
CARACTERÍSTICAS XYLOPROCT
Propriedades Farmacodinâmicas
XYLOPROCT é uma associação de lidocaína, hidrocortisona, subacetato de alumínio e óxido de zinco para uso anorretal. A lidocaína é um anestésico local do tipo amida o qual produz anestesia1 tópica dos tecidos anorretais. A hidrocortisona é um corticosteróide com atividade antiinflamatória. O subacetato de alumínio e o óxido de zinco possuem propriedades adstringentes e anti-sépticas.
A lidocaína, como outros anestésicos locais, causa um bloqueio reversível da propagação do impulso ao longo das fibras nervosas pela inibição do deslocamento dos íons2 de sódio através das membranas nervosas. Presume-se que anestésicos locais do tipo amida atuem dentro dos canais de sódio das membranas nervosas.
Anestésicos locais podem também ter efeitos similares nas membranas excitáveis do cérebro3 e do miocárdio4. Se quantidades excessivas do fármaco5 atingirem a circulação6 sistêmica rapidamente, sinais7 e sintomas8 de toxicidade9 poderão aparecer, provenientes principalmente dos Sistemas Cardiovascular e Nervoso Central.
A toxicidade9 no SNC10 geralmente precede os efeitos cardiovasculares, uma vez que ela ocorre em níveis plasmáticos mais baixos. Efeitos diretos dos anestésicos locais no coração11 incluem condução lenta, inotropismo negativo e, eventualmente, parada cardíaca.
A hidrocortisona é produzida no córtex adrenal e é um esteróide com ações farmacológicas principais sobre a gliconeogênese12, deposição de glicogênio13, metabolismo14 de proteínas15 e cálcio, junto com a inibição da secreção de corticotrofina e atividade antiinflamatória e antipruriginosa. As reações adversas dos corticosteróides são quase sempre devidas ao seu uso em quantidades superiores às necessidades fisiológicas16 normais.
Propriedades Farmacocinéticas
A lidocaína é absorvida após aplicação tópica em membranas mucosas17. A velocidade e a extensão da absorção dependem da dose total administrada e da concentração, do local de aplicação e da duração da exposição. Geralmente, a velocidade de absorção de agentes anestésicos locais após aplicação tópica é mais rápida após administração intratraqueal e bronquial. A lidocaína também é bem absorvida no trato gastrointestinal, mas pouco fármaco5 inalterado aparece na circulação6 por causa da biotransformação no fígado18.
Normalmente, cerca de 65% da lidocaína liga-se às proteínas15 plasmáticas. Os anestésicos locais do tipo amida ligam-se principalmente a alfa-1-glicoproteína ácida, mas também à albumina19.
A lidocaína atravessa as barreiras hematoencefálica e placentária, presumivelmente por difusão passiva.
A principal via de eliminação da lidocaína é por metabolismo14 hepático. A rota primária da lidocaína em humanos é N-desalquilação a monoetilglicinexilidina (MEGX) seguida por hidrólise a 2,6-xilidina e hidroxilação a 4-hidroxi-2,6-xilidida. MEGX ainda pode ser desalquilada para glicinexilidida (GX). As ações farmacológicas/toxicológicas de MEGX e GX são similares, mas menos potentes, do que as da lidocaína. GX tem uma meia-vida maior (cerca de 10 h) que a lidocaína e pode se acumular durante a administração em longo prazo. Aproximadamente 90% da lidocaína administrada intravenosamente é excretada na forma de vários metabólitos20, e menos de 10% é excretada inalterada na urina21. O metabólito22 primário na urina21 é um conjugado de 4-hidroxi-2,6-xilidina, respondendo por cerca de 70-80 % da dose excretada na urina21.
A meia-vida de eliminação da lidocaína seguindo uma injeção23 intravenosa em bolus24 é tipicamente 1,5 a 2 horas. Devido à rápida velocidade em que a lidocaína é metabolizada, qualquer condição que afete a função hepática25, pode alterar a cinética26 da lidocaína. A meia-vida pode ser prolongada duas vezes ou mais em pacientes com disfunção hepática25. A disfunção renal27 não afeta a cinética26 da lidocaína, mas pode aumentar o acúmulo de metabólitos20.
Fatores como acidose28 e o uso de estimulantes e depressores do SNC10 influenciam os níveis de lidocaína no SNC10, necessários para produzir a manifestação de efeitos sistêmicos29. Reações adversas objetivas tornam-se muito mais aparentes com níveis venosos plasmáticos superiores à 6,0 ìg de base livre por ml.
Menos de 50% da hidrocortisona é absorvida após a aplicação retal. Quando administrada por aplicação tópica, particularmente sob um curativo oclusivo ou quando a pele30 está aberta, pode ser absorvido corticosteróide suficiente para resultar em efeitos sistêmicos29.
Os corticosteróides na corrente sanguínea ligam-se extensivamente às proteínas15 plasmáticas, principalmente às globulinas31 e menos à albumina19. Apenas a hidrocortisona livre tem efeitos farmacológicos ou é metabolizada. Os corticosteróides são metabolizados principalmente no fígado18, mas também nos rins32, e são excretados na urina21.
Dados de Segurança Pré-clínica
A toxicidade9 observada após altas doses de lidocaína em estudos com animais consistiu em efeitos nos Sistemas Nervoso Central e Cardiovascular. Nenhum efeito adverso relacionado ao fármaco5 foi observado nos estudos de toxicidade9 reprodutiva, nem a lidocaína apresentou potencial mutagênico em testes de mutagenicidade tanto in vivo como in vitro. Estudos de câncer33 não foram realizados com lidocaína, devido à área e duração do uso terapêutico para este fármaco5.
- INDICAÇÕES
XYLOPROCT é indicado para o tratamento da dor, coceira e desconforto que ocorrem em irritações anorretais, como, por exemplo, hemorróidas34, prurido35 anal, proctite36, formas leves de fissuras37 anais e no alívio da dor pós-operatória.
XYLOPROCT deve ser usado somente por curto período de tempo.
- CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade aos anestésicos locais do tipo amida ou aos outros componentes da fórmula. Os glicocorticóides não devem ser usados em infecções38 causadas por vírus39, bactérias, fungos patogênicos ou parasitas sem a terapia adequada concomitante. XYLOPROCT não deve ser usado em pele30 atrófica40.