PROPRIEDADES SANDOSTATIN

Atualizado em 25/05/2016

A octreotida é um derivado octapeptídio sintético da somatostatina de ocorrência natural com efeitos farmacológicos similares, mas com duração de ação consideravelmente prolongada. Inibe a secreção patologicamente aumentada do hormônio1 de crescimento (GH) e dos peptídios e serotonina produzidos dentro do sistema endócrino2 gastro-entero-pancreático (GEP).

Em animais, a octreotida é um inibidor mais potente que a somatostatina na liberação do hormônio1 de crescimento, glucagon3 e insulina4, com maior seletividade para a supressão de GH e glucagon3. A administração prolongada (26 semanas) de doses de até 1 mg/kg ao dia (via intraperitoneal) no rato e de até 0,5 mg/kg  ao dia (via intravenosa) no cão é bem tolerada.
Em indivíduos sadios Sandostatin inibe:
a liberação do hormônio1 de crescimento (GH) estimulada pela arginina, exercício e hipoglicemia5 induzida pela insulina4.
a liberação pós-prandial de insulina4, glucagon3, gastrina6, outros peptídios do sistema GEP  e a liberação de insulina4 e glucagon3   estimulada  pela arginina.
a liberação do hormônio1 de estimulação da tiróide  (TSH) estimulada pelo hormônio1 de liberação da tirotrofina (TRH)

Em pacientes acromegálicos (incluindo os que não responderam à cirurgia, irradiação ou tratamento com agonistas da dopamina7) Sandostatin reduz os níveis plasmáticos do hormônio1 de crescimento e/ou somatomedina C.  Ocorre redução clinicamente relevante do GH (cerca de 50% ou mais) em quase todos os pacientes e pode ser alcançada normalização (GH plasmático < 5 mg/ml)  em cerca de metade dos casos. Na maioria dos pacientes, Sandostatin reduz acentuadamente os sintomas8 clínicos da doença,  tais como cefaléia9, edema10 da pele11 e tecidos moles, hiper-hidrose, artralgia12, parestesia13.  Em pacientes com um grande adenoma14 pituitário, o tratamento com Sandostatin pode resultar em alguma diminuição da massa tumoral.

Em pacientes com tumores do sistema endócrino2 gastro-entero-pancreático Sandostatin, devido aos seus diferentes efeitos endócrinos, modifica diversas características clínicas. Ocorre melhora clínica e benefício sintomático15 em pacientes que ainda apresentam sintomas8 relacionados aos seus tumores, apesar das terapias anteriores, que podem incluir cirurgia, embolização16 da artéria hepática17 e várias quimioterapias, por exemplo, estreptozotocina e 5-fluorouracil.

Os efeitos de Sandostatin nos diferentes tipos de tumores são os seguintes:

Tumores carcinóides: A administração de Sandostatin pode resultar em melhora dos sintomas8, particularmente rubor e diarréia18. Em muitos casos isto se acompanha de uma queda na serotonina plasmática e excreção urinária reduzida do ácido 5-hidroxiindol acético.  Se não houver resposta benéfica ao tratamento com Sandostatin, a terapia não deve se estender além de uma semana.

VIPomas:  A característica bioquímica destes tumores é a superprodução de peptídio intestinal vasoativo (VIP).  Na maioria dos casos, a administração de Sandostatin resulta em alívio da diarréia18 secretória grave típica da afecção19, com conseqüente melhora na qualidade de vida.  Isto se acompanha de uma melhora nas anormalidades eletrolíticas associadas, p. ex., hipocalemia20, permitindo que os líquidos parentenal e enteral e a suplementação21 eletrolítica sejam retirados. Em alguns pacientes, a cintilografia22 por tomografia computadorizada23 sugere um retardamento ou contenção da progressão do tumor24, ou mesmo sua diminuição, particularmente nas metástases25 hepáticas26.  A melhora clínica  é em geral acompanhada por redução nos níveis plasmáticos de VIP, que podem reduzir-se a níveis dentro da faixa normal de referência.

Glucagonomas:  A administração de Sandostatin resulta, na maioria dos  casos, em melhora substancial do exantema27 migratório necrolítico, característico da afecção19.  O efeito de Sandostatin sobre o estado de diabetes mellitus28 leve que freqüentemente ocorre não é acentuado e, em geral, não resulta em redução das necessidades de insulina4 ou agentes hipoglicemiantes orais29.  Sandostatin produz melhora da diarréia18 e, portanto, ganho de peso naqueles pacientes afetados. Embora a administração de Sandostatin, com  freqüência, leve  a uma redução imediata nos níveis plasmáticos de glucagon3, este decréscimo geralmente não é mantido durante período prolongado de administração, apesar da melhora  sintomática30 continuada.

Gastrinomas/síndrome de Zollinger-Ellison31:  Embora a terapia com agentes bloqueadores do receptor-H2 seletivo e antiácidos32 controle a ulceração33 péptica recorrente que resulta da hipersecreção de ácido gástrico34  estimulada pela gastrina6, tal controle pode ser incompleto.  A diarréia18 pode também constituir sintoma35 proeminente não aliviado por esta terapia. Sandostatin isolado ou em associação a antagonistas do receptor-H2 pode reduzir a hipersecreção de ácido gástrico34 e melhorar os sintomas8, incluindo diarréia18.  Outros sintomas8 possivelmente devidos à produção de peptídio pelo tumor24, p. ex., rubor, podem também ser aliviados.  Os níveis plasmáticos de gastrina6 caem em alguns pacientes.

Insulinomas: A administração de Sandostatin produz uma queda na insulina4 imunorreativa circulante, que pode, entretanto, ser de curta duração (cerca de duas horas). Em pacientes com tumores operáveis, Sandostatin pode ajudar a restaurar e manter a normoglicemia no pré-operatório. Em pacientes com tumores malígnos ou benígnos inoperáveis, o controle glicêmico pode ser melhorado sem redução mantida concomitante nos níveis circulantes de insulina4.

GRFomas:  Estes raros tumores são caracterizados pela produção de fator de liberação do hormônio1 de crescimento (GRF) isoladamente ou juntamente com outros peptídios ativos. Sandostatin produz melhora nas características e sintomas8 da acromegalia36 resultante. Isto provavelmente se deve à inibição do GRF e secreção do  hormônio1 de crescimento e pode ser seguido por uma redução no aumento pituitário.

Em pacientes com diarréia18 refratária relacionada à síndrome37 de imunodeficiência38 adquirida (AIDS), Sandostatin produz controle parcial ou completo do débito de fezes em cerca de um terço dos pacientes com diarréia18 que não respondem aos agentes antidiarréicos e/ou anti-infecciosos convencionais.
Para os pacientes submetidos a uma cirurgia pancreática, a administração peri  e pós-operatória de Sandostatin reduz a incidência39 das complicações típicas pós-operatórias (por exemplo, fístula40 pancreática, abcesso e sepsis subsequente, pancreatite41 aguda pós-operatória).

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
2 Sistema Endócrino: Sistema de glândulas que liberam sua secreção (hormônios) diretamente no sistema circulatório. Em adição às GLÂNDULAS ENDÓCRINAS, o SISTEMA CROMAFIM e os SISTEMAS NEUROSSECRETORES estão inclusos.
3 Glucagon: Hormônio produzido pelas células-alfa do pâncreas. Ele aumenta a glicose sangüínea. Uma forma injetável de glucagon, disponível por prescrição médica, pode ser usada no tratamento da hipoglicemia severa.
4 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
5 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
6 Gastrina: Hormônio que estimula a secreção de ácido gástrico no estômago. Secretada pelas células G no estômago e no duodeno. É também fundamental para o crescimento da mucosa gástrica e intestinal.
7 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
10 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
11 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
12 Artralgia: Dor em uma articulação.
13 Parestesia: Sensação cutânea subjetiva (ex.: frio, calor, formigamento, pressão, etc.) vivenciada espontaneamente na ausência de estimulação.
14 Adenoma: Tumor do epitélio glandular de características benignas.
15 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
16 Embolização: Técnica que consiste em injetar, em uma artéria, material capaz de obstrui-la completamente.
17 Artéria Hepática: Ramo da artéria celíaca que se distribui para o estômago, pâncreas, duodeno, fígado, vesícula biliar e omento maior. Circulação Hepática;
18 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
19 Afecção: Qualquer alteração patológica do corpo. Em psicologia, estado de morbidez, de anormalidade psíquica.
20 Hipocalemia: Concentração sérica de potássio inferior a 3,5 mEq/l. Pode ocorrer por alterações na distribuição de potássio (desvio do compartimento extracelular para intracelular) ou de reduções efetivas no conteúdo corporal de potássio por uma menor ingesta ou por perda aumentada. Fraqueza muscular e arritimias cardíacas são os sinais e sintomas mais comuns, podendo haver também poliúria, polidipsia e constipação. Pode ainda ser assintomática.
21 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
22 Cintilografia: Procedimento que permite assinalar num tecido ou órgão interno a presença de um radiofármaco e acompanhar seu percurso graças à emissão de radiações gama que fazem aparecer na tela uma série de pontos brilhantes (cintilação); também chamada de cintigrafia ou gamagrafia.
23 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
24 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
25 Metástases: Formação de tecido tumoral, localizada em um lugar distante do sítio de origem. Por exemplo, pode se formar uma metástase no cérebro originário de um câncer no pulmão. Sua gravidade depende da localização e da resposta ao tratamento instaurado.
26 Hepáticas: Relativas a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
27 Exantema: Alteração difusa da coloração cutânea, caracterizada por eritema, com elevação das camadas mais superficiais da pele (pápulas), vesículas, etc. Pode ser produzido por uma infecção geralmente viral (rubéola, varicela, sarampo), por alergias a medicamentos, etc.
28 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
29 Hipoglicemiantes orais: Medicamentos usados por via oral em pessoas com diabetes tipo 2 para manter os níves de glicose próximos ao normal. As classes de hipoglicemiantes são: inibidores da alfaglicosidase, biguanidas, derivados da fenilalanina, meglitinides, sulfoniluréias e thiazolidinediones.
30 Sintomática: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
31 Síndrome de Zollinger-Ellison: Doença caracterizada pelo aumento de produção de gastrina devido à presença de gastrinoma. O gastrinoma (tumor produtor de gastrina) está localizado na maioria das vezes no pâncreas. A hipersecreção de gastrina produz úlceras pépticas, má digestão, esofagite, duodenojejunite e/ou diarréia. Em 20% dos casos está relacionada com neoplasia endócrina múltipla tipo I (NEM I), que acompanha-se na maioria das vezes de hiperparatireiodismo (80%) e em alguns raros casos de insulinomas, glucagomas, VIPomas ou outros tumores.
32 Antiácidos: É uma substância que neutraliza o excesso de ácido, contrariando o seu efeito. É uma base que aumenta os valores de pH de uma solução ácida.
33 Ulceração: 1. Processo patológico de formação de uma úlcera. 2. A úlcera ou um grupo de úlceras.
34 Ácido Gástrico: Ácido clorídrico presente no SUCO GÁSTRICO.
35 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
36 Acromegalia: Síndrome causada pelo aumento da secreção do hormônio de crescimento (GH e IGF-I) ,quando este aumento ocorre em idade adulta. Quando ocorre na adolescência chama-se gigantismo.
37 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
38 Imunodeficiência: Distúrbio do sistema imunológico que se caracteriza por um defeito congênito ou adquirido em um ou vários mecanismos que interferem na defesa normal de um indivíduo perante infecções ou doenças tumorais.
39 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
40 Fístula: Comunicação anormal entre dois órgãos ou duas seções de um mesmo órgão entre si ou com a superfície. Possui um conduto de paredes próprias.
41 Pancreatite: Inflamação do pâncreas. A pancreatite aguda pode ser produzida por cálculos biliares, alcoolismo, drogas, etc. Pode ser uma doença grave e fatal. Os primeiros sintomas consistem em dor abdominal, vômitos e distensão abdominal.

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