocárdio14 não-fatal) a 24% (p=0,003). A redução do risco para este objetivo combinado foi significativo tanto para, homens como para mulheres. O risco de ser submetido aos procedimentos de revascularização (cirurgia de revascularização ou angioplastia40 coronária percutânea transluminal) foi significativamente reduzido a 27% (p<0,001) nos pacientes tratados com a pravastatina. A pravastatina também reduziu significativamente o risco de acidente vascular cerebral41 a 32% (p=0,032) e acidente vascular cerebral41 ou ataque isquêmico43 transitório (TIA) combinado a 26% (p=0,025).