CARACTERÍSTICAS ZYBAN
Mecanismo de ação: A bupropiona é um inibidor, relativamente seletivo, da recaptação de catecolaminas (norepinefrina e dopamina1), com mínimo efeito na recaptação de indolaminas (serotonina) e não inibindo a monoaminoxidase (MAO2). O exato mecanismo de ação através do qual a bupropiona aumenta a capacidade dos pacientes em abster-se do ato de fumar é desconhecido. Presume-se que o mecanismo de ação da bupropiona seja mediado por mecanismos noradrenérgicos e/ou dopaminérgicos, minimizando os sintomas3 da abstinência nicotínica.
Absorção: Após administração oral da bupropiona a voluntários sadios, os picos de concentração plasmática são alcançados após aproximadamente 3 horas. A bupropiona e seus metabólitos4 apresentam cinética5 linear, após administração crônica de 150 a 300mg por dia.
Não existem alterações significativas na absorção da bupropiona, quando administrada com alimentos.
Distribuição: A bupropiona é largamente distribuída com volume aparente de distribuição de aproximadamente 2000 L. A extensão de ligação do metabólito6 treohidrobupropiona às proteínas7 é de cerca da metade do que é observado com a bupropiona.
Metabolismo8: A bupropiona é extensivamente metabolizada em humanos. Três metabólitos4 da bupropiona foram identificados: a hidroxibupropiona, e os isômeros amino-álcool treohidrobupropiona e eritrohidrobupropiona. Estes metabólitos4 podem ter importância clínica, quando suas concentrações plasmáticas são maiores que as da bupropiona. Os picos de concentrações plamáticas da hidroxibupropiona e da treohidroxibupropiona são alcançados aproximadamente 6 horas após a administração de uma única dose de Zyban . A eritrohidroxibupropiona não pode ser medida no plasma9 após uma única dose de Zyban. Os metabólitos4 ativos são posteriormente metabolizados a metabólitos4 inativos e excretados na urina10. Estudos in vitro demonstram que a bupropiona é metabolizada aos seus principais metabólitos4 primariamente pelo CYP2B6, e que o sistema enzimático citocromo P450 não está envolvido na formação da treohidroxipupropiona.
A bupropiona e a hidroxibupropiona são inibidores relativamente fracos da isoenzima CYP2D6 com valores de Ki de 21 e 13.3 mM, respectivamente. Em voluntários que metabolizam extensivamente a isoenzina CYP2B6, a administração concomitante de bupropiona e desipramina resultou em um aumento da Cmáx e AUC11 da desipramina de 2 e 5 vezes, respectivamente. Este efeito permaneceu por pelo menos sete dias após a última dose de bupropiona. Uma vez que a bupropiona não é metabolizada pela via CYP2D6, a desipramina não afeta a farmacocinética da bupropiona. Recomenda-se cuidado quando Zyban é administrado com substratos da via CYP2D6.
Após a administração de uma dose única de bupropiona, não existe nenhuma diferença da Cmáx, meia-vida, Tmáx, AUC11 ou clearance da bupropiona ou de seus principais metabólitos4, entre fumantes e não fumantes.
A bupropiona demonstrou induzir seu próprio metabolismo8, em animais, após administração "sub-crônica". Em humanos, não existe evidências de indução enzimática da bupropiona e hydroxibupropiona, em voluntários ou pacientes recebendo as doses recomendadas de bupropiona, por 10 a 45 dias.
Eliminação: Após administração oral de 200mg de bupropiona marcada com 14C em humanos, 87% e 10% da dose radiomarcada foram eliminados na urina10 e fezes, respectivamente. A fração da dose oral de bupropiona excretada inalterada foi de apenas 0,5%, um dado que está de acordo com o extenso metabolismo8 da bupropiona. Menos do que 10% desta dose de 14C foi encontrada na urina10 como metabólitos4 ativos. O clearance médio aparente após administração oral de bupropiona é, aproximadamente, 200 L/H e a meia-vida de eliminação média da bupropiona é de aproximadamente 20 horas. A meia-vida de eliminação da hidroxibupropiona é de aproximadamente 20 horas e sua área sobre a curva, no estado de equilíbrio, é aproximadamente 17 vezes a da bupropiona. As meia-vidas de eliminação da treohidroxibupropiona e da hidroxibupropiona são mais longas (37 e 33 horas, respectivamente) e os valores da área sobre a curva no estado de equilíbrio são 8 a 16 vezes maiores dos valores da bupropiona, respectivamente. O estado de equilíbrio para a bupropiona e seus metabólitos4 é alcançado dentre de 8 dias.
Pacientes com insuficiência renal12: A farmacocinética da bupropiona na presença de doenças renais não foi avaliada. A eliminação dos principais metabólitos4 da bupropiona pode ser alterada pela redução da função renal13.
Pacientes com insuficiência hepática14: A meia-vida média de eliminação da hidroxibupropiona mostrou-se prolongada, em indivíduos com doença hepática15 alcoólica quando comparado com indivíduos saudáveis com idade e peso semelhantes (32,2 +/- 13,5 versus 21,2 +/- 4,9 horas; p<0,05). As diferenças para a bupropiona e outros metabólitos4, em dois grupos de pacientes, não foram significativas.
Disfunção Ventricular Esquerda: Durante um estudo de uso crônico16 com bupropiona em 14 pacientes com diagnósticos associados de depressão e disfunção ventricular esquerda, não ocorreram efeitos aparentes sobre a farmacocinética, quer da bupropiona, quer de seus metabólitos4, em comparação com voluntários hígidos.
Idade: Os efeitos do envelhecimento sobre a farmacocinética da bupropiona e de seus metabólitos4 não estão ainda amplamente caracterizados, porém um estudo envolvendo pacientes entre 18-83 anos de idade, utilizando 300-750 mg diários de bupropiona, 3 vezes ao dia, não revelou alterações quanto às concentrações plasmáticas em estado de equilíbrio. Tais dados sugerem inexistir efeitos proeminentes relacionados à idade.
Sexo: Um estudo envolvendo 12 voluntários do sexo masculino e 12 do sexo feminino não revelou diferenças relacionadas ao sexo, quanto aos parâmetros farmacocinéticos da bupropiona
Dados de segurança pré-clínica: Estudos de oncogenicidade em camundongos e ratos confirmam a ausência de carcinogenicidade nestas espécies. Foram observadas alterações hepáticas17 em animais; isto reflete a ação de um indutor de enzima18 hepática15. Doses terapêuticas em humanos não demonstraram evidência de qualquer indução enzimática, o que sugere que os achados hepáticos em animais de laboratório têm apenas importância limitada na avaliação do risco da bupropiona.