INFORMAÇÕES TÉCNICAS VALTREX

Atualizado em 25/05/2016


Propriedades farmacodinâmicas

O antiviral valaciclovir é o éster L-valina do aciclovir1, um nucleosídeo análogo da guanina.

No homem, o valaciclovir é rapida e quase completamente convertido em aciclovir1 e valina, provavelmente pela enzima2 valaciclovir hidrolase. O aciclovir1 é um inibidor específico dos herpes vírus3 com atividade in vitro contra os vírus3 do herpes simples (HSV) tipo 1 e 2, vírus3 varicela4-zóster (VVZ), citomegalovírus5 (CMV), vírus3 de Epstein-Barr (EBV) e herpes vírus3 humano 6 (VHH-6). O aciclovir1, uma vez fosforilado na forma ativa de trifosfato, inibe a síntese de DNA dos herpes vírus3.

A primeira fase da fosforilação requer a atividade de uma enzima2 específica do vírus3. No caso do HSV, VVZ e EBV esta enzima2 é a timidina quinase viral (TQ), que está presente apenas em células6 infectadas pelo vírus3. A seletividade é mantida no CMV com a fosforilação, pelo menos em parte, mediada por uma fosfotransferase, que é um produto do gene UL97. Esta necessidade de ativação do aciclovir1 por uma enzima2 específica do vírus3 explica em grande parte a sua seletividade.

O processo de fosforilação é completado (conversão de mono a trifosfato) por quinases celulares. O trifosfato de aciclovir1 inibe competitivamente a DNA polimerase do vírus3 e a incorporação deste análogo de nucleosídeo resulta em término obrigatório da cadeia, impedindo assim a síntese de DNA do vírus3 e a replicação viral.

O acompanhamento a longo prazo de isolados casos clínicos de HSV e VVZ de pacientes recebendo terapia ou profilaxia com aciclovir1 revelou que a ocorrência de vírus3 com sensibilidade reduzida ao aciclovir1 é extremamente rara em pacientes imunocompetentes e se encontra com pouca freqüência em indivíduos com grave comprometimento imune (por exemplo, pacientes submetidos a transplantes de órgãos ou medula óssea7, pacientes recebendo quimioterapia8 para doenças malignas e pacientes infectados com o vírus3 da imunodeficiência9 humana - HIV10).

A resistência deve-se normalmente a uma deficiência fenotípica11 da timidina quinase, que resulta em um vírus3 com profunda desvantagem no hospedeiro natural. É rara a descrição de redução de sensibilidade ao aciclovir1 como resultado de alterações sutis, tanto na timidina quinase como na DNA polimerase do vírus3. A virulência12 destes variantes assemelha-se à de um vírus3 selvagem.

Propriedades farmacocinéticas

Após administração oral, o valaciclovir é bem absorvido e rapidamente e quase completamente convertido em aciclovir1 e valina. Esta conversão é provavelmente mediada pela valaciclovir hidrolase, uma enzima2 isolada do fígado13 humano.

A biodisponibilidade de aciclovir1 a partir de 1.000mg de valaciclovir é de 54% e não é reduzida por alimentos. O pico médio das concentrações plasmáticas de aciclovir1 é 10 a 37 μM (2,2 a 8,3 mcg/mL) após doses únicas de 250-2.000 mg de valaciclovir em indivíduos sadios com função renal14 normal e ocorre em um tempo médio de 1 a 2 horas após a dose.

As concentrações plasmáticas máximas do valaciclovir ficam apenas em 4% dos níveis de aciclovir1, ocorrendo em um tempo médio de 30 a 100 minutos após a dose, não sendo quantificáveis 3 horas após a dosagem. Os perfis farmacocinéticos do valaciclovir e do aciclovir1 são semelhantes após dosagem única e repetida. A ligação do aciclovir1 às proteínas15 plasmáticas é muito baixa (15%).

Em pacientes com função renal14 normal, a meia-vida plasmática de eliminação do aciclovir1, após tanto dosagens únicas quanto múltiplas com valaciclovir é de aproximadamente 3 horas. Em pacientes com doença renal14 em estágio terminal, a meia-vida de eliminação média de aciclovir1 após a administração de valaciclovir é de aproximadamente 14 horas. Menos de 1% da dose administrada de valaciclovir é recuperado na urina16 como droga inalterada. O valaciclovir é eliminado na urina16 principalmente sob a forma de aciclovir1 (mais de 80% da dose recuperada) e de seu metabólito17 conhecido, a 9-carboximetoximetilguanina (CMMG).

O Herpes-zóster e o herpes simples não alteram significativamente a farmacocinética do valaciclovir e do aciclovir1 após a administração oral de Valtrex® .

Em um estudo de farmacocinética do valaciclovir e aciclovir1 durante o período final de gravidez18, a ASC (área sob a curva concentração plasmática x tempo) do aciclovir1 diário, no estado de equilíbrio, após a administração de 1.000mg de valaciclovir, foi aproximadamente duas vezes superior àquela observada após a administração diária de 1.200mg de aciclovir1 por via oral.

Em pacientes com infecção19 por HIV10, a disposição e as características farmacocinéticas do aciclovir1, após administração oral de dose única ou doses múltiplas de 1.000 ou 2.000 mg de valaciclovir, permanecem inalteradas quando comparadas às de indivíduos normais.

Em pacientes submetidos a transplantes recebendo valaciclovir 2.000 mg, 4 vezes ao dia, as concentrações máximas de aciclovir1 são similares ou superiores àquelas em voluntários sadios recebendo a mesma dose. As ASCs diárias estimadas são sensivelmente superiores.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Aciclovir: Substância análoga da Guanosina, que age como um antimetabólito, à qual os vírus são especialmente susceptíveis. É usado especialmente contra o herpes.
2 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
3 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
4 Varicela: Doença viral freqüente na infância e caracterizada pela presença de febre e comprometimento do estado geral juntamente com a aparição característica de lesões que têm vários estágios. Primeiro são pequenas manchas avermelhadas, a seguir formam-se pequenas bolhas que finalmente rompem-se deixando uma crosta. É contagiosa, mas normalmente não traz maiores conseqüências à criança. As bolhas e suas crostas, se não sofrerem infecção secundária, não deixam cicatriz.
5 Citomegalovírus: Citomegalovírus (CMV) é um vírus pertence à família do herpesvírus, a mesma dos vírus da catapora, herpes simples, herpes genital e do herpes zóster.
6 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
7 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
8 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
9 Imunodeficiência: Distúrbio do sistema imunológico que se caracteriza por um defeito congênito ou adquirido em um ou vários mecanismos que interferem na defesa normal de um indivíduo perante infecções ou doenças tumorais.
10 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
11 Fenotípica: Referente a fenótipo, ou seja, à manifestação visível ou detectável de um genótipo. Características físicas, morfológicas e fisiológicas do organismo.
12 Virulência: 1. Qualidade ou estado do que é ou está virulento. 2. Capacidade de um vírus ou bactéria de se multiplicar dentro de um organismo, provocando doença. 3. No sentido figurado, caráter daquilo ou daquele que está carregado de violência ou de ímpeto violento.
13 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
14 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
15 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
16 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
17 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
18 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
19 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.