CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS XYLOCAINA GELEIA 2%
Propriedades Farmacodinâmicas
XYLOCAÍNA Geléia 2% promove anestesia1 rápida e profunda da mucosa2 e lubrificação que reduz a fricção. É uma base hidrossolúvel, caracterizada pela alta viscosidade3 e baixa tensão superficial, que proporciona contato íntimo e prolongado do anestésico com o tecido4, produzindo anestesia1 eficiente de longa duração (aproximadamente 20-30 minutos). Geralmente o início de ação é rápido (dentro de 5 min, dependendo da área de aplicação).
A lidocaína, assim como outros anestésicos locais, causa um bloqueio reversível da propagação do impulso ao longo das fibras nervosas através da inibição do movimento de íons5 sódio para dentro das membranas nervosas. Presume-se que anestésicos locais do tipo amida atuem dentro dos canais de sódio das membranas nervosas.
Anestésicos locais podem também ter efeitos similares nas membranas excitáveis do cérebro6 e miocárdio7. Se quantidades excessivas do fármaco8 atingirem a circulação9 sistêmica rapidamente, sinais10 e sintomas11 de toxicidade12 poderão aparecer, provenientes dos Sistemas Cardiovascular e Nervoso Central.
A toxicidade12 no Sistema Nervoso Central13 (SNC14), ver item Superdose, geralmente precede os efeitos cardiovasculares uma vez que ela ocorre em níveis plasmáticos mais baixos. Efeitos diretos dos anestésicos locais no coração15 incluem condução lenta, inotropismo negativo e, consequentemente, parada cardíaca.
Propriedades Farmacocinéticas
A lidocaína é absorvida após aplicação tópica em mucosas16. A velocidade e a extensão da absorção dependem da dose total administrada e da concentração, do local de aplicação e da duração da exposição. Geralmente, a velocidade de absorção de agentes anestésicos locais após aplicação tópica é mais rápida após administração intratraqueal e bronquial. A lidocaína também é bem absorvida no trato gastrointestinal, mas pouco fármaco8 intacto aparece na circulação9 por causa da biotransformação no fígado17.
Normalmente, cerca de 65% da lidocaína liga-se às proteínas18 plasmáticas. Os anestésicos locais do tipo amida ligam-se principalmente a alfa-1-glicoproteína ácida, mas também à albumina19.
A lidocaína atravessa as barreiras hematoencefálica e placentária, presumivelmente por difusão passiva.
A principal via de eliminação da lidocaína é por metabolismo20 hepático. A via primária da lidocaína em humanos é a N-desalquilação à monoetilglicinexilidina (MEGX) seguida por hidrólise à 2,6-xilidina e hidroxilação à 4-hidroxi-2,6-xilidina. MEGX ainda pode ser desalquilada para glicinexilidina (GX). As ações farmacológicas/toxicológicas de MEGX e GX são similares, mas menos potentes do que as da lidocaína. GX tem uma meia-vida maior (cerca de 10 h) que a lidocaína e pode se acumular durante a administração prolongada. Aproximadamente 90% da lidocaína administrada intravenosamente é excretada na forma de vários metabólitos21 e menos de 10 % é excretada inalterada na urina22. O metabólito23 primário na urina22 é um conjugado de 4-hidroxi-2,6-xilidina, respondendo por cerca de 70-80% da dose excretada na urina22.
A meia-vida de eliminação da lidocaína seguida de uma injeção24 intravenosa em bolus25 é tipicamente 1,5 a 2 horas. Devido à rápida velocidade em que a lidocaína é metabolizada, qualquer condição que afete a função hepática26 pode alterar a cinética27 da lidocaína. A meia-vida pode ser prolongada duas vezes ou mais em pacientes com disfunção hepática26. A disfunção renal28 não afeta a cinética27 da lidocaína, mas pode aumentar o acúmulo de metabólitos21.
Fatores como acidose29 e o uso de estimulantes e depressores do SNC14 influenciam os níveis de lidocaína no SNC14 necessários para produzir a manifestação de efeitos sistêmicos30. Reações adversas objetivas tornam-se muito mais aparentes com níveis venosos plasmáticos superiores à 6,0 mcg de base livre por ml.
Dados de segurança pré-clínica
A toxicidade12 observada após altas doses de lidocaína em estudos com animais consistiu em efeitos nos Sistemas Nervoso Central e Cardiovascular. Em estudos de toxicidade12 reprodutiva, nenhuma relação do fármaco8 com os efeitos foi observada, nem a lidocaína mostrou potencial mutagênico nos testes de mutagenicidade in vitro ou in vivo. Não foram feitos estudos de câncer31 com lidocaína, devido ao local e a duração do uso deste fármaco8.
Testes de genotoxicidade com lidocaína não mostraram evidências de potencial mutagênico. O metabólito23 da lidocaína, 2,6-xilidina, mostrou uma fraca evidência de atividade em alguns testes mutagênicos. O metabólito23 2,6-xilidina mostrou não ter potencial carcinogênico em estudos pré-clínicos toxicológicos avaliando exposição crônica. Os riscos potenciais comparando a exposição máxima humana calculada a partir do uso intermitente32 da lidocaína, com a exposição usada em estudos pré-clínicos, indicam uma ampla margem de segurança do uso clínico.