CARACTERÍSTICAS ZYBAN

Atualizado em 28/05/2016

Mecanismo de ação: A bupropiona é um inibidor, relativamente seletivo, da recaptação de catecolaminas  (norepinefrina e dopamina1), com mínimo efeito na recaptação de indolaminas (serotonina)  e não inibindo a monoaminoxidase (MAO2). O exato mecanismo  de ação através do qual a bupropiona aumenta a capacidade dos pacientes em abster-se do ato de fumar é desconhecido. Presume-se que o mecanismo de ação da bupropiona seja mediado por mecanismos noradrenérgicos e/ou dopaminérgicos, minimizando os sintomas3 da abstinência nicotínica.

Absorção: Após administração oral da bupropiona a voluntários sadios, os picos de concentração plasmática são alcançados após aproximadamente 3 horas. A bupropiona e seus metabólitos4 apresentam cinética5 linear, após administração crônica de 150 a 300mg por dia.
Não existem alterações significativas na absorção da bupropiona, quando administrada com alimentos.

Distribuição: A bupropiona é  largamente distribuída com volume aparente de distribuição de aproximadamente 2000 L. A extensão de ligação do metabólito6 treohidrobupropiona às proteínas7 é de cerca da metade do que é observado com a bupropiona.

Metabolismo8: A bupropiona é extensivamente metabolizada em humanos.  Três metabólitos4 da bupropiona foram identificados: a hidroxibupropiona, e os isômeros amino-álcool treohidrobupropiona e eritrohidrobupropiona. Estes metabólitos4 podem ter importância clínica, quando suas concentrações plasmáticas são maiores que as da bupropiona. Os picos de concentrações plamáticas da hidroxibupropiona e da treohidroxibupropiona são alcançados aproximadamente 6 horas após a administração de uma única dose de Zyban . A eritrohidroxibupropiona não pode ser medida no plasma9 após uma única dose de Zyban. Os metabólitos4 ativos são posteriormente metabolizados a metabólitos4 inativos e excretados na urina10. Estudos in vitro demonstram que a bupropiona é metabolizada aos seus principais metabólitos4 primariamente pelo CYP2B6, e que o sistema enzimático citocromo P450 não está envolvido na formação da treohidroxipupropiona.

A bupropiona e a hidroxibupropiona são inibidores relativamente fracos da isoenzima CYP2D6 com valores de Ki de 21 e 13.3 mM, respectivamente. Em voluntários que metabolizam extensivamente a isoenzina CYP2B6, a administração concomitante de bupropiona e desipramina resultou em um aumento da Cmáx e AUC11 da desipramina de 2 e 5 vezes, respectivamente. Este efeito permaneceu por pelo menos sete dias após a última dose de bupropiona. Uma vez que a bupropiona não é metabolizada pela via  CYP2D6,  a desipramina não afeta a farmacocinética da bupropiona. Recomenda-se cuidado quando Zyban é administrado com substratos da via CYP2D6.

Após a administração de uma dose única de bupropiona,  não existe nenhuma diferença da Cmáx, meia-vida, Tmáx, AUC11 ou clearance da bupropiona ou de seus principais metabólitos4, entre fumantes e não fumantes.

A bupropiona demonstrou induzir seu próprio metabolismo8, em animais,  após administração "sub-crônica". Em humanos, não existe evidências de indução enzimática da bupropiona e hydroxibupropiona, em voluntários ou pacientes recebendo as doses recomendadas de bupropiona,  por 10 a 45 dias.  

Eliminação: Após administração oral de 200mg de bupropiona marcada com 14C em humanos, 87% e 10% da dose radiomarcada foram eliminados na urina10 e fezes, respectivamente. A fração da dose oral de bupropiona excretada inalterada foi de apenas 0,5%, um dado que está de acordo com o extenso metabolismo8 da bupropiona. Menos do que 10% desta dose de 14C foi encontrada na urina10 como metabólitos4 ativos. O clearance médio aparente após administração oral de bupropiona é, aproximadamente, 200 L/H e a meia-vida de eliminação média da bupropiona é de aproximadamente 20 horas. A meia-vida de eliminação da hidroxibupropiona é de aproximadamente 20 horas e sua área sobre  a curva, no estado de equilíbrio, é  aproximadamente 17 vezes a da bupropiona. As meia-vidas de eliminação da treohidroxibupropiona e da hidroxibupropiona são mais longas (37 e 33 horas, respectivamente) e os valores da  área sobre a curva no estado de equilíbrio são 8 a 16 vezes maiores dos valores da bupropiona, respectivamente. O estado de equilíbrio para a bupropiona e seus metabólitos4 é alcançado dentre de 8 dias.

Pacientes com insuficiência renal12: A farmacocinética da bupropiona na presença de doenças renais não foi avaliada. A eliminação dos principais metabólitos4 da bupropiona pode ser alterada pela redução da função renal13.

Pacientes com insuficiência hepática14: A meia-vida média de eliminação da hidroxibupropiona mostrou-se prolongada, em indivíduos com doença hepática15 alcoólica quando comparado com indivíduos saudáveis com idade e peso semelhantes (32,2 +/- 13,5 versus  21,2 +/- 4,9 horas; p<0,05).  As diferenças para a bupropiona e outros metabólitos4, em dois grupos de pacientes, não foram significativas.

Disfunção Ventricular Esquerda: Durante um estudo de uso crônico16 com bupropiona em 14 pacientes com diagnósticos associados de depressão e disfunção ventricular esquerda, não ocorreram efeitos aparentes sobre a farmacocinética, quer da bupropiona, quer de seus metabólitos4, em comparação com voluntários hígidos.

Idade: Os efeitos do envelhecimento sobre a farmacocinética da bupropiona e de seus metabólitos4 não estão ainda amplamente caracterizados, porém um estudo envolvendo pacientes entre 18-83 anos de idade, utilizando 300-750 mg diários de bupropiona, 3 vezes ao dia, não revelou alterações quanto às concentrações plasmáticas em estado de equilíbrio. Tais dados sugerem inexistir efeitos proeminentes relacionados à idade.

Sexo: Um estudo envolvendo 12 voluntários do sexo masculino e 12 do sexo feminino não revelou diferenças relacionadas ao sexo, quanto aos parâmetros farmacocinéticos da bupropiona

Dados de segurança pré-clínica: Estudos de oncogenicidade em camundongos e ratos confirmam a ausência de carcinogenicidade nestas espécies. Foram observadas alterações hepáticas17 em animais; isto reflete a ação de um indutor de enzima18 hepática15. Doses terapêuticas em humanos não demonstraram evidência de qualquer indução enzimática, o que sugere que os achados hepáticos em animais de laboratório têm apenas importância limitada na avaliação do risco da bupropiona.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
2 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
5 Cinética: Ramo da física que trata da ação das forças nas mudanças de movimento dos corpos.
6 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
7 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
8 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
9 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
10 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
11 AUC: A área sob a curva ROC (Receiver Operator Characteristic Curve ou Curva Característica de Operação do Receptor), também chamada de AUC, representa a acurácia ou performance global do teste, pois leva em consideração todos os valores de sensibilidade e especificidade para cada valor da variável do teste. Quanto maior o poder do teste em discriminar os indivíduos doentes e não doentes, mais a curva se aproxima do canto superior esquerdo, no ponto que representa a sensibilidade e 1-especificidade do melhor valor de corte. Quanto melhor o teste, mais a área sob a curva ROC se aproxima de 1.
12 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
13 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
14 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
15 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
16 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
17 Hepáticas: Relativas a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
18 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.

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